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quarta-feira, 1 de março de 2023

TEMPO DE PROSPERIDADE | Coluna Leitura Livre | Jornal Itaqui-Bacanga

Tempo de prosperidade

BATTISTA SOAREZ (Jornalista, escritor, consultor e professor universitário)

NOS ÚLTIMOS SEIS ANOS, tenho percorrido a Baixada Maranhense com grande admiração. Lagos, lagoas, rios, igarapés e riachos encantam qualquer pessoa que passa pela região. A partir de Alcântara — município com cerca de 26 mil habitantes e onde fica a base de lançamento de foguetes espaciais — as terras são produtíveis e, portanto, apropriadas para produção de várias culturas como, por exemplo, arroz, feijão, melancia, batata, fava, quiabo, maxixe, mamão, laranja e muitas outras. Além disso, bovinos, caprinos, ovinos e suínos também são culturas pontuadas na economia maranhense.

Somando-se a isso, o turismo e a pesca são atividades que se destacam no Maranhão, colocando o estado numa posição de desenvolvimento tão importante que desmente a estatística que o classifica como o mais pobre da federação. São 217 municípios. Todos com terras produtíveis. Sua população, já chegando a oito milhões de habitantes, só precisa de apoio financeiro para impulsionar a produção e fazê-la crescer em larga escala.

As linhas férreas e rodovias, construídas a partir dos anos 1960 e 1970, deram ao Maranhão uma infraestrutura totalmente favorável a uma nova configuração econômica. O estado foi ligado a todas as regiões do Brasil, o que proporcionou o escoamento da produção e o consecutivo crescimento da economia.

O investimento na agropecuária, no extrativismo vegetal e mineral e, ainda, em outras áreas colocam o estado num ritmo de crescimento vantajoso. Se há má gestão política, isso já configura uma outra questão totalmente à parte do potencial que o estado tem no setor produtivo. Agora mesmo estive nos municípios de Alcântara, Santa Helena e Turilândia. Conversando com moradores, ouço deles relatos animadores. Pequenos produtores — que não têm preguiça de trabalha — contam que investimentos simples e uma disposição assídua para por a mão na massa lhe garantem uma vida confortável e saudável financeiramente.

Algum tempo atrás, alguns problemas como, por exemplo, ambientais faziam com que a contribuição do estado no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil pontuasse apenas 1,3%. Baixíssima, segundo especialistas. E, de fato, o era. E não era para ser assim. Com isso, a participação dos principais setores da economia estadual registrava 63,5% no setor de serviços, 18,6% no setor agropecuário, 17,9% na indústria. A indústria no Maranhão, aliás, baseia-se nos setores metalúrgico, da madeira, no extrativismo, na alimentício e químico. Essa realidade vem mudando muito pouco nos últimos anos. Mas o Maranhão tem uma riqueza natural incomensurável.

Na agricultura, destacam-se culturas como a mandioca, o milho, a cana-de-açúcar, a soja, frutas e legumes. O Maranhão, portanto, tem um potencial produtivo muito rico. Ainda podem ser pontuados o turismo, já que o Maranhão tem belas praias e lenções em vários pontos do litoral. Além disso, o turismo cultural e religioso é um atrativo que chama a atenção do mundo.

O complexo portuário — integrado pelos terminais do Itaqui, da Ponta da Madeira e da Alumar — comanda mais de 50% da movimentação de cargas portuárias do Norte e do Nordeste. Os principais produtos exportados são alumínio, ferro, soja e manganês. Do total de 2,8 bilhões de dólares, 29% é de ferro fundido, 23% é de alumínio e suas ligas, 23% é de minério de ferro, 15% vem da soja, 6% vem da alumina calcinada e 4% vêm de outros. Já a importação, com 4,1 bilhões de dólares, 71% vêm do óleo diesel, 11% vêm do querosene de aviação, 6% vêm de adubo e fertilizantes, 3% vêm das indústrias químicas, 2% vêm das locomotivas e suas partes e 7% vêm de outros.

Em 2019, o PIB maranhense atingiu 97,340 bilhões de reais, sendo o 4º maior do Nordeste e o 17º maior do Brasil. De lá para cá, a economia vem atingindo uma realidade animadora. O setor de serviços, agora, já registrou 74% de representatividade, sendo que as atividades mais relevantes são administração pública (39,6%) e comércio (16,7). O setor da agropecuária apresenta o menor peso no valor adicionado (VA) total, que foi de 8,7% em 2019, antes da pandemia por Covid-19. Neste setor, destacam-se as atividades de lavoura temporária como soja, feijão, arroz, milho e algodão, cujo peso tem sido de 58,4%.

A pecuária tem registrado 28,3% e pesca e aquicultura têm pontuado 9,2%. A indústria, por sua vez, vem pontuando uma representação em torno de 17,3%, os serviços industriais de utilidade pública (conhecidos pela sigla SIUP) aparece com 31,2% e, enfim, a indústria da construção vem registrando 26,4%.

É importante considerar que as dez cidades com maior PIB no Maranhão concentraram mais da metade das riquezas do estado, com um percentual de 58,1% em 2018, revelando acentuadamente concentração de renda e desigualdade regional e de indicadores sociais. Os municípios maranhenses com maior PIB per capita são Tasso Fragoso, Santo Antônio dos Lopes, Balsas, Godofredo Viana (região de ouro explorada por uma empresa canadense) e Davinópolis.

O município de Alcântara, que faz parte da Região Metropolitana de São Luís, tem um grande potencial produtivo, mas que, por falta de iniciativa e gestão, se mantém inerte. Eu visitei vários povoados e conversei com moradores da área rural sobre o tema. Eles mostraram-me grande elevação de terras, uma incrível organização comunitária, mas reclamam que está faltando apoio público, mão de obra técnica, visão política e gestão. Alcântara tem potencial para ser um dos maiores municípios de produção e distribuição de produtos agrícolas para o mercado nacional e internacional. Está faltando apenas, como dizem os moradores, visão política e gestão publica.

BATTISTA SOAREZ

Jornalista, escritor, consultor e professor universitário.

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