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terça-feira, 5 de dezembro de 2017

MULHER DESAPARECIDA EM ALCÂNTARA

Desaparecimento de mulher em
Alcântara continua um mistério

O desaparecimento de Alexandrina Garcia Costa, de 36 anos, continua sendo uma incógnita para a cidade de Alcântara. Alexandrina desapareceu desde a madrugada de domingo para segunda-feira, 20 de novembro. Para parentes, vizinhos e moradores da cidade o mistério pode estar segredado no marido, conhecimento como Cleiton.
Alexandrina, carinhosamente chamada de Lilika, desapareceu na madrugada de domingo, 19 de novembro, após ser vista andando de moto com o marido em vários lugares em Alcântara. A nossa reportagem esteve no Bar do Naildo, depois de receber informação de que, no domingo à noite, Alexandrina e o marido Cleiton estiveram naquele estabelecimento por volta da meia-noite.
Naildo, o dono do bar, é primo de Alexandrina. Ele disse a este jornalista que o casal ficou durante um bom tempo no bar. “Os dois chegaram aqui por volta das 22 horas numa moto. Cleiton pilotando e Alexandrina na garupa. Ele foi mais ali à frente, fez o retorno e estacionou a moto com a frente virada para o centro da cidade. Pediram algumas cervejas. Alexandrina não bebeu. Apenas pediu um saquinho de pipoca e comeu. Cleiton bebeu com outro amigo, que saiu logo depois. Por volta da meia-noite e 30 minutos, eles pediram a conta. O valor deu R$ 37,50. Alexandrina abriu a bolsa, tirou o dinheiro e pagou a conta”, relata Naildo. Foi a última vez que Lilika, como era conhecida, foi vista.
Segundo informação da família, Cleiton só foi à casa da mãe de Alexandrina na quarta-feira, 22, à noite, apesar de ela estar desaparecida desde domingo, 19. “Ele chegou aqui e perguntou se ela havia ligado”, informou Fran, irmã de Alexandrina. Isso foi muito estranho, conta ela.
Alexandrina era funcionária de um hotel da cidade e por não aparecer ao trabalho, o patrão estranhou e foi saber o motivo. A partir daí começou o desespero da família, dos amigos e da população.
Segundo informações, o marido, Cleiton, vinha brigando muito com a esposa ultimamente. E apareceu com arranhões pelo rosto. Um boletim de ocorrência foi registrado na delegacia de Alcântara, mas a polícia não tem demonstrado muito empenho em esclarecer os fatos, segundo reclamação da população e de familiares da mulher desaparecida.
De acordo com familiares, Lilika teria enviado uma mensagem ao filho na quinta-feira (23), por volta das 7h da manhã e de lá prá cá ninguém mais recebeu informações. O celular de Alexandrina está fora de área. As pessoas ligam, mas cai em caixa postal, como se estivesse desligado. Há informações de que o celular foi rastreado e constatado que ele se encontra dentro de Alcântara.
Na suposta mensagem recebida pelo filho, a mãe dizia que iria embora com um outro homem, mas a família acha isso estranho, porque esse não era o perfil da índole de Lilika. “Ela era muito ligada à família. Ela jamais faria uma coisas dessas”, duvida a irmã Fran.
O marido de Alexandrina foi preso no dia 27, após manifestação de familiares e populares. Ele é o principal suspeito do desaparecimento da esposa, principalmente pelos detalhes das investigações jornalísticas que serão publicadas no momento oportuno.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

FALSO MORALISMO

O “ímpeto” da religião interior
O fanatismo religioso é uma epidemia silenciosa que sufoca a abundância da graça; um pecado perigoso disfarçado de santidade.

Por BATTISTA SOAREZ
É pastor, jornalista, escritor, psicopedagogo e mestre em Teologia Pública e Social. É editor e autor de vários livros, entre eles A igreja cidadã e Ser cristão em tempo de crise.


“Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça” (Rm 6.14).
“Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros” (Rm 7.22,23).
“Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4).
“Jesus é a revelação divina que destrói qualquer religião” (Karl Barth).
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No final de semana passado, estive ministrando aula num polo de uma faculdade de educação no povoado Barro Duro, interior de Tutóia, no Portal do Delta das Américas, litoral maranhense. Pessoas simples, hospitaleiras. Casas com quintais espaçosos e arborizados. O vento que vem do mar sibila o dia inteiro nas folhagens de árvores frondosas, fazendo o ambiente ficar tipicamente agradável. Entre elas, ouve-se o cantarolar de passarinhos festejando a alegria por ainda ter vegetação, para felicidade das espécies silvestres. Algumas em extinção, por causa da agressão humana à natureza. Outras, como a pitangus sulphuratus — ave passeriforme tiranídea popularmente conhecida no Brasil como “bem-te-vi” — procuram se esconder em lugares inusitados, na tentativa de reduzir a possibilidade de sua total extinção. Se bem que a vegetação está perdendo para o processo de urbanização e, portanto, cada vez mais os pássaros perdem seu espaço no meio-ambiente.
A aula estava maravilhosamente divertida. Na sala, a maioria era representada por mulheres. Aliás, temos de reconhecer que elas tomaram o mercado. A vaidade, de salto alto e batom, invadiu mesmo o mundo. Conquistou todos os espaços. Assumiu posição e poder. Só não se sabe o futuro disto. Porque vaidade e poder, juntos, representam perigo. Tanto quanto a arrogância e o machismo dos homens.
No intervalo da aula, não tinha lanche. E, como sou diabético, não podia ficar sem lanchar. Por causa da taxa glicêmica, obviamente. Do outro lado da rua, entretanto, tinha um comércio aberto, apesar de ser domingo. Dirigi-me para lá rapidamente, na intenção de fazer o lanche.
Tem suco sem açúcar? perguntei ao atendente.
Tem não, senhor respondeu um rapaz jovem, de mais ou menos 26 anos.
Tem biscoito integral?
Tem não, senhor. Zero só tem refrigerante finalizou o rapaz, descartando qualquer possibilidade de eu continuar explorando os produtos de seu estabelecimento que eu pudesse degustar.
Aquele moço era o proprietário do estabelecimento. Ao lado dele, uma mocinha loira, jovem, de mais ou menos 18 anos, o ajudava nas atividades de venda. Era a sua esposa.
O senhor é crente? quis saber o rapaz sem pestanejar.
Sim. Sou respondi.
Logo a gente vê. O crente é diferente disse o rapaz, olhando para as minhas vestes, perguntando de qual igreja eu era, com certo ar de altivez religiosa.
Ele explicou que percebeu pelo meu jeito de vestir. Eu estava trajado com calça social, camisa manga longa e sapatos pretos bem engraxados. Típico de uma espiritualidade estereotipada, que normalmente os religiosos fanáticos usam para figurar uma santidade aparente.
Eu e minha esposa somos crentes argumentou ele, apontando para a mocinha loira ao lado, que estava séria, calada, olhar acabrunhado.
Ah, olá! Muito prazer! dirigi-me a ela, que se manteve calada e de cabeça baixa.
De maneira forte, altiva, veemente, o rapaz me perguntou se, em São Luís, as mulheres crentes “usam calça”, se “usam batom”, se “pintam unhas”, se “cortam cabelos”. Eu fiquei meio sem jeito, sem saber o que responder... Isto porque, há tempos, me desliguei desse evangelho da idolatria à indumentária, aos usos e costumes, da religião do naturalismo anti-social. Além disso, tenho pregado quer falando, quer escrevendo o evangelho da justiça de Deus: a misericórdia, o perdão, o amor incondicional, a paz, o respeito à vida, a união do corpo de Cristo, o fazer espiritual no âmbito da justiça social. E, é claro, outros princípios cristocêntricos do Sermão da Montanha., pouco seguido pela maioria dos cristãos
Mas o rapaz me olhava, formulando perguntas e me fazendo concordar com o que eu não queria concordar. Queria que eu confirmasse que “é pecado” aquilo que a Bíblia não diz que é. Mas a religião da idolatria evangélica sempre tem um jeitinho de “postar” nas Escrituras aquilo que Jesus não falou, aquilo que Deus nunca disse, nem os profetas preconizaram. Mas o jovem comerciante insistia em afirmar “coisas”, num ímpeto de religiosidade estranha.
Você sabe, não é, pastor? Mulher usar calça é pecado. Deus não aprova isso acrescentou ele.
Éh. Tem umas mesmo que não combinam. Não fica legal. Uma bela saia ou vestido ficam melhor dizia eu sem querer desapontá-lo.
Pintar unhas é coisa do diabo, né, pastor? insistia o rapaz, ao lado da esposa que apenas me observava, calada, parecendo esconder, no fundo do coração da vaidade feminina, o desejo de discordar do marido.
Mas a moça, jovem e bonita, parecia privar as respostas com um meio silêncio tristonho, com um cerrar de lábios pouco feliz e olhar desconfiado e sério.
Éh. Há alguns exageros por aí respondi.
Cortar cabelo é outra coisa satânica. Você sabe, né, pastor?
Ãhãn! assentia eu, ainda sem querer decepcioná-lo. Às vezes, não pega bem, dependendo do perfil físico da mulher.
Sabe, pastor, tem muito crente que vai pro inferno. Né, pastor? Tá na igreja, mas não está salvo. Você concorda, pastor? provocou ele, com seu aspecto sisudo e austero.
É verdade disse eu. Há pessoas que ainda não nasceram de novo. São apenas religiosas. Ainda não conseguem enxergar o evangelho pelo viés da salvação genuína. E parecem que nunca vão conseguir. O espírito da religião causa uma cegueira terrível, irmão, uma confusão infeliz entre graça e legalismo. Os crentes não conseguem ver a autêntica suficiência da salvação pelo aspecto da cruz. A salvação é de graça, mas os crentes religiosos sempre acham que não. Preferem andar pelo caminho obscuro do fanatismo pálido e infeliz. Para alguns, o sacrifício do Cristo não foi suficiente. Muitos crentes acham que precisam fazer um esforço tosco e sem nexo nas Escrituras: procuram, então, colar “remendo de pano novo em vestes velhas” (Mateus 9.16) ou remendos velhos em roupa nova. Parecem querer ensinar Jesus a trabalhar no coração do homem, quando deveriam atentar para o que Ele nos ensina. Querem ajudar o Cristo no processo da redenção. Parecem querer administrar o universo no lugar do Criador. E, com tudo isso, acabam criando um “outro evangelho”.
Mas o que o senhor acha, pastor? insistia o irmão comerciante, mesmo depois da minha resposta.
Acho, sinceramente, irmão, que a liderança cristã precisa estudar para ensinar os crentes a enxergar o Evangelho biblicamente correto. Os crentes precisam estudar. Ler mais a Bíblia. Se aprofundar na cultura bíblica. Buscar profundamente intimidade com Deus para que o Espírito Santo lhes dê sabedoria e conhecimento.
É verdade, pastor! concordou o rapaz, sempre enfatizando as “doutrinas” sufocantes da religião evangélica.
Finalmente, terminou o intervalo, e chegou a hora de eu voltar à sala de aula. E eu dei graças a Deus.
Mais tarde, o motorista que me levou de volta ao hotel, ao passar em frente de uma igreja evangélica, comentou:
Professor, os pastores desta cidade são tudo safados. Tudo corruptos.
Eu fiquei indiferente com aquela súbita informação-afirmativa, e perguntei por quê?
Esse pastor aí disse ele, apontando para a igreja me pediu seis mil reais para fazer os crentes votarem na minha esposa que é candidata a vereadora.
É mesmo? espantei-me.
É! E ele já pegou dinheiro do prefeito para apoiá-lo e fazer a igreja ficar do lado do prefeito, que está tentando se reeleger.
Fiquei estarrecido e me questionando: que igreja é essa que prega para mulheres que é pecado usar calça, batom, aparar cabelos e pintar unhas e, ao mesmo tempo, mete a mão no bolo da corrupção política? Depois de tudo ainda têm a coarem de, no culto, levantar a mão suja para o alto e gritar “amém!, glória a Deus!, aleluia, irmãos!”. Não tem jeito. Precisamos estudar as Escrituras e orar. Do contrário, a igreja estará perdida no labirinto da hipocrisia religiosa. Sem precedentes. Mas o apóstolo Paulo nos alerta:
“O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honrar uns aos outros. No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor” (Rm 12.9-11).
“Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para discutir opiniões... Não nos julguemos mais uns aos outros; pelo contrário, tomai o propósito de não podes tropeço ou escândalo ao vosso irmão. Eu sei e estou persuadido, no Senhor Jesus, de que nenhuma coisa é de si mesma impura, salvo para aquele que assim a considera; para esse é impura” (Rm 14.1; 13,14).
Refletir sobre estas palavras da Bíblia me faz entender que precisamos rever nosso conceito de conduta cristã e reorganizar a nossa vida com Deus. A ética da vergonha, no âmbito da moral religiosa, é o princípio da busca de santidade em Cristo Jesus, o Senhor. Santidade, na minha opinião, é caráter. Se temos caráter, temos santidade em Deus. Se não o temos, a santidade está longe de nós. Se temos caráter, temos espiritualidade. Se não temos caráter, somos apenas falsidade.
Como escreveu Voltaire, “é assim que se vê, neste vasto quadro de demência humana, os sentimentos dos teólogos, a superstição dos povos e o fanatismo: variados, mas sempre os mesmos ao lançar a terra em brutalidade e calamidade”.

É preciso se divorciar da religião para poder se amar a Deus. A Bíblia ensina que não se pode amar a dois senhores: ou se ama a lei (a religião) ou a graça (a vida abundante em Deus), conforme se pode lê em Romanos 10.4.

sábado, 7 de outubro de 2017

ALCÂNTARA – MARANHÃO

Secretaria de Assistência Social faz campanha de prevenção ao suicídio
BATTISTA SOAREZ
Do Jornal Itaqui-Bacanga

Fotos: José Lindoso


Campanha sobre o "Setembro Amarelo" alerta sobre o suicídio.

Com participação da Secretaria Municipal de Educação, escolas, igrejas e outras instituições públicas e privadas, a Secretaria Municipal de Assistência Social, Mulher e Igualdade Racial (SEMDES) de Alcântara realizou hoje, dia 29 de setembro de 2017, campanha contra o suicídio, denominada “Setembro Amarelo”. O CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), o CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e o SCFV (Sentro de Convivência e Fortalecimento de Vínculo) participaram efetivamente da campanha.

A secretária Menca Nascimento falou à reportagem sobre a campanha.

Segundo a secretária de Assistência Social do município, Menca Nascimento, a campanha é uma mobilização que acontece em momento oportuno porque, diante de uma sociedade deprimida e desesperançada, as pessoas vivem em absoluta situação de desamparo e desespero. Por isso tem aumentado o número de suicídio no Brasil. E Alcântara, para ela, não está longe dessa realidade. Embora não se tenha registros tão efetivos, a prevenção é sempre uma boa ação. “Diante de uma situação deprimente, qualquer que seja ela, viver é a melhor opção”, destacou a secretária.

Menca Nascimento, Secretária de Desenv. Social de Alcântara.

A secretária aproveitou a oportunidade para protestar contra a política do presidente Michel Temer que quer cortar 98% do orçamento da política de assistência social no país. “Fica aqui o nosso repúdio contra essa atitude do governo federal, que está fazendo um verdadeiro desmonte na política de assistência social em nosso país”, ponderou ela.

Na ocasião, a presidente do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (CMDCA), a pedagoga Rosilene, ressaltou a importância de respeitar a vida em tempos de indecisão, dificuldades e tormentas nos vários setores da sociedade contemporânea. “Prevenir o suicídio é uma questão de respeito à vida. O prazer de viver é a maior demonstração de felicidade e respeito à própria vida”, disse ela.

A assistente social e assessora técnica da SEMDES, Flor de Maria, também chamou a atenção para a importância da vida. “Vamos valorizar a vida. Viver é importante. Não há problema maior do que a importância da vida. Por isso, ama-se e ame a sua vida”, enfatizou.
A caminhada aconteceu da Praça do Galo até à Praça da Matriz

O vereador Claudielson Guterres falou em nome da Câmara Municipal de Alcântara e ressaltou a importância do papel da escola junto à família na prevenção do suicídio. “O papel da educação é fundamental nesse sentido. A escola sempre está mais próxima das famílias e pode orientar aos pais como observar e como orientar a seus filhos”, disse o vereador.

O assistente social do CREAS, João Batista Pestana Soares, também chamou a atenção para o amor à vida, o papel da família na orientação dos filhos e do abuso no uso de drogas. “Além de outras formas de suicídio, há o uso de drogas que, geralmente, as pessoas começam na juventude, vão se matando lentamente e morrem na fase adulta de uma forma cruel. O uso de drogas é o pior tipo de suicídio, porque vai matando a pessoa usuária lentamente, da forma mais cruel que se pode imaginar, como numa cena de absoluta tortura”, pontuou ele, chamando a atenção para a importância de se perceber os sintomas do suicídio e intervir na situação antes que tudo seja consumado.

O jornalista e escritor Battista Soarez também discursou no evento

Normalmente, os principais sintomas e causas do suicídio são comportamento retraído, dificuldade de relacionamento, alcoolismo, mudança de humor, irritabilidade, pessimismo, apatia, depressão, ansiedade, sentimento de culpa, solidão, impotência, desesperança, perda de sono, doenças graves e outras situações de crises existenciais.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

ENTREGUISMO DE ALCÂNTARA

Governo Temer assume negociação da base Alcântara com os EUA

Para Serra, esta é uma das primeiras providências nas relações com o novo presidente americano, Donald Trump.

Matéria publicada em 
Serra confirmou que oferecerá aos americanos um acordo sobre a estratégica base de Alcântara (MA). / Reprodução
O Planalto resolveu escancarar o entreguismo. José Serra, Ministro das Relações Exteriores, confirmou que oferecerá aos americanos um acordo. Segundo ele, esta é uma das primeiras providências nas relações com o novo presidente Americano, Donald Trump. A administração de Michel Temer assumiu que já prepara a minuta do contrato a ser apresentado aos americanos. A ideia é oferecer a eles acesso a centro de lançamento —cobiçado por sua posição estratégica junto à Linha do Equador— para poder, em troca, usar os equipamentos fabricados pelos potenciais parceiros. Devido à ameaça à soberania e às poucas garantias à indústria nacional, o acordo havia sido enterrado pelo governo Lula ainda em seu primeiro mandato. 
As informações são de reportagem de Eliane Oliveira, Gabriela Valente e Roberto Maltchik em O Globo.
"- Vamos tomar a iniciativa de propor a reabertura de negociação em torno de vários acordos e tratados que não se concretizaram. Um deles se refere à base de Alcântara. O assunto foi muito debatido no passado e, agora, vamos tentar uma parceria — revelou Serra.
O uso dos modernos sistemas espaciais dos Estados Unidos, jamais obtidos pela indústria nacional, porém, não significará transferência tecnológica ao setor privado brasileiro. Pelo contrário: para que a negociação avance, o Brasil terá que aprovar uma lei que indique de forma técnica e pormenorizada a proteção que será dada a todo componente tecnológico manipulado em solo brasileiro. Se parte das exigências dos EUA forem alteradas pelos parlamentares do Brasil, e as mesmas forem consideradas insatisfatórias pelos congressistas americanos, não tem negócio."

ALCÂNTARA DEPOIS DE ARAKÉM

Alcântara depois de Arakém
O que a nova administração do município brasileiro mais cobiçado pelos EUA poderá estar fazendo para explorar o seu potencial de desenvolvimento perdido na história da economia local
Battista Soarez
Jornalista, escritor e consultor institucional. Especialista em Marketing de Mercado Globalizado (UCAM/RJ), o autor é coordenador do curso de pós-graduação em Políticas Públicas, do Instituto Daniel de La Touche, em São Luís-MA.

Alcântara faz parte da região metropolitana de São Luís.
Nos últimos anos, o município de Alcântara, região metropolitana de São Luís, capital do Maranhão, tem sofrido maus-tratos por parte de gestores descompromissados que pensam somente no seu próprio conforto econômico e dos seus aliados políticos. O prefeito anterior da cidade, Domingos Arakém, que deixou a prefeitura no final de 2016, cometeu atos administrativos fraudulentos, os quais colocaram a prefeitura num lastro de sucateamento das políticas públicas. Tanto é que o atual gestor municipal, Anderson Wilker, tem tido dificuldade em por as coisas em ordem, dado o nível de bagunça em que os órgãos municipais se encontravam.
Mas, vale dizer, Alcântara tem potencialidades evidentes que colocam o município em um posicionamento favorável em relação às leis da economia de mercado. Todavia, os gestores, míopes administrativamente, não conseguem visualizar essas potencialidades econômicas do município, o qual já foi um grande centro de economia rural, modelo para o Brasil e para o mundo.
Uma memória arquitetônica vigiada pelo IPHAN.
Se, a partir de agora, o novo governo municipal colocar em debate a participação de Alcântara no livre-comércio do Maranhão, do Brasil e do mundo, não há dúvida de que, em pouco tempo, a economia do município estará em alta. Isto porque Alcântara, em termos de estratégia geográfica, de produção e de distribuição, tem todas as condições de voltar a ser um dos maiores centros de economia, inclusive rural, do Maranhão e, consequentemente, uma das economias mais desenvolvidas e poderosas da América Latina.
É sintomático, no aspecto positivo, que se houver, e logo, um debate econômico no Maranhão colocando Alcântara como um dos principais centros econômicos do Estado, não somente o município terá ganhos surpreendentes, em termos de desenvolvimento, mas, também, o Maranhão será favorecido com isso e até outras regiões do Estado ganharão visibilidade.
As ruas da cidade são, ainda, dos séculos XVII e XIII.
Alcântara, no entanto, parou no tempo. O município já foi, como dito acima, um grande centro de produção agrícola, com potencial de exportação para todo o Brasil e para o mundo. Hoje, a contraponto, a cidade não passa de uma velharia de ruínas que não trazem nenhuma contribuição para o desenvolvimento e, principalmente com a política preservacionista do IPHAN, a população ficou condenada a ficar fora do desenvolvimento urbano de que toda civilização moderna tem direito.
É importante considerar que as economias desenvolvidas apresentam imensas vantagens estruturais em relação à economia brasileira. Segundo especialistas em desenvolvimento, essas vantagens não poderão ser superadas num horizonte visível. No campo macroeconômico, diversas circunstâncias relativas à chamada competitividade sistêmica — sistema tributário injusto, escassez de crédito, custos financeiros elevados, fraquezas dos mercados de capitais domésticos, deficiências de infraestrutura, etc. — colocam as empresas brasileiras em desvantagem na disputa por mercados internos e externos.
A igreja do Carmo preserva a história religiosa do lugar.
Isso, associado à corrupção [política, econômica, social, jurídica, etc.], afeta drasticamente os municípios. Em razão dessas assimetrias sistêmicas, a maioria das empresas brasileiras não pode enfrentar a concorrência das empresas dos países desenvolvidos, por exemplo. Em razão disso, esses países desenvolvidos se acham no direito [e têm facilidades] de explorar a riqueza do país, inclusive em regiões importantes dos estados do Pará e do Maranhão.
Em face desta problemática, há dificuldades fundamentais no plano microeconômico. As empresas dos Estados Unidos e de outros países desenvolvidos são muito superiores às brasileiras em termos de escala de produção, tecnologia, organização, acesso a crédito e capital, redes de comercialização, marcas e outros aspectos importantes. Mas isso é um problema de mentalidade dos governantes brasileiros, e não de falta de recursos.
As ruínas da igreja de São Matias.
Diante dessa ineficiência do governo brasileiro, os EUA têm interesses em Alcântara. Aliás, Alcântara é o único município brasileiro que, no atual momento de nossa história social, é interessante para os americanos, exatamente por causa das diversas potencialidades que ele tem, e não apenas pelo fato de ser uma área estratégica para lançamento de foguetes espaciais. E se o governo brasileiro não cuidar o mais cedo possível, em breve Alcântara estará sendo o portal de entrada dos EUA no Brasil, onde eles, os americanos, estarão impondo suas condições e seus interesses altamente cobiçosos.

Local onde fica o Centro de Lançamento de Alcântara.
No lume desse quadro de realidade, o atual prefeito de Alcântara, o jovem Anderson Wilker, tem demonstrado muita vontade política de colocar o município no portal do desenvolvimento socioeconômico do país e do mundo, o que não será difícil se ele e sua equipe técnica buscarem relacionamentos e oportunidades em nível de estrutura política, social e econômica, contemplando todos os setores da administração municipal. Uma espécie de inteligência administrativa, portanto, precisa funcionar continuamente em termos de reengenharia de projetos estruturantes que possam, por meio de parcerias com instituições financeiras nacionais e estrangeiras, estar gerando mecanismos de produção e de relações comerciais potencialmente produtivas e focadas no crescimento da economia do município de Alcântara.