Aluísio Mendes, secretário
de Segurança do MA, fala
sobre citação de Cutrim
Secretário, que tem divergências com Cutrim, quer que deputado seja ouvido
O secretário de Segurança Pública do Maranhão, Aluísio Mendes, falou, nesta sexta-feira, 21, sobre as investigações do assassinato do jornalista Décio Sá. Ele disse à rádio Mirante AM que a continuidade das investigações será notória e ainda comentou a suposta participação do deputado estadual Raimundo Cutrim (PSD) no caso. A informação veio à tona após o vazamento de um dos depoimentos do assassino confesso do jornalista Décio Sá, Jhonatan Silva, nessa quinta-feira, 21. No depoimento, o investigado disse que Raimundo Cutrim seria um dos mandantes da morte do jornalista.
Aluísio Mendes diz que Cutrim poderá ser chamado para dar esclarecimentos |
"A transparência é total. Nosso trabalho é técnico, não analisamos vinculação política, pessoal e financeira. É isso que a minha gestão tem feito, em função disso o trabalho tem evoluído. Todos aqueles que tiverem culpa serão responsabilizados. Esse trabalho tem sido feito de maneira minuciosa para responsabilizar os verdadeiros envolvidos. A polícia precisa ter calma. É muito importante entender a dinâmica da investigação. Ela se iniciou a partir de um homicídio e no decorrer dela, a equipe se deparou com outra sorte de crimes. Muitas informações chegaram à polícia e, a partir da conclusão do crime de homicídio, se abriu uma nova investigação, não apenas de agiotagem. Esse trabalho vai ser profundo e amplo. As investigações vão levar a outros que atuam nessa prática criminosa", afirmou Aluísio.
A respeito do deputado Raimundo Cutrim no crime, o secretário disse que outros depoimentos foram tomados e que todas as informações passadas por Jhonatan serão investigadas. "A investigação sobre o assassinato não está encerrada. Quem teve participação ativa no crime ainda não foi preso. Nós tivemos uma reunião com a comissão de delegados e investigadores e resolvemos antecipar apenas uma parte da Operação Detonando porque percebemos que a quadrilha estava tendo atitudes violentas. Nossa preocupação era evitar outras ações violentas, evitar que mais pessoas morressem. Nós temos vários indícios da participação de mais pessoas, mas não vamos ser levianos e irreponsáveis para acusar A, B ou C. Tudo que ele disse está sendo investigado com profundidade. Não vamos dizer que é verdade ou mentira, antes que seja tudo esclarecido", disse o secretário.
Depoimento vazado
Aluísio Mendes ainda afirmou que, pelo menos, mais cinco depoimentos foram tomados, e que as informações serão investigadas. "A polícia tem mais elementos do que aquilo que está no depoimento. Se lermos apenas esse depoimento que vazou do Jhonatan, vamos achar que os dados ali são frágeis. A polícia tem outros indícios sobre todos que foram presos e sobre tudo o que o executor afirma. Claro que é prematuro fazer juízo de valor, sob a ótica de apenas um depoimento de um assassino confesso, mas a polícia tem outros meios de colher provas, provas que ainda não foram divulgadas", ponderou.
Segundo ele, a transparência da investigação deve ser feita. Ele se defendeu das acusações de que estaria trabalhando de forma parcial. "Eu mesmo pedi para que esse trabalho fosse conduzido sem a minha presença nesse momento, para que esses boatos não surgissem. Meu trabalho é transparente e eu jamais fiz acusações sobre o trabalho feito em de gestões anteriores na Secretaria. Não admito que isso seja cogitado, não é a minha postura, não é a minha maneira de agir, e não vou permitir esse tipo de afirmação. Estamos trabalhando com profissionalismo. Esses policiais já foram homens de confiança do ex-secretário e não têm motivos para direcionar as investigações", esclareceu.
Aluísio Mendes informou que o deputado Raimundo Cutrim pode ser chamado para depor, caso seja necessário. "Se for necessário, ele será chamado para prestar esclarecimentos. Acho que isso é do interese dele, quem vai julgar é a comissão dos delegados que conduz a investigação. É importante que esse profissionais tenham tranquilidade para trabalhar, estamos mexendo com um grupo muito poderoso. Quanto menos eles souberem sobre as ações da polícia, melhor para a investigação. Não podemos descartar nenhuma possibilidade, ainda existem elementos dessa quadrilha que estão soltos. O poder financeiro deles é muito grande", disse o secretário.
Aluísio sabe da idoneidade de Cutrim e toca no assunto com muito cuidado. Nossa reportagem conversou com o deputado Cutrim e ele assegurou veementemente: "Eu não tenho nada a ver com isso. Todo crime tem que ter uma razão de ser. E eu nunca tive razão nenhuma, nem qualquer divergência com Décio Sá". O deputado diz que ele faz questão de que a polícia investigue todos os seus sigilos para que a verdade dos fatos venha à tona.
Apreensão de material
Aluísio Mendes ainda falou sobre os cheques que foram encontrados na casa de um dos envolvidos no caso Décio Sá. Ele afirmou que o material está sendo analisado. "Estamos investigando qual é a origem desses cheques e, principalmente, os motivos que explicam por que documentos de prefeituras estavam nas mãos de agiotas. Vamos fazer isso de maneira criteriosa. Tudo isso é demorado e precisamos de tempo para analisar todos os dados. Existiam situações mais graves que apenas a retenção de um cheque de uma prefeitura. Essa quadrilha agia de formas muito mais violentas. Estamos debruçados sobre esses documentos, temos uma equipe voltada para o caso do assassinato de Décio Sá e outra investigando os desdobramentos das ações dessa quadrilha", asseverou.
O secretário, finalmente, fez questão de desmentir os boatos de que a divulgação do depoimento teria partido da polícia. "Essas afirmações sobre o meu trabalho são inadmissíveis. Esse documento está nas mãos da polícia há muito tempo, e essa divulgação não seria interessante, em nenhum momento, para a própria polícia. O Jhonatan disse que ouviu de uma pessoa que havia sido chamado para executar o jornalista a mando de outra pessoa. Teremos que analisar essa afirmação dele para confirmar ou não. Nós não seríamos levianos de responsabilizar alguém se não tivermos convicção", afirmou Aluísio Mendes.
Mas será que as investigações estão correndo numa esteira de seriedade? "Eu confio na polícia do Maranhão", disse o deputado Raimundo Cutrim.