COLUNA LEITURA LIVRE
O Brasil visto por dentro e por fora
Imagens e narrativas (des)construídas de um país cuja riqueza é roubada e estraçalhada por ladrões e salteadores de terno e gravata.
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O QUE TEMOS VISTO ACONTECER no Brasil é produto de uma cultura que, acima de tudo, tem a ver com incompetência e má formação de caráter. Parte dos brasileiros é gente de bem, mas outras partes caminham pelos corredores de uma cultura criminosa e malevolente.
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A imagem do Brasil vista do exterior é complexa e contrasta com as dificuldades enfrentadas por muitos brasileiros. Internamente, o país é visto como uma nação com contraste e desafios.
Visto por fora, o Brasil é um país alegre, diverso e festivo, onde se gosta de futebol e Carnaval. Mas também é um país de pequenez civilizatória, em que se sofre com a bandidagem, a violência e o crime, fruto de uma cultura tosca e educação aquém do que é necessário para se ter um país civilizado. A ponto de ter gente de má índole que instala até escritório e passa o dia inteiro aplicando golpes financeiros em cidadãos de bem.
Na esteira da política, o Brasil é visto como um país com problemas estruturais, como a violência e a corrupção, especialmente em grandes eventos como Copa do Mundo e outros.
Mas também é visto como um país com preocupações com a infraestrutura e os serviços públicos. Visto por dentro, é tido como um país com contrastes e desafios que merecem estudo clínico. É observado como um país com uma economia média e oscilante e, também, é visto como um país emergente.
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Em linhas gerais, o Brasil é visto como um país com uma relação complexa entre a hospitalidade e as realidades duras enfrentadas por muitos brasileiros.
Um país de dimensões continentais como o Brasil não pode prescindir de investimentos no setor espacial, conforme defende a Agência Espacial Brasileira (AEB). O país tem aptidão para a conquista do espaço e pode pagar caro no futuro se não aumentar os investimentos.
Para melhor analisar um país de dimensões continentais como o Brasil e promover o seu desenvolvimento, é imprescindível acessar informações que somente podem ser obtidas a partir do espaço. Os benefícios perpassam diferentes áreas, indo muito além das comunicações que nos permitem falar ao telefone ou assistir a um jogo da Copa do Mundo na África do Sul, por exemplo. Há questões de soberania envolvidas que vão desde a fiscalização de fronteiras e do litoral, passando pelo controle do desmatamento na Amazônia, pelo monitoramento de áreas agrícolas e dos recursos naturais do país, pela oferta de educação a distância, até o desenvolvimento de produtos industriais de maior valor agregado.
Décadas atrás havia quem captasse crédito rural (verba que é subsidiada pelo governo) e meses depois alegasse a impossibilidade de pagar a dívida porque a safra teria sido totalmente perdida. Na verdade, a pessoa sequer havia plantado alguma coisa, mas não era possível provar. Esse golpe hoje é impossível de ocorrer. Os satélites não deixam mentir. Além de saber se a pessoa plantou ou não, pode-se checar se houve alguma anormalidade climática na região, como uma tremenda chuva de granizo, capaz de exterminar mesmo uma safra inteira.
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Por falar em agricultura, hoje o satélite meteorológico que proporciona as melhores imagens do território brasileiro é o norte-americano Goes. Ele faz uma varredura do disco terrestre e disponibiliza os dados entre cada 15 e 30 minutos. Porém seu proprietário – o governo dos Estados Unidos – cancela a varredura do hemisfério sul caso sinta necessidade de reforçar o monitoramente da parte Norte. E isso de fato já aconteceu. O Goes foi deslocado por questões de segurança após o 11 de Setembro e, durante a passagem do furacão Katrina, causando enormes prejuízos ao agronegócio brasileiro, que foi privado de informações detalhadas sobre o tempo.
Portanto, de acordo com especialistas, um país pode comprar dados estratégicos de sistemas espaciais estrangeiros ou promover o seu próprio conhecimento. O Brasil escolheu a segunda opção, capaz de levar à autonomia da nação no futuro, ainda que por enquanto os recursos sejam escassos para recuperar décadas de atraso. Neste período, países que até então estavam aquém em conhecimento espacial deram uma guinada e ultrapassaram o Brasil. A Índia começou seu programa mais ou menos na mesma época do Brasil. Não passou por altos e baixos e desde de 2010 investe alto no setor. A Argentina também avançou em alguns aspectos, como em subsistemas de satélites.
Em 2009, o governo federal brasileiro investiu R$ 282,3 milhões no Programa Nacional de Atividades Espaciais (Pnae). Pouco. Seriam R$ 350 milhões, se o Congresso Nacional não tivesse cortado uma parte do previsto. Até a pequenina Holanda gasta mais do que o Brasil (US$ 160 milhões, em 2006, ante os US$ 100 milhões do Brasil naquele mesmo ano). Não obstante, “para entrar no rol dos países mais influentes do planeta, o Brasil não pode prescindir de investimentos em espaço, se não estaríamos nas mãos dos principais países opositores”, disse, na época, Carlos Ganem, então presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, responsável pelo ordenamento da política do setor e pelo acompanhamento das ações do Pnae.
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Se a opinião soa um exagero, vale lembrar que a União Europeia e a Rússia tratam de buscar autonomia em várias vertentes espaciais, até mesmo com o desenvolvimento de sistemas próprios de navegação por satélite. Para não depender do GPS, que é formado por satélites norte-americanos, a União Europeia lançou o Galileo, e a Rússia, o Glonass, ao qual o Brasil firmou cooperação em 2009, por considerar este segmento estratégico.
O Brasil tem aptidão espacial. Tem vantagens geográficas e recursos humanos suficientes para apostar na indústria espacial, inclusive comercialmente, por meio de instituições públicas e empresas privadas, o que retroalimentaria o setor. Seria conquistar seu espaço num dos segmentos tecnológicos de maior valor agregado do planeta. Em 2008, o mundo movimentou US$ 1,97 bilhão somente com lançamento de satélites, uma área em que o Brasil apresenta uma vantagem comparativa invejável, devido à sua posição geográfica. Ao todo, apenas nove países apresentam capacidade de lançamento de satélite, e o Brasil é um deles.
Com a entrada em operação regular da base de lançamentos de Alcântara, no Maranhão, calcula-se que o país tem ganhado de 5% a 10% deste mercado, desde 2010. Ou seja, são milhões de dólares mais do que o programa espacial brasileiro tem hoje. Isso pode gerar um quadro importantíssimo de receitas que estimulariam as novas etapas do programa.
É importante reconhecer que o Brasil tem aptidão nesta área. E deve lutar por verbas para este setor.
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De acordo com a Agência Espacial Brasileira, o país precisa ter uma atividade espacial forte, compatível com a excelente mão-de-obra que, há anos, é formada em institutos como ITA, IME, INPE, nas universidades federais e nos centros especializados nacionais. Mas, em função dos escassos investimentos internos, boa parte desta mão-de-obra faz doutorado no exterior, onde acaba servindo aos programas espaciais de terceiros.
O Brasil, então, não pode ser apenas exportador de commodities. Temos competência na área espacial para suprir as nossas necessidades e exportar. Entre os ganhos prometidos está, além da autonomia, a geração de empregos de alta capacitação.
A lógica é que se o Brasil não investir no setor espacial, pode vir a enfrentar perdas econômicas e sociais muito grandes. Pelo menos, este é o concenso entre especialistas.
Cientistas ligados ao Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) e à Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), entidade que reúne efetivamente os cientistas da área, acreditam que as perdas viriam da dependência do país, que ficaria à mercê da disponibilidade de satélites estrangeiros para prover informações estratégicas à sociedade. Além disso, a compra dessas imagens do exterior pode se dar a custos altos demais para o país.
Noutras áreas, o Brasil decola preguiçosamente com perdas gigantescas e permanece adormecido diante de um potencial de riqueza que, não fosse a pérfida administração pública, estaria com os pés fincados no chão firme do primeiro mundo. O Brasil, finalmente, visto por dentro e por fora, é um diminuto volume de aproveitamento do imenso potencial que temos em todos os setores do universo de desenvolvimento.
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