COLUNA LEITURA LIVRE
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Por Battista Soarez
(Jornalista e escritor)
O tal "reteté": presença de Deus ou espíritos enganadores?
O que explica as manifestações espirituais esquisitas nas igrejas neopentecostais?
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O neopentecostalismo trouxe o "reteté" e muita divisão nas igrejas | Foto: Divulgação |
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QUANDO EU CONGREGAVA na Assembleia de Deus da Cidade Operária, em São Luís do Maranhão, numa certa quarta-feira, no culto de ensino bíblico, uma irmã começou a bailar, com um gingado esquisito, dando golpes no ar e dançando toda tremulante, com chiados na língua, como se tivesse tendo algum tipo de ataque neuropsíquico. Naquele exato momento, o pastor Rayfran Batista da Silva, então líder da área à época e competente pastor vocacionado, foi rápido e enfático:
P U B L I C I D A D E
— Êi, êi, êi, êi... — esbravejou ele. — O que significa isso, irmã? Aqui não. Aqui não. Se a irmã quiser exercitar esse tipo de atitude, fique à vontade para ir lá pra onde a senhora aprendeu isso. Mas aqui não.
A irmã parou com os gingados imediatamente, enquanto o homem de Deus continuou ministrando o ensinamento bíblico. Todos ficaram em silêncio, meditando na tal situação.
Naquela época, tava com pouco tempo que tinha começado esse negócio de neopentecostalusmo, "cair no espírito", e outras coisas, uma mistura de espiritualismo com evangelicalismo misterioso e estranho. Pessoas desmaiavam, caíam ao chão, ficavam inconscientes e recebiam manifestações sem sentido, do ponto de vista do verdadeiro evangelho.
Coincidentemente, na mesma época começaram intrigas e divisões nas igrejas. O número de "igrejinhas" se multiplicava em cada esquina, de maneira que ficou comum a gente ver minúsculos salões com cinco, seis, sete, oito pessoas reunidas e convencidas de que estavam prestando culto a Deus. O barulho era grande e as pseudas operações "divinas" também. Nada contra a pequena quantidade de pessoas. O problema, no entanto, é que quando a gente vai buscar o histórico desses "grupinhos", normalmente são pessoas que saíram da sua igreja de origem intrigadas com seus líderes, sem reconciliação e que, agora, não estão submissas a nenhuma autoridade espiritual. Na verdade, estão totalmente desligadas do corpo organizacional e espiritual da igreja.
P U B L I C I D A D E
Quando isso acontece, o Espírito Santo de Deus não está presente naquele ambiente onde os integrantes não reconhecem a nenhuma autoridade espiritual. Isto porque o Espírito do Senhor não habita num ambiente que foi fruto de rebeldia e intriga. O que ocorre é que, no mundo espiritual, há uma organização de espíritos imitadores da obra divina. São os chamados "espíritos enganadores". A missão dessas organizações malignas é contaminar a igreja com as mazelas espirituais: orgulho, presunção, intrigas, ódio, rebeldia, mentiras, falso batismo, fansos milagres e profecias, divisões e tantas outras contaminações luciferianas.
Essa categoria de espíritos, vale repetir para ficar bem claro, fala em línguas estranhas, batiza com o falso "espírito santo", opera milagres, cura enfermos, profetiza e vive mostrando visões espirituais a seus possuídos. Num abrir e fechar de olhos, eles dão "revelações" espirituais. Vivem profetizando sobre vida alheia. Só que tais "visões" e "profecias" nunca se cumprem. São falsas. Suas "curas divinas" são temporárias. Isso porque são espíritos imitadores da obra de Deus. Particularmente, estudo esses fenômenos espirituais há muitos anos e tenho aprendido que essas características espirituais ocorrem no meio da igreja, enganando até mesmo muitos líderes de igreja, principalmente aqueles que oram muito e não estudam nada. É importante deixar claro que a oração que agrada a Deus é aquela que é feita com entendimento e sabedoria.
Da mesma maneira que o Espírito Santo não habita mais na vida de um pastor arrogante, que se rebelou contra a igreja Corpo de Cristo, Ele não habita nessas igrejas frutos de rebeldia e divisões. A obra espiritual é muito milidrosa. E quem se rebela e divide o Corpo de Cristo, quebra um princípio da justiça de Deus chamado princípio de unidade e comunhão. E quem quebra o princípio de unidade e comunhão do Corpo de Cristo, ou qualquer outro princípio divino, comete injustiça e, portanto, pecou contra Deus. Aí, o Espírito Santo se afasta, e os espíritos imitadores preenchem aquele espaço na vida do crente faltoso.
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