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quinta-feira, 31 de outubro de 2024

REFORMA PROTESTANTE | por Battista Soarez

REFORMA PROTESTANTE
ALEMA realiza homenagem aos 507 anos de Reforma Protestante, proposta por Mical Damasceno 
Fiéis de várias denominações lotam auditório da Assembleia. Pastores e líderes relembram momentos cruciais de um dos fatos mais importantes da história universal
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Por Battista Soarez
(De São Luís - MA)

Dep. Mical Damasceno, autora da Indicação sobre Sessão solene em alusão aos 507 anos da Reforma Protestante | Foto: Battista Soarez 
O auditório da Assembleia Legislativa ficou lotado de fiéis e lideranças de várias denominações | Foto: Battista Soarez 

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A DEPUTADA ESTADUAL Mical Damasceno (PSD), autora da Indicação que promoveu Sessão solene na Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão (ALEMA), em alusão aos 507 anos da Reforma Protestante, reuniu centenas de pessoas de várias denominações nesta quinta-feira (31/10). A sessão teve início às 14h30m e durou cerca de três horas, sem se tornar enfadonha. Foram momentos de muita alegria em que a plateia, lotada, pôde ouvir hinos e mensagens informativas sobre o referido evento histórico.

P U B L I C I D A D E

 Este é um momento muito significativo sobre a história cristã no mundo  disse Mical, que passou a direção da sessão para o deputado Roberto Costa (MDB) que, logo em seguida, repassou para a presidente da ALEMA, deputada Iracema Vale (PSB).

A sessão começou com uma oração, feita pelo pastor Joaquim Neto, líder da Igreja Batista do Angelim (IBA), e prosseguiu com louvores e várias falas de autoridades eclesiásticas presentes, que abordaram momentos importantes da história Protestante no mundo.

Dep. Iracema Vale ladeada por pastores homenageados | Foto: Biaman Prado 

No ato, também foram entregues medalhas a pastores presentes em reconhecimento à dedicação e contribuição às comunidades evangélicas e atividades sociais que contribuem com o desenvolvimento da sociedade no mundo. O evento contou com a presença de membros, pastores e lideranças de várias denominações, que se reuniram para celebrar a importância da data para a liberdade religiosa e o fortalecimento das igrejas cristãs no Maranhão.

A deputada Iracema Vale disse que a data tem enorme importância histórica.

Iracema Vale, ao lado de Mical Damasceno, fala da importância da homenagem | Foto: Battista Soarez 

 Esse marco, celebrado no dia 31 de outubro, nos remete ao ano de 1517, quando Martinho Lutero deu início ao movimento que transformaria a história do Cristianismo e da sociedade. Ao longo desse tempo, não apenas transformou-se o cenário religioso, mas também trouxe novas perspectivas para os direitos individuais  disse a presidente da ALEMA.

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A deputada Mical Damasceno, por sua vez, ressaltou que a Reforma Protestante foi um marco para a liberdade da fé, das contribuições sociais, da educação e do pensamento social e político.

— É uma honra comemorar esse legado e reconhecer o trabalho desses líderes que fazem a diferença em suas comunidades. Hoje, estão aqui não apenas membros da minha denominação, mas de todas as outras, em nome do nosso Senhor Jesus  afirmou a parlamentar.

Cel. Célio Roberto, comandante do Corpo de Bombeiros, participou do evento | Foto: Battista Soarez 

Dentre várias autoridades presentes estava o coronel Célio Roberto, Comandante Geral do Corpo de Bombeiros do Estado do Maranhão. Célio Roberto é evangélico e tem contribuído com o evangelho entre a instituição militar.

A Orquestra Sinfônica e o vocal infantil juvenil da Igreja Assembleia de Deus apresentaram louvores, criando um ambiente de celebração e reverência.

Pr. Alex Martins, presidente da UNICAJE, disse que a Reforma trouxe o fortalecimento da Palavra de Deus | Foto: Battista Soarez 

— O momento de hoje é uma celebração da fé e dos valores que a Reforma trouxe para nossas igrejas. Estamos aqui não só para lembrar o passado, mas para reafirmar nosso compromisso com os princípios bíblicos  afirmou o pastor assembleiano e capelão Alex Martins, que apresentou um louvor com o coral da União dos Capelães (UNICAJE) da qual é presidente.

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A também homenageada Pra. Maria Lúcia Veras, da Igreja Verbo da Vida, ressaltou a importância da união entre as igrejas.

 Este é um momento de fortalecer nossa fé e nos lembrar que a Reforma nos trouxe uma mensagem de liberdade espiritual e responsabilidade com o próximo  enfatizou ela.

Já o Pr. Francisco Morais, da Igreja Adventista do Sétimo Dia, destacou o papel transformador da Reforma na história da fé cristã.

— Não apenas redefiniu práticas religiosas, mas trouxe uma nova compreensão sobre a relação pessoal com Deus e o acesso direto à Sua palavra  ponderou.

A mensagem oficial ficou por conta do pastor pernambucano Esdras Cabral de Melo, autor do livro A Reforma Protestante (Editora Luz e Vida, 2024), que falou das diversas contribuições de Martinho Lutero para a sociedade secular no campo da educação, da política, da democracia, da economia, da liberdade religiosa e no mundo do trabalho.

 As portas do inferno não prevalecem contra a igreja de Deus. Se nos matarem, certamente Deus levantará outros para continuarem a obra do evangelho  destacou pastor Esdras, citando a fala de Jesus Cristo nos evangelhos.

Prof. Isaack Ferreira fala da contribuição de Lutero para a educação | Foto: Battista Soarez 

Para o professor Isaack Ferreira, diretor geral do Centro de Ensino Sistemas e Tecnologia (CESTE), o pensamento do reformador Matinho Lutero trouxe contribuições significativas para a educação e, consequentemente, para a sociedade em geral.

— Num contexto histórico em que a educação era organizada e mantida somente pela Igreja medieval, Lutero propôs alterações importantes tanto no que se refere à organização de um sistema educacional democraticamente coerente, quanto aos princípios e fundamentos da educação, defendendo que esta fosse para todos, de frequência obrigatória e mantida pelo Estado — explica o professor Isaack.

Pr. André Souza (segundo da dir. p/ a esq.) foi um dos homenageados | Foto: Battista Soarez 

Por ultimo, a Sessão entregou a honraria aos vários líderes cristãos, dentre eles o Pr. André Sousa (Assembleia de Deus, presidente da COMADEMA); o Pr. Paulo Guilherme (Igreja Quadrangular); Pr. Samuel Martins (Igreja Cristo Rei); Pr. Antônio Brito (Igreja Batista); Pr. Siclay Carvalho (Casa de Adoração); Pr. Nilson Garcia (Ilha do Amor); Pr. Francisco Brito (Assembleia de Deus), Pr. Afonso Napoleão Neto (Maranata).

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domingo, 27 de outubro de 2024

COLUNA LEITURA LIVRE | por Battista Soarez


COLUNA LEITURA LIVRE
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Por Battista Soarez
(Pastor, teólogo, jornalista e escritor)

Caminhos da cristandade e do cristianismo
O sentido da fé em face de novos horizontes da igreja brasileira

Imagem meramente ilustrativa | Foto: Divulgação 

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CRISTIANISMO NÃO É A MESMA COISA QUE CRISTANDADE. Cristianismo é meramente religião, vazia de Deus como qualquer outra. Cristandade é viver o chamado, cheio de Deus, de forma contínua e inteiriça, para manter o verdadeiro relacionamento com o Senhor a serviço do outro. O enderenço de Deus, portanto, é o outro, o próximo.

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Em 2021, num artigo publicado na revista Avvenire, o padre e escritor italiano Mauro Leonardi disse que “quem vivia em um país cristão podia delegar à vida coletiva grande parte do trabalho pessoal que deveria fazer como indivíduo ou como núcleo familiar”. Segundo ele, “com o desaparecimento da cristandade, isso não é mais possível. Quem não está consciente das mudanças estruturais ocorridas corre o risco de se orientar por referências que não existem mais”.

Na mesma época, o cardeal Mario Grech declarou que a cristandade, entendida como sistema de vida, não existe mais e que, portanto, “a igreja quer encontrar novos caminhos”. Temos de entender, portanto, que “cristandade” e “cristianismo” são duas coisas diferentes. E vale informar que o fim da cristandade não é o fim do cristianismo. E a sugestão de alguns intelectuais eclesiásticos na sua maioria católicos, haja vista que os líderes evangélicos e/ou protestantes pouco se importam, porque pouco estudam e pouco participam da vida social do evangelho universal é de que a igreja pode buscar novos caminhos justamente porque o cristianismo não acabou. A cristandade, sim, essa acabou.

Na cristandade, as pessoas vivem o evangelho do reino, isto é, o evangelho de busca permanente da perfeição em Deus. No cristianismo, as pessoas vivem de qualquer jeito, vivem a diversidade religiosa, mudando constantemente de estilo de vida, comportamento e forma de pensar. Cristianismo é mera e simplesmente cultura religiosa.

Na verdade, o cristianismo é a secularização da fé. A fé se secularizou. Apenas a “Igreja Invisível” (a cristandade) permanece fiel. A gente vai a um culto cristão e percebe, com tristeza, a “coisa” mais fria do mundo. Jesus previu isso em Mateus 24.12-14: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo. E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim”.

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A cristandade ocorre quando a igreja viva permeia a sociedade civil com seus próprios valores, promovendo leis e instituições específicas e concretas. Ela ocorre quando, cheia de Deus, opina sobre o Estado e fala com autoridade: “Assim diz o Senhor...”. Autoridade é não ter de que se envergonhar. Por sua vez, o cristianismo ocorre quando ele se mundaniza e verbaliza seu engodo: “Toda religião leva a Deus”. E, então, se mistura com o mundo profano, que não tem nada a ver com vida social e nem com política.

Quando o diabo diz, por meio de vozes da esquerda política, que o Estado é laico, ele está dizendo que o Estado não precisa de Deus, não tem Deus e não quer nada com Deus. Isso tem consequências severas. Enrique Dussel (falecido em 2023) , filósofo argentino radicado no México e grande expoente da filosofia da libertaçào, disse que o diabo é o Estado. O diabo é mau e não alivia o tormento nem mesmo para os seus seguidores. O Estado, que é o diabo, monta nas costas do povo, suga o povo e vive às custas do povo, isto é, dos pobres. E o Estado é impiedosamente dominante, porque se trata do próprio diabo. Diante disso, a igreja se cala, verticaliza a sua fé num intimismo espiritual sem sentido e deixa de cumprir o seu papel como agente de poder e transformação. Proíbe os fiéis de participar da vida pública e entrega a sociedade nas mãos do diabo (o Estado) para ser governada por ele. Ele, o diabo, dá gargalhadas, zomba da ingenuidade da igreja e esnoba da sua pequenez intelectual e ausência de sabedoria e participação social.

Muitos pastores criticam a minha posição teológica, educacional e política. Mas nenhum deles, pelo menos do meu círculo de relacionamento, tem argumento para contestar meu pensamento e propor uma ideia que seja benéfica do ponto de vista participativo da igreja. Muitos indicam total ausência da igreja no que concerne à sua participação social e política. E pior ainda: não conseguem ver que Jesus instruía o povo sobre o “kósmos”, a ordem de todas as coisas criadas e o reino (governo) de Deus. Boa parte de suas parábolas era relacionada a comparativos sobre trabalhadores e administração de serviços. Isto é governo. Ele defendia os doentes e os pobres, e sempre opinava sobre cuidar deles. Os pobres sempre são a maioria. Os pobres são o povo em geral. E isto, finalmente, é governo e governabilidade.

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O desaparecimento da cristandade, em vários países da Europa, em geral, é um processo já declarado, cujos resultados finais serão descobertos. Os líderes cristãos têm visão míope sobre isso, criam e apoiam movimentos que não têm nada a ver com o evangelho. São práticas espirituais totalmente vazias de Deus. As circunstâncias são históricas e cada vez mais fora da verdadeira espiritualidade.

No entanto, é dever nosso se informar, refletir, debater e se posicionar publicamente, como fiel, sobre as grandes questões da atualidade como, por exemplo, a eutanásia, as drogas, a justiça social, a questão climática, a migração, a acolhida da vida, a questão da criança e do adolescente, da mulher, do idoso, de emprego e renda. Cristandade é fazer estas e outras coisas cheio da presença do Senhor para que os beneficiários sejam alcançados, impactados, convencidos e convertidos.

Frequentemente, limitamo-nos a repetir coisas pensadas e ditas por outros que não são cristãos, renunciando a um pensamento original e correto, livre de vozes estranhas. Nunca foi tão necessária, como nos dias de hoje, a necessidade de um “pensar cristão autêntico”. Em João 17, Jesus orou pedindo ao Pai a unidade perfeita entre os seus seguidores. Em Efésios 4, Paulo instrui os cristãos numa espiritualidade unânime e vocacionada numa só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que está em todos e se move em todos.

Evangelismo é um magistério social da igreja que não pode ser relaxado, mas, sim, dialogal, instrucional e comunitário. É urgente. Precisamos manter a obra de Deus, fazendo com que ela esteja sempre viva, perene e producente a partir da nossa fé e da frequentação viva do Evangelho do reino. É preciso, também, que tudo isso decorra de um pensamento que inspire à ação, que agregue muitos outros, que mude a atual ordem e desordem das coisas, antes que a igreja caia dentro de um "museu" existencial, como aconteceu na Europa. Pastores e líderes que não leem, que não se informam e não se formam estão sujeitos ao silêncio e à inércia em todos os sentidos.

Quando desaparece a cristandade da sociedade e do Estado, deixam de existir, consequentemente, os valores e princípios que mantêm viva a igreja. Não esqueçamos de que a principal coisa, embora insuficiente, é a formação pessoal e o compromisso cotidiano da igreja para com a sociedade que Jesus mandou fazer dela discípulos, isto é, pessoas totalmente instruídas na fé.

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sábado, 26 de outubro de 2024

INTERNACIONAL | por Battista Soarez

I N T E R N A C I O N A L

Irã e Iraque fecham espaço aéreo após ataque israelense

Governo do Iraque disse que todos os voos seriam suspensos até segunda ordem por causa de 'tensões regionais' e pilotos são avisados de que espaço aéreo seria fechado no Irã.

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Por Battista Soarez
(Em trânsito)

Ataque de Israel ao Irã fecha espaço aéreo e voos são cancelado | Foto: Divulgação

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O IRÃ E O IRAQUE FECHARAM o espaço aéreo de ambos os países após o ataque israelense ao território iraniano na madrugada deste sábado (26), pelo horário local. As autoridades locais não forneceram mais detalhes sobre a medida até o fechamento desta matéria do Leitura Livre, à 01h03m, horário de Brasília.

P U B L I C I D A D E

As Forças de Defesa de Israel disseram que lançaram um ataque preciso contra alvos militares do Irã. Explosões foram ouvidas nos arredores de Teerã. Segundo a imprensa local, bases militares iranianas estavam entre os alvos.

A agência de notícias Associated Press informou que pilotos receberam um aviso de que o espaço aéreo de todo o Irã estava sendo fechado após o ataque israelense. Quatro explosões foram registradas em Teerã logo depois.

Além disso, a agência de notícias estatal do Iraque disse que todos os aeroportos do país iriam suspender seus voos até uma segunda ordem, devido a "tensões regionais". Irã e Iraque são países vizinhos.

Em um comunicado, Israel afirmou que está sendo atacado pelo Irã desde 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense. Naquele dia, centenas de pessoas foram mortas e mais de 200 foram sesequestradas. Vale informar que o Hamas e o Irã são aliados.

P U B L I C I D A D E

Ao anunciar que estava atacando o Irã, Israel disse que estava exercendo o direito de se defender.

"Como qualquer outro país soberano no mundo, o Estado de Israel tem o direito e o dever de responder. Nossas capacidades defensivas e ofensivas estão totalmente mobilizadas", afirmaram os militares israelenses. "Faremos o que for necessário para defender o Estado de Israel e o povo de Israel", concluíram

Há uma mistura desenfreada de ofensivas contra o Hezbollah, morte de lideranças e ataques com mísseis. É cada vez mais intensiva a escalada sem precedentes entre Irã e Israel. E é cada vez mais impressionante como os governos dos países exibem a ação dos seus poderes de ataque, com um egoísmo patético.

No dia 1º de outubro deste ano, o Irã lançou cerca de 200 mísseis contra Israel. O ataque foi uma retaliação a mortes de aliados do governo iraniano, como Hassan Nasrallah, que era chefe do grupo extremista Hezbollah.

P U B L I C I D A D E

A mídia estatal iraniana afirmou que as autoridades de inteligência do país estão investigando o ataque. A imprensa local disse ainda que as explosões ouvidas podem ser resultado da atuação do sistema de defesa.

No dia 1º de outubro, mísseis lançados pelo Irã cruzaram os céus de cidades israelenses importantes, como Tel Aviv e Jerusalém. Boa parte do ataque foi interceptada pelos sistemas de defesa de Israel.

No fim de setembro, o Irã voltou a prometer uma resposta a Israel pelas mortes de Hassan Nasrallah, chefe do grupo extremista Hezbollah, e Abbas Nilforoushan, membro da cúpula da Guarda Revolucionária do Irã. Ambos foram mortos em bombardeios israelenses em Beirute, no Líbano.

P U B L I C I D A D E

Após o ataque iraniano, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, classificou a ação iraniana como um "grande erro" e afirmou que o Irã irá "pagar" pelo ataque.

O governo de Israel informou que duas pessoas foram feridas sem gravidade durante o ataque iraniano e que não houve registro de prédios ou residências atingidos.

O governo do Irã garantiu que qualquer contra-ataque de Israel resultaria em uma resposta "subsequente e esmagadora", além de uma "grande destruição" para infraestruturas israelenses. Além disso, o aiatolá Ali Khamenei — autoridade máxima do Irã — foi colocado em um local protegido.


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quinta-feira, 24 de outubro de 2024

POLÍTICA | por Battista Soarez

P O L Í T I C A 

Jogo de interesses políticos atinge deputados do PL no Maranhão
Pastor Gil e Josimar de Maranhãozinho são alvo de denúncias cujo objetivo é expulsá-los do partido que agrega o ex-presidente Bolsonaro

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Por Battista Soarez
(Em trânsito)

Pastor Gil e Josimar de Maranhãozinho ameaçados de expulsão do PL | Foto: Divulgação

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NÃO É DE AGORA que os deputados federais Pastor Gil (PL-MA) e Josimar de Maranhãozinho (PL-MA) vêm sendo alvos de denúncias que tentam pichar a imagem dos parlamentares perante a opinião pública. Josimar, que elegeu 40 prefeitos no estado do Maranhão, nas eleições de 2024, há tempos vem sofrendo ataques por parte de grupos políticos inconformados com o crescimento do parlamentar.

P U B L I C I D A D E

De carona, o Pastor Gil vem sendo perseguido desde que, a convite de Josimar, passou a integrar o grupo do PL que, depois de muitos acertos, absorveu Bolsonaro para que ele pudesse concorrer à reeleição em 2022. Gil vestiu, de fato, a “camisa” do bolsonarismo no Maranhão e conseguiu juntar milhares de apoiadores em prol da reeleição do então presidente que, agora, solta uma fala totalmente venenosa contra o parlamentar, chamando-o de bandido e marginal e pedindo sua expulsão do partido (PL), mesmo sem averiguar a complexidade dos fatos que envolvem determinados políticos no Maranhão.

Nesta quarta-feira (23/10), o Leitura Livre conversou, por telefone, com o deputado Pastor Gil e, na entrevista, o parlamentar esclareceu toda a cronologia dos fatos em relação a essa matéria que envolve seu nome. Por volta de 2020/21, uma celeuma envolvendo o então prefeito de São José de Ribamar, Eudes Sampaio, Josimar de Maranhãozinho e o Pastor Gil levou Eudes a formular denúncia contra os deputados.

A acusação era de que o deputado Pastor Gil teria destinado uma emenda parlamentar para a Saúde do município de São José de Ribamar e, depois, teria pressionado o prefeito a devolver parte do recurso, o que é negado pelo deputado.

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— Eu nem conhecia o prefeito Eudes Sampaio — disse o Pastor Gil. — Quando eu destinei aquele recurso, eu marquei uma reunião com a prefeitura para pedir apoio da prefeitura em relação ao projeto de construção do Centenário da Assembleia de Deus em São Luís, que está localizado na Estrada de Ribamar, na parte que pertence ao município. Fiz isso porque eu havia prometido ao pastor Coutinho que ajudaria nesse projeto institucional de alguma forma, por se tratar de uma Organização da Sociedade Civil — completa o deputado.

Gil explica que, portanto, as acusações são completamente falsas e que, enfim, ele está tranquilo com relação a isso.

O Leitura Livre, que segue a linha do jornalismo investigativo, apurou que o objetivo da denúncia contra os deputados é de natureza meramente política, não tendo, portanto, contextura de veracidade. Nossa reportagem apurou, ainda, que vários políticos no Maranhão têm interesse contumaz de tomar o PL da liderança de Maranhãozinho no sentido de orquestração de negócios políticos envolvendo determinados jogos manobristas e altos interesses financeiros. Em torno disso, os grupos criam uma narrativa de pichação da imagem do político que desejam derrubar e pagam a imprensa para levar isso a público. Tal construção de discurso midiático contra uma figura pública é praticamente irreversível. É o que está acontecendo em relação aos dois deputados do PL no estado do Maranhão.

A pressão que o ex-prefeito de Ribamar, Eudes Sampaio, diz ter recebido, segundo fontes que não querem se identificar, têm a ver com Josival Cavalcante da Silva, popularmente conhecido como “Pacovan”. Pacovan foi assassinado a tiros no dia 14 de junho de 2024, dentro de um posto de combustível de sua propriedade em Zé Doca, no Maranhão.

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Empresário, Pacovan foi conhecido em 2021 por vários crimes, dentre eles os de organização criminosa, lavagem de dinheiro, desvios de dinheiro público, crimes contra a ordem tributária, dentre outros. Pacovan praticava, também, crime de agiotagem, em que emprestava dinheiro para políticos e outras categorias de pessoas.

Na época do problema entre Eudes Sampaio e os deputados citados, Pacovan chegou a ligar para o deputado Pastor Gil, mesmo sem conhecê-lo, para que o parlamentar intermediasse uma reunião com o então prefeito Eudes, uma vez que Eudes não estava atendendo às suas ligações. Pacovan teria dito que Eudes devia uma quantia em dinheiro para ele e que, agora, não estava mais querendo atendê-lo. O Pastor Gil, por sua vez, se recusou, explicando a Pacovan que não lhe conhecia, e nem conhecia também o prefeito e que, por isso, não tinha como atender ao seu pedido.

Como Pacovan tinha envolvimento com pistolagem, provavelmente partiu dele mesmo a pressão e as ameaças contra Eudes Sampaio. E sobre isso o deputado não sabe explicar porque não tinha nenhum conhecimento com o agiota. O então prefeito, talvez com receio de ter sua imagem associada com agiotas, acusou os dois deputados.

P U B L I C I D A D E

— Eu não tenho nada a ver com isso — afirma Pastor Gil.

Fala de Bolsonaro

Com a visita de Bolsonaro à cidade de Imperatriz, no Maranhão, políticos interessados em tomar o PL para si, conversaram com o ex-presidente, mostrando-lhe matérias de blogs denunciando que deputados bolsonaristas estavam envolvidos em corrupção. Bolsonaro sequer procurou conversar com os acusados para constatar se as denúncias teriam ou não procedência. Gravou um vídeo e o soltou nas redes sociais chamando os deputados de marginais e pedindo a expulsão dos parlamentares do PL.

— Eu não devo nada a ninguém — disse o ex-presidente.

A coluna Estado Maior, do imirante.com, tratou o fato como “conflitos de interesses dentro do PL, entre o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, e o ex-presidente Jair Bolsonaro”. A matéria afirma que esse conflito acabou “sobrando” para os deputados maranhenses Josimar de Maranhãozinho e Pastor Gil, maior aliado de Bolsonaro no Maranhão nas eleições de 2022.

Ao Leitura Livre, o Pastor Gil disse estar muito ferido com as declarações de Bolsonaro. Entende que a fala do ex-presidente foi infeliz e injusta. Bolsonaro devia, pelo menos, ter conversado com os acusados, principalmente com o Pastor Gil por ser este o maior defensor do bolsonarismo no estado.

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