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terça-feira, 9 de novembro de 2021

ECONOMIA: O QUE ESPERAR PARA 2022? — Por Battista Soarez

Cenário econômico para 2022
O que esperar? Crescimento ou retrocesso?

 

Por Battista Soarez
(Escritor, jornalista, sociólogo e professor universitário)

 

FOTO: Divulgação/Internet

AS PREVISÕES ECONÔMICAS para o ano de 2022 parecem ser, ainda, uma incógnita. Para os economistas, o cenário político para o ano que vem ainda está em cima do muro daquilo que poderá acontecer. Há quem arrisque dizer que algo já está desenhado. Mas pode ser que, na melhor das hipóteses, o ano das eleições presidenciais seja marcado por uma recuperação econômica que perderá o ritmo da dança ao longo do tempo. Isso vai depender de como o mercado internacional vai se comportar.

Especialistas na área econômica acreditam que essa desaceleração poderá ocorrer, principalmente, na esteira da inflação. Face a isso, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), por meio de uma avaliação sobre orçamentos familiares, considerou 377 produtos e serviços e constatou que 60% dos itens têm atuado todos os meses. Este indicador tende a impactar o orçamento dos brasileiros, uma vez que esse mesmo orçamento já se encontra mais apertado em função da pandemia.

Em caso de inflação, serão afetados tanto o valor de bens como, também, de serviços. Isso ocorrerá em razão de uma demanda que gera alta nos preços. A opinião dos especialistas é de que, em 2022, haverá uma inflação que ainda vai pressionar o orçamento das famílias e um crescimento dos juros para justamente tentar contê-la.

Além da inflação desenfreada, há a taxa de juros em elevação, um possível populismo fiscal e as eleições do próximo ano. Como 2022 é um ano eleitoral, é fundamental que estejamos todos atentos às promessas de cunho político-econômico de candidatos espertalhões e oportunistas. Segundo a visão de mercado dos economistas, o ano de 2021 ainda apresenta sinais de precaução, mas a economia em 2022 já aponta para oportunidades de recuperação.

O governo, mirando por uma ótica de otimização, divulgou recentemente estudo que traz esperança de bom carregamento estatístico, crescimento do investimento privado e consolidação fiscal que embasam projeções do Produto Interno Bruto (PIB) para 2022. Nesse tom, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia (SPE/ME) divulgou estudo sobre as perspectivas de crescimento para o próximo ano, apresentando argumentos que fundamentam as projeções feitas pelo órgão para o crescimento do PIB no ano que vem.

O estudo destaca que, para projetar o crescimento em 2022, é necessário avaliar qual é o carregamento estatístico que o PIB projetado deste ano proporcionará. Também é necessário apresentar os cenários prováveis de variação trimestral média, para compor o crescimento acumulado em quatro trimestres no próximo ano.

Portanto, caso a projeção da SPE para 2021 se confirme, o aumento de 5,3% projetado para este ano proporcionará um carrego aproximado de 1,2% para 2022. E aí, levando em conta um crescimento trimestral médio de 0,5%, o PIB aumentará 2,4%. A explicativa é de que, além do bom carregamento estatístico, o crescimento do investimento privado (maior eficiência alocativa dos fatores de produção, consolidação fiscal, reformas pró-mercado e a retomada do setor de serviços), com a vacinação em massa, também fundamenta a projeção para a retomada econômica do país no ano de 2022. Esse é um fator positivo.

De acordo com o governo, para as estimativas do crescimento do PIB abaixo de 1% em 2022, considerando o estudo da SPE, “a variação média na margem dos trimestres do próximo ano deve ser de -0,1%”, isto é, espera-se uma queda significativa do PIB em algum trimestre ou uma nova recessão no ano que vem. Desta forma, a SPE considera que esses fatos são “difíceis de justificar com base no cenário fiscal atual e na ausência de uma crise híbrida ou de uma piora na pandemia”.

O certo é que, na avaliação do governo federal, os riscos existem, mas — na ausência de piora desses fatores e dando continuidade no processo de consolidação fiscal e reformas pró-mercado, com os indicadores atuais e o conjunto de informações disponíveis — é possível concluir com um crescimento do PIB acima de 2% em 2022. Face a isso, a Selic (a taxa básica de juros da economia) deve terminar o próximo ano em 11,5%, numa estimativa anterior de 9%. Houve importantes sinais de mudanças na política fiscal, principalmente no nível legal do teto de gastos que, não obstante, tem sido o principal parâmetro fiscal nos últimos anos.

Isso chamou a atenção para o elevado grau de incerteza sobre os rumos da política econômica brasileira. Ontem, segunda-feira, 8/11, eu estava conversando com um amigo empresário sobre o fato de que a PEC dos Precatórios — aprovada em primeiro turno no plenário da Câmara dos Deputados nesta semana — surpreendeu claramente os mercados, tanto em relação ao montante de despesas adicionais propostas, como também em termos do “veículo legal” utilizado para afrouxar a restrição orçamentária em 2022.

Para o economista Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, esse crescimento de 1,5% é nanico e “medíocre”, diante do volume de problemas que o brasileiro está enfrentando no atual momento. E, para piorar, segundo ele, será acompanhado por alta taxa de desemprego. Para Pastore, a razão de tudo isso é a ausência de reformas que, se feitas, diminuiriam a percepção de risco sobre o país e ausência, também, de política monetária restritiva para conter a inflação. Inflação, aliás, sempre foi o pesadelo dos brasileiros nos governos neoliberais.

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