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domingo, 19 de dezembro de 2021

MARANHÃO: ASSEMBLEIA DE DEUS REALIZA 82ª AGO 2021 COM PARTICIPAÇÃO DO PRESIDENTE DA CGADB

Convenção da Assembleia de Deus no Maranhão realiza 82ª AGO
Na ocasião, lideranças aproveitam para discutir o projeto político da CEADEMA para as eleições de 2022

 

Por Battista Soarez
(De São Luís – MA)

 

FOTO: Battista Soarez | Reunião 84ª AGO da CEADEMA em São Luís - MA.


DE 13 A 17 (segunda, terça, quarta, quinta e sexta feiras) de dezembro de 2021, a Convenção Estadual da Assembleia de Deus no Maranhão (CEADEMA) realizou a 82ª AGO, na sede da Igreja Assembleia de Deus, campo do Tirirical, em São Luís, capital do Maranhão, liderada pelo pastor Osiel Gomes. Dirigido pelo pastor Francisco Raposo, presidente da CEADEMA, o evento contou com a participação de pastores e líderes da denominação de todo o estado, além da presença de autoridades políticas, civis, militares e religiosas. Também esteve presente o pastor José Wellington Bezerra da Costa Jr, presidente da CGADB (Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil).

FOTO: Reprodução/Internet | Pr. Francisco Raposo, presidente da CEADEMA.

— Estou à disposição da CEADEMA e da nova gestão desta Convenção, na pessoa do pastor Francisco Raposo, seu novo presidente. A CGADB está disponível para apoiar os projetos sociais, missionários e educacionais da nova gestão da CEADEMA. Estamos prontos para apoiar a Assembleia de Deus maranhense em todos os municípios — disse o pastor José Wellington Júnior que também foi um dos preletores do evento.

FOTO: Reprodução/Internet | Pr. José Wellington Jr, presidente da CGADB.

Durante os cinco dias do evento, ocorreram várias reuniões de trabalho, dentre elas apresentação de relatórios missionários, apresentação e ordenação de novos candidatos ao ministério pastoral, bem como evangelistas e missionários. Ainda na ocasião, a liderança da maior Convenção da Assembleia de Deus no Maranhão aproveitou para discutir sobre o projeto político da denominação para o estado em 2022.

Na sexta-feira (17/12), o vice-governador do estado, Carlos Brandão, esteve presente na reunião convencional e falou aos líderes eclesiásticos acerca do que o governo do estado vem fazendo junto à igreja evangélica.

— Nós, através do programa “Maranhão Solidário”, estamos investindo, todos os meses, 1,5 milhão de reais em entidades sociais que trabalham com igrejas. E agora lançamos o programa “Maranhão Musical” para despertar talentos através do louvor — disse Brandão, explicando que tal “relação vai melhorar ainda mais e nós vamos ampliá-la”, concluiu.

FOTO: Reprodução / Internet | Carlos Brandão, vice-governador do Maranhão

Ao lado do vice-governador, também esteve presente na AGO o pastor Enos Ferreira, secretário de Estado de Relações Institucionais. O nome de Enos, inclusive, foi aprovado como pré-candidato a deputado estadual apoiado pela CEADEMA, o que contrariou as decisões de uma reunião anterior da Comissão Política que havia definido o nome da deputada Mical Damasceno (PTB) ao legislativo estadual e o do Pastor Gil (PL-MA) à Câmara Federal, como candidatos únicos da Convenção.

FOTO: Reprodução / Internet | Enos Ferreira, pré-candidato a deputado estadual

A reportagem do Leitura Livre entrou em contato com a deputada Mical, para falar sobre o assunto. O blog quis saber a opinião da deputada sobre o lançamento de mais um nome para concorrer com o dela, uma vez que, em setembro de 2021, a CEADEMA anunciou que ela seria candidata única da Convenção. Mical explicou que segue aquilo que a Convenção decidir, e que respeita o trabalho da Comissão Política.

— A CEADEMA é uma instituição honrada em nosso estado e sua boa reputação se estende ao território brasileiro. Não obstante a isso, ela é perfeitamente idônea em suas decisões e nós, como membros, temos de seguir as suas orientações — disse Mical, destacando que agradece a Deus e à liderança por continuarem acreditando no seu mandato.

Elogiada pelas autoridades como parlamentar atuante, Mical pontua o fato de que ela se mantém à disposição da Convenção para continuar ajudando em todos os seus projetos e socorrer a quem for preciso.

 Estou pronta para acolher aqueles que nossa magna Convenção julgar importantes para somar em sua representatividade — conclui a parlamentar.

FOTO: Reprodução/Internet | Mical Damasceno, deputada estadual.

Sobre os dois nomes para deputados estaduais, Mical não foi específica na sua opinião. Mas, segundo o deputado federal Pastor Gil, o projeto da CEADEMA, desde 2017, é sempre lançar dois candidatos ao legislativo estadual e um federal. Nesse caso, segue o que a Comissão Política da Convenção determinar. E, por fim, todo esse cenário mostra que a deputada Mical, que é presidente do PTB no Maranhão, pode até não ter uma grande história de experiência política, mas tem demonstrado que sabe cavar espaço. Não é atoa que ela acabou de conquistar uma vaga no PTB nacional e, a cada avanço, vem dando sinais de que vai deixar muitos tarimbados para trás.

Na sexta-feira à tarde, último dia do evento, o pastor Pedro Aldi Damasceno, pai da deputada Mical e ex-presidente da CEADEMA, fez uso da palavra e disse que a Convenção da Assembleia de Deus no Maranhão tem mais de 270 mil eleitores e que, portanto, pode eleger mais de um deputado estadual.

— Mical faz o trabalho que ela vem fazendo e entendo que dois pré-candidatos oficializados não são nenhum problema. A CEADEMA tem, sim, condições suficientes de eleger dois deputados estaduais — disse Pedro Aldi.

FOTO: Reprodução/Internet | Pr. Pedro Aldi, presidente de honra da CEADEMA.

O problema é que parece que a opinião da liderança das Assembleias de Deus no Maranhão é toldada por diferenças e divisões estranhas. Uma parte está do lado do governador Flávio Dino — que é comunista e lulista de corpo, alma e espírito — inclusive ocupando cargos na estrutura do governo do Estado. A outra parte é conservadora do pensamento político de direita, bolsonarista e não quer nenhum acordo com a esquerda. Isso gera uma dissonância na convivência dos poderes eclesiásticos e políticos na denominação assembleiana e reverbera nas eleições, comprometendo literalmente os resultados.

Esse “filme” já foi visto no passado, quando um jogo ignóbil de ganância por poder e dinheiro levou a então deputada Telma Pinheiro a não obedecer às diretrizes da Convenção da igreja. A Comissão Política da CEADEMA tinha orientado que Telma fosse candidata a deputada estadual e Costa Ferreira a deputado federal, ambos membros da Assembleia de Deus. Devido à desobediência desvairada de Telma, os dois saíram para federal. E o resultado final foi que nenhum dos dois foi eleito. Costa Ferreira se aposentou e Telma Pinheiro, movida a ambição desmedida, suicidou-se politicamente.

Na atual conjuntura, tem algo semelhante ao passado. Há uma visão oportunista da política na igreja, orientada mais para a próxima eleição do que para a próxima geração. A falta de unidade e de concordância nas relações de pertinência entre os crentes tem levado a igreja evangélica a patinar na medianidade da sua participação política e social por ausência de flexibilidade. Por isso, muitos políticos experientes, inclusive Flávio Dino e o grupo Sarney, vê a igreja evangélica como uma agremiação importante, mas que se mostra palidamente capenga em matéria de articulação política. Exemplo disso é como Dino vem teleguiando a senadora Eliziane Gama, também da Assembleia de Deus, em cada passo do seu mandato. Dino parece ter encabrestado Eliziane. Cada palavra do discurso político da senadora no Congresso Nacional é pensada deliberadamente por Dino. Ela só diz e faz o que o governador dita. Com isso, a senadora decepcionou as expectativas da igreja evangélica que garante nunca mais apoiá-la politicamente. Mas Eliziane tem ainda cinco anos de mandato pela frente e muita coisa pode rolar. Basta considerar que tudo em política é flexível e, num repente, tudo pode mudar.

Mas essa ardorosa celeuma entre política e igreja evangélica, além de mexer peças importantes na engrenagem das relações institucionais de poder, atravanca os projetos de desenvolvimento das atividades sociais por parte da igreja que, na condição de importante grupo social, depende de relações políticas para poder atuar como corpo-social de Cristo na sua funcionalidade planetária para alcançar pessoas.

Alguns pastores mais esclarecidos entendem que, “sem relações com as estruturas sociais de poder, a igreja avança muito pouco na sua missão social. Ela é um corpo espiritual, mas depende também dessas relações para atuar institucionalmente”. É o que pensam os líderes da COMADEMA, presidida pelo pastor André Souza. A COMADEMA é outra convenção da Assembleia de Deus no Maranhão, que dialoga na mesma linha de pensamento de direita da CEADEMA e de outras convenções de igrejas evangélicas que defendem a reeleição de Bolsonaro à presidência da República.

Antes de ir à reunião da CEADEMA, na sexta-feira, o prefeito de São Pedro dos Crentes e pré-candidato a governador, Lahésio Bonfim, reuniu com o presidente da COMADEMA, pastor André Souza, juntamente com alguns pastores da diretoria da instituição. Depois da reunião, André disse que vai conversar com todos os pastores presidentes de ministérios ligados à sua Convenção e, depois, publicar as decisões tomadas.

FOTO: Battista Soarez | Dr. Lahésio Bonfim, pré-candidato a governador do MA.

— A tendência é a nossa Convenção apoiar o Dr. Lahésio Bonfim como candidato a governador. Para presidente da República, vamos apoiar Bolsonaro. Para deputado federal, ainda está em aberto. E para o legislativo estadual, vamos lançar nomes da nossa Convenção — disse pastor André.

FOTO: Reprodução/Internet | Pr. André Souza, presidente da COMADEMA.

No mesmo dia, na sexta-feira (17/12), pela manhã, a oportunidade dada ao vice-governador Carlos Brandão, no plenário da Convenção CEADEMA, não agradou o prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahésio Bonfim, evangélico da Assembleia de Deus, que se retirou do local imediatamente, logo depois da fala de Brandão. À tarde, entretanto, após um telefonema de assessores do presidente da CEADEMA, Lahésio voltou ao plenário da Convenção e fez uso da palavra, ventilando com clareza a sua insatisfação com relação ao que ocorreu pela manhã.

— Eu me senti mal, vendo um comunista falando num ambiente que é meu. E eu ouvindo, sem poder dizer nada. Hoje sou prefeito mas, como evangélico, sei o que é igreja. Pertenço ao ministério há muitos anos. Já comecei congregação do zero e cresceu. Portanto, estou no meio do meu povo, do meu grupo social, da minha família evangélica. Sou médico, político, servo do Deus Altíssimo e, como pré-candidato ao governo do Estado, estou para servir o povo, inclusive a igreja do Senhor — disse Lahésio aos convencionais.

Isso levou a diretoria da CEADEMA a reconsiderar. O pastor Francisco Raposo, presidente da instituição, reconheceu que cometeu um equívoco ao conceder a palavra ao comunista Carlos Brandão e não fazer a mesma coisa com o prefeito evangélico. Raposo chamou, logo em seguida, o prefeito Lahésio e agendou uma reunião com a Comissão Política da Convenção para os próximos dias.

FOTO: Battista Soarez | Dr. Lahésio: "Estou num ambiente meu, da minha família evangélica".

O Leitura Livre conversou, por telefone, com Lahésio Bonfim. Ele reafirmou que, no primeiro momento, se sentiu mal por estar num ambiente dele — se referindo ao fato de ser evangélico, presbítero, da Assembleia de Deus — e, de repente, ver os pastores darem preferência para Brandão enquanto ele ficou sentado no banco.

— Deram a fala para um comunista e eu fiquei olhando ele falar, sem poder dizer nada. Mas aí eu fui me despedir do presidente e ele, então, sentiu que tinha feito algo errado e pediu pra eu voltar à tarde, que ele me daria a oportunidade. E assim eu fiz. Voltei à tarde e ele me deu a oportunidade. Falei algumas verdades e, depois, o presidente de honra [pastor Pedro Aldi] mandou me chamar de volta, horas depois, quando eu já tinha saído do templo, para uma reunião. E aí falamos sobre o projeto político deles e do meu. Ficou de marcarmos outra reunião para tratarmos dos dois projetos políticos: do deles e do meu — ressaltou Lahésio.

A avaliação de alguns pastores é de que não é fácil para quem está à frente de uma convenção do porte da CEADEMA. A convenção de igreja é uma instituição cristã que, por princípios bíblicos, não pode discriminar a ninguém (principalmente em se tratando de autoridade). E isso está no estatuto de qualquer instituição cristã, que segue os princípios ensinados por Jesus e os apóstolos em todo o Novo Testamento. E para ficarem em paz com sua consciência entre o que diz a Bíblia e o anseio pelo poder, os candidatos evangélicos precisam ter sapiência acolhedora e tirocínio espiritual na administração da sua participação política, sem rejeitar ou excluir a quem quer que seja.

No embalo da mesma “maré”, o Pastor Bel foi avaliado pela Comissão Política da CEADEMA e saiu oficializado como pré-candidato a Senador com apoio da Convenção. Bel é do grupo de Lahésio e tem andado pelo Maranhão falando do seu projeto político para 2022.

FOTO: Reprdodução/Internet | Pr. Bel, pré-candidato ao Senado Federal.

— Eu agradeço à Convenção pelo apoio e à Comissão Política pela decisão de aprovar o meu nome a pré-candidato ao Senado Federal. É um apoio muito importante porque, hoje, o povo de Deus no Maranhão representa uma parcela muito grande de eleitores. E é muito importante a igreja colocar os seus representantes no Congresso Nacional — disse Pastor Bel ao Leitura Livre.

Quem também marcou presença no evento foi o prefeito de São Luís, Eduardo Braide. Braide lembrou aos convencionais sobre o fato de ele ter ficado do lado das igrejas, sendo a favor de que os templos se mantivessem abertos na realização de seus cultos durante a pandemia por Covid-19. De acordo com o prefeito, as igrejas são importantes na assistência espiritual, psicológica e social das pessoas, sendo isso um papel contributivo para promoção da saúde da população.

FOTO: Reprodução/Internet | Eduardo Braide, prefeito de São Luís.

— As igrejas têm um papel fundamental na sociedade. Elas amparam as pessoas nas suas necessidades e, com isso, se colocam como parceiras do poder público. Entendo que as autoridades devem reconhecer o quanto as igrejas são importantes na sua função social e de orientação espiritual — destacou Braide.

Sobre o atual retrato da situação política da CEADEMA, o deputado federal Pastor Gil prefere manter silêncio para não causar desconforto a nenhum dos interesses individuais de cada pré-candidato.

— As decisões da Convenção sempre devem ser acatadas. Para isso temos uma Comissão Política cujo papel é avaliar cada caso e levá-lo perante a assembleia geral para que as decisões sejam tomadas de forma segura, depois de muito bem pensadas — explicou o deputado.

FOTO: Battista Soarez | Pastor Gil, deputado federal.

Gil asseverou que a Convenção ainda não bateu o martelo sobre candidato a governador. Segundo ele, a Comissão Política ainda vai estudar a questão e somente depois discutirá o assunto com a assembleia geral. Após tudo isso, o que for decidido será divulgado publicamente. O deputado Pastor Gil ainda elogiou o pastor Osiel Gomes, presidente da Assembleia de Deus no Campo do Tirirical, hospedeira da AGO 2021, sobre todos os aspectos.

— Tudo foi muito bem organizado, não deixando nada a desejar. O pastor Osiel está de parabéns — ressaltou o deputado.

FOTO: Reprodução/Internet | Pr. Osiel Gomes, presidente da AD, campo do Tirirical.

No fim de tudo, a 82ª AGO da CEADEMA, em 2021, deixou patente que, como a maior convenção de igreja evangélica no Estado do Maranhão, é uma instituição importante e fundamental nas relações sociais, quer seja em nível de governo, quer seja em nível da sociedade civil organizada e até da sociedade privada. Se bem administrada, será respeitada, procurada e ouvida por todos os setores e instâncias sociais. A atual diretoria da CEADEMA demonstrou que está preparada para fazer a diferença no âmbito das participações sociais.





quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

ARTIGO: VIVEMOS UM CRISTIANISMO SEM CRISTO? | Pr. Battista Soarez

Vivemos um cristianismo sem Cristo?


Pr. Battista Soarez
(Escritor, jornalista, sociólogo, teólogo e professor)


FOTO: Divulgação/Internet | Imagem ilustrativa


HÁ MAIS OU MENOS uns 20 anos, venho me fazendo esta pergunta: a igreja cristã deixou o Cristo do evangelho do reino de Deus do lado de fora do seu cristianismo?

Agora em 2021, fez 21 anos que publiquei o meu livro Crente, mas consciente: para viver o equilíbrio entre a plenitude da fé e a dignidade humana” (Editora Hosana, SP, 2000). Foi tão impactante, já naquela época, que um certo líder da Assembleia de Deus, bastante conhecido, achou que eu escrevi a obra como uma indireta contra ele. O que jamais procede, haja vista que, embora o tenha publicado no ano 2000, eu o escrevi entre os anos de 1992 e 1993. Mas, até hoje, esse pastor não fala direito comigo. Pois trata-me com desprezo. Outro pastor achou a mesma coisa em relação a si, todavia não deixou de ser meu amigo.

Foi uma experiência bem interessante porque tudo o que eu disse no conteúdo do livro naquela época aconteceu comigo nas instituições cristãs por onde passei posteriormente. Quando, por exemplo, trabalhei na Editora CPAD, no Rio de Janeiro. Quando estive, por sete anos, trabalhando na CEADEMA, no Maranhão. Quando vi o que ocorreu entre o pastor José Wellington Bezerra da Costa e o pastor Samuel Câmara. Quando tomei conhecimento das injustiças que fizeram com o pastor César Moisés Carvalho, na Editora CPAD, mais recentemente. E, enfim, dentre outras coisas, os comportamentos protagonizados entre líderes evangélicos em São Luís do Maranhão.

A propósito, como se tratam os pastores evangélicos? As falsidades, os ciúmes, os orgulhos, as traições, as disputas por cargos, a falta de consulta a Deus quando no ato de tomar decisões. Só para citar alguns exemplos do que ocorre no seio da igreja.

Mas essa inquietação não está só em mim. O teólogo Michael Horton, na sua obra Cristianismo sem Cristo (Editora Cultura Cristã, SP, 2019), denuncia um cristianismo que, na sua pregação, menciona Cristo, mas o deixa de lado, apresentando uma mensagem trivial, sentimental e irrelevante. Um evangelho moralista, de auto-ajuda e bem-estar pessoal. E, pior, um evangelho egoísta e sem relevância social no contexto daquilo que Jesus pregou e ensinou.

Além de Horton, outros teólogos da atualidade têm a mesma preocupação. Mas irei parar por aqui, para poder ir direto ao ponto aonde quero chegar.

Basicamente, seguirei a mesma abordagem de um recente artigo que publiquei, no Leitura Livre, sob o título A igreja evangélica ainda é cristã?”. A priori, percebo que o adormecimento da igreja evangélica prepara um grupo social meramente religioso para um doloroso choque de realidade. O grande desafio e a grande tarefa da igreja cristã será sempre o diálogo com o seu tempo.

A nossa tarefa principal — digo nossa porque estou incluído na ala evangélica, mesmo com uma forma de pensar que ressona como uma crítica que busca levar a igreja a viver, de fato, aquilo que o Senhor Jesus ensinou a partir do Sermão da Montanha — é ajudar na elucidação da verdade, tematizando as grandes questões da atualidade. E me parece que esse foi sempre o plano do evangelho de Jesus Cristo nas grandes épocas da história neotestamentária.

Sem diálogo aberto e conectivo com a sociedade em geral (aberta), o cristianismo é meramente uma seita religiosa. Porque no momento em que a igreja confunde dogma com palavra de Deus, ela deixa de ser agente do reino de Deus, passando a ser sinagoga de “estranhezas” espirituais.

Mas o que é o reino de Deus? O reino de Deus nada mais é senão a vivencialidade e o anúncio da verdade de Cristo. Como ensinaram e praticaram os apóstolos Paulo e João, o evangelho do reino é exatamente aberto para o mundo gentílico. E é no mundo gentílico que o cristianismo se salva de ser uma seita religiosa. É no contexto gentílico que a igreja cristã escapa de ser uma mera religião. Quando o cristianismo perde a capacidade de se comunicar com o mundo, ele simplesmente se torna uma seita.

Assim, o evangelho do reino, sem dogmática, está aberto e pronto para dialogar com todo e qualquer grupo social que precisa de Deus. Com dogmática, ele deixa de ser evangelho do reino. O evangelho do reino de Deus, liberto da religião, está pronto para dialogar com a genialidade e a habilidade de grandes homens e mulheres em qualquer ambiente secular. Porque o evangelho do reino tem o espírito de Cristo. Ao passo que o evangelho religioso não tem o espírito de Cristo.

O evangelho que tem Cristo todo mundo quer ouvir. Qualquer cultura compreende o sentido da sua mensagem. Já o evangelho da religião é chato. Difícil de assimilar. É poluído com tradições impertinentes e rabugices religiosas.

O evangelho do reino, cheio de Deus, consegue dialogar, sobre qualquer assunto, com a sabedoria do mundo cultural, filosófico e científico. Foi Jesus quem deu a ordem: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15). Isto quer dizer que o evangelho do reino está aberto à universalidade, a todas as culturas. É o que diz o termo grego original “etnogênesis” (cuja raiz etimológica é éthos) que, traduzido literalmente, significa todas as culturas, civilizações, usos, costumes e hábitos, se referindo às culturas existentes, as de perto, as de longe e as que ainda não existem, mas que virão a existir. Portanto, em Cristo e por Cristo, todas as culturas são alcançadas, porque todas as barreiras de comunicação com as culturas do mundo foram derrubadas. Porque o evangelho não é religião. O evangelho é vida abundante para todo aquele que crê em Jesus Cristo.

A igreja-religião, vazia de Deus, não consegue dialogar com as culturas do mundo e muito menos com as filosofias da sabedoria secular. Por isso ela se tornou um sistema, em que pratica injustiça com seus próprios comunitários, que professam a mesma fé. Por isso a igreja-religião é cheia de pecados. Porque a religião é aprisionada em pecados e nela não há liberdade, como disse Jesus (Mt 23.4).

Todo sistema é uma espécie de religião (mesmo nas sociedades ateístas e políticas), e toda religião é um sistema. E esse é o “mundo” do qual Jesus nos falou sobre o fato de que o mundo nos odeia (Jo 15.18-19). O mundo é o sistema. E o sistema é o mundo. Cristo falou que o mundo nos odeia. E o mundo que nos odeia é o mundo institucionalizado. Inclusive o mundo religioso, institucionalizado pela religião. Veja, na Bíblia e na história, como os religiosos (fariseus, escribas e saduceus) tratavam Jesus e seus discípulos. Veja como a igreja medieval tratava os crentes que, de fato, criam em Deus corretamente. Veja, nos dias de hoje, como são tratados pelos religiosos os cristãos cheios de Deus, que pregam o evangelho sem dogmas. Portanto, o mundo que odeia quem está cheio de Deus é exatamente o mundo-sistema.

Nos dias de Jesus, esse sistema era representado por fariseus, escribas e saduceus. Os saduceus, além de religiosos, pertenciam ao alto escalão social e econômico da sociedade judaica nos dias de Jesus. O escritor Flávio Josefo, que viveu naqueles dias, fala deles. Logo, além de influência religiosa, política e social, os saduceus tinham poder econômico, o que dificultava ainda mais qualquer batalha em relação a eles. E o sistema é isso.

Em síntese, o evangelho da cruz se tornou universal exatamente quando ele, por meio de uma linguagem universal, se abriu em diálogo para o mundo totalmente livre da dogmática judaica. O discurso do apóstolo Paulo para o mundo gentílico — greco-romano — deu-se cada vez mais de maneira ampla, abrindo, portanto, diálogo para com a cultura universal do mundo. Depois o cristianismo esvaziou-se de Deus e levou a igreja medieval a pregar um evangelho sem Cristo, porque não tinha mais o caráter do Cristo do evangelho. Com isso, protagonizou ao mundo um discurso de ódio, uma religiosidade violenta e espiritualmente conturbada. Matou, aos milhares, seus próprios fiéis.

Clemente de Alexandria, na sua obra Stromata, trata da filosofia como uma importante contribuição à reflexão cristã. A igreja de Alexandria era composta por homens sábios e também por cristãos simples. Os cristãos simples recriminaram-lhe perder o seu tempo com a filosofia. Eles queriam somente a fé (despida de conhecimento), sem reflexão, sem discernimento. Obviamente, fé sem conhecimento não tem discernimento. Então, uma fé ignorante passa a conduzi-los e, finalmente, os crentes primitivos tornaram-se vítimas da sua própria fé sem conhecimento.

É o que está acontecendo hoje em dia. Somos uma igreja que não estuda, não quer saber de conhecimento e, portanto, não tem discernimento. É o caso da igreja evangélica de hoje, em nossos dias, na plenitude do século XXI. Os crentes — e até mesmo pastores e líderes que deveriam dar exemplo — vivem uma espiritualidade sem conhecimento, sem reflexão bíblico-teológica e, portanto, sem discernimento. Oram muito. Mas não têm conhecimento para discernir o mundo espiritual. E, assim, são facilmente enganados por espíritos malignos, que se aproveitam das mentes vazias de conhecimento, sem discernimento, para operacionalizar o mal, as injustiças.

Diante de tudo isso, a igreja não tem diálogo justo e honesto para com as culturas do mundo. Não há diálogo justo e honesto entre a verdade da fé e o momento histórico em que vivemos. Se o cristianismo encheu-se de religião e, por isso, se esvaziou de Deus, a igreja evangélica piorou ainda mais as coisas. Os crentes não têm diálogo nem consigo mesmos. Não se respeitam fraternalmente. Esganam-se entre si. Praticamos nossas injustiças entre nós mesmos, irmãos e irmãs no corpo de Cristo. E depois vamos ao templo celebrar nossa fé injusta e abjeta, sem confessar nossos pecados. A boca está cheia de palavras e “louvores”, mas o coração e a mente estão cheios de trevas e malignidades.

A única forma de a igreja manter-se cheia de Cristo é enchendo-se de conhecimento e mantendo uma espiritualidade de relacionamento e comunhão com Deus. Esse cristianismo que aí está, cheio de vício religioso e embriagado por dogmas, sem reflexão teológica, é um cristianismo sem Cristo. Sem relevância sapiencial e sem saúde espiritual.

No entanto, a igreja, no cumprimento de sua missão, precisa do que advém dessa relevância. E somente um profundo conhecimento sapiencial pode proporcionar um adequado encontro e intercâmbio entre o humanismo cristão e as culturas. A igreja só tem três maneiras de trazer Cristo de volta para dentro de si: (1) estudando profundamente a palavra; (2) mantendo uma vida de oração em fidelidade a Deus; (3) praticando atividades de evangelismo e missões. Nessa perspectiva, são importantes uma renovada concepção do método teológico e o sentido da vocação eclesial do teólogo.

O momento atual pede uma reflexão bíblico-teológica que seja um verdadeiro conhecimento de fé — scientia fidei — em Deus, com força educativa e evangelizadora. A teologia tem, agora, mais do que nunca, a grande tarefa de educar a fé dos crentes, contribuindo com lucidez ética a respeito de sua presença e atuação no mundo. Finalmente, para fugir do cristianismo sem Cristo é preciso encher-se do Cristo sem cristianismo.

 

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

LITERATURA: BATTISTA SOAREZ PRESENTE NA 14ª FEIRA DE LIVRO DE SÃO LUÍS 2021

Battista Soarez estará na 14ª Feira de Livros de São Luís
O escritor maranhense, que acaba de entrar para a Academia Maranhense de Trovas (AMT), estará autografando três livros de sua autoria
 

Por Roney Costa
(De São Luís – MA)

FOTOS: Battista Soarez | 14ª Feira de Livros de São Luís

NOS DIAS 9, 10, 11 (tarde e noite) e 12, o escritor e jornalista maranhense Battista Soarez estará autografando os livros de sua autoria “A igreja cidadã” (nova edição pela Editora AD Santos), “Construindo redes de Amizade” (lançamento 2021 pela Editora PECC) e “Por uma pedagogia existencial” (publicado pelos selos Visão Global Editora e a Arte Editorial) na 14ª Feira de Livros de São Luís (FELIS) 2021, que está acontecendo do dia 03 ao dia 12 de dezembro, na Praça Maria Aragão, centro de São Luís, no Maranhão.

Battista Soarez estará autografando na estande da Livraria Vozes de 09 a 12 na FELIS

O escritor — que também é revisor e editor de vários livros nacionais e estrangeiros para editoras brasileiras — estará durante todo o dia, de quinta-feira (9/12) a domingo (12/12), na estande da Livraria Vozes, do empresário Milton Lira, autografando e conversando com leitores sobre literatura, mercado editorial e incentivo a novos escritores maranhenses. “Estou na FELIS 2021, assim como estive nos anos anteriores, para contribuir com a literatura e a cultura do livro no meu estado”, observa Soarez. O escritor só não estará na noite de sábado, 11, em razão de uma palestra que ele vai ministrar para líderes evangélicos no bairro da Cohab.

"Construindo Redes de Amizade", de Battista Soarez,  é lançamento 2021

A Livraria Vozes, na pessoa do seu proprietário Milton Lira, sempre valorizou e vem valorizando o escritor e a literatura maranhenses. Milton sempre manteve forte diálogo com autores maranhenses como Wilson Marques, Antônio Guimarães, Battista Soarez e muitos outros escritores e escritoras que vêm se destacando no cenário literário maranhense. “O autor maranhense merece ser valorizado porque é uma produção literária de alto nível. A Livraria Vozes sempre estará disponível para apoiar o escritor maranhense, vendendo e divulgando suas obras perante um público diversificado e eclético”, enfatiza Milton que, ao mesmo tempo, é um dos fundadores e organizadores da FELIS e também sócio da Associação dos Livreiros do Estado do Maranhão (ALEM).

Membros da Academia Maranhense de Trovas (AMT). Battista Soarez é o 3º da direita para a esquerda

Ontem, dia 7/12, Battista Soarez entrou para a Academia Maranhense de Trovas (AMT), assumindo a Cadeira Nº 03, cujo patrono é o poeta, escritor e trovador maranhense Manoel Sobrinho (1897-1957). Soarez é autor de vários livros distribuídos no Brasil, em países e comunidades estrangeiras de língua portuguesa. Como jornalista, o autor também já escreveu matérias traduzidas em vários idiomas e circuladas em vários países.

Em dezembro de 2020, o escritor recebeu o título de Cidadão Ludovicense da Câmara de Vereadores de São Luís e em 2008 foi finalista no Prêmio Nacional de Literatura Areté, em São Paulo, concorrendo com autores nacionais e estrangeiros. Soarez também é romancista, autor de vários romances inéditos como “Um pássaro na minha janela”, “Ventos e mares”, “Linara foi seduzida", "Logo o sol se levanta”, “Um suspeito no asfalto", "O nada é maior que o tudo”, dentre outros.

“Escrever, para mim, é uma arte que já nasceu comigo e está impregnada na minha alma. Cada título eu trato carinhosamente como um filho. Isso me torna mais responsável com o ofício e mais compromissado com a criatividade, porque isso me deixa cada vez mais consciente do diálogo construcional com o meu público, formado por pessoas que acreditam avidamente no que eu digo por meio da escrita”, pondera Soarez.



segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

ARTIGO: INVEJA E IGREJA EVANGÉLICA — Por Battista Soarez

A inveja nos arraiais evangélicos (1)


Pr. Battista Soarez
(Escritor, jornalista, psicoterapeuta e teólogo)


FOTO: Divulgação/Internet | Imagem ilustrativa.

NO DIA 23 DE JUNHO de 2022 completarei 55 anos de idade. E a conta é simples: nasci no dia 23 de junho de 1967. Logo, qualquer pessoa, independente do nível de escolaridade, fará o cálculo com facilidade.

Em toda essa trajetória de minha vida, acumulei muitas perdas, muitas derrotas, muitos fracassos. Tudo isso tem um explicação: inveja. Sempre fui alvo de indivíduos invejosos.

A inveja é o mais presente e o mais nocivo de todos os sentimentos. Tanto que, certa vez — quando da minha ida para o Rio de Janeiro, para trabalhar na Editora CPAD — o saudoso e sábio pastor Estêvam Ângelo de Souza me disse:

  Irmão, não conte para ninguém que você está indo trabalhar na CPAD no Rio de Janeiro. É um salto muito alto. E inveja é o único feitiço que pega em crente. Deixa que, com o tempo, e aos poucos, as pessoas irão saber que você está lá. Mas, aí, você já criou raízes.

Por que que o experiente homem de Deus deu-me o referido conselho? Exatamente pelo nível de desvalimento que a inveja representa. É o mais inconfessável de todos os pecados.

De fato, a inveja é uma emoção intrinsecamente egoísta e perversa que não é desejada pelo invejoso que, frequentemente, dela não tem consciência. É um modo de ver a vida e as coisas alheias egoisticamente, carregado de amargura, que só produz resultados negativos.

A inveja, geralmente, é dirigida contra pessoas e implica antipatia e o propósito de ofender a quem possua algo que o invejoso deseja ou ambiciona, mas percebe que não pode tê-lo.

Ao longo da minha vida, mesmo dentro da igreja evangélica (que prega contra todo tipo de pecado), tenho aprendido que a inveja é um irritante, persistente e doloroso sentimento de inferioridade, em relação à pessoa invejada. O complexo de inferioridade, portanto, é subjacente à inveja, que traz em seu bojo uma autopunição imanente.

Desde que passei a ter visibilidade no cenário social — como leitor, jornalista, escritor, pregador e palestrante  sempre Deus tem falado comigo sobre inveja. O Senhor Deus tem me dito que eu sou cercado de inveja. E que isso, de alguma maneira, tem afetado o meu desenvolvimento pessoal.

Então percebo que a inveja é uma "intervenção emocional" desastrada, que visa reduzir ou eliminar a desigualdade produzida pelas diferenças. É um sentimento maligno que alterna sensações de dor e prazer. Daí se diz que é de natureza sadomasoquista, não sendo localizável. Mas é um ponto de dor no corpo e no espírito.

Os maiores ataques de inveja que sofri na vida foi dentro da igreja evangélica. Pastores, líderes e pessoas comuns colocaram "lama" e "barreiras" no meu caminho e, portanto, no meu desenvolvimento pessoal e profissional. Passei por isso, também, em empresas por onde trabalhei como, por exemplo, no Instituto Efraim, no Banco América do Sul e na Editora CPAD, no Rio de Janeiro. Isso afetou gravemente minha vida financeira, familiar, profissional, ministerial e até minha saúde.

A inveja tem caráter dissimulado e secreto e isso dificulta sua percepção pela maioria das pessoas. Junto a ela vem a falsidade. Além disso, é um modo de autoflagelação, irracional e estúpido. Queima como fogo lento.

Considerada o mais racional dos sentimentos, a inveja pode assumir condutas tão distintas como: dissimulação, silêncio, indiferença, ironia, desdém, maledicência, calúnia, infâmia, indignação, autoridade, obediência, moralismo, deboche, ódio, desespero e outros artifícios, de conformidade com o coração ulcerado de dor e com as condições do meio social.

No livro A Inveja Nossa de Cada Dia, Joaci Góes diz que a assunção pública dos demais pecados capitais  preguiça, gula, ira, luxúria, soberba e avareza  não condena, necessariamente, o pecador confesso. Existem situações em que as pessoas podem até extrair vantagens do pecado confesso.

Esopo, na obra O cão e sua sombra, conta que, certa vez, um cachorro atravessava um rio a nado, com um naco de carne na boca. De repente viu, debaixo de si, outro cachorro nadando no mesmo ritmo, com um pedaço de carne ainda maior que o seu.

Não lhe passou pela cabeça que o cão subaquático fosse apenas a projeção de sua própria imagem. Possuído pelo desejo de abocanhar o pedaço maior, mergulhou na direção da sombra, perdendo ambos os bocados. Um porque simplesmente não existia, era apenas sombra. O outro porque foi levado pela correnteza.

Esse é o problema da inveja. Ganância, confusão e perda por não valorizar o que tem, e por não se contentar com o que tem. Deixa de olhar para o que é seu e para si, e lança o olhar de cobiça sobre o outro, e fixa no que é alheio.

Até o próximo comentário !!!


sábado, 4 de dezembro de 2021

ARTIGO: CIÊNCIA E FÉ

CIÊNCIA E FÉ
Crença a partir da realidade

 

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Por: Ruth Bancewicz

Tradução: Moisés Lisboa

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FOTO: Divulgação/Internet | É possível um diálogo entre ciência e fé?

NOSSA IMAGINAÇÃO é uma ferramenta fundamental para a criatividade. Organizamos e examinamos nosso conhecimento, testamos cenários e pensamos no futuro. Transitamos facilmente entre o mundo material e um mundo imaginário de pensamentos e memórias. Testamos ideias contra a realidade, descartando aquelas que não são realistas e rejeitando cenários que não funcionarão direito. No final, formulamos maneiras de compreender o mundo que levam em consideração o maior volume de dados possível.

Esse processo é similar tanto para a ciência quanto para a fé. Ambos os casos envolvem a integração de evidências e experiências para obter um modelo de como o mundo funciona, embora em níveis diferentes: um restrito e detalhado; o outro, geral e abrangente.

O treinamento científico pode nos ajudar a usar nossa imaginação de forma mais frutífera, testando nossas ideias contra a realidade — desde que nós não percamos de vista o fato de que a fé cristã vai muito além dos dados científicos. Temos que aprender a olhar além dos campos acadêmicos que escolhemos, considerando também a metafísica, os relacionamentos, a escritura, a experiência espiritual e muito mais.

Os cientistas também podem experimentar a própria matéria da criação e compartilhar a alegria do Criador, já que descobrimos coisas que nenhuma outra pessoa na terra havia visto antes. Todos nós achamos certas coisas belas em nossos trabalhos e algumas delas são belas até mesmo para outras pessoas.

Existem grandes belezas de forma e cor. Organização e padrões regulares, ou até mesmo uma simplicidade elegante em nossas equações. Algumas pessoas apreciam técnicas particulares, organismos ou formas de apresentar dados. Para C.S Lewis, a beleza apontava para a fonte de toda beleza que pode ser encontrada em Deus.

 

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

CAOS NO FERRY-BOAT: FLÁVIO DINO TEM IMAGEM DE PERSEGUIDOR

Ferry-Boat: Flávio Dino emplaca imagem de perseguidor
Dep. Wellington do Curso denuncia. Empresários dizem que algo está errado com a estrutura mental do governador

 

Por Battista Soarez e Roney Costa
(De São Luís – MA)

 

FOTOS: Divulgação/Internet | Servi Porto entra em caos depois de perseguição de Flavio Dino.

POR DIVERSAS VEZES, nos últimos dias, o deputado estadual Wellington do Curso (PSDB) vem denunciando as atitudes nefastas do governador Flávio Dino no caso do caos em ferry-boats da empresa Servi Porto, desde que ocorreu a intervenção orquestrada por ele. No dia 30 de novembro, terça-feira, o deputado fez uso da tribuna da Assembleia Legislativa do Maranhão (ALEMA) para denunciar as situações negativas que vêm ocorrendo nos serviços de travessia entre os portos Ponta da Espera, em São Luís, e Cujupe, em Alcântara.

A partir do momento em que houve, por parte do estado, a intervenção na Servi Porto — maior empresa do segmento de transporte aquaviário no estado do Maranhão — a população dos municípios da Baixada Maranhense, que utiliza o serviço, vem sofrendo graves prejuízos, inclusive pacientes que, diariamente, precisam de atendimento médico de urgência.

Flávio Dino: Governador do Maranhão.

Depois que a empresa Servi Porto passou a ser administrada pelo estado, sob a péssima atuação do governador Flávio Dino, as viagens, que têm tolerância de 15 minutos para partida, passaram a atrasar até por mais de duas horas.

A todo momento, segundo a denúncia que chegou até o deputado Wellington do Curso, acontece uma violação dos direitos do consumidor por parte do estado. Conforme apurou a reportagem do Leitura Livre, em parceria com o blog do Roney Costa (https://roneycosta.com.br), Flávio Dino vem utilizando a estrutura administrativa da máquina do estado para cometer abusos de autoridade, inclusive perseguindo empresários e pessoas que não são do grupo político dele ou não comungam com as atitudes do governador comunista.

Dep. Wellington do Curso pede que Flávio Dino devolva empresa aos donos.

Várias fontes, mesmo sem quererem se expor, apontam casos de perseguição por parte de Dino. Pelo menos três empresários concordam com a opinião de que tem alguma coisa errada com a estrutura mental e psicológica do governador.

— Tem algo errado com a estrutura mental desse cara. Porque, meu amigo, nada justifica tanta ganância por poder, tanta ganância por dinheiro e tanto ódio contra pessoas. Ódio, inclusive, contra empresários, que são pessoas de bem que contribuem com o governo pagando seus impostos para alimentar os cofres do estado para que ele possa trabalhar na execução das políticas públicas — desabafa um deles, do ramo da saúde.

A reportagem do Leitura Livre apurou situações de perseguição por parte do governador em várias áreas. Casos na área da saúde. Casos em instituições sociais sem fins lucrativos (terceiro setor). Casos na área da educação, inclusive na Cidade Operária e em Alcântara. Perseguição no setor empresarial no ramo de construção civil e terraplanagem. Perseguição contra representantes do governo federal no Maranhão. E, enfim, o mais notório deles é o ataque do governador contra a empresa Servi Porto.

— Flávio Dino é um sujeito debochado e cômico. Faz o que faz e ainda sente prazer em arquitetar o mal contra pessoas. Cara, nós temos responsabilidades, compromissos financeiros. Temos família, mulher e filhos. Temos sentimentos. E o que ele faz gera desgaste psicológico e emocional. As pessoas adoecem. E isso é pura maldade. É coisa de quem tem uma mente diabólica — enfatiza um outro empresário do ramo da construção civil que teve os seus negócios paralisados em função das atitudes do governador.

O Leitura Livre entrou em contato com a empresa Servi Porto, mas nenhum dos diretores quis se pronunciar, temendo, talvez, a intensificação da ação perseguidora, comandada por Dino, por parte dos órgãos do governo do estado.

— O caso está na justiça. Por enquanto, estamos aguardando os resultados — foi o que disse, apenas, um dos responsáveis pela empresa.

Mas, por outras vias, a reportagem apurou que a família proprietária da empresa Servi Porto vem sofrendo graves prejuízos financeiros, sem contar, também, os danos psicológicos e patrimoniais. Um dos problemas, e grave, é a crescente dívida que a cada dia se avoluma sobre a empresa Servi Porto.

A família, inclusive, ainda chora a recente morte, aos 79 anos, de Nemésio Brandão das Neves, fundador da empresa e pai dos herdeiros. Nemésio deixou viúva dona Rosalina das Neves, sócia majoritária da empresa que, agora, se tornou um cenário de dívidas e problemas. Dino se mantém tão insensível que nem isso respeita.

O Leitura Livre apurou, também, que a empresa paga uma prestação de 400 mil reais por mês referente à construção das embarcações, inclusive do “Cidade de Araioses”, a mais nova de um conjunto de sete balsas.

Desde que o estado fez a intervenção na empresa, as prestações deixaram de ser pagas. O estado deveria continuar pagando, mas não o faz. Em fevereiro de 2022 completarão dois anos que o governo do estado não paga as prestações. A dívida, então, já está acumulada em mais de 10 milhões de reais. Diante disso, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e o Banco da Amazônia (BASA) — instituições financiadoras das embarcações — entraram na justiça e, agora, as embarcações correm risco de serem leiloadas para pagamento de dívida.

O deputado Wellington do Curso, num dos seus discursos na tribuna da Assembleia Legislativa, pediu veementemente que Flávio Dino devolva a empresa Servi Porto a seus donos e deixe de usar a máquina do estado para assaltar o que é alheio.

Recentemente, baseado em denúncia de usuários, o deputado disse que fez ofício à Promotoria do Consumidor na tentativa de que alguma coisa seja feita para conter as atitudes danosas de Flávio Dino. Mas há indícios de que Dino esteja utilizando de influência junto ao poder judiciário do Maranhão para ganhar a causa e tomar a empresa dos seus proprietários. Enquanto isso, o caos aumenta no sistema de transporte aquaviário São Luís/Cujupe e os usuários sofrem com a gravidade do problema.

— Como deputado estadual, sigo sendo o parlamentar que ouve e defende a população da Baixada Maranhense. Estou firme na fiscalização — dispara Wellington.

Sobre as últimas denúncias, o Leitura Livre tentou entrar em contato com o deputado, mas ele não atendeu, não retornou as ligações e nem respondeu as mensagens do WhatsApp.

Ontem, quarta-feira, 1/12, usuários do ferrey-boat da Servi Porto passaram por maus momentos. Em função da intervenção por parte do estado, o posto de vendas de passagens do bairro da Areinha foi desativado. Por causa disso, os usuários tiveram que se deslocar de forma antecipada para comprar passagens no terminal da Ponta da Espera, em São Luís. Eram 03:00hs da madrugada. Os passageiros foram surpreendidos com a informação de que não ia haver viagem.

Segundo informação de fontes ligadas ao sistema do estado, o motivo de não haver a viagem seria a manutenção das embarcações. Logo, não tinha ferry disponível e, para piorar, não tinha nenhum de reserva para substituir os que estão em manutenção. Outro problema é que o estado não tem equipe com mão de obra especializada nesse tipo de manutenção porque os administradores do estado não têm experiência nesse tipo de navegação.

— Esse é um tipo de serviço muito caro. Os motores e peças não são fabricados no Brasil. Tudo vem do exterior. Por isso, a tendência é a empresa entrar em colapso e gerar um problema muito sério no sistema de transporte aquaviário entre São Luís/Cujupe  — informou um profissional do ramo à reportagem do Leitura Livre.

Com isso, conforme foi apurado pela reportagem, o que está havendo, de fato, é um deterioramento e, consequentemente, um sucateamento das embarcações. A reportagem ouviu, ainda, várias fontes e detectou indícios de que a intenção de Flávio Dino é tomar a empresa Servi Porto dos donos com a finalidade de beneficiar alguém que ainda não se tem certeza de quem seja. As fontes ligadas ao governo do estado não concordam com as atitudes do governador, mas têm medo de se pronunciar sobre o assunto porque temem possíveis retaliações, já que circula a fama de que Dino é vingativo e perseguidor.

(OBS: Continua na próxima reportagem....).