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quarta-feira, 6 de julho de 2016

SOBERBA, QUEDA DE PASTORES E PERDÃO

Atire a primeira pedra
Por que homens e mulheres de Deus estão caindo em pecado? Por que a igreja ainda não assimilou a justiça do perdão?

Por Battista Soarez

Tenho acompanhado, com muita tristeza, a publicização [nos blogs e nas redes sociais] de pecados envolvendo pastores e líderes cristãos que, por alguma razão, cometeram falhas em sua vida particular. Alguns deles são líderes importantes como, por exemplo, a bispa Ivonete Sena, pastor Tarquínio e, mais recentemente, o bispo Mário Porto. Essas pessoas são pastores, mas, também, são pessoas normais, que cometeram algo próprio da natureza humana.
Tudo o que essas pessoas fizeram foi fazer sexo quando sua saúde sexual deu sinal de que era o momento exato de suprir tal necessidade. Um dia elas não terão mais energia para isso porque vão estar numa idade em que o vigor físico da juventude já terá se passado (Eclesiastes 12.1). Mas agora elas têm esse vigor e, então, caíram, caem e sempre vai ter alguém caindo. E isso é normal. É normal porque cair faz parte do processo de construção-reconstrução espiritual do homem escolhido por Deus para ser exemplo de vida perante a comunidade-mundo. O homem é um ser “moral-espiritual” e cai para que ele não se perca no plano da vida eterna.
O cair de um líder cristão é normal também pelo fato de que a igreja precisa praticar o exercício do perdão: na queda de um pastor, é a oportunidade exata de a igreja exercer este princípio da justiça de Deus e, assim, praticar o ministério da misericórdia (Tiago 2.13). Se a igreja não perdoa o pastor, ela está cometendo o pecado da injustiça (Efésios 4.32; Colossenses 3.13). Pois está quebrando um princípio da justiça divina que é o “princípio do perdão” (Mateus 6.15; 7.2; Lucas 6.37). Uma igreja que não sabe perdoar o seu pastor que caiu está pecaminosamente perdida no caminho inverso da salvação (Mateus 18.35; Lucas 6.37).
Por conseguinte, a igreja precisa compreender que a queda de um cristão, embora sendo líder, faz parte da vida cristã normal. Anormal é a atitude de um outro ser humano, sujeito aos mesmos erros, pegar o pecado sexual de alguém e sair espalhando pelos meios de comunicação como se fazer sexo fosse coisa de outro planeta. Anormal é as pessoas acharem que pastor é Deus e que, portanto, não pode errar, como se o fato de alguém se tornar pastor significasse deixar de ser humano. Anormal é os crentes lerem a Bíblia e, apesar disso, ignorarem os ensinamentos de Jesus que diz em sua palavra afirmativamente: “Se, porém, não perdoardes aos homens [as vossas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6.15).
Jesus disse a Pedro que o exercício da capacidade do perdão não é sete vezes, mas setenta vezes sete (Mateus 18.21-22). Isto quer dizer que o princípio do perdão deve ser uma prática diária e contínua (Lucas 17.3-4). E que a disciplina para quem foi afetado, ferido ou imolado pelo pecado não é exclusão, é tratamento (cf. Gálatas 6.1-2). Ferida se cura é com remédio e não com pancada. Alma ferida se cura é com amor e perdão e não com indiferença e/ou rejeição.
Perdão é um princípio da justiça divina que, na língua hebraica do Velho Testamento, significa “defesa”. Ou seja, Deus agindo em defesa do seu povo. Portanto, quem não exercita a capacidade do perdão está fora do plano da justiça de Deus. Quando um pastor cai, repito, é o momento certo de a igreja exercitar o aprendizado do perdão como princípio da justiça de Deus.
Por outro lado, pastores que não ensinam ou não preparam a igreja para saber perdoar, pagarão caro por essa omissão. Pastores que não perdoam quando alguém peca, um dia sofrerão a dor da necessidade de serem perdoados. Lembre-se: perdão não é doutrina, é princípio. E qual é a diferença? A diferença é que “doutrina” é falível e tem valor apenas denominacional, enquanto que “princípio” é infalível [é eterno] e tem valor universal.
Todas as pessoas crentes com quem conversei e notei sintomas de soberba, caíram e passaram pela dor da vergonha moral, inclusive líderes de igreja. A verdade é que quedas pecaminosas servem para nos corrigir quando somos soberbos. Muitos que caem, caem não para sua derrota, mas para sua libertação do inferno da soberba e para sua graciosa vitória espiritual. Quando caímos, somos jogados no leito da dor moral e ali refletimos sobre nossa limitada condição humana. E aí é onde somos tratados e reconstruídos.
Deus traz uma variedade enorme de meios para trazer saúde à sua igreja que está doente. E se um pastor cai, isto quer dizer que sua memória espiritual foi gravemente ferida e, então, precisa de cura (leia o meu livro “E assim o amor acontece”, Arte Editorial, SP, 2013).
Há doenças que a medicina, a psiquiatria e a psicologia não curam. A doença do pecado, por exemplo, não pode ser tratada por psicólogos ou psiquiatras, mas pelo poder de Jesus através de um conselheiro cristão que saiba ministrar a psicologia do perdão. Não podemos discriminar e excluir uma pessoa que pecou, mas acolhê-la, perdoá-la e amá-la. É a única forma de vencer o pecado. Algumas doenças não podem ser curadas porque a sua causa não está no corpo físico, mas na alma. Isto é bíblico. Algumas pessoas nos dias de Jesus não puderam ser curadas sem, antes, suas almas serem tratadas.
Certa vez, antes de ministrar a cura num homem, Jesus disse-lhe: “Filho, estão perdoados os teus pecados” (Marcos 2.5). Isto significa que uma cura física não pode acontecer se a causa da doença está na alma. Só depois de perdoar o pecado daquele homem, ou seja, de tratar a doença da sua alma, foi que Jesus lhe disse: “Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa” (Marcos 2.11).
Muitos pastores que estão pecando e não conseguem parar de pecar é porque suas almas estão doentes. O fato de eles buscarem saciar seus desejos no prazer sexual é porque suas almas estão buscando cura dos seus problemas existenciais no lugar errado. No fundo, estão procurando saciar sua fome de Deus no prazer sexual, por ser o sexo a necessidade humana mais próxima da espiritualidade. O sexo é, portanto, uma forma de todos nós humanos resolvermos momentaneamente nossos problemas de alma, saciando, por um pouco de tempo, nossa sede de Deus. Por um pouco. Porque, logo depois, volta tudo de novo.
Um pastor não cai por acaso. Quando se vê um pastor cair, o problema não está no seu caráter ou no seu nível de santidade, mas na vaidade do seu coração. A queda de um pastor, portanto, não é um problema moral ou falta de caráter, como muitos pensam e falam. Mas é um problema de soberba espiritual que afeta sua vida no plano físico (Jó capítulos 3, 40 e 41). É plenamente possível ter caráter, ser santo e justo e, mesmo assim, ser soberbo. Foi o caso de Jó e do jovem rico confrontado por Jesus na passagem de Mateus 19.16-22. Jó era justo, santo e honesto servo de Deus. O jovem rico era justo, fiel e aplicado na palavra do Senhor, sem nada que desabonasse sua conduta. Mas essas pessoas tinham um problema em comum: eram soberbas. E a soberba precede a queda (Provérbios 16.18).
A vaidade do coração é o pecado da soberba. A soberba acontece quando o líder ou qualquer crente em Jesus comete a infelicidade de achar que o seu nível de espiritualidade e santidade está acima do nível dos outros. Quando ele pensa que a sua moral é mais importante do que a moral dos outros. Foi o que aconteceu com os líderes mencionados acima e com outros líderes caídos Brasil a fora. Líderes importantes como o bispo Mário Porto, bispa Ivonete Sena, pastor Tarquínio, pastor Caio Fábio e muitos outros que caíram e estão caindo pelas mesmas razões, caíram e caem não para a sua perdição ou derrota, mas para que Deus os resgate do poço pecaminoso da soberba.
Esses líderes são extremamente importantes para o reino de Deus porque trabalham com a libertação da consciência da comunidade-povo. O povo vive numa terrível escravidão mental. E esses homens e mulheres príncipes de Deus têm a missão de libertar essa gente-comunidade-mundo dessa escravidão mental. Por isso mesmo são alvos do ódio estarrecedor do diabo. O diabo os persegue colocando nos seus corações a soberba, o orgulho, a santarronice, o patamazismo etc. E, então, chegam a um momento da queda. Deus permite que o diabo os derrube.

Mas a queda espiritual desses homens e mulheres de Deus é, consequentemente, um antídoto contra o pecado da soberba que se infiltrou nas suas vidas por meio da vaidade do coração. Este é o método perfeito do grande amor de Deus por nós para livrar-nos da porta do inferno. Mário Porto, Ivonete Sena, Tarquínio, Battista Soarez, líderes de grandes igrejas, presidentes de convenções, o papa e todos nós que somos crentes em Jesus e destaques na comunidade da fé precisamos entender que a nossa espiritualidade não está acima da espiritualidade dos outros. Temos que ter a consciência de praticar o princípio do perdão uns para com os outros (Efésios 4.32) e, assim, vivenciar profundamente a justiça e o grande amor de Deus.

10 comentários:

  1. Exercitar o perdão e a misericórdia e não condenar em hipótese alguma, são diretrizes que evitam muito desgastes em nossos relacionamentos.Acreditar que o sangue de Jesus, nos purifica do pecado, nos mantendo distantes das nossas fraquezas mortais é usufruir a restauração do Senhor.Acreditamos que Deus há de levantá-los, com muito mais experiência para continuar lutando.

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  2. Perdoar sim. Quem somos nós! Aquele que está em pé cuide para que não caia! Só não concordo com a hipocrisia dos tais pastores! Pois através desses escândalos quantos cristãos se desviaram do Evangelho? O nome de Deus foi blasfemado 2 Sm 12.14. Há membros que já sabiam e saíram da congregação... sem nada dizerem.
    E os maridos dessas mulheres que vão dizer?? Muitos não são crentes!
    Deus perdoa sim, agora tolerar não! Ministério se preserva. Tem que ter preço sim. Como vou poder crer num testemunho de um homem destes? Assim foi com Davi que Deus não deixou ele edificar i templo. Que Deus tenha misericórdia.

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    1. Obrigado pelas boas palavras, amigo. Concordo com você, Vamos orar por eles. São seres humanos.

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  3. Pecado sim.Mas desonestidade NÃO. O Batistao diz ai que os tais pastores cairam por uma necessidade biologica...Onde estavam as esposas dos pastores dotados de admirável saúde sexual quando lhes ocorreu esse ímpeto ?

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    1. Fátima, obrigado pelo comentário. Eu não disse que as pessoas que cometeram pecados estavam corretas. No artigo, eu quis mostrar apenas que o pecado é um método de Deus (bíblico por sinal, em Provérbios) frear os soberbos, corrigindo sua tendência luciferiana de por vezes achar que é tudo, querendo se colocar no lugar do próprio Deus e esquecendo que é apenas um pobre ser humano. E que a igreja ou pessoas na igreja pecam ao negarem esse perdão. A vergonha do pecado é uma forma de reparo à nossa paz com todos e santidade, "sem a qual ninguém verá o Senhor", conforme alertou o apóstolo Paulo.

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  4. A igreja perdoa, não tenho dúvidas quanto a isso. Porém, a igreja não tem poderes para retirar as consequências que todo pecado traz. Oremos tambem pelas esposas, filhos, país... que o Senhor os ajude a suportar tanta dor.

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  5. A mim, parece que há uma confusão quanto ao ato de perdoar, uma vez que perdoar não é um sentimento, é uma escolha. Porém uma escolha justa, que não joga o pecado para debaixo do tapete. Da mesma forma é o pecado: uma escolha que o homem faz. A queda é na verdade um passo que o homem dá todos os dias. Não é algo inesperado, imprevisível. E tanto o perdão quanto o pecado são coisas justas que requerem o que lhe é devido. Para o perdão, o arrependimento genuíno, sincero. Para o pecado, as consequências reais, danosas. Agora, o homem peca e deseja o perdão da igreja, mas, quer: continuar com a 'outra pessoa', divorciar-se de sua familia, e manter-se à frente do ministério. É impossível. É inadmissível. Cadê sua moral? Cadê a santidade? Cadê o arrependimento? Coadunar-se com isto não é perdoar, é ser leniente com o pecado. E é por estar agindo assim, que a igreja do Senhor está vivendo esse 'casa-e-separa' vergonhoso. Oh!voltemos ao evangelho genuíno. Oh!arrependamo-nos! Paremos de trocar as bênçãos de Deus em nossa vida por meros pratos de lentilhas. Família é sagrado. Um dia prestarmos conta diante de Deus de todo o bem e de todo o mal que fizemos ou deixamos de fazer à nossas famílias. Que Deus nos abençoe e tenha misericórdia de nós.

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    1. Muito interessante o seu comentário, Lucimar. Muito obrigado pela contribuição.

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