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sábado, 14 de novembro de 2020

UM FUTURO BEM PRÓXIMO DE NÓS — Pr. Battista Soarez

 

UM FUTURO BEM PRÓXIMO DE NÓS

Pr. Battista Soarez

 

Líderes mundiais discutem a nova ordem que governará o mundo e suas políticas globais
Foto:/ Internet

Num futuro bem próximo, o nível de intolerância se elevará. Novas forças hiper-políticas [altruístas e universalistas] tomarão o poder mundialmente, em razão de uma premência ecológica, ética, econômica, cultural, societária e política. Essas forças — transdemônicas e manipuladoras da razão humana (em nome de uma pseudodemocracia dissimulada e coercitiva) — se rebelarão contra as exigências da vigilância, do narcisismo e das normas. Conduzirão os rumos da sociedade a um progressivo novo equilíbrio, agora planetário, entre o mercado e a democracia.

Tive um sonho e nesse sonho ficou evidente que uma hiperdemocracia estranha e obscura unificará as instituições mundiais e continentais em torno de uma organização cosmológica da vida coletiva. Para isso, as novas tecnologias entrarão em cena. Controle descomunal. Comentei isso com alguns amigos, mas eles esboçaram um silêncio um tanto cético, mudando o rumo da conversa para assuntos fáceis de assimilar. Mas tenho sonhado repetidamente.

A grande pergunta é: por que um intelectual que professa a fé em Cristo, como é o meu caso, que tende ser sempre racional, vive agora sonhando com esses cenários apocalípticos?

Fico analisando e percebo que essas forças planetárias fixarão limites ao artefato comercial, à modificação da vida e à valorização da natureza. Irão favorecer coisas complexas como a gratuidade, a responsabilidade, o acesso ao poder e outras coisas mais que governarão novos sentidos da existência. Vão lutar com unhas e dentes para originar o nascimento de uma inteligência humana universal.

Aí, parece que o mundo caminhará para uma espécie de unificação das capacidades inteligenciais e criadoras de todos os seres humanos.

A inteligência humana ultrapassará a própria inteligência humana numa espécie de “passarela absurda”.

Aos poucos, mas numa velocidade crescente, o mercado e a democracia da maneira como os entendemos hoje, se tornarão conceitos estranhamente ultrapassados. A mente coletiva não compreenderá essas novas complexidades de mercado mundial. Apenas acreditarão em tudo e seguirão aos “comandos” normalmente. Sacrifícios humanos irão acontecer, assim como um canibalismo incompreensivo.

Enquanto alguns não acreditam, eu prossigo buscando mais a DEUS em CRISTO JESUS. E aconselho a todos a fazem o mesmo para não serem pegos de surpresas. Abandonem as INJUSTIÇAS, DOUTRINAS religiosas denominacionais e divisivas, os ENGODOS e as DIVISÕES. Nos sonhos que tenho tido, são essas coisas que repugnam o coração do DEUS da justiça.

Quem não acreditar, continue sem acreditar (talvez você não seja um dos poucos escolhidos), mas quem acreditar busque a Deus verdadeiramente, de todo o entendimento e de todo o coração.

"Ame a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a ti mesmo".

 

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

A FÉ EVANGÉLICA EM RITMO DE BAILE

 A CURVA E OS VENTOS DO BAILE PROTESTANTE

Por que Marco Feliciano e outros pregoeiros religiosos conseguem apoio da fé evangélica.

 Por BATTISTA SOAREZ

Baile funk gospel é prova de como anda a mentalidade evangélica brasileira.



Imagine que a igreja evangélica fosse um cenário de festas e banquetes, em que o centro das atenções fossem o Marco Feliciano e o Silas Malafaia. Imagine a iluminação tênue, feita com velas sobre as mesas e luminárias coloridas, já sinalizada pelo território de um bar evangélico. O cenário — patrocinado por dízimos e ofertas de fiéis à igreja e ao pastor, mas infiéis ao Cristo do Evangelho — está absurdamente aconchegante. O ambiente está pomposo e requintado, onde tudo favorece encontros românticos e conversas ao pé do ouvido — conversas infrutíferas, mas cheias de detalhes e efeitos talvez um tanto sociais.

Sem prejuízo para o clima da espiritualidade intimista, de pouca racionalidade, “clientes” adeptos do felicianismo e do malafaianismo optam entre uma mesa no aconchegante jardim do protestantismo brasileiro. Na entrada do cenário, há um espaçoso conforto. Há lugares de sobra dentro do salão. Nos fundos da “propriedade” da fé evangélica, os “proprietários” são agressivamente falantes, embora pouco pensantes. Lá, é fácil ver e ouvir o Marco Feliciano — vestido de pregador evangélico e tangendo um mandato de deputado — soltar pérolas nada sensatas bem com como responsabilizando Deus pela morte de John Lennon e dos integrantes do grupo Mamonas Assassinas.

Nas mesas, rodeadas de adeptos, cegamente adeptos, o papo dos crentes tem a trilha sonora de músicas no estilo de vozes gospel’s, enquanto as tochas do “fogo” pentecostal se acedem. Em alto e bom som, predominam vozes agressivas como a do Silas Malafaia e de outros pregadores do tipo.

Do lado de fora, há expectadores cheios de necessidades espirituais, com sede de salvação, “doidos” para ouvirem mensagens que reflitam o Evangelho genuíno. Mas os pregadores ficam cada vez mais distantes da verdade de Deus e até mesmo do Deus da verdade. Mas não se importam. Querem mesmo é bradar o ego humano e se sentirem eufóricos num genuíno orgasmo religioso. O importante é fazer o baile continuar.

Para petiscar, uma das especialidades do bar evangélico é a batata frita do pastor deputado. No meio da platéia, estão os expectadores da putada. Gentes que, em nome do ativismo gay, viram antipáticos de plantão. Fazem arruaças. São provocativos e chatos. A exemplo dos recheios que levam “angu-de-caroço”, os pratos da mesa estão cheios de abacaxis. Há “pizzas” por todos os lados, que também fazem parte do cardápio.

Alguém pergunta se JESUS pode entrar para mudar o cardápio e dar sentido ao que não tem sentido, dar significado ao que não tem significado, mas os donos do baile não dão nenhuma atenção. Nenhuma chance. Nenhuma oportunidade de mudança. Continuam rindo, tirando dízimos, ofertas e chamando a atenção para si. Constroem monumentos igrejeiros e filmam tudo para, depois, aparecerem na mídia. Uns buscam títulos extravagantes para ostentarem a síndrome do poder eclesiomaníaco. Outros se ariscam a fumar o cachimbo da religião entorpecente e, por conta disso, falam asneiras, brigam, xingam e vociferizam a fé “evangélica”, espalhando medo, pavor e terror apocalípticos. Falam contra o pecado, mas praticam pecados. Fazem seleção de alguns para condenarem e de outros para com eles se casarem.

Todo esse cardápio da fé protestante contém cobertura de mussarela comportamental e polvo espertalhão.

Montada com lagosta refogada no forno da religião protestantemente evangélica — temperada em manteiga da terra denominacionalista, mais tomate e azeitona do emocionalismo espiritual — a mesa, finalmente, chama a atenção pela sua rebeldia inusitada e pitoresca.

No rol de bebidas, há algumas em garrafa de preguiça intelectual e outras bem originais da fé discriminatória. Há outras ainda do preconceito religioso e da falta de hermenêutica bíblica. Os drinques não podem conter álcool, mas há outros ingredientes que embriagam mais do que a maconha, a cocaína e o craque. Trata-se do espiritualismo emocional, do fanatismo orgásmico e do fundamentalismo legalista. Estes ingredientes causam lesão no cérebro da inteligência espiritual, cegam a visão de humanidade e colocam uma trave nos olhos da consciência reflexiva, levando o indivíduo a uma profunda incapacidade de aprender as coisas referentes à graça de Deus.

A sobremesa, finalmente, é a completa ignorância teológica e o obscurecimento da história e das culturas humanas. Nesse ambiente, predominam os aperitivos do medo do demônio e das assombrações do pecado. Pecado que, na mentalidade evangélica, a graça de JESUS não basta para resolver.

terça-feira, 29 de setembro de 2020

ELEIÇÕES 2020: APÓSTOLO SÍLVIO ANTÔNIO É CANDIDATO A PREFEITO DE SÃO LUÍS

 

Apóstolo Sílvio Antônio é candidato à prefeitura de São Luís

Em entrevista ao blog Leitura Livre, o candidato do PRTB resume sua candidatura numa frase: “Boas novas para São Luís”.

Por Battista Soarez

(De São Luís - MA)

 

Apóstolo Sílvio Antônio é candidato a prefeito pelo PRTB


O Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), mesmo partido de Hamilton Mourão, vice-presidente da República, lança o Apóstolo Sílvio Antônio, da Igreja Batista Shalon do Cohatrac, como candidato a prefeito de São Luís.

Representante legítimo da direita, Sílvio Antônio Guimarães Machado é formado em administrador de empresa, fundador e ex-coordenador da União de Pastores do Cohatrac. Natural de São Luís, Sílvio Antônio foi candidato na eleição passada a deputado federal. Como representante convicto da direito e defensor ferrenho do governo Bolsonaro, o candidato conseguiu quase 30 mil votos em todo o Estado para o legislativo federal. Não foi eleito, mas obteve mais de 3% dos votos válidos somente em São Luís. Foram mais de 15 mil votos. Isso o convenceu de que sua candidatura nas eleições de 2020 para prefeito é viável.

Em entrevista ao blog Leitura Livre, Sílvio Antônio dispara: “Pode escrever aí: boas novas para São Luís”. Como líder evangélico, integrante do Ministério Apostólico Internacional Shalom, o ‘Mais 12’, o candidato é popularmente conhecido entre os evangélicos, chegando até ser lembrado e ao mesmo tempo ignorado como candidato a vice-prefeito na chapa de Eduardo Braide. Braide, porém, a exemplo do que fez em relação ao nome do pastor Fábio Leite, demonstrou claramente não querer nem conversa com a igreja evangélica. O que Sílvio Antônio lamenta.

“Se ele tivesse me convidado, eu teria aceitado na hora. E certamente ganharíamos as eleições”, pondera o apóstolo.

Só para ter uma ideia, o Movimento Apostólico Internacional Shalom congrega uma massa muito grande de evangélicos em toda a Ilha de Upaon-Açú, incluindo São Luís. E como filiado ao PRTB, o apóstolo é o único candidato representante da direita na capital do Maranhão. Com isso, o nome de Sílvio Antônio vem se fortalecendo e as articulações políticas parecem estar se arregimentando em torno do nome do apóstolo, que com certeza receberá apoio da parte do presidente Bolsonaro e do seu vice Hamilton Mourão.

Em São Luís, cerca de quarenta por cento da população é evangélica. Diante da atitude de Eduardo Braide, em relação aos evangélicos, muitos pastores deixaram de apoiar o candidato do PODEMOS para focar na candidatura de Sílvio Antônio. Dentre eles, muitos presidentes de convenções. Essa, inclusive, é a posição da União de Pastores. “Nós, pastores e pastoras de São Luís, decidimos apoiar o apóstolo Sílvio Antônio como candidato a prefeito de São Luís, porque o conhecemos há 25 anos, sabemos de sua reputação e é um nome excelente”, disse em um vídeo o pastor Joás Albuquerque, atual coordenador da União de Pastores.

.A candidatura de Sílvio Antonio, na visão do próprio candidato e na de alguns pastores, está incomodando. Um dos pontos altos é o número de evangélicos em São Luís. Além disso, a vice na sua chapa, a exemplo da de Eduardo Braide, também é militar e, na visão de muitos, tem até mais expressão do que a do candidato do PODEMOS. Nosso projeto é diferente do projeto da esquerda. Nós valorizamos os princípios cristãos como a família e outros. Que são os mesmos princípios católicos. Vou cuidar das crianças e das famílias, destacou o candidato, acrescentando que, além disso, sua candidatura não tem conchavos políticos. É um fato novo, diz ele. Sílvio Antonio explica que, em São Luís, o PRTB e o Aliança estão unidos em razão de um novo projeto de governo para o município. Acreditamos que, no período da campanha, nosso nome vai crescer muito, finaliza o candidato.


ECONOMIA: A ICÓGNITA DO "RENDA CIDADÃ"

 

A ICÓGNITA DO “RENDA CIDADÔ

 

O governo de Jair Bolsonaro anunciou ontem, 28/09/2020, a criação do programa “Renda Cidadã” que vai substituir o Bolsa Família, criado no governo Lula. Sem informar qual será o valor do novo benefício e o custo total do programa, o governo federal diz que novo programa vai beneficiar também o auxílio emergencial, que termina em dezembro.

O anúncio traz poucos detalhes e veio após meses de expectativa em torno da criação de um novo programa de transferência de renda para a população carente. Isso é visto dentro do governo como um importante trunfo. Por que? Porque  acende a perspectiva de manter o ganho de popularidade do presidente Bolsonaro, obtido depois da adoção do auxílio emergencial para proteger os brasileiros mais pobres do impacto da pandemia de coronavírus na economia.

Os tempos são de alerta. E já começa pela demora para criação do novo benefício — que originalmente seria chamado de Renda Brasil — que decorre da dificuldade de garantir recursos para um programa de elevado custo. Principalmente num momento de crise fiscal e despesas limitadas pelo Teto dos Gastos, regra que restringe o crescimento das despesas à inflação.

Bolsonaro, na sua fala, explica que o governo está buscando recursos com responsabilidade fiscal e respeitando a lei do teto. Segundo ele, a intenção é mostrar à sociedade, ao investidor, que o Brasil é um país confiável. Ele falou isso após reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, com os líderes do governo no Congresso e com outros parlamentares para discutir o novo programa.

Apesar da explicação do presidente, logo após o anúncio já surgiram críticas entre economistas. A crítica gira em torno da proposta do governo de retirar recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) e do pagamento de precatórios. O tom da crítica gira em torno dos valores que a União tem de pagar por decisão judicial para financiar o Renda Cidadã.

O senador Marcio Bittar (MDB-AC), relator da PEC Emergencial, explicou que a proposta do governo é o Renda Cidadã incorporar os R$ 34,8 bilhões previstos para o Bolsa Família em 2021. Além disso, a ideia é usar até 5% do aumento dos recursos do Fundeb, recentemente aprovado no Congresso, para o novo programa.

Em síntese, a terceira fonte de recursos virá da criação de um limite anual para os gastos com precatórios equivalente a 2% da Receita Corrente Líquida da União, o que liberaria parte dos R$ 55 bilhões previstos para essa despesa na proposta de Orçamento do governo para 2021.

A PEC Emergencial, da qual o senador Bittar é o relator, é uma proposta de emenda à Constituição que busca criar gatilhos para redução de despesas da União, inclusive com corte de salários dos servidores. A intenção do governo federal é criar o Renda Brasil também por meio dessa PEC.

Resta saber é o que vem por aí, a parir de 2021. Se o governo não criar políticas de crédito para produção e desenvolvimento para a população carente, com acompanhamento técnico e fiscalização regionalizada, vamos enfrentar uma crise de tamanho hercúleo com precedentes inexplicáveis. O povo tem que trabalhar, produzir e fazer a economia girar em torno do desenvolvimento social e econômico.

 

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Fonte: BBC Brasil

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

ELEIÇÕES 2020 — Artigo: O SILÊNCIO DO FENÔMENO — PR. BATTISTA SOAREZ

 

O silêncio do fenômeno


 


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PR. BATTISTA SOAREZ
Escritor, jornalista, teólogo, sociólogo e professor universitário
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A PALAVRA FENÔMENO tem uma explicação em especial. Alguns lexicógrafos a definem como, dentre outros significados, “pessoa que se distingue por algum talento extraordinário”. Quero me ater a este ponto para falar das eleições de 2020, em particular do pastor Fábio Leite.

Mas, antes de falar diretamente do pastor candidato, quero dizer algo sobre minha experiência em análise política como jornalista e escritor.

Nunca fui candidato, embora tenha recebido convite por algumas vezes. Todavia, minha experiência com política tem a mesma idade da minha vida jornalística: 35 anos. Comecei em 1985 no jornalismo, e sempre transitando no meio político e, portanto, escrevendo sobre política. Fui assessor de comunicação em duas casas legislativas e dei consultoria de gestão em algumas prefeituras no estado. Com isso, aprendi muita coisa sobre política. Aprendi, inclusive, com as decepções e mentiras que existem no meio. Não há escola de mentira maior do que na política.

Em síntese, meu primeiro contanto com um ensaio sobre política se deu ainda no final da década de 1980, quando li Wolfgand Leo Maar o qual escreveu o livro O que é política?, publicado pelo antigo Círculo do Livro. No seu texto, Maar escreve o seguinte: “A política é uma referência permanente em todas as dimensões do nosso cotidiano na medida em que este se desenvolve como vida em sociedade”.

Portanto, uma vez que a política é parte da nossa vida diária, me tornei no mínimo um observador da política. Aprendi, ao longo da minha carreira jornalística, que política serve para se atingir o poder. E daí por diante, política é simplesmente a própria atividade exercida no plano desse poder. Na maioria das vezes, é um jogo sujo e injusto. Logo fica claro que a lógica das eleições descortina o sentido de que elas, as eleições, são armas que servem para confirmar ou para transformar realidades. O grande problema é quem vai operacionalizar essas armas.

Durante as entrevistas que fiz com o pastor Fábio Leite, vi um homem visionário. Um cidadão que nutre respeito pela vida e que tem uma visão acima de tudo planetária: centrada na “pessoa” e em “pessoas”. Quando recebeu o convite de um grupo para ser candidato, Leite silenciou, olhou seguidamente para os lados e asseverou: “me deem um tempo para eu orar”. Alguns dias se passaram, nova reunião. Fábio Leite, mais uma vez, foi ponderado nas palavras: “Eu só entro na política, se Deus for junto comigo. Se Ele não for comigo, pois saibam que eu não irei”.

Dias mais tarde, depois de entender a confirmação de Deus, Leite aceitou o convite. Renunciou a capelania militar e mais recentemente ficou sem igreja para pastorear. O pastor José Guimarães Coutinho, presidente da Assembleia de Deus em São Luís, não aceitou o pastor Fábio ser candidato e pastorar ao mesmo tempo. Teve de entregar a área onde pastoreava. As renúncias do pastor em prol da sua candidatura, portanto, demonstram um ato de fé e coragem, diante daquilo em que ele acredita.

De conduta ilibada e pai de família exemplar, pastor Fábio Leite é benquisto no meio evangélico, nas comunidades e nas instituições por onde trabalhou, inclusive na Polícia Militar do Maranhão. Seu nome chegou a ser cogitado para ser candidato a vice-prefeito ao lado de Eduardo Braide. Mas Braide rejeitou nomes ligados à igreja evangélica, optando por uma escolha de natureza ideológica. Escolheu a professora e policial militar Esmênia Miranda. Segundo Braide, a escolha se deu “pela sua história, competência, capacidade, trabalho na educação e história de vida”. Com isso, subestimou o insubestimável.

Como tudo na vida tem uma lógica, a escolha do candidato Eduardo Braide não parece agregar muita coisa que venha contribuir para sua vitória rumo à prefeitura. A menos que haja um milagre. Ele teria que escolher um nome que pudesse ser peso na sua eleição logo no primeiro turno. Agora, por conta do erro estratégico, vai ter de enfrentar uma coesa união de grupos com muito dinheiro no segundo turno. Braide esqueceu que o peso da soberba só puxa para baixo, levando à queda  já dizia Salomão, o grande sábio da Bíblia. E soberba parece que tem sido o problema do candidato do PODEMOS.

Depois de uma reunião de grupo favorável a Braide, conversei pessoalmente com o então pré-candidato informando que iria lhe ligar para uma entrevista. No dia seguinte, liguei dezenas de vezes, mas fui ignorado por ele. Mandei mensagem via whatsapp, mas Braide leu e mais uma vez me ignorou, o que prova um certo tom de soberba e menosprezo. Não sei se pelo jornalista ou pelo pastor evangélico. De qualquer forma, foi um menosprezo a um eleitor de São Luís. E para ser bem claro, não costumo votar em político metido a besta.

No geral, é pura ingenuidade de quem quer que seja ignorar ou subestimar, nos dias de hoje, a igreja evangélica como grupo social. As igrejas evangélicas, juntas, somam mais de 30 por cento da população de São Luís. É um grande público capaz de definir qualquer eleição. Se Braide perder as eleições 2020 para prefeito, será por conta da sua escolha mal orientada. Caso ocorra, ficarão a lição e o exemplo para futuras situações políticas.

Política é multiplicidade resultante de estratégias da ciência do marketing e das relações. As facetas, no bom sentido, não podem ser ignoradas. Existem “política” e “políticas”. Uma delas, como disse Maar, goza de indiscutível unanimidade. Então, nesse cenário de “política” e “políticas”, os personagens e/ou atores precisam estabelecer visão do “todo” e do “mínimo”. Do “mais” e do “menos”. E isto vai além da referência ao poder político, à esfera da política institucional.

Um deputado ou um órgão de administração pública são políticos para a totalidade das pessoas. “Política” é... relações com pessoas. “Políticas” são... relações com negócios, com a “coisa” adversante. Há um espaço onde tudo isso se realiza. Esse espaço é um ambiente formador de visão. Se o candidato ignorar isso ou cometer erros estratégicos porque não tem visão, como acaba de fazer o candidato Eduardo Braide, haverá perdas consideráveis e, portanto, redução de possibilidades. Será que Braide tem noção do que isso significa? Ficou claro que não. O Braide carismático não tem visão estratégica do espaço “político”. Ignorou o ignorável. E tomou decisões com base meramente em “políticas” e relações de “negócios” adversantes. E agora? É esperar pra ver.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

ELEIÇÕES 2020: PR. FÁBIO LEITE

 

Cresce apoio ao Pr. Fábio Leite

Candidato a vereador por São Luís, o pastor surpreende recebendo apoio maciço de lideranças evangélicas

Por Battista Soarez

(De São Luís-MA)

 


O pastor Fábio Leite (PODEMOS), candidato a vereador de São Luís, vem surpreendendo muita gente na última semana. Ele recebeu apoio considerável da Assembleia de Deus, campo do Tirirical-São Cristóvão, liderada pelo pastor Oziel Gomes, um dos líderes mais importantes da AD no Maranhão.

Depois de uma reunião do colegiado, na segunda-feira, 14, a liderança da igreja em todas as áreas lideradas pelo pastor Oziel Gomes se fez unânime em torno do nome de Fábio Leite.


No culto de terça-feira, 15, em que toda a liderança da igreja do campo do Tirirical-São Cristão — que compreende os bairros São Cristóvão, Tirirical e todos os outros bairros do entorno da BR 135 até Estiva — se reuniu em assembleia geral, o apoio a Fábio Leite foi consolidado. Leite falou à igreja e às lideranças de todas as áreas e, depois, se ajoelhou no púlpito para receber oração dos fiéis. Com isso, o candidato ampliou consideravelmente a sua base de apoio para a sua campanha eleitoral.

“Fiz uma articulação excelente no campo da Assembleia de Deus do Tirirical-São Cristóvão, que é o segundo maior campo da nossa denominação”, pondera Fábio Leite.

Ex-capelão da Polícia Militar do Maranhão e ex-candidato a vice-prefeito de São Luís, Fábio Leite é candidato apoiado pelo pastor José Guimarães Coutinho, pastor-presidente da Assembleia de Deus em São Luís, com mais de cem pastores de áreas sub sua liderança. Agora são dois grandes campos, São Luís e Tirirical-São Cristóvão, que se uniram em torno da candidatura de Fábio Leite. Além da Assembleia de Deus, outras denominações estão aderindo à candidatura do pastor Fábio.

Na zona rural, o candidato do PODEMOS também está recebendo apoio de várias lideranças comunitárias. Com isso, Fábio Leite vem crescendo politicamente e sua eleição dá sinais de certeza no dia 15 de novembro. “Como pastor e cidadão, só posso contar com Deus e com o povo”, observa Leite.

O nome de Fábio Leite chegou a ser ventilado como candidato a vice-prefeito na chapa de Eduardo Braide. Mas Braide ignorou o nome de alguém ligado à igreja evangélica e, possivelmente, reduziu a possibilidade de ser eleito logo no primeiro turno. Cometeu, finalmente, um grave erro estratégico na escolha do vice e, agora, vai ter de enfrentar um segundo turno arrojado com sério risco de não ser eleito. O nome do pastor Fábio Leite traria a igreja evangélica em peso para o candidato Braide e as eleições certamente seriam definidas no primeiro turno.

 

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

A FÉ CRISTÃ QUE ME INCOMODA - Artigo - PR. BATTISTA SOAREZ

 A FÉ CRISTÃ QUE ME INCOMODA

 




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PR. BATTISTA SOAREZ

Escritor, jornalista, professor universitário, psicoterapeuta e teólogo. Autor de vários livros, dentre eles A igreja cidadã, publicado pela AD Santos Editora.

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NOS ÚLTIMOS ANOS, algo na igreja cristã tem me chamado atenção. Vivemos um cristianismo complexo e confuso. Formas de pensamento que dividem o corpo de Cristo aos pedaços. Falta de compreensão no que concerne aos princípios ensinados por Jesus que caracterizam a lógica daquilo que define, de fato, o sentido do reino de Deus. A noção de salvação é o tema central do cristianismo, mas isso tem de ser compreendido na perspectiva do reino. E este deve ser o magistério da igreja ao longo de sua trajetória.

Na ótica do reino de Deus, o Novo Testamento nos apresenta muitas expressões do que significa a “certeza da salvação”. O fato de estarmos salvos é uma convicção de liberdade e consciência na pessoa do Cristo. Essa liberdade não é, de maneira alguma, uma liberdade que nos tira da escravidão do pecado e nos torna escravos da religião. Jesus nos tirou da escravidão do pecado e, também, da escravidão da religião. Mas o que eu vejo é que as pessoas se libertam do pecado para se tornarem escravas da religião, ignorando verdades bíblicas que afirmam que “se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36) e que “foi para liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5.1).

Isto quer dizer que fomos libertados do pecado, da lei, da morte, das trevas, do mundo perdido. Quer dizer, também, que fomos reconciliados com Deus, perdoados de todas as nossas culpas. Então, na perspectiva do reino de Deus fomos chamados para vivermos uma nova vida. Isto porque, em Cristo, o Senhor do Reino, fomos justificados, santificados, filhos de Deus, templos do Espírito Santo e irmãos de Jesus Cristo.

No reino de Deus, nós experimentamos a alegria, a consolação, a verdadeira liberdade, os dons do Espírito. Nisto, somos capacitados no amor, na perseverança, na esperança da ressurreição e, assim, todas estas coisas nos fazem participar da vida em Deus.

Na perspectiva do reino, a salvação é a plenitude do ser humano, isto é, o sentido último de sua vida. Uma espécie de realização total em matéria de felicidade. E isso para toda a eternidade. Em Cristo Jesus, a salvação do ser humano é Deus. É uma comunicação Deus-homem-Deus que só será plenamente vivida na eternidade. No século 21, a fé cristã moderna não tem conseguido compreender essa dimensionalidade do evangelho do reino. Se tivesse compreendido a salvação na perspectiva do reino, não estaria vivendo as fraturas sociais que ela tem vivido no plano de uma certa pedagogia da espiritualidade cristã (Mt 28.19-20), que deveria estar impactando todas as nações da terra.

A fé cristã nos dias atuais tornou-se complexa e plural. Primeiramente porque não existe um ser humano abstrato. Todos nós, humanos, estamos inseridos num contexto vital de sociabilidade, historicidade e culturalidade. Nesse contexto, estamos cercados de ameaças concretas, desafios, mentalidades específicas e culturas distintas umas das outras. É neste contexto que a fé cristã coloca os habitantes da terra na experiência da salvação, conectando-os ao reino de Deus. Aqui, na cultura do reino, tudo é diferente. Aqui não há mais lei, nem dogma e nem religião. Tudo se transformou em princípios do reino. “As coisas velhas se passaram, e eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). Quem entra para o reino de Deus, entra na maior plenitude da vida. E a pessoa, então, estará liberta do mal social que a perturba: o pecado. Sim, o pecado é um mal social que afeta toda a existencialidade da pessoa humana (o pecador).

No decorrer da história cristã, as expressões da salvação tendem a ser contextualizadas e a fé cristã — termômetro da igreja corpo de Cristo — estará apta para protagonizar novos questionamentos e novas linguagens frente às atuais mudanças de um mundo supramoderno. Tão moderno a ponto de não se entender mais sua complexidade.

Como jornalista, escritor e pastor, tenho observado que as expressões do passado têm se evidenciado em postulado de verdades que não devem ser descartadas em hipóteses alguma, haja vista representarem a riqueza da novidade de vida da qual se nutre a nossa fé no Deus criador de todas as coisas. E, assim, estaremos em absoluta segurança na caminhada de vitória contra as mazelas deste mundo tenebroso. Por mais que soframos, venceremos — caso a nossa fé em Cristo não for irrelevante.

Nos últimos anos, o tom das minhas pregações tem sido no âmbito de uma igreja que valoriza a riqueza das relações. Isto é um fator da inteligência espiritual que valoriza a ideia de uma salvação diversificada que vem a ser o próprio indivíduo, o humano, que é gente de carne e osso. Aliás, o indivíduo [humano] constitui uma rica realidade complexa. Complexa no sentido de ele ser um “ser”, isto é, um corpo (soma) constituído de uma natureza espiritual, pessoal, social, psicológica, ambiental, política e cultural ao mesmo tempo. No nível das relações — com Deus e com o outro social-antropológico — qualquer uma dessas áreas da vida humana pode clamar por vida eterna [salvação].

A fé cristã, por conseguinte, é intrínseca à salvação da pessoa humana. Quando recebemos a salvação em Cristo, confessando-o pela fé, somos iluminados, orientados, saneados, corrigidos, estimulados, plenificados e instruídos em todos os setores da vida. Nisto se manifesta a plenitude do reino de Deus. E quando estamos revestidos da plenitude do reino não estamos limitados em nenhuma dessas áreas. Isto porque, uma vez confessando “a Jesus como Senhor” (Rm 10.8-10), o poder do Cristo de Deus logo preenche, em nós, todas essas áreas. Consequente e inevitavelmente, surgem compreensões diversas no universo das experiências salvíficas que preenchem todas essas áreas. Toda a história cristã, no plano neotestamentário, nos confirma isto.

A partir desta visão, o dom de Deus aponta para uma humanidade fraternizada. Isto justifica o nosso empreendimento para a fé cristã salvífica nos dias de hoje. Como dom de Deus, a salvação é oferecida a todos os seres humanos — independente de etnias — gratuitamente em Cristo Jesus. É graça de graça. Nenhuma ideologia, seja ela qual for, consegue substituir ou contradizer a verdade absoluta da graça de Deus. Por que? Porque a graça de Deus está fundamentada no evangelho da Cruz: morte e ressurreição de Jesus Cristo, na qualidade de Senhor do universo, no qual se formou a igreja (Ef 1.22).

Nos dias de hoje, as cosmovisões e/ou ideologias prometem uma humanidade feliz e sem os males da vida. Mas cada vez mais mergulhamos em ruinas sociais. As tentativas de autossalvação do homem sempre o conduzem a tragédias sociais. Muitas são as contradições e os desacreditamentos. As tentações são frequentes em torno dos seres humanos, levando-os a atitudes absurdas de emancipação de Deus. Mas isso tem um preço doloroso: a perdição eterna. Tudo é uma loucura. Todos estão perdidos sem Deus no mundo. E Deus parece estar calado nas palavras, mas falando alto em forma de tragédias e sofrimentos no seio das sociedades modernas e complexas. A ciência está perdida. E a tecnologia está confundida e causando danos na humanidade.

Enquanto isso, a fé cristã se esfria a cada passo na história da igreja. Uma igreja que não tem mais noção de si mesma, isto é, não tem mais compreensão sobre sua própria identidade. E uma igreja sem noção de sua própria identidade é uma igreja perdida no espaço e no tempo, sem previsibilidade de como será seu amanhã. É como eu disse numa de minhas pregações algum tempo atrás: a moral do evangelho da religião-igreja é de causa e efeito. Mas o efeito acaba extrapolando a causa.

Recentemente eu falei para um pastor — que falou mal de outro pastor para mim — assim: “quando você não estiver mais vazio de Deus, conseguirá ver Deus no outro seu irmão. Você só está falando mal do outro pastor porque você está vazio de Deus. Quem está cheio de Deus não vê os defeitos do outro”. Dias depois fui informado de que o pastor que falou do outro pastor para mim estava dando em cima de duas jovens bonitas de uma outra igreja, sendo que uma era casada.

Como cristão, vejo que essas coisas me cansam. E a minha decepção com a igreja visível é que ela esconde o que é real e usa o púlpito para pregar o que não é real. Regras e doutrinas igrejeiras servem de chicotes para baterem em pessoas humildes que vão aos cultos em busca alívio, sentido e cura para suas vidas sem significado. Mas, ao ouvirem o pastor ou conviverem com os crentes, saem do ambiente piores do que entraram. A decepção abre feridas e lacunas emocionais que logo se transformam em crises existenciais. As pessoas ficam frias e se afastam. E aí ficam desconectadas do processo do “puro-amor” de Deus. Saem do alinhamento espiritual que dá sentido e significado à nossa existência, em que somos capacitados a atuar na busca significante por uma humanidade mais fraterna e justa.

Quando encontramos sentido e significado em Deus, nossos erros e pecados não conseguem anular nossa responsabilidade diante da história. Eles são eliminados e, então, recebemos a graça da governança pessoal guiada pelo Espírito de Cristo. O dom de Deus se manifesta e nossa inteligência descobre a liberdade de governar até mesmo as coisas mais complexas da vida. E, então, se aprende sabiamente que religiosidade não tem nenhum valor no reino de Deus. Na verdade o que importa é a graça e o dom de Deus. Porque a graça e o dom de Deus apagam as bestialidades humanas. Apagam até mesmo as desigualdades no ambiente da espiritualidade da igreja. A espiritualidade atual, no entanto, precisa receber a graça e o dom de Deus para poder encontrar sentido e significado e, assim, impactar as conexões do mundo.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

VIDA CRISTÃ PÓS-PANDEMIA - Artigo - PR. ANDRÉ SOUZA


VIDA CRISTÃ PÓS-PANDEMIA





PR. ANDRÉ SOUZA
Presidente da COMADEMA/CADB no estado do Maranhão.




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EM APOCALIPSE 3.11 lemos: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens para que ninguém tome a tua coroa”.
Como pastor, me preocupo com as novas formas de vida cristã após um período de pandemia como este. O impacto da pandemia na vida da igreja — com a vinda do coronavírus sobre a humanidade — pode ser visto com outro olhar a partir do afastamento da comunhão dos crentes uns com os outros.
O momento atual é de profunda reflexão, haja vista que todos nós ficamos preocupados. Até aqui parece ser um momento único. Igrejas fecharam suas portas. Polícia na rua controlando a vida e o direito de ir e vir das pessoas. O medo instalado no coração e na mente daqueles de ideias mais fixas. Pastores doentes. E nós, de fato, perdendo muitos amigos e parentes.
Mas, por outro lado, vemos muita gente mais preocupada com a impossibilidade de poder ir ao culto e adorar a Deus do que com a doença da COVID-19. Muitos buscaram alternativas e formas diferentes de fazer viver a fé. Os cultos on-line vieram como uma luva. O distanciamento entre seres humanos imprimiu na mente da humanidade uma nova cultura. Inclusive na mente da igreja.
A fé, de repente, passou a ser transmitida por computador, numa perspectiva diferenciada, suscitando perguntas e respostas sobre a vida cristã atual. Viver a espiritualidade de forma intensa passou ser um desafio para homens e mulheres em busca de sentido para suas vidas. Aliás, é um desafio que nos coloca frente a frente com o sofrimento e a morte em que a situação nos joga.
Todavia, em Mateus 28.20, Jesus disse: “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos”. Isto nos garante que, em qualquer situação, nunca estamos sozinhos. Em meio a problemas, desilusões, sofrimentos, crises, pandemias, etc... o Senhor sempre estará conosco. Estamos vivendo em tempos difíceis. Tempos em que, por vezes, temos a sensação de que Deus se distanciou. Parece que, por um momento, o Senhor deixou a humanidade sofrer um pouco as consequências do seu pecado.
No mínimo, as trevas do isolamento social, das ruas vazias, lojas fechadas e funerárias abertas 24 horas por dia mostram um espelho nada animador. O quatro é de incertezas, medo, dúvidas, silêncio mórbido e tristeza. Sempre que nos deparamos com pessoas na rua, seus olhares nos dão a impressão de um vazio desolador, que paralisa tudo no transitar do cotidiano. A verdade é que, nesse prisma sociológico, nos vemos temerosos e perdidos.
Mas a narrativa bíblica dos discípulos a caminho de Emaús nos dá a certeza de que, nas noites escuras da vida e da história, o nosso Senhor Jesus Cristo caminha conosco nos servindo com sombra e proteção. É certo que quando mantemos comunhão com Ele, temos a certeza de sua presença: ou nos livrando do leito da doença ou nos agraciando com o paraíso maravilhoso da vida eterna. Mas a verdade é que nunca estamos sozinhos. Ele só nos tira deste plano terreno quando nossa tarefa, aqui, terminou. Quando não faz mais sentido estarmos aqui neste mundo, Ele nos promove para uma vida superior ao lado dEle na eternidade.
Se você tem convicção da sua fé em Cristo, este tempo grave de pandemia pode até fechar as portas do templo para você assistir ao culto de forma física, mas não poderá fechar a porta do seu coração para orar, buscar a Deus, pregar a palavra e ler a Bíblia. Não poderá privá-lo de assistir aos necessitados com a justiça do evangelho: criando redes de solidariedade e levando pão e água a quem tem fome e sede de justiça. Esta e outras práticas cristãs da igreja invisível, de fato, nos enchem de espiritualidade em Deus.
Mesmo com os desmandos dos governos estaduais e municipais — tirando proveito financeiro da situação de crise e praticando suas injustiças contra a sociedade que já sofre com tantas mazelas da realidade social — a vida cristã segue seu plano de crescimento espiritual naqueles crentes que realmente nasceram de novo em Cristo.
Não se pode prevê até quando esta crise vai durar. Mas podemos intensificar o nosso compromisso com Cristo e nossa responsabilidade de vivermos este momento sem titubeio. Como pastor, tenho a responsabilidade de incentivar a minha igreja a cuidar da sua própria vida e da vida do próximo dentro da lógica do sentido bíblico.
É importante pensar na vida espiritual [e também social] da igreja de Jesus após a pandemia. Certamente nossa inteligência espiritual continuará se esforçando para descobrir uma nova forma de se fazer presente nas casas, nas famílias e na vida das pessoas sem quebrar a comunhão no aspecto físico. O corpo de Cristo é uma comunidade de fé, comunhão e, portanto, relacionamento. Um aperto de mão, um abraço afetuoso, uma conversa olho-no-olho e um sorriso gracioso são coisas que nunca devem ser trocadas por distanciamentos e/ou isolamentos.
Nossas celebrações na Assembleia de Deus Missão (ADM) voltaram e continuarão sendo presenciais. Jesus Cristo está presente em nós e, por isso, somos um corpo de verdade nEle. Por isso nos reunimos para orar, louvar, ouvir a palavra, pregar, celebrar a Santa Ceia e, assim, ter vida abundante em Jesus. Afinal de contas, a igreja reunida fisicamente é sinal da presença real do Cristo ressuscitado (Mt 18.20). É isso que faz os nossos corações se manterem aquecidos no amor do Senhor, de forma ardente e não fingida (1Pe 1.22-25). É este nível de espiritualidade que faz a igreja ser bênção na vida das pessoas no âmbito da comunidade. Há absoluta primazia no culto presencial.
Portanto, em vez de se alimentar o medo de visitar alguém e ficar vendo o que algumas televisões propagam para causar pânico nas pessoas, é momento de a igreja se voltar para a palavra de Deus. Devemos alimentar nossa esperança no Cristo de Deus, crescer nEle porque, pelos sinais que vemos acontecendo, uma nova ordem econômica mundial, no após-pandemia, poderá estar se organizando, em que o anticristo estará pronto para assumir e governar o mundo. Todavia, sabemos que Cristo está perto de voltar para levar a sua igreja para o céu de glória quando, então, estaremos com Ele para sempre.
Afinal, Ele nos garantiu: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3.11).


segunda-feira, 8 de junho de 2020

DOR E SOFRIMENTO - Artigo - PR. BATTISTA SOAREZ

ONDE ESTÁ DEUS 
QUANDO A DOR 
NOS ATORMENTA?





PR. BATTISTA SOAREZ
Escritor, jornalista, professor universitário, psicoterapeuta e teólogo. Autor do livro A igreja cidadã (AD Santos Editora).





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MORO NUMA CIDADE cercada de praias por todos os lados. Quem conhece São Luís, capital do Maranhão, sabe que para qualquer direção que a gente caminhe vai se deparar com maravilhosas águas do oceano atlântico. Quando quero pegar um mergulho nas ondas do mar, relaxar e higienizar a mente, não preciso percorrer muitos quilômetros e nem me preocupar com a distância.
A casa onde hoje moro, localizada na parte central da “ilha do amor” — como São Luís é conhecida pelos maranhenses, principalmente escritores, poetas e artistas da terra — é rodeada de algumas árvores frondosas e frutíferas. Isso atrai pássaros de várias espécies que, logo de manhã cedo, por volta das cinco horas, me acordam todos os dias. Então, num cantarolar festivo de passarinhos, me acostumei levantar nessas horas da manhã para fazer meu café, preparar cuscuz de milho e, assim, fazer a primeira refeição do dia. Depois de comer algumas frutas frescas, me debruço nos livros para estudar, orar. preparar aulas ou escrever. E olha que até pouco tempo atrás, eu morava no bairro do Turú, o que me aproximava ainda mais da praia, possibilitando-me descer a pé e, em poucos minutos, estava pegando ondas, depois de um breve exercício físico.
Quem ler este relato de parte da minha vida cotidiana poderá imaginar que, por vezes, a felicidade não se afasta, dando lugar ao sofrimento e à dor. Mas é fato. Nesse período de pandemia, eu fui infectado. Passei quase dois meses na fossa, tentando superar a dor de estar doente e a dor da preocupação com o meu filho, de apenas sete anos, que ainda depende muito de Deus me manter vivo para criá-lo. “Deus, eu não tenho medo de ir para junto te ti, mas ainda tenho algumas missões que tu me deste, e elas ainda não estão concluídas”, era a minha oração diária. Depois de quase dois meses, orando, recuperei com ajuda de remédios e uma alimentação balanceada.
Alguns amigos meus não tiveram a mesma sorte. Partiram para a eternidade após serem infectados pela Covid-19. Um amigo muito chegado morava numa casa de luxo a poucos metros da praia do Calhau, na avenida Litorânea, uma das mais bonitas da capital. Recebendo mensalmente uma generosa quantia como desembargador aposentado, ele praticamente não sabia o que era sofrimento. Sua vida podia ser definida numa palavra: conforto. Mas um dia a dor da doença causada pelo coronavírus chegou. Mesmo sendo internado no melhor hospital particular da cidade — que a sua generosa condição financeira lhe permitia — não resistiu às complicações respiratórias implicadas pelo vírus. Ele foi a óbito. E o pior de tudo é que a família não pôde fazer um velório digno para celebrar o último adeus. Do hospital, o corpo foi direto para o cemitério.
Você de fato sente o peso da dor quando pega uma doença grave, quando é desprezado, jogado à solidão ou quando perde um ente muito amado. É nessa hora que a sua alma grita a Deus com toda força da pressão psicológica e emocional: “Deus, onde tu estás?”. Na dor, o amor e o sofrimento parecem se convergir. No holocausto, Hitler não sentia dor alguma quando estava matando os judeus com toda frieza do ódio etnocêntrico. Ele não tinha amor humano. Por isso não sentia dor, nem remorso. Mas, e os familiares que ficaram vivos sentindo a dor da perda dos seus parentes? E a dor psicológica daqueles que estavam na fila esperando a hora de morrer, sentindo desesperadamente o tic-tac das batidas do relógio de seu coração que contavam até o último segundo? Dizem que, no sofrimento, as sensações de vida e de amor se misturam.
O escritor cristão Philip Yancey traz à lembrança o fato de que os estudiosos da medicina falam que, numa ferida profunda, há dois tipos de tecido que precisam de cirurgia. Há o tecido conjuntivo — sob a superfície — e a camada externa que protege a pele. Em situação de rompimento profundo, ambas precisam ser curadas. Num comparativo com a dor do sofrimento, as camadas física e emocional da pessoa precisam ser tratadas. Não adianta só orar ou tratar a dor física. É preciso um processo de cura interior, em que entram em ação as sessões psicológicas nas relações com a pessoa ferida. Nossas feridas emocionais precisam ser cicatrizadas. Recentemente, vi na televisão sobre um caso em que um homem deu vários golpes de faca na própria esposa. Ela foi para o hospital, recebeu tratamento médico e ficou bem. As feridas no seu corpo físico foram cicatrizadas. Mas e as emocionais? As pessoas precisam entender que feridas emocionais são profundas e matam até mesmo o prazer de viver. Matam a alegria da alma.
Como cristãos, almejamos seguir um homem que veio de Deus, enviado por Ele, há dois mil anos. A gente lê os evangelhos e encontra uma única cena em que alguém se dirige a Jesus diretamente como Deus, dizendo: “Senhor meu e Deus meu!”. Quem falou isto foi Tomé. Aquele que todo mundo chama de incrédulo, mas eu o vejo com outro olhar. Tomé estava mergulhado na dor da tristeza de ter perdido recentemente o amigo e Senhor, a quem aprendeu a amar com dedicação e admiração. Jesus, para os discípulos, não só era amável, mas também admirável. Quando Ele morreu na cruz, aos olhos de todos, os discípulos mergulharam em profunda dor e tristeza, haja vista a forma cruel do sofrimento e morte que eles presenciaram. Aquelas imagens pincharam a sua mente e certamente lhes deixaram profundamente perturbados. Imagine! Portanto, Tomé ficou impactado com a surpresa gerada pela notícia da incrível ressurreição. Ele viu Jesus morrer e ser lançado numa tumba. E como é que, de repente, alguém chega e diz “eu sou o Senhor”? Além disso, Jesus havia orientado os discípulos dizendo que se alguém lhes dissesse “eu sou o Cristo”, era pra eles não acreditarem. E parece que Tomé foi o único que guardou essa orientação do Mestre. Por isso duvidou, e exigiu provas de que aquela figura era mesmo o Cristo. Claro, Tomé não queria ser enganado. Qualquer crente cuidadoso e vigilante faria o mesmo. Inclusive eu.
Jesus, então, compreendeu a dúvida de Tomé e fez questão de aparecer ao discípulo tristonho em seu novo corpo transformado para apagar todas as dúvidas. Todavia, o que parece ter motivado aquela explosão de fé em Tomé — que se alegrou dizendo “Senhor meu e Deus meu!” — foi exatamente a presença das cicatrizes. Jesus disse a ele: “Vê as minhas mãos”. “Chega também a mão e põe-na ao meu lado”. Numa revelação surpreendente, depois de verificar as devidas evidências, Tomé viu a maravilha de Deus, o Senhor, sendo condescendente e assumindo nossa dor, completando a união com a raça humana.
Na hora da dor — em que, por vezes, somos levados a perguntar “onde está Deus que não vê o meu sofrimento” — imaginemos que nem mesmo Deus ficou isento dela. E quando perguntamos “onde está Deus agora em que estou sofrendo?”, a resposta da verdade absoluta é: Ele está junto a nós participando plenamente da nossa condição humana. Ele está sentindo conosco a nossa aflição. Naquele momento, Tomé reconheceu a verdade mais fundamental do universo. A verdade de que Deus é amor. Por isso Ele nos ama. E amar significa sentir a dor do outro. Por isso Ele sente a nossa dor. E a dor manifesta a vida. Foi o que Jesus fez. Ele levou sobre si nossas dores e enfermidades, e nos deu vida em Deus.
Agora, tudo o que devemos fazer é seguir Jesus de perto e observar como Ele respondeu às tragédias do seu tempo. É só você olhar para os milagres que Ele fez e logo verá onde está Deus quando estamos em situação de dor. Ele está exatamente no mesmo lugar e situação em que você se encontra em sofrimento. Normalmente, as pessoas que se aproximavam de Jesus clamando por socorro estavam em situação de dor. Como, por exemplo, uma viúva que perdeu seu único filho. Um homem por nome Jairo cuja filha falecera. Ou até mesmo um soldado romano cujo servo contraiu uma enfermidade. Em momento como esses, Jesus nunca fazia sermões de julgamentos. Em vez disso, Ele respondia com compaixão, palavras de conforto e cura. Em latim, a palavra “compaixão” significa “sofrer com...”. Portanto, Deus sempre está ao lado de quem está sofrendo. Você está sofrendo dor e decepção? Lembre-se: Ele está exatamente aí, junto a você.