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segunda-feira, 26 de março de 2018

ELEIÇÕES 2018

A ENCRUZILHADA DE ROSEANA SARNEY
Nonato Reis
Jornalista
Até 5 de agosto, data limite de realização das convenções partidárias para definição das chapas que concorrerão às eleições majoritárias e proporcionais de outubro, a ex-governadora Roseana Sarney viverá um dilema dos bons: disputar o governo do Maranhão num embate temerário com Flávio Dino ou concorrer a uma eleição tranquila para o Senado Federal, que a trará de volta para o centro do debate político.
Aparentemente simples, a decisão não é fácil. Envolve toda uma engenharia política arquitetada para dar vida ao combalido grupo Sarney. Roseana na cabeça da chapa de governador estabelece um vértice para o amontoado de siglas em que se abrigam remanescentes do antigo conglomerado. Hoje o único ponto em comum dessa extensão insular é a oposição ao governo Flávio Dino, que pode mudar de lado a qualquer hora, seduzida pelos atrativos do poder.
Com Roseana na disputa, haverá uma comunhão de energias. Sem ela, o tecido já amolecido da oposição transforma-se em geleia. De Roseana os aliados esperam desprendimento e uma certa dose de sacrifício, coisa que ela não teve em 2014, quando, contrariada no seu projeto de fazer Luís Fernando o seu sucessor, deixou de concorrer ao Senado, jogando o grupo Sarney na mais completa orfandade.
Ocorre que enfrentar Flávio Dino é um desafio exponencial - mais pelo aspecto estrutural do que propriamente por desempenho político. Dino faz uma gestão apenas regular, em que pese os alardes da propaganda oficial. A segurança pública permanece ruim; a saúde, idem. Existem avanços pontuais na educação e na infraestrutura. Porém, ele conta com o apoio indispensável da máquina pública, que nunca perdeu uma eleição de governador no Maranhão.
Se a eleição fosse hoje, teria certamente mais de 50% dos votos válidos, condição que o tornaria governador já no primeiro turno. Roseana não alcançaria 30%, e os demais candidatos somados chegariam no máximo a 15%, isto na hipótese de Roberto Rocha e Maura Jorge participarem do pleito. Para garantir um segundo turno, seriam necessários alguns ajustes no âmbito da oposição a Flávio Dino.
Por exemplo, que Eduardo Braide entrasse na disputa, numa chapa fortalecida com o apoio de Roberto Rocha. Que Maura Jorge se unisse a Roseana, formando, quem sabe, uma dobradinha, ou pelo menos que a primeira estivesse no grupo da outra. Dependendo do tecido partidário e político que possa costurar, Eduardo Braide pode se tornar o grande nome de 2018, contribuindo decisivamente para levar a eleição para o segundo turno.
Braide representa uma ideia de discurso renovado, embora a sua matriz seja conservadora. Teve desempenho surpreendente em 2016, enfrentando sozinho duas máquinas poderosas. São Luís não é apenas o maior colégio eleitoral do Estado, mas também um centro irradiador, capaz de garantir capilaridade para as demais regiões. Potencialmente, Braide é sem dúvida uma ameaça ao projeto comunista.
Em política, no entanto, nada é definitivo. Como no jogo de xadrez, uma hipótese que se configura em dado momento pode desaparecer em outro, dependendo da movimentação das peças no tabuleiro.
Se me fosse dado aconselhar Roseana Sarney, faria-o levando em conta planos distintos. No âmbito do interesse da oposição, diria que ela deveria sair candidata ao governo. Porém, considerando o projeto político da ex-governadora, o melhor era concorrer ao Senado, assegurar oito anos de mandato e dali retomar os voos majoritários.


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