VIDA CRISTÃ PÓS-PANDEMIA
PR. ANDRÉ SOUZA
Presidente da COMADEMA/CADB no estado do
Maranhão.EM APOCALIPSE 3.11 lemos: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens para que ninguém tome a tua coroa”.
Como
pastor, me preocupo com as novas formas de vida cristã após um período de
pandemia como este. O impacto da pandemia na vida da igreja — com a vinda do
coronavírus sobre a humanidade — pode ser visto com outro olhar a partir do
afastamento da comunhão dos crentes uns com os outros.
O
momento atual é de profunda reflexão, haja vista que todos nós ficamos
preocupados. Até aqui parece ser um momento único. Igrejas fecharam suas
portas. Polícia na rua controlando a vida e o direito de ir e vir das pessoas.
O medo instalado no coração e na mente daqueles de ideias mais fixas. Pastores
doentes. E nós, de fato, perdendo muitos amigos e parentes.
Mas,
por outro lado, vemos muita gente mais preocupada com a impossibilidade de
poder ir ao culto e adorar a Deus do que com a doença da COVID-19. Muitos
buscaram alternativas e formas diferentes de fazer viver a fé. Os cultos
on-line vieram como uma luva. O distanciamento entre seres humanos imprimiu na
mente da humanidade uma nova cultura. Inclusive na mente da igreja.
A
fé, de repente, passou a ser transmitida por computador, numa perspectiva
diferenciada, suscitando perguntas e respostas sobre a vida cristã atual. Viver
a espiritualidade de forma intensa passou ser um desafio para homens e mulheres
em busca de sentido para suas vidas. Aliás, é um desafio que nos coloca frente
a frente com o sofrimento e a morte em que a situação nos joga.
Todavia,
em Mateus 28.20, Jesus disse: “Eis que estou convosco todos os dias até a
consumação dos séculos”. Isto nos garante que, em qualquer situação, nunca
estamos sozinhos. Em meio a problemas, desilusões, sofrimentos, crises,
pandemias, etc... o Senhor sempre estará conosco. Estamos vivendo em tempos
difíceis. Tempos em que, por vezes, temos a sensação de que Deus se distanciou.
Parece que, por um momento, o Senhor deixou a humanidade sofrer um pouco as
consequências do seu pecado.
No
mínimo, as trevas do isolamento social, das ruas vazias, lojas fechadas e
funerárias abertas 24 horas por dia mostram um espelho nada animador. O quatro
é de incertezas, medo, dúvidas, silêncio mórbido e tristeza. Sempre que nos deparamos
com pessoas na rua, seus olhares nos dão a impressão de um vazio desolador, que
paralisa tudo no transitar do cotidiano. A verdade é que, nesse prisma sociológico,
nos vemos temerosos e perdidos.
Mas
a narrativa bíblica dos discípulos a caminho de Emaús nos dá a certeza de que,
nas noites escuras da vida e da história, o nosso Senhor Jesus Cristo caminha
conosco nos servindo com sombra e proteção. É certo que quando mantemos
comunhão com Ele, temos a certeza de sua presença: ou nos livrando do leito da
doença ou nos agraciando com o paraíso maravilhoso da vida eterna. Mas a
verdade é que nunca estamos sozinhos. Ele só nos tira deste plano terreno
quando nossa tarefa, aqui, terminou. Quando não faz mais sentido estarmos aqui
neste mundo, Ele nos promove para uma vida superior ao lado dEle na eternidade.
Se
você tem convicção da sua fé em Cristo, este tempo grave de pandemia pode até
fechar as portas do templo para você assistir ao culto de forma física, mas não
poderá fechar a porta do seu coração para orar, buscar a Deus, pregar a palavra
e ler a Bíblia. Não poderá privá-lo de assistir aos necessitados com a justiça
do evangelho: criando redes de solidariedade e levando pão e água a quem tem
fome e sede de justiça. Esta e outras práticas cristãs da igreja invisível, de
fato, nos enchem de espiritualidade em Deus.
Mesmo
com os desmandos dos governos estaduais e municipais — tirando proveito
financeiro da situação de crise e praticando suas injustiças contra a sociedade
que já sofre com tantas mazelas da realidade social — a vida cristã segue seu
plano de crescimento espiritual naqueles crentes que realmente nasceram de novo
em Cristo.
Não
se pode prevê até quando esta crise vai durar. Mas podemos intensificar o nosso
compromisso com Cristo e nossa responsabilidade de vivermos este momento sem
titubeio. Como pastor, tenho a responsabilidade de incentivar a minha igreja a
cuidar da sua própria vida e da vida do próximo dentro da lógica do sentido
bíblico.
É
importante pensar na vida espiritual [e também social] da igreja de Jesus após
a pandemia. Certamente nossa inteligência espiritual continuará se esforçando
para descobrir uma nova forma de se fazer presente nas casas, nas famílias e na
vida das pessoas sem quebrar a comunhão no aspecto físico. O corpo de Cristo é
uma comunidade de fé, comunhão e, portanto, relacionamento. Um aperto de mão,
um abraço afetuoso, uma conversa olho-no-olho e um sorriso gracioso são coisas
que nunca devem ser trocadas por distanciamentos e/ou isolamentos.
Nossas
celebrações na Assembleia de Deus Missão (ADM) voltaram e continuarão sendo
presenciais. Jesus Cristo está presente em nós e, por isso, somos um corpo de
verdade nEle. Por isso nos reunimos para orar, louvar, ouvir a palavra, pregar,
celebrar a Santa Ceia e, assim, ter vida abundante em Jesus. Afinal de contas,
a igreja reunida fisicamente é sinal da presença real do Cristo ressuscitado
(Mt 18.20). É isso que faz os nossos corações se manterem aquecidos no amor do
Senhor, de forma ardente e não fingida (1Pe 1.22-25). É este nível de
espiritualidade que faz a igreja ser bênção na vida das pessoas no âmbito da
comunidade. Há absoluta primazia no culto presencial.
Portanto,
em vez de se alimentar o medo de visitar alguém e ficar vendo o que algumas televisões
propagam para causar pânico nas pessoas, é momento de a igreja se voltar para a
palavra de Deus. Devemos alimentar nossa esperança no Cristo de Deus, crescer
nEle porque, pelos sinais que vemos acontecendo, uma nova ordem econômica
mundial, no após-pandemia, poderá estar se organizando, em que o anticristo estará
pronto para assumir e governar o mundo. Todavia, sabemos que Cristo está perto
de voltar para levar a sua igreja para o céu de glória quando, então, estaremos
com Ele para sempre.
Afinal,
Ele nos garantiu: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens para que ninguém
tome a tua coroa” (Ap 3.11).