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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

ENTREVISTA: MILGUEL ÂNGELO



“Fui eleito para ‘ver-a-dor’ da comunidade”
Vereador eleito em Paço do Lumiar diz que o município tem muitos problemas, mas que há caminhos para resolvê-los.


Por BATTISTA SOAREZ
Editor/JIB

Miguel Ângelo foi eleito usando estratégia de marketing de rede.
O vereador eleito Miguel Ângelo (PRP), 52, do município de Paço do Lumiar, é um técnico administrativo que sempre participou de movimentos comunitários. Membro da Academia de Letras de Paço do Lumiar, Miguel é evangélico e ativista social reconhecido nas comunidades onde tem atuado. Suplente de vereador, fundou o GTC (Grupo de Trabalho e Conquista), um movimento social que busca discutir as políticas públicas para o desenvolvimento de Paço do Lumiar. Foi o GTC que o ajudou a desenvolver uma estratégia de marketing de rede que ele denominou de células. As células funcionaram interativamente e renderam ao ativista social quase setecentos votos. “Quebramos alguns paradigmas da política tradicional e decidimos investir em relacionamento, acreditando no voto livre e nos colocando à disposição da consciência do eleitorado luminense. Quem votou em mim, votou porque acreditou no meu projeto de ação parlamentar. Não dei dinheiro a ninguém”, disse Miguel. Casado, pai de dois filhos e avô de duas netas, o vereador eleito concedeu ao Jornal Itaqui-Bacanga a seguinte entrevista:
Jornal Itaqui-Bacanga O senhor foi eleito sem gastar praticamente nada, contrariando a tendência viciosa da política atual de compra de votos. Dá pra dizer qual foi a saga?
Miguel Ângelo A saga foi planejamento, conhecimento de causa, respeito e aproximação às pessoas de uma forma que lhes gerasse satisfação e credibilidade na minha pessoa. Reuni meus pares e decidi fazer uma campanha limpa, saudável e sem risco de, depois, ter que passar pela vergonha de ser denunciado por compra de votos ou qualquer outra coisa desse tipo. Eu já tenho, efetivamente, uma história de serviços comunitários prestados junto à população. Isto me deu condições de dialogar com a opinião pública, me colocando em certa posição favorável. Então, procurei investir em relacionamento com essa comunidade, no sentido de conscientizá-la do voto livre, da democracia plena e da importância de minha candidatura para, numa possibilidade de ser eleito, efetivar e ampliar ainda mais esse serviço sócio-comunitário que, há tempos, já faço naturalmente, mesmo sem cargo público. As pessoas entenderam isso e o resultado está aí.
JIB Durante a campanha de 2016, você pontuou no seu discurso que o seu plano de ação parlamentar seguiria um formato pautado exatamente nos quatro pilares do que um vereador pode fazer na Câmara Municipal, que são as funções legislativa, fiscalizadora, julgadora e a de assessoramento ao executivo. Na prática, como vai ser isso?
MIGUEL — Veja: a maioria das pessoas que se colocam como candidatas ao cargo de vereador sequer procura saber qual é, de fato, o papel de um vereador. Aí, ficam fazendo promessas mirabolantes que fogem completamente do universo de sua competência. Depois de eleitas, não conseguem cumprir o que prometeram e, então, ficam desacreditadas perante os eleitores. Foi aí que eu tive a ideia de divulgar uma carta-proposta contendo as funções estabelecidas por lei do que um vereador pode fazer. Estas funções, como você disse, são: a função legislativa, a função fiscalizadora, a função julgadora e a função de assessoramento ao executivo. Na prática, todas as atividades do meu plano de ação parlamentar estarão pautadas nestas diretrizes. Não fiz nenhuma proposta fantasiosa.
JIB E então...?
MIGUEL Não dei dinheiro a ninguém. Os votos que tive foram votos conscientes, votos livres. Foram votos de pessoas que entenderam que o papel do vereador é de poder legislativo e, portanto, não pode ser confundido com o papel de poder executivo. Eu costumo brincar dizendo que o papel de um vereador é “ver-a-dor”. É uma maneira simples de dizer que o vereador tem a missão e a responsabilidade de trabalhar a partir das necessidades da comunidade que acreditou nele e o elegeu para atuar a seu favor. Este vai ser o meu papel: trabalhar para mitigar a dor da sociedade. Vamos caminhar pelas comunidades, colher informações, estudar caso a caso, escrever o plano de ação parlamentar e a partir daí construir projetos e atividades legislativas de acordo com as necessidades do município.
JIB Mas o seu candidato a prefeito de Paço do Lumiar, Gilberto Aroso, não foi eleito. Como o senhor avalia a eleição de Domingos Dutra (PT) para prefeito? O senhor vai ser oposição ou já há alguma conversa articulada em prol da situação a partir de janeiro de 2017?
MIGUEL Domingos Dutra fez o famoso projeto “formiguinha”. Ou seja, a metodologia da divulgação do seu nome foi ao encontro dos anseios da população sem ele fazer propostas que jamais pudesse honrar e cumprir. Como ex-deputado, ele trabalhou exatamente em cima das necessidades reais das pessoas. Em nosso município de Paço do Lumiar, vivemos uma realidade bem complicada em termos políticos porque os nomes apresentados para escolha por parte da população já estavam de certa forma viciados. Falo de pessoas que foram eleitas, tiveram suas oportunidades, mas que as desperdiçaram sem avaliação do seu futuro político. Uns fizeram alianças erradas e não tiveram fôlego para governar com autonomia. Outros pensaram apenas em si mesmos, no seu patrimônio pessoal e em fazer a vontade do seu grupo político, deixando a administração pública esfacelada e decadente. Havia um fato ou outro que, de alguma maneira, prejudicou as suas imagens. Aí a população reagiu, rejeitando seus nomes nas urnas.
JIB O senhor fala das recentes histórias de corrupção no município?
MIGUEL A história do município de Paço do Lumiar conta que nunca houve reeleição de prefeito. Por que? Porque ultimamente os prefeitos daqui, realmente, têm deixado muito a desejar. Seu comportamento político é ruim. O Dutra, então, veio percebendo isso e foi trabalhando exatamente encima dessas falhas da administração pública municipal. Aos poucos, com sua experiência de parlamentar de renome, defensor das causas sociais, foi conquistando o espaço que teve e, diante disso, a “coisa” política de fato ficou difícil para os outros candidatos. Acho que sua vitória foi devida à sua insistência, limada encima do anseio e da esperança do povo. Um povo que vem sendo, historicamente, esgotado e decepcionado com os políticos que passaram pela administração municipal. Como ex-deputado federal, detentor de um bom histórico da vida pública, o Dutra tem uma boa relação de amizade política no contexto nacional e acredito que o município de Paço do Lumiar será beneficiado com isso.
JIB Mas, e aí? O senhor será oposição ou pró-situação?
MIGUEL Antes de tudo, lamento o fato de o candidato que a minha coligação apoiou, o Gilberto Aroso, não ter ganhado as eleições para prefeito, haja vista que tínhamos traçado planos. Tínhamos uma meta de trabalho a ser cumprida que, com sua derrota, não vai ser possível. Porém, não vejo nenhuma possibilidade de fazer oposição a Domingos Dutra. Ele será o prefeito a partir de janeiro de 2017 e o bem da comunidade de Paço do Lumiar está acima de qualquer coisa. Isso dependerá de uma boa administração das políticas públicas. E para que essa boa administração pública aconteça, a Câmara Municipal terá que fazer, com ausência de embaraço, o seu papel de assessoramento ao executivo. E mesmo os que forem oposição, têm que pensar na comunidade.
JIB O senhor acha que isso é possível?
MIGUEL Entendo que oposição não pode ser sinônimo de desordem partidária. Em vez disso, tem-se que ter bom senso e pensar no bem da população. Vamos ver e analisar o plano de governo do Dutra e naquilo que for para o bem da população eu darei apoio. Naquilo que, porventura, for prejudicar a comunidade, eu estarei do lado da comunidade. Tenho acompanhado a equipe de transição do futuro prefeito, vejo que ele tem bons planos para desenvolver o município e acredito que podemos fazer um excelente trabalho de assessoramento a ele. Falo isso não só de minha parte, mas falo em nome do grupo de vereadores que vai trabalhar em apoio a ele. Temos conversado bastante e a proposta consensual é de que, de forma alguma, seremos oposição ao Dutra.
JIB O senhor teve uma boa votação no Maiobão e Lima Verde, sendo o segundo mais votado da sua coligação. O que a comunidade que apostou no seu nome pode esperar do vereador Miguel para os próximos quatro anos?
MIGUEL Eu me preparei bastante para ser vereador. Procurei conhecer as necessidades do município e levei minha proposta às comunidades. Quem entendeu esta proposta, votou em mim. E esta é a oportunidade que tenho para fazer o trabalho de intermediação entre a administração pública e a população do meu município. A comunidade que acreditou em mim pode, com certeza, esperar um trabalho voltado para o desenvolvimento do município nas áreas da economia, do social, da saúde, da cultura, do agro-desenvolvimento, do esporte e do lazer. Já para 2017, tenho três projetos de lei que vão beneficiar a cultura e a economia rural. Eu e minha equipe estaremos colhendo informações, ouvindo as pessoas da comunidade luminense para, então, transformar essas informações em atividades do nosso plano de ação.
JIB Por falar em desenvolvimento, Paço do Lumiar é um município muito carente em matéria de crescimento econômico e social. Qual vai ser a sua contribuição na Câmara para mudar essa realidade?
MIGUEL Primeiramente, levantar dados acerca das necessidades e das potencialidades do município. Depois discutir essas necessidades e potencialidades no plenário da Câmara e, também, junto à comunidade, tanto in loco como através dos meios de comunicação. A partir daí, vamos sentar com o executivo para estudar o que pode ser feito, com que recurso e qual o cronograma que deve ser elaborado a partir de uma política efetiva de execução. Creio que o executivo municipal terá maturidade e competência suficientes para, no que não for possível fazer com recursos da prefeitura, buscar parcerias com o governo estadual, governo federal e até com instituições internacionais, se for o caso.
JIB Você acha que vai ser simples assim?
MIGUEL Simples não vai ser. Em matéria de governo, nada é simples. Mas se houver vontade política, transparência e entendimento entre os poderes legislativo, executivo e a população, será possível, sim, emplacar um desenvolvimento que seja satisfatório e equilibrado. Paço do Lumiar tem muitos problemas, mas também têm muitas maneiras e caminhos de resolvê-los. Basta que se tenha vontade política.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

ELEIÇÕES 2016: SÃO LUÍS-MA

Senhores candidatos!
Por BATTISTA SOAREZ
(Jornal Itaqui-Bacanga)

As eleições de 2016 estão na reta final. Dia 02 de outubro, em que os eleitores irão às urnas, será no domingo da próxima semana e a população ainda tem muitas dúvidas no que tange às propostas políticas apresentadas. Por outro lado, muitos candidatos nem apresentaram proposta nenhuma até agora e, pelo visto, nem vão apresentar. Por que será?
Candidatos a prefeito de São Luís apresentam propostas de pouca consistência.
É que as propostas dos candidatos precisam ser mais consistentes quanto à lógica política. As propostas dos candidatos a prefeito, por exemplo, estão carregadas de ansiedade e, por isso, algumas delas estão confusas. Há candidatos que, por falta de proposta e de inteligência política, ficam batendo no outro candidato e, com isso, perdem votos porque caem na antipatia do eleitor. Foi o que ocorreu com alguns candidatos que, em vez de apresentarem seu plano de governo, ficaram batendo no prefeito Edivaldo Holanda Jr. Caíram na antipatia do povo e, consequentemente, nas pesquisas de intenção de voto.
Os candidatos a vereador, na sua maioria, estão sem proposta porque muitos estão mesmo é interessados apenas no salário que vão receber caso sejam eleitos ao cargo. A grande maioria nem sabe, de fato, qual é a função de um vereador na Câmara Municipal. Isto se deve à falta de leitura. Estamos vivendo numa sociedade em que não se ler mais. Uma sociedade que não tem o hábito de ler e que, por isso, não tem cultura intelectual. Portanto, não tem proposta.
Diante de um cenário social em que não se acredita mais em política, quase todos os candidatos a vereador rezam a mesma frase em tom de mediocridade: “vou lutar por mais educação e saúde...”. Outros apenas invertem as palavras: “vou lutar por mais saúde e educação...”. Falam isso para uma sociedade que, há séculos, sofre com a falta de saúde e educação, apesar de tantas promessas a cada campanha eleitoral. Não dá para se acreditar mais em promessas aleatórias e sem consistência.
No parlamento municipal, os candidatos a vereador têm de saber, pelo menos, o que vão fazer depois de eleitos. Em vez de ficarem prometendo o que não é de sua competência, precisam entender que suas funções são apenas quatro: função legislativa, função fiscalizadora, função de assessoramento ao Executivo municipal e função julgadora.
A verdade é que candidato sem educação, que não tem leitura, não tem visão de mundo e nem visão de sociedade. Portanto, não vai saber lutar por educação. Quem não lê não tem ideologia. E quem não tem ideologia, também não tem proposta política para melhoria da sociedade e muito menos para mudança da realidade social.
Pensando na política em âmbito geral, principalmente no que concerne à conjuntura administrativa, lembramos que antigamente se pensava na política como um campo autônomo de atividade e, por este leque, a administração da economia era considerada uma das tarefas mais importantes do governo, quer fosse ele federal, regional ou municipal. Atualmente, entretanto, a mobilidade do capital significa que os governos só podem influenciar a economia doméstica pelo controle da inflação e pela tentativa de facilitar a competitividade de empresas sediadas no local através de medidas tomadas do lado da oferta.
Isto é um fato no qual o futuro prefeito de São Luís tem que pensar. Numa breve análise política, entende-se que a política tem de fazer as pazes com as consequências desta mudança, e o resultado é que há grandes divergências de pontos de vista a respeito do significado dos impactos sociais ocorridos na esteira da ação política.
Durante quatro anos, o prefeito Edivaldo Holanda Jr, por exemplo, não teve praticamente autonomia no comando da administração pública. Todo mundo viu que, por trás do seu governo, havia a “mão invisível” das articulações políticas às quais ele era devedor de favores políticos. E, agora, tentam reelegê-lo com um discurso focado nas atividades de um executivo manobrado feitas nos últimos quatorze meses de mandato, no transcorrer do ano eleitoral. De fato, as atividades do setor público, como serviços de saúde e educação, às quais as pessoas estão historicamente ligadas mais como cidadãos que como consumidores, têm aqui um papel importante por afetarem a legitimidade do governo. Na política municipal orientada para o mercado, esses domínios tornam-se, na visão de Colins Leys, pontos de ignição, porque também são alvos do capital global.
O município de São Luís tem muitos desafios que não podem ser enfrentados com uma política viciosa focada no superfaturamento de produtos e serviços públicos, na licitação manipulada por empresas vinculadas aos gestores públicos por laços de amizade e no fatiamento da administração pública por grupos de interesses. Quando acompanhamos a evolução política nessas esferas a partir da década de 1980, com a retomada da democracia, percebe-se que o que vem acontecendo na política pública brasileira não é possível explicar em termos das iniciativas deste ou daquele político ou, ainda, empresário, mas nasce de uma nova dinâmica política que resulta da globalização econômica.
Isto não quer dizer que o Estado tenha se tornado impotente, mas que é forçado a usar seu poder para promover o processo de mercadorização por várias razões, entre essas razões estão a corrupção e a política de interesses partidários e individuais de grupos e pessoas.
Enfim, as mudanças prometidas por todos os candidatos das quatro cidades da Grande Ilha, isto é, São Luís, Raposa, Paço do Lumiar e São José de Ribamar, vislumbram uma lógica em que os pretensos “modernizadores” políticos necessariamente têm que ter plena consciência de que a base social da política mudou. A mentalidade dos eleitores não é mais a mesma de alguns anos atrás. Isso graças a avanços socioculturais que conquistaram crescimento rápido no âmbito da vida moderna: renda, poder de consumo, erosão das fronteiras tradicionais entre classes, “midiatização” intensa da política e a penetração dos valores éticos e comerciais na vida cotidiana.
Os eleitores da classe trabalhadora, pelo que parece, estão saindo dos “currais” da velha política com seus vícios tradicionais. O voto desses eleitores parece estar mais livre de pressões de cabrestos. Os “estatutos” políticos e psicológicos foram reescritos na consciência das pessoas. O efeito dessas mudanças alterou a pressão das forças do mercado sobre a política nacional e, hoje, está mais excepcionalmente aberta e eficaz. As lideranças comunitárias estão mais atentas para reagir a qualquer tangência da política coercitiva travestida de democracia.
Para avaliar completamente a importância disso, precisamos estudar pontos específicos da política de mercado, que é um campo fascinante mas que é muito negligenciado pelos eleitores. Por isso, a pressão da ideologia neoliberal, como acabou de ocorrer com Dilma Rousseff, é grande e, com suas investidas antidemocráticas, surte forte efeito no âmbito da sociedade em geral. Por conta disso, os mercados não são impessoais nem imparciais, mas sim altamente políticos e inerentemente instáveis.

Finalmente, senhoras e senhores candidatos, pensem numa coisa: a máquina pública não é empresa particular para que os gestores a dirijam como mercadorização dos negócios públicos à obtenção de lucros. Não destruam as esferas da vida pública que envolvem todos os inocentes eleitores. Pois delas dependem a solidariedade social e a democracia ativa.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

DEPRESSÃO E SEUS FATORES

Depressão e seus fatores (I)
Por Battista Soarez
Nos últimos tempos, vários amigos meus têm sido afetados por depressão. Inclusive uma irmã minha que trabalha como diretora de escola há 30 anos. Isso tem me chamado à atenção. Tratei de minha irmã por meio de algumas psicoterapias de apoio e atividades motivacionais. Ela foi curada em 30 dias. Como psicoterapeuta e pastor, tenho ajudado outras pessoas a superar esse problema.
Segundo o Dr. Neil Nedley, autor do livro “Como sair da depressão”, de todas as formas de doenças mentais, a depressão é uma das mais comuns, perigosas e temidas. Ele explica que mudanças de humor são uma parte normal da experiência humana, mas que alguns passam por uma forma de depressão que tende a se arrastar com o risco de consequências graves. Essa condição, diz ele, não é normal e necessita de atenção médica.
Muitas vezes, o paciente não percebe ou não admite a necessidade de ajuda médica. Talvez a maior ameaça da depressão seja a falta de compreensão da doença, associada à desinformação.
Uma das formas mais comuns de depressão é a que o Dr. Neil chamou de “depressão maior”. É uma doença mental. Vem em segundo lugar depois das fobias como, por exemplo, medo de multidões, de espaços fechados etc., e afeta qualquer pessoa, independentemente da classe social ou condição financeira.
“Depressão maior” é a forma mais comum de transtornos do humor, é muito mal compreendida, acontece em um a cada três pacientes de medicina interna e, se o caso for tratado adequadamente, pode haver cura com absoluta eficácia.
Tratamentos de rotina são feitos independentemente da causa, mas se quisermos ter eficácia no tratamento temos que determinar a causa. O mais preocupante é que episódios de depressão são cada vez mais frequentes em pessoas com até 25 anos de idade, enquanto que, antes, ocorria comumente na chamada crise da meia-idade, em torno dos 40 anos. Para se ter uma ideia, as vendas de remédios antidepressivos subiram mais de 800% ao redor do mundo desde 1991.
Mas nem toda pessoa deprimida tem depressão. Para os casos corriqueiros, o Dr. Neil chamou de “depressão situacional”. Ele explica que depressão situacional á algo que qualquer um de nós pode ter. Mas não chega ser uma doença mental. Afinal de contas, assevera ele, sentimentos depressivos são reações normais do nosso organismo e são resultantes de eventos traumáticos ou de outras situações corriqueiras da vida.
Os sintomas de “depressão maior” são nove, a saber: (1) tristeza profunda ou uma sensação de vazio profundo, (2) apatia, (3) agitação ou perturbação, (4) distúrbios do sono, (5) distúrbios do peso ou falta de apetite, (6) falta de concentração, (7) sentimentos de excessiva culpa ou indignidade, (8) pensamentos mórbidos ou desejo de querer morrer, (9) fadiga.
Uma pessoa que apresente pelo menos 5 sintomas destes, é considerada portadora de depressão maior ou profunda. Ela perde completamente a qualidade de vida.
Alguém que apresente dois dos quatros sintomas restantes por pelo menos duas semanas, tem depressão leve ou depressão subsindrômica, isto é, muito próximo de uma síndrome.
Dificilmente uma pessoa que sofre de depressão maior ou depressão profunda terá todos os sintomas. O trauma emocional pode causar todos estes sintomas, mas não são indicação de depressão.
A “tristeza profunda” é o primeiro sintoma da depressão, mas é preciso ficar atento. Não é qualquer tristeza profunda que se pode considerar depressão. É comum as pessoas chorarem enquanto estão derramando suas queixas no consultório. Por outro lado, há pessoas com depressão que não têm tristeza profunda. Mas apresentam outros sintomas classificados entre os nove.
O segundo sintoma é a “apatia”. Pode ser descrita como uma diminuição marcante do interesse, ou do prazer, e quase todas as atividades quase que diariamente e na maior parte do dia, segundo o doutor Neil Nedley.
A “agitação” é o terceiro sintoma. Trata-se de um distúrbio sem causa definida, descrita como perturbação ou inquietação. As atividades físicas diminuem e outras atividades rotineiras se tornam mais lentas.
Em quarto lugar estão os “distúrbios do sono”, que podem variar de uma pessoa para outra. Uns ficam sem sono. Outros ficam sonolentos. Outros dormem grande parte do dia e, ainda, têm dificuldade de levantar de manhã, dormindo até tarde do dia.
Os “distúrbios do peso” é o quinto sintoma e está relacionado ao apetite para mais ou para menos. Perda ou ganho de peso no decorrer de um mês sem nenhum esforço do paciente é válido como sintoma de depressão.
O sexto sintoma é a “falta de concentração”. Estudantes, jornalistas e escritores que não estejam se concentrando direito nas suas tarefas de estudo e, diariamente, reclamam da dificuldade de raciocinar precisam procurar um especialista com urgência.
Excessivos “sentimentos de indignidade”, baixa autoestima e culpa excessiva e sem razão de ser é o sétimo sintoma de depressão maior.
“Pensamentos mórbidos”, como, por exemplo, recorrentes sobre a morte ou o suicídio constituem-se o oitavo sintoma. Este sintoma é silencioso porque, às vezes, a pessoa recorre ao suicídio sem que, antes, alguém percebesse. Quando menos se espera a pessoa já se suicidou.
E, finalmente, o nono sintoma se relaciona à “fadiga” ou à falta de energia quase todos os dias. Este é o mais comum dos sintomas.
Me tornei psicoterapeuta por meio da análise transacional, do curso de psicopedagogia clínica e institucional que fiz na Universidade Estadual Vale do Acaráu (UVA) e de muitos estudos e pesquisas autodidatas que tenho feito na área da mente humana. Depois destas capacitações, os casos de depressão que tenho acompanhado têm me proporcionado muitos conhecimentos sobre o problema, inclusive a respeito de mim mesmo.
Quando passei uma separação conjugal, em 2003, tive mais ou menos seis destes sintomas e não sabia que estava passando por depressão. Por isso não procurei tratamento. Um dia os sintomas aumentaram e, então, fui ao médico. Foi quando constatei que eu estava diabético. Depois de uma batalha na justiça com a ex-mulher e, depois, com outras pessoas que tiraram proveitos financeiros de mim por via judicial, os sintomas pioraram e quase fui para a hemodiálise. Felizmente, consultei com o Dr. Wildener, médico naturalista, que, por meio de um tratamento natural intensivo, me livrou dos remédios farmacológicos e das doenças implicadas pelo diabetes.

(Continua na próxima edição.....).

quarta-feira, 13 de julho de 2016

MULTAS E FARÓIS LIGADOS

A indústria de multas
Por Battista Soarez

O governo brasileiro não tem competência para gerar riqueza no país por meio de investimentos nos setores produtivos. Por isso ataca o bolso do cidadão de várias formas: inventa taxas de tudo quanto é jeito, tributos e multas além das contas.
A novidade mais recente é a invenção abusiva de multar veículos que trafeguem com a luz do carro apagada nas rodovias estaduais e federais. A justificativa, nada convincente, é de que isso reduzirá o número de acidentes. Mentira!
O fato é que o governo subestima a inteligência do povo para poder tirar proveito por vias legais. O que o governo quer, de fato, é aumentar a arrecadação do Estado para alimentar ainda mais o inferno da corrupção. Então, o caminho mais curto é criar multas porque, aí, tudo se torna mais fácil, isto é, o governo não tem que investir e nem trabalhar para fazer dinheiro.
Quem tem de trabalhar para pagar tudo é, de fato, o pobre e sofrido cidadão brasileiro que já pena para pagar água, luz, sustentar a família, pagar os impostos, pagar combustível caro, pagar o IPVA absurdo, consertar o carro quebrado por rodar em ruas, avenidas e rodovias esburacadas, por causa da irresponsabilidade do governo que arrecada todo o dinheiro do povo e não faz corretamente a sua parte. Além disso, o trabalhador brasileiro é absurdamente penalizado com uma carga de tributos insuportável.
Temos que ser honestos. Trafegar durante o dia com a luz do carro apagada não causa acidente. O que causa acidente são as rodovias, avenidas e ruas cheias de buracos e, ainda, os quebra-molas espalhados pelo meio dos buracos. O que causa acidente é a má sinalização no trânsito. O que causa acidente é a estupidez de motoristas mal educados que não receberam instrução educativa porque o governo simplesmente cruzou os braços para a educação. O que causa acidente é a falta de investimento em políticas públicas de trânsito.
Você acha mesmo que no governo está preocupado com a vida ou a morte de alguém? Analise o nível de corrupção praticado pelo governo brasileiro e tire suas próprias conclusões. Mas o que está claro, e muito claro, é que o governo está mesmo preocupado é em arrecadar mais dinheiro para alimentar a corrupção que a gente já não aguenta mais.

São Luís do Maranhão, por exemplo, tem tanto buraco, mas tanto buraco que você não verá mais em nenhum outro lugar do mundo tanto buraco assim. As autoridades responsáveis pelo serviço público nada fazem, a não ser tapar alguns buracos nos dias das eleições para poder ganhar voto na intenção de se reeleger para repetir a mesma política de corrupção.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

SOBERBA, QUEDA DE PASTORES E PERDÃO

Atire a primeira pedra
Por que homens e mulheres de Deus estão caindo em pecado? Por que a igreja ainda não assimilou a justiça do perdão?

Por Battista Soarez

Tenho acompanhado, com muita tristeza, a publicização [nos blogs e nas redes sociais] de pecados envolvendo pastores e líderes cristãos que, por alguma razão, cometeram falhas em sua vida particular. Alguns deles são líderes importantes como, por exemplo, a bispa Ivonete Sena, pastor Tarquínio e, mais recentemente, o bispo Mário Porto. Essas pessoas são pastores, mas, também, são pessoas normais, que cometeram algo próprio da natureza humana.
Tudo o que essas pessoas fizeram foi fazer sexo quando sua saúde sexual deu sinal de que era o momento exato de suprir tal necessidade. Um dia elas não terão mais energia para isso porque vão estar numa idade em que o vigor físico da juventude já terá se passado (Eclesiastes 12.1). Mas agora elas têm esse vigor e, então, caíram, caem e sempre vai ter alguém caindo. E isso é normal. É normal porque cair faz parte do processo de construção-reconstrução espiritual do homem escolhido por Deus para ser exemplo de vida perante a comunidade-mundo. O homem é um ser “moral-espiritual” e cai para que ele não se perca no plano da vida eterna.
O cair de um líder cristão é normal também pelo fato de que a igreja precisa praticar o exercício do perdão: na queda de um pastor, é a oportunidade exata de a igreja exercer este princípio da justiça de Deus e, assim, praticar o ministério da misericórdia (Tiago 2.13). Se a igreja não perdoa o pastor, ela está cometendo o pecado da injustiça (Efésios 4.32; Colossenses 3.13). Pois está quebrando um princípio da justiça divina que é o “princípio do perdão” (Mateus 6.15; 7.2; Lucas 6.37). Uma igreja que não sabe perdoar o seu pastor que caiu está pecaminosamente perdida no caminho inverso da salvação (Mateus 18.35; Lucas 6.37).
Por conseguinte, a igreja precisa compreender que a queda de um cristão, embora sendo líder, faz parte da vida cristã normal. Anormal é a atitude de um outro ser humano, sujeito aos mesmos erros, pegar o pecado sexual de alguém e sair espalhando pelos meios de comunicação como se fazer sexo fosse coisa de outro planeta. Anormal é as pessoas acharem que pastor é Deus e que, portanto, não pode errar, como se o fato de alguém se tornar pastor significasse deixar de ser humano. Anormal é os crentes lerem a Bíblia e, apesar disso, ignorarem os ensinamentos de Jesus que diz em sua palavra afirmativamente: “Se, porém, não perdoardes aos homens [as vossas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6.15).
Jesus disse a Pedro que o exercício da capacidade do perdão não é sete vezes, mas setenta vezes sete (Mateus 18.21-22). Isto quer dizer que o princípio do perdão deve ser uma prática diária e contínua (Lucas 17.3-4). E que a disciplina para quem foi afetado, ferido ou imolado pelo pecado não é exclusão, é tratamento (cf. Gálatas 6.1-2). Ferida se cura é com remédio e não com pancada. Alma ferida se cura é com amor e perdão e não com indiferença e/ou rejeição.
Perdão é um princípio da justiça divina que, na língua hebraica do Velho Testamento, significa “defesa”. Ou seja, Deus agindo em defesa do seu povo. Portanto, quem não exercita a capacidade do perdão está fora do plano da justiça de Deus. Quando um pastor cai, repito, é o momento certo de a igreja exercitar o aprendizado do perdão como princípio da justiça de Deus.
Por outro lado, pastores que não ensinam ou não preparam a igreja para saber perdoar, pagarão caro por essa omissão. Pastores que não perdoam quando alguém peca, um dia sofrerão a dor da necessidade de serem perdoados. Lembre-se: perdão não é doutrina, é princípio. E qual é a diferença? A diferença é que “doutrina” é falível e tem valor apenas denominacional, enquanto que “princípio” é infalível [é eterno] e tem valor universal.
Todas as pessoas crentes com quem conversei e notei sintomas de soberba, caíram e passaram pela dor da vergonha moral, inclusive líderes de igreja. A verdade é que quedas pecaminosas servem para nos corrigir quando somos soberbos. Muitos que caem, caem não para sua derrota, mas para sua libertação do inferno da soberba e para sua graciosa vitória espiritual. Quando caímos, somos jogados no leito da dor moral e ali refletimos sobre nossa limitada condição humana. E aí é onde somos tratados e reconstruídos.
Deus traz uma variedade enorme de meios para trazer saúde à sua igreja que está doente. E se um pastor cai, isto quer dizer que sua memória espiritual foi gravemente ferida e, então, precisa de cura (leia o meu livro “E assim o amor acontece”, Arte Editorial, SP, 2013).
Há doenças que a medicina, a psiquiatria e a psicologia não curam. A doença do pecado, por exemplo, não pode ser tratada por psicólogos ou psiquiatras, mas pelo poder de Jesus através de um conselheiro cristão que saiba ministrar a psicologia do perdão. Não podemos discriminar e excluir uma pessoa que pecou, mas acolhê-la, perdoá-la e amá-la. É a única forma de vencer o pecado. Algumas doenças não podem ser curadas porque a sua causa não está no corpo físico, mas na alma. Isto é bíblico. Algumas pessoas nos dias de Jesus não puderam ser curadas sem, antes, suas almas serem tratadas.
Certa vez, antes de ministrar a cura num homem, Jesus disse-lhe: “Filho, estão perdoados os teus pecados” (Marcos 2.5). Isto significa que uma cura física não pode acontecer se a causa da doença está na alma. Só depois de perdoar o pecado daquele homem, ou seja, de tratar a doença da sua alma, foi que Jesus lhe disse: “Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa” (Marcos 2.11).
Muitos pastores que estão pecando e não conseguem parar de pecar é porque suas almas estão doentes. O fato de eles buscarem saciar seus desejos no prazer sexual é porque suas almas estão buscando cura dos seus problemas existenciais no lugar errado. No fundo, estão procurando saciar sua fome de Deus no prazer sexual, por ser o sexo a necessidade humana mais próxima da espiritualidade. O sexo é, portanto, uma forma de todos nós humanos resolvermos momentaneamente nossos problemas de alma, saciando, por um pouco de tempo, nossa sede de Deus. Por um pouco. Porque, logo depois, volta tudo de novo.
Um pastor não cai por acaso. Quando se vê um pastor cair, o problema não está no seu caráter ou no seu nível de santidade, mas na vaidade do seu coração. A queda de um pastor, portanto, não é um problema moral ou falta de caráter, como muitos pensam e falam. Mas é um problema de soberba espiritual que afeta sua vida no plano físico (Jó capítulos 3, 40 e 41). É plenamente possível ter caráter, ser santo e justo e, mesmo assim, ser soberbo. Foi o caso de Jó e do jovem rico confrontado por Jesus na passagem de Mateus 19.16-22. Jó era justo, santo e honesto servo de Deus. O jovem rico era justo, fiel e aplicado na palavra do Senhor, sem nada que desabonasse sua conduta. Mas essas pessoas tinham um problema em comum: eram soberbas. E a soberba precede a queda (Provérbios 16.18).
A vaidade do coração é o pecado da soberba. A soberba acontece quando o líder ou qualquer crente em Jesus comete a infelicidade de achar que o seu nível de espiritualidade e santidade está acima do nível dos outros. Quando ele pensa que a sua moral é mais importante do que a moral dos outros. Foi o que aconteceu com os líderes mencionados acima e com outros líderes caídos Brasil a fora. Líderes importantes como o bispo Mário Porto, bispa Ivonete Sena, pastor Tarquínio, pastor Caio Fábio e muitos outros que caíram e estão caindo pelas mesmas razões, caíram e caem não para a sua perdição ou derrota, mas para que Deus os resgate do poço pecaminoso da soberba.
Esses líderes são extremamente importantes para o reino de Deus porque trabalham com a libertação da consciência da comunidade-povo. O povo vive numa terrível escravidão mental. E esses homens e mulheres príncipes de Deus têm a missão de libertar essa gente-comunidade-mundo dessa escravidão mental. Por isso mesmo são alvos do ódio estarrecedor do diabo. O diabo os persegue colocando nos seus corações a soberba, o orgulho, a santarronice, o patamazismo etc. E, então, chegam a um momento da queda. Deus permite que o diabo os derrube.

Mas a queda espiritual desses homens e mulheres de Deus é, consequentemente, um antídoto contra o pecado da soberba que se infiltrou nas suas vidas por meio da vaidade do coração. Este é o método perfeito do grande amor de Deus por nós para livrar-nos da porta do inferno. Mário Porto, Ivonete Sena, Tarquínio, Battista Soarez, líderes de grandes igrejas, presidentes de convenções, o papa e todos nós que somos crentes em Jesus e destaques na comunidade da fé precisamos entender que a nossa espiritualidade não está acima da espiritualidade dos outros. Temos que ter a consciência de praticar o princípio do perdão uns para com os outros (Efésios 4.32) e, assim, vivenciar profundamente a justiça e o grande amor de Deus.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

CONFERÊNCIA MISSIONÁRIA

CONFERÊNCIA MISSIONÁRIA

Em breve:


I Conferência Missionária de Evangelismo em Rede, que acontecerá em São Luís do Maranhão.

Lançamento da Rede de Amigos em Cristo, uma estratégia de ação do "Projeto a Igreja Cidadã". 

Tema: "A IGREJA NA VELOCIDADE DA PALAVRA COM UM SISTEMA NERVOSO EVANGELÍSTICO".


A G U A R D E!

terça-feira, 14 de junho de 2016

DIETA DA VIDA

Dietas da vida e do espírito
Battista Soarez
O Dr. Gabriel Cousens dedicou parte da sua vida aos estudos da mente e da espiritualidade. Ele conta que, na antiguidade, os envolvidos nos vários tipos de sacerdócio sabiam dos efeitos de certas dietas no desenvolvimento espiritual e guardavam esse conhecimento como segredo para manter seus próprios poderes sobre as populações.
Atualmente, isso pode ser observado na índia, onde os sacerdotes “brahmin” comem separados das pessoas de outras castas. O que se deduz é que a dieta de um grupo social afeta sua consciência espiritual.
Para os indianos, certos alimentos afetam demasiadamente as qualidades mentais do ser humano. Os estados mentais estão latentes em cada um de nós. As qualidades e estados mentais são divididos em três categorias chamadas “gunas”, isto é, “sattvica”, “rajásica” e “temásica”.
Cousens realiza seu estudo dizendo que: (1) o estado de mente “sattvico” é limpo, pacífico e harmonioso; (2) o estado de mente “rajásico” é ativo, inquieto e agressivo, ou seja, é o estado mental de guerreiros, executivos e empresários; (3) o estado mental “temásico” é letárgico, impulsivo, cruel, moral e fisicamente degenerado, sendo basicamente o estado mental dos viciados em drogas, dos ladrões e criminosos.
A escolha de alimentos, então, se dá exatamente aí, como veremos agora.
Alimentos “sattvicos”. São alimentos considerados puros, isto é, que mantêm o complexo “corpo-mente-espírito” equilibrado, limpo, harmonioso e forte. São alimentos de fácil digestão e seu consumo não resulta na acumulação de toxinas no sistema orgânico. A ingestão desses alimentos ajuda a manter a mente em paz. Eles nos acrescentam energia que ajudam na nossa assimilação. Incluem todas as frutas, os vegetais, folhas verdes comestíveis, verduras, feijões, mel e pequena quantidade de arroz integral e fibras integrais. É uma dieta completamente vegetariana.
Alimentos “rajásicos”. Estes alimentos estimulam o sistema nervoso... Ao comê-los, a pessoa sentirá aumento de energia. São eles: café, chá, tabaco, carne fresca, grande quantidade de temperos estimulantes como alho e cebola. São alimentos que provocam agitação e inquietude. Eles forçam o corpo e a mente para além dos seus limites. Se isso se torna um hábito, ficamos nervosos, tensos, desequilibrados e, aí, as doenças começam a se manifestar.
Um exemplo desse caso são os viciados em café, que: (1) precisam mais e mais de café para enfrentarem os seus corpos ativos a fim de realizarem seus trabalhos; (2) o viciado se torna cada vez mais fisicamente esgotado até que nem mesmo o café ajuda; (3) a hipoglicemia é um resultado típico do desequilíbrio rajásico, principalmente com o uso excessivo de café e açúcar.
Os alimentos rajásicos tendem a estimular o corpo e a mente para um estilo de vida mais competitivo, sensual e de busca do prazer. Os alimentos rajásicos incluem não apenas alguns alimentos biogênicos e bioativos, mas também carnes e muitos alimentos cozidos, temperados com molhos suculentos e oleosos. Incluem: (1) manteiga; (2) queijo; (3) óleos; (4) alimentos fritos; (5) bolos; (6) açúcar; (7) ovos.
Estes alimentos nos causam má digestão, levando-nos a desequilíbrios neurológicos, emocionais e orgânicos. Desarranjos intestinais são sintomas de que já há algum desequilíbrio em nossa saúde. O uso excessivo de café e vícios em açúcar são a principal causa desses transtornos na nossa saúde. Uma dieta assim leva a uma saúde precária e a desequilíbrios crônicos degenerativos.
Alimentos “temásicos”. São alimentos velhos, estragados, decompostos, inutilizados, cozidos em excesso, restos reaquecidos e alimentos processados, entre eles o arroz branco. Esses alimentos são quimicamente alterados com: (1) conservantes; (2) pesticidas; (3) fungicidas; (4) adoçantes; (5) corantes artificiais; (6) sulfatos; (7) nitratos e produtos quimicamente similares.
Tudo isso é popular hoje em dia e caem na categoria “temásica”, assim como as bebidas fermentadas como as alcoólicas e todas as outras drogas. Todas as carnes não frescas são consideradas temásicas, incluindo a maioria das carnes encontradas nos supermercados.

Apenas presas selvagens e peixes pescados na hora são considerados rajásicos. Os alimentos temásicos não têm força vital remanescente. Uma dieta assim não chega a ser 50% alcalina, isto é, nossas células inteligentes não a reconhecem como alimentos para o corpo.

terça-feira, 10 de maio de 2016

REFLEXÃO DA MATINA

REFLEXÃO DA MATINA
Por Battista Soarez

Costumo fazer minhas orações a Deus nas primeiras horas do dia, antes mesmo do café da manhã. Nesta semana, algo diferente vem acontecendo comigo. Todas as vezes que começo a cantar e a orar, meu coração se enche de contentamento de tal maneira que os cantos entoados e a leitura do texto bíblico saem com uma voz um tanto engasgalhada. Meu peito se enche de uma sensação jubilosa e meus olhos ficam marejados de lágrimas inexplicáveis. Não sou de me emocionar com facilidade. Nas profissões que acumulei na vida (jornalismo, psicoterapia e a faculdade de direito), aprendi a não me envolver emocionalmente com os fatos. A última vez que me lembro de ter chorado foi em 2009, quando minha mãe faleceu.
Mas, ultimamente, simples fainas e contentamentos espirituais têm me feito chorar. Isto ocorreu ontem, enquanto dirigia o carro, ao lembrar do hino 166 da Harpa Cristã que há anos não cantava, desde a minha juventude, quando, em 1983, aceitei a Jesus como meu Salvador. Para ser honesto, já havia esquecido a melodia. O refrão do hino diz: “Deixa entrar o Rei da glória / Em ti mesmo, ó pecador; / Quem é este Rei da glória? / É Jesus, o teu Senhor”. Hoje, no devocional da manhã, o hino veio novamente à lembrança. Então cantei. Não deu noutra: o Espírito me encheu e chorei. Depois, li o capítulo 20 inteiro do Evangelho de Lucas e chorei novamente. Em seguida, orei com júbilo.
Enquanto orava, o Espírito de Deus me trouxe à reflexão algumas lições que quero compartilhar, aqui, com os meus leitores.
A primeira delas é que os erros nos ajudam a conhecer todos os caminhos que levam a nada. Assim, fica mais fácil seguirmos o rumo certo que nos guiará a alguma coisa com sentido. Conhecendo todos os caminhos que levam ao erro, ficará mais fácil, agora, seguir o rumo certo. Mas é preciso ter inteligência espiritual para saber aprender com os erros. Do contrário, vamos utilizá-los apenas para nos abastecermos de culpa e, então, nos tornarmos presas fáceis do diabo. A inteligência espiritual nos leva a ter intimidade com Deus e, aí, nossos erros se tornarão em aprendizado da fé, em vez de pecados. A falta de inteligência espiritual (a ignorância espiritual) nos leva a não entender o sacrifício vicário de Jesus e, ao que parece, a acreditar que o pecado é mais forte que o preço pago por Ele na cruz em nosso favor. A maioria dos cristãos vive num paradoxo da fé: prega que a morte de Jesus na cruz significa também a morte do pecado, mas vive totalmente o contrário; acredita que a ressurreição dele representa a liberdade de todo aquele que nEle crê, mas vive numa eterna prisão religiosa.
Muitos cristãos, na prática, parecem invalidar o poder libertador do Cristo ressuscitado e ressuscitam o pecado que Jesus matou na cruz. Sim, isto ocorre a cada vez que, por causa de um erro qualquer, saímos da igreja ao invés de nos apegarmos ainda mais a Jesus em busca de seu amor e intimidade com Ele. Ressuscitamos o pecado a cada pastor que fraqueja e, em vez de o perdoarmos, condenamo-lo a perder o ministério, matando a obra de Deus na sua vida. Recentemente, numa revelação, Jesus falou-me da sua vinda e das injustiças dos conselhos de doutrina das igrejas. Chamou-os de “porcos mortos”. “Eis que o meu Espírito não está nesses conselhos de doutrina disse Ele. Pois eles abandonaram a minha Palavra que ensinei no Sermão da Montanha, pregando injustiça aos homens com seus manuais de doutrina. Por causa dessas doutrinas, eles causam divisões na minha igreja. Não se perdoam entre si. Quando um pastor, servo meu, cai, eles não o perdoam, ficando assim prejudicada a minha obra na vida dele”. Para mim, enquanto intelectual que costuma ser um tanto racional e muito cuidadoso não me deixando impressionar com visões, profecias e revelações foi um impacto tão forte que levantei de madrugada e escrevi aquela revelação. Interessante é que tive esta mesma revelação em 1983. Agora estava em 2014. Ou seja, 31 anos depois voltei a ter a mesma revelação.
A segunda lição que aprendi foi que se colocarmos os obstáculos como nossos aliados e não como inimigos, eles nos ajudarão a chegar ao topo e vencer. Exemplifico isto com a história de um turista americano que estava na Índia num dia dedicado à peregrinação ao topo de uma montanha sagrada. Centenas de pessoas se preparavam para a subida íngreme e difícil. O americano, acostumado a exercícios físicos e se julgando em boa forma, decidiu participar da experiência. Vinte minutos depois, completamente sem fôlego e quase incapaz de dar mais alguns passos, viu passarem facilmente por ele mulheres carregando bebês e frágeis velhinhos apoiados em bastões. “Não consigo entender disse ele a um amigo indiano. Como é que essa gente consegue e eu não?”. O indiano respondeu: “É que vocês americanos têm o hábito de encarar tudo como um teste. Você encara a montanha como um inimigo e se dispõe a derrotá-la. A montanha, naturalmente, também luta e é muito mais forte que você. Nós, indianos, não vemos a montanha como um inimigo a vencer. Nosso objetivo é uma unidade com a montanha. Uma espécie de amizade com ela. Assim, ela nos levanta e nos carrega pelo caminho”. Então, matei a sacada: a melhor forma de vencer um obstáculo é torná-lo nosso aliado. Assim, toda a sua força lutará a nosso favor.
A terceira coisa que a reflexão matinal me fez vê foi: todas as pessoas que se levantaram contra mim são pessoas fracassadas e derrotadas na vida. Isso tem uma explicação. As pessoas aprenderam, erroneamente, que para ser vencedor tem que ter perdedor. Todo aquele que se dispõe a ser um vencedor descobre que tem de enfrentar os outros. Na sua visão, sua ascensão é a queda dos outros. E esta maneira de ver as coisas tem suas consequências. A inveja, por exemplo, incendeia em nós um espírito de competição e anseio por derrotar os outros. E isso é péssimo.
Muitas vezes ajudei pessoas pensando no melhor para elas quando, de repente, descobri que elas me odiavam meramente por inveja. Surpreso, perguntava para um vácuo de silêncio sem resposta: “por que?”. Simples: elas não queriam minha ajuda, queriam estar no meu lugar; queriam ter o que eu tenho; queriam ser o que eu sou.
Mesmo no seio familiar acumulei experiências dolorosas. Trabalhei muitas vezes para ver minha família vivendo bem e confortavelmente. Quando menos esperava, estas mesmas pessoas a quem procurava amparar se constituíram inimigas. O profeta Miquéias nos alerta para este perigo: “Os inimigos do homem são os da sua própria casa” (Miquéias 7.6b).
Finalmente, a última lição desta manhã. Li, numa certa ocasião, que, no cristianismo medieval, havia a história do prestidigitador. Para quem não sabe, o prestidigitador é aquele artista que, pela ligeireza dos movimentos das mãos, faz deslocar ou desaparecer objetos. Com isto ele manipula suas mágicas, iludindo a vigilância do espectador de maneira que parece inexplicável. E, no texto que li, conta que cada um dos fiéis trazia uma dádiva para honrar a Virgem Maria no seu dia. Os fiéis participantes do evento traziam presentes caros e refinados, tapeçarias tecidas à mão e coroas incrustadas de pedras preciosas.
Numa daquelas ocasiões, havia um jovem pobre e humilde. Ele era muito simples. Não tinha presente para oferecer e nem dinheiro para comprar qualquer dádiva. Mas ele tinha uma coisa que os outros não tinham. Ele sabia praticar o ilusionismo. Sem nada para oferecer, ele teve uma ideia: começou a dançar, burilando requebrados, fazendo silhuetas, traçados com as mãos e os pés. E, na sequência, fazia mágicas diante da imagem da Virgem, para horror dos bem comportados espectadores. Mas ele fazia tudo aquilo de todo o seu coração, de toda a sua alma que aquela sua dádiva foi a que teve melhor aceitação.

O que podemos aprender com isto? Que não importa o pouco ou o inusitado que você ofereça. Importa é que o que você faz, o faça com a força do coração e intensidade de alma. Certa viúva pobre fez isso diante de Jesus e se deu bem na presença do Mestre (Lucas 21.1-4).