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quinta-feira, 1 de junho de 2023

ALCÂNTARA: CAMINHADA EM COMBATE AO ABUSO E À EXPLORAÇÃO SEXUAL | Por BATTISTA SOAREZ | Do Jornal Itaqui-Bacanga


MUNICÍPIO

Caminhada em combate ao abuso e à exploração sexual infantil mobiliza centenas de pessoas em Alcântara 

O ato foi promovido pela SEMDS em parceria com toda a gestão da administração municipal


Por Battista Soarez
(De Alcântara - MA)

Caminhada pelo combate à violência sexual| FOTOS: Battista Soarez 


CENTENAS DE PESSOAS, dentre elas estudantes do ensino fundamental e médio, foram às ruas de Alcântara, nesta quarta-feira (31), em caminhada contra o abuso e a exploração sexual infantil. O ato aconteceu por volta das 16h00, saindo da Praça do Galo com destino à Praça da Matriz, onde, devido à chuva, não foi possível concluir toda a programação.

O ato é alusivo ao Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, lembrado todos os anos no dia 18 de maio. O objetivo é conscientizar e mobilizar a sociedade quanto à participação na luta e mostrar a importância de prevenir, denunciar e responsabilizar o agressor que cometer esse tipo de delito.


Estudantes da rede municipal de ensino participaram da caminhada | FOTO: Maikele Miecio.


Segundo Gleide Daniela, secretária de desenvolvimento social do município de Alcântara, a SEMDS fez parceria com todas as outras secretarias para, durante todo o mês, trabalhar em prol do 18 de maio. “Hoje, 31, finda um mês inteiro de ações no combate de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes em todo o território do município, tanto na zona rural quanto na urbana. Todas as equipes estão engajadas no combate a essa violação de direitos das crianças e dos adolescentes”, destaca a secretária, esclarecendo o fato de que “é muito importante e gratificante entender que todo mundo do poder executivo se doou de forma coesa para que a gente consiga, realmente, fazer a prevenção desse tipo de crime”.


Gleide Daniela, secretária de desenvolvimento social de Alcântara - MA, ao lado de alunos do ensino fundamental.

A secretária menciona, inclusive, que este ano teve uma situação de abuso sexual que culminou em aborto, e pontua a necessidade de todos, principalmente as famílias, “estarem atentos e bem informados para que a gente possa fazer a prevenção acontecer. E a gente tem tido importante aceitabilidade das famílias em relação às nossas ações, de forma que tanto comunitários como familiares têm apoiado as ações nos vários espaços, tanto no PAIF quanto no CRAS, no PAEFI e, também, na Brinquedoteca e, ainda, no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, e isso acaba trazendo as famílias para se discutir várias temáticas, inclusive esse tema que está figurado no calendário do SUAS”, esclarece. Para ela, as crianças e adolescentes precisam entender que o corpo deles é algo precioso e que ninguém pode violar.

Gleide Daniela faz questão de destacar dois equipamentos que trabalham mais diretamente com crianças e adolescentes, que são a Brinquedoteca e o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. “A Brinquedoteca trabalha diariamente com várias temáticas ligadas ao calendário do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que impacta diretamente na questão da convivência familiar e comunitária e que, inclusive, dentro dessas datas, a data do 18 de maio está inclusa. Na data de 31 de maio, a gente finda o mês reforçando a consciência das pessoas, tanto em relação à prevenção, como à questão de ter atitude e denunciar. E no Serviço de Convivência, a gente tem coletivos que trabalham essas temáticas e os resultados têm sido bastante satisfatórios”, finaliza a secretária.


Alunos do IFMA participam da caminhada.


A violência sexual é a quarta violação de direitos mais recorrente contra crianças e adolescentes no Brasil, denunciada pelo Disque 100. Segundo a assistente social Stephany Fontenele, coordenadora do CREAS (Centro de Referência Especializado em Assistência Social), o número de casos recorrentes no município de Alcântara é bastante expressivo, levando em consideração o número de habitantes.


Stephany Fontenele, coordenadora do CREAS.


“Mesmo sendo uma equipe pequena, nós fazemos visitas domiciliares, indo às casas das pessoas em cumprimento às demandas, fazemos o acompanhamento e, em parceria com o CRAS (Centro de Referência em Assistência Social) e outros órgãos, trabalhamos também os serviços de prevenção, indo às escolas e conversando com as crianças, com os adolescentes e com as famílias deles para que o volume de casos diminua”, explica a profissional.

Para Vanessa Silva Oliveira, assessora técnica da SEMDS (Secretaria de Desenvolvimento Social), as atividades relativas ao 18 de maio foram feitas durante todo o mês de maio, tanto na sede como na zona rural. “Durante o mês de maio, todas as equipes trabalharam, em particular nas comunidades, nas escolas, nos grupos de convivência e noutros lugares. E hoje, por ser o último dia do mês, nós resolvemos fazer a caminhada como sendo o dia D”, ressalta Vanessa, enfatizando que o abuso e a exploração sexual contra crianças e adolescentes no município de Alcântara é uma questão muito séria porque “os casos são frequentes e a gente ainda observa a resistência por parte das pessoas. Esse é o tipo de problema que as pessoas ainda têm vergonha de denunciar. Assim, infelizmente, têm muitos casos invisíveis”, diz ela.


Vanessa Silva Oliveira, assessora técnica da SEMDS.

Vanessa considera como um ponto muito importante o fato de, este ano de 2023, muitas crianças e adolescentes terem se envolvidos na caminhada, assim como pessoas da comunidade, gestores e pais. “Ou seja, a gente tem conseguido dar visibilidade a uma problemática que, muitas vezes, é esquecida ou até mesmo tida como algo normal, principalmente quando a vítima já está na fase da adolescência. Mas a gente sabe que isso não é normal e, por isso, temos de lutar contra”, alerta a técnica da SEMDS.


Alunos seguram cartazes com frases de protesto contra a violência sexual.


Lívia Caroliny, 17 anos, estudante do 3º ano do ensino médio no IFMA (Instituto Federal do Maranhão), participou da caminhada juntamente com muitos colegas da instituição onde estuda e considera fundamental o ato do 18 de maio. “Eu acho super necessária a caminhada, porque leva as crianças desde de cedo a aprenderem a se defender. Por isso, eu acho extremamente importante as pessoas irem às ruas lutarem por algo que é bastante significativo para a nossa sociedade”, opina a adolescente.

- FIM -


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