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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

INDÚSTRIA MARANHENSE | por Battista Soarez

M A R A N H Ã O

Governador Carlos Brandão garante isenção de ICMS para indústrias de laticínios e derivados do leite

A medida tem por objetivo impulsionar a produção e o consumo no local, estimulando a geração de emprego e renda na cadeia produtiva do leite e derivados

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Por Battista Soarez 
(De São Luís - MA)

Governador Brandão garante isenção de ICMS para indústrias de laticínios | Foto: Divulgação 
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PARA FORTALECER A INDÚSTRIA de laticínios no estado, o Governo do Maranhão editou decreto que desonera o ICMS para o setor. A medida objetiva impulsionar a produção e o consumo de leites e derivados produzidos localmente, estimulando a geração de empregos na cadeia produtiva do leite. O decreto foi assinado nesta sexta-feira (1º) pelo governador Carlos Brandão, no Salão de Atos do Palácio dos Leões.

P U B L I C I D A D E

A assinatura do decreto busca garantir a competitividade do setor de laticínios no estado, equiparando-o a estados vizinhos como Bahia e Ceará, que já oferecem incentivos fiscais semelhantes. Participam da solenidade representantes do setor industrial do Maranhão, sobretudo da cadeia produtiva de laticínios.

Durante a solenidade o governador Carlos Brandão afirmou que com a desoneração do ICMS toda a cadeia produtiva será beneficiada.

“Essa medida beneficia desde o pequeno produtor de leite, que poderá vender sua produção para as indústrias por um preço mais competitivo, até o consumidor final, que pagará mais barato pelo queijo, iogurte, manteiga e outros nos supermercados já que a isenção do ICMS vai ajudar a baratear os custos da produção. E fortalecendo a cadeia produtiva do leite a gente gera mais empregos e mais renda para a população”, assinalou o governador Carlos Brandão.

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O governador Carlos Brandão também destacou que a medida vai incentivar a abertura de novos empreendimentos do setor. “Quando o empreendedor percebe que tem um bom ambiente de negócios para investir, ele aproveita a oportunidade. Então, além da abertura de novas indústrias, estamos facilitando para quem já está no mercado possa crescer. O produtor poderá investir na sua fazenda, ampliando sua produção de leite; a indústria produzirá mais. Então, fortalecemos e ampliando todo o setor produtivo”, avaliou.

Isenção do ICMS

O decreto assinado pelo governador Carlos Brandão concede crédito presumido de ICMS para a indústria maranhense de laticínios. A desoneração alcança as operações de vendas de mercadorias produzidas pelas indústrias de laticínios no Estado, tanto nas comercializações internas quanto interestaduais.

A medida foi uma solicitação feita pela Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema), Centro das Indústrias do Estado do Maranhão (Ciema) e Sindicato das Indústrias de Leite e Derivados (Sindileite) ao Governo do Estado.

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O presidente da Fiema, Edílson Baldez, informou que a isenção da alíquota vai permitir que a produção local tenha condições de competir com os produtos vindos de outros estados.

“A alíquota cobrada pelo Governo do Maranhão não é alta, mas tira nossa competividade diante das indústrias de outros estados onde já há essa isenção. Então, nós estamos muito contentes com a assinatura deste decreto, pois vai permitir que a gente possa desenvolver nossa cadeia leiteira, tornando a produção local, que é de alta qualidade, mais atrativa economicamente”, disse Edílson Baldez.

De acordo com o Ciema a maioria das empresas locais do setor de laticínios são de pequeno ou médio porte. Por isso, a importância da concessão de crédito presumido de 100% do ICMS. “Com isso vamos equiparar o Maranhão aos estados vizinhos, preservando as empresas e os empregos. Com isso ganha também o consumidor que vai consumir produtos de excelente qualidade com preço menor”, comentou o presidente do Ciema, Cláudio Azevedo.

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Cadeia produtiva do lmm

O presidente do Sindileite, Ricardo Ataíde, acrescentou que a cadeia produtiva do leite é essencial para a economia rural do Maranhão, promovendo a geração de empregos e a fixação das famílias no campo, além de contribuir para o desenvolvimento econômico estadual. “O setor leiteiro do Maranhão tem o potencial de se tornar um importante fornecedor de lácteos, tanto para o mercado regional quanto para o nacional, e este decreto assinado hoje vai contribuir para impulsionar a nossa produção cada vez mais”, disse.

O Maranhão é o 15º maior produtor de leite do Brasil e o 6º do Nordeste. Apesar da presença da atividade em todos os 217 municípios, a produção se concentra em regiões como Pindaré, Imperatriz e Alto Mearim. Com um rebanho de 10,1 milhões de cabeças, o estado produziu mais de 420 milhões de litros de leite em 2023, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo dados da Fiema, a média maranhense é de 653 litros/vaca/ano e o mercado de laticínios apresenta oportunidades, como as exportações de US$ 185 milhões em 2023. Porém, com os incentivos necessários é possível ampliar a produção e, consequentemente, as oportunidades de negócio.

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sábado, 2 de novembro de 2024

COLUNA LEITURA LIVRE | por Battista Soarez

COLUNA LEITURA LIVRE 

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Por Battista Soarez 
(Jornalista, escritor, psicanalista e teólogo)

Mágoa: jogue essa droga no lixo

Guardar ressentimentos é uma situação que pode lançar a pessoa num universo de vulnerabilidade a riscos de doenças físicas, psíquicas e emocionais

A mágoa tem o poder de nos isolar do mundo social e nos tornar vulneráveis a depressão e outras doenças | Foto: Divulgação

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MÁGOA É UM SENTIMENTO que nos corrói por dentro, estraga nossas estruturas existenciais e pode consumir nossa alma e nos levar a um ciclo vicioso de dor e ressentimento. É como um peso que carregamos conosco, dificultando nossa caminhada e impedindo-nos de viver plenamente.

No entanto, é importante lembrar que a mágoa não é uma parte essencial de nossa existência. Ela pode e deve ser jogada no lixo, bastando que a pessoa magoada exerça governança sobre a situação e decida vencer, mudando o processo para a marcha de superação.

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A mágoa tem o poder incrível de nos transformar. Ela pode nos tornar pessoas amargas, fechadas e desconfiadas. Pode nos levar a perder a fé nos outros e em nós mesmos. No entanto, é importante lembrar que essa transformação não é inevitável. Nós temos o poder de escolher como reagimos à dor.

A mágoa também pode nos isolar das relações sociais e humanas. Quando nos fechamos em nossa dor, podemos perder conexões valiosas com os outros. Isso pode nos levar a sentir-nos sozinhos e desconectados do mundo ao nosso redor.

Durante o tempo em que trabalhei na clínica como psicoterapeuta, constatei que parte dos meus pacientes que vinham até mim com queixas de doenças psicoemocionais tinham históricos de mágoas em alguma fase da sua vida. As anamneses que eu fazia com elas registravam histórias que aprofundaram seu sofrimento evolutivamente. Tristeza, dores, lágrimas e pensamentos negativos marcavam seus rostos e semblantes.

Pessoas com mágoas ficam melancólicas e têm pensamentos mórbidos | Foto: Divulgação 

Mas como podemos jogar a mágoa no lixo? Como podemos nos livrar desse peso que nos oprime? Aqui podemos expor algumas dicas que ajudam no processo de superação, conforme fazia e faço com meus pacientes ainda hoje.

O primeiro passo é identificar e reconhecer a dor. Não tente ignorá-la ou negá-la. Aceite-a e permita-se senti-la. Você pode governar cada situação, bastando ter autocontrole e autovalorização.

O segundo passo é entender e aceitar que o perdão é um processo difícil, mas é necessário e libertador. Portanto, é preciso perdoar a si mesmo e o outro. Perdoe-se por ter sofrido e por ter carregado essa dor por tanto tempo. Perdoe o outro para deletar das suas memórias todos os motivos que o levaram a sofrer.

O próximo passo é libertar-se. Deixe ir a mágoa. Não a carregue mais consigo. Imagine-a sendo jogada no lixo, longe de sua vida. Seja determinado e feliz. Uma boa técnica é escrever as mágoas num pedaço de papel, colocá-la debaixo do joelho, orar e, em seguida, queimar o papel e valer as cinzas para o livro ou esgoto.

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Procure buscar apoio. Cerque-se de pessoas que o amem e o apoiam. Não tenha medo de pedir ajuda.

Pratique a gratidão. Foque-se no que é positivo em sua vida. Pratique a gratidão todos os dias.

A mágoa, enfim, não precisa ser uma parte permanente de nossa vida. Nós temos o poder de escolher como reagimos à dor. Jogar a mágoa no lixo é um processo difícil, mas libertador. Lembre-se de que você não está sozinho e que há pessoas que o amam e o apoiam. Não tenha medo de pedir ajuda e de se libertar da mágoa.

Afinal de de contas, você merece viver uma vida plena e feliz. Seja superior a tudo o que lhe causa dor e passe a caminhar e viver acima da mediocridade.

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quinta-feira, 31 de outubro de 2024

REFORMA PROTESTANTE | por Battista Soarez

REFORMA PROTESTANTE
ALEMA realiza homenagem aos 507 anos de Reforma Protestante, proposta por Mical Damasceno 
Fiéis de várias denominações lotam auditório da Assembleia. Pastores e líderes relembram momentos cruciais de um dos fatos mais importantes da história universal
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Por Battista Soarez
(De São Luís - MA)

Dep. Mical Damasceno, autora da Indicação sobre Sessão solene em alusão aos 507 anos da Reforma Protestante | Foto: Battista Soarez 
O auditório da Assembleia Legislativa ficou lotado de fiéis e lideranças de várias denominações | Foto: Battista Soarez 

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A DEPUTADA ESTADUAL Mical Damasceno (PSD), autora da Indicação que promoveu Sessão solene na Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão (ALEMA), em alusão aos 507 anos da Reforma Protestante, reuniu centenas de pessoas de várias denominações nesta quinta-feira (31/10). A sessão teve início às 14h30m e durou cerca de três horas, sem se tornar enfadonha. Foram momentos de muita alegria em que a plateia, lotada, pôde ouvir hinos e mensagens informativas sobre o referido evento histórico.

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 Este é um momento muito significativo sobre a história cristã no mundo  disse Mical, que passou a direção da sessão para o deputado Roberto Costa (MDB) que, logo em seguida, repassou para a presidente da ALEMA, deputada Iracema Vale (PSB).

A sessão começou com uma oração, feita pelo pastor Joaquim Neto, líder da Igreja Batista do Angelim (IBA), e prosseguiu com louvores e várias falas de autoridades eclesiásticas presentes, que abordaram momentos importantes da história Protestante no mundo.

Dep. Iracema Vale ladeada por pastores homenageados | Foto: Biaman Prado 

No ato, também foram entregues medalhas a pastores presentes em reconhecimento à dedicação e contribuição às comunidades evangélicas e atividades sociais que contribuem com o desenvolvimento da sociedade no mundo. O evento contou com a presença de membros, pastores e lideranças de várias denominações, que se reuniram para celebrar a importância da data para a liberdade religiosa e o fortalecimento das igrejas cristãs no Maranhão.

A deputada Iracema Vale disse que a data tem enorme importância histórica.

Iracema Vale, ao lado de Mical Damasceno, fala da importância da homenagem | Foto: Battista Soarez 

 Esse marco, celebrado no dia 31 de outubro, nos remete ao ano de 1517, quando Martinho Lutero deu início ao movimento que transformaria a história do Cristianismo e da sociedade. Ao longo desse tempo, não apenas transformou-se o cenário religioso, mas também trouxe novas perspectivas para os direitos individuais  disse a presidente da ALEMA.

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A deputada Mical Damasceno, por sua vez, ressaltou que a Reforma Protestante foi um marco para a liberdade da fé, das contribuições sociais, da educação e do pensamento social e político.

— É uma honra comemorar esse legado e reconhecer o trabalho desses líderes que fazem a diferença em suas comunidades. Hoje, estão aqui não apenas membros da minha denominação, mas de todas as outras, em nome do nosso Senhor Jesus  afirmou a parlamentar.

Cel. Célio Roberto, comandante do Corpo de Bombeiros, participou do evento | Foto: Battista Soarez 

Dentre várias autoridades presentes estava o coronel Célio Roberto, Comandante Geral do Corpo de Bombeiros do Estado do Maranhão. Célio Roberto é evangélico e tem contribuído com o evangelho entre a instituição militar.

A Orquestra Sinfônica e o vocal infantil juvenil da Igreja Assembleia de Deus apresentaram louvores, criando um ambiente de celebração e reverência.

Pr. Alex Martins, presidente da UNICAJE, disse que a Reforma trouxe o fortalecimento da Palavra de Deus | Foto: Battista Soarez 

— O momento de hoje é uma celebração da fé e dos valores que a Reforma trouxe para nossas igrejas. Estamos aqui não só para lembrar o passado, mas para reafirmar nosso compromisso com os princípios bíblicos  afirmou o pastor assembleiano e capelão Alex Martins, que apresentou um louvor com o coral da União dos Capelães (UNICAJE) da qual é presidente.

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A também homenageada Pra. Maria Lúcia Veras, da Igreja Verbo da Vida, ressaltou a importância da união entre as igrejas.

 Este é um momento de fortalecer nossa fé e nos lembrar que a Reforma nos trouxe uma mensagem de liberdade espiritual e responsabilidade com o próximo  enfatizou ela.

Já o Pr. Francisco Morais, da Igreja Adventista do Sétimo Dia, destacou o papel transformador da Reforma na história da fé cristã.

— Não apenas redefiniu práticas religiosas, mas trouxe uma nova compreensão sobre a relação pessoal com Deus e o acesso direto à Sua palavra  ponderou.

A mensagem oficial ficou por conta do pastor pernambucano Esdras Cabral de Melo, autor do livro A Reforma Protestante (Editora Luz e Vida, 2024), que falou das diversas contribuições de Martinho Lutero para a sociedade secular no campo da educação, da política, da democracia, da economia, da liberdade religiosa e no mundo do trabalho.

 As portas do inferno não prevalecem contra a igreja de Deus. Se nos matarem, certamente Deus levantará outros para continuarem a obra do evangelho  destacou pastor Esdras, citando a fala de Jesus Cristo nos evangelhos.

Prof. Isaack Ferreira fala da contribuição de Lutero para a educação | Foto: Battista Soarez 

Para o professor Isaack Ferreira, diretor geral do Centro de Ensino Sistemas e Tecnologia (CESTE), o pensamento do reformador Matinho Lutero trouxe contribuições significativas para a educação e, consequentemente, para a sociedade em geral.

— Num contexto histórico em que a educação era organizada e mantida somente pela Igreja medieval, Lutero propôs alterações importantes tanto no que se refere à organização de um sistema educacional democraticamente coerente, quanto aos princípios e fundamentos da educação, defendendo que esta fosse para todos, de frequência obrigatória e mantida pelo Estado — explica o professor Isaack.

Pr. André Souza (segundo da dir. p/ a esq.) foi um dos homenageados | Foto: Battista Soarez 

Por ultimo, a Sessão entregou a honraria aos vários líderes cristãos, dentre eles o Pr. André Sousa (Assembleia de Deus, presidente da COMADEMA); o Pr. Paulo Guilherme (Igreja Quadrangular); Pr. Samuel Martins (Igreja Cristo Rei); Pr. Antônio Brito (Igreja Batista); Pr. Siclay Carvalho (Casa de Adoração); Pr. Nilson Garcia (Ilha do Amor); Pr. Francisco Brito (Assembleia de Deus), Pr. Afonso Napoleão Neto (Maranata).

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domingo, 27 de outubro de 2024

COLUNA LEITURA LIVRE | por Battista Soarez


COLUNA LEITURA LIVRE
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Por Battista Soarez
(Pastor, teólogo, jornalista e escritor)

Caminhos da cristandade e do cristianismo
O sentido da fé em face de novos horizontes da igreja brasileira

Imagem meramente ilustrativa | Foto: Divulgação 

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CRISTIANISMO NÃO É A MESMA COISA QUE CRISTANDADE. Cristianismo é meramente religião, vazia de Deus como qualquer outra. Cristandade é viver o chamado, cheio de Deus, de forma contínua e inteiriça, para manter o verdadeiro relacionamento com o Senhor a serviço do outro. O enderenço de Deus, portanto, é o outro, o próximo.

P U B L I C I D A D E

Em 2021, num artigo publicado na revista Avvenire, o padre e escritor italiano Mauro Leonardi disse que “quem vivia em um país cristão podia delegar à vida coletiva grande parte do trabalho pessoal que deveria fazer como indivíduo ou como núcleo familiar”. Segundo ele, “com o desaparecimento da cristandade, isso não é mais possível. Quem não está consciente das mudanças estruturais ocorridas corre o risco de se orientar por referências que não existem mais”.

Na mesma época, o cardeal Mario Grech declarou que a cristandade, entendida como sistema de vida, não existe mais e que, portanto, “a igreja quer encontrar novos caminhos”. Temos de entender, portanto, que “cristandade” e “cristianismo” são duas coisas diferentes. E vale informar que o fim da cristandade não é o fim do cristianismo. E a sugestão de alguns intelectuais eclesiásticos na sua maioria católicos, haja vista que os líderes evangélicos e/ou protestantes pouco se importam, porque pouco estudam e pouco participam da vida social do evangelho universal é de que a igreja pode buscar novos caminhos justamente porque o cristianismo não acabou. A cristandade, sim, essa acabou.

Na cristandade, as pessoas vivem o evangelho do reino, isto é, o evangelho de busca permanente da perfeição em Deus. No cristianismo, as pessoas vivem de qualquer jeito, vivem a diversidade religiosa, mudando constantemente de estilo de vida, comportamento e forma de pensar. Cristianismo é mera e simplesmente cultura religiosa.

Na verdade, o cristianismo é a secularização da fé. A fé se secularizou. Apenas a “Igreja Invisível” (a cristandade) permanece fiel. A gente vai a um culto cristão e percebe, com tristeza, a “coisa” mais fria do mundo. Jesus previu isso em Mateus 24.12-14: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo. E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim”.

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A cristandade ocorre quando a igreja viva permeia a sociedade civil com seus próprios valores, promovendo leis e instituições específicas e concretas. Ela ocorre quando, cheia de Deus, opina sobre o Estado e fala com autoridade: “Assim diz o Senhor...”. Autoridade é não ter de que se envergonhar. Por sua vez, o cristianismo ocorre quando ele se mundaniza e verbaliza seu engodo: “Toda religião leva a Deus”. E, então, se mistura com o mundo profano, que não tem nada a ver com vida social e nem com política.

Quando o diabo diz, por meio de vozes da esquerda política, que o Estado é laico, ele está dizendo que o Estado não precisa de Deus, não tem Deus e não quer nada com Deus. Isso tem consequências severas. Enrique Dussel (falecido em 2023) , filósofo argentino radicado no México e grande expoente da filosofia da libertaçào, disse que o diabo é o Estado. O diabo é mau e não alivia o tormento nem mesmo para os seus seguidores. O Estado, que é o diabo, monta nas costas do povo, suga o povo e vive às custas do povo, isto é, dos pobres. E o Estado é impiedosamente dominante, porque se trata do próprio diabo. Diante disso, a igreja se cala, verticaliza a sua fé num intimismo espiritual sem sentido e deixa de cumprir o seu papel como agente de poder e transformação. Proíbe os fiéis de participar da vida pública e entrega a sociedade nas mãos do diabo (o Estado) para ser governada por ele. Ele, o diabo, dá gargalhadas, zomba da ingenuidade da igreja e esnoba da sua pequenez intelectual e ausência de sabedoria e participação social.

Muitos pastores criticam a minha posição teológica, educacional e política. Mas nenhum deles, pelo menos do meu círculo de relacionamento, tem argumento para contestar meu pensamento e propor uma ideia que seja benéfica do ponto de vista participativo da igreja. Muitos indicam total ausência da igreja no que concerne à sua participação social e política. E pior ainda: não conseguem ver que Jesus instruía o povo sobre o “kósmos”, a ordem de todas as coisas criadas e o reino (governo) de Deus. Boa parte de suas parábolas era relacionada a comparativos sobre trabalhadores e administração de serviços. Isto é governo. Ele defendia os doentes e os pobres, e sempre opinava sobre cuidar deles. Os pobres sempre são a maioria. Os pobres são o povo em geral. E isto, finalmente, é governo e governabilidade.

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O desaparecimento da cristandade, em vários países da Europa, em geral, é um processo já declarado, cujos resultados finais serão descobertos. Os líderes cristãos têm visão míope sobre isso, criam e apoiam movimentos que não têm nada a ver com o evangelho. São práticas espirituais totalmente vazias de Deus. As circunstâncias são históricas e cada vez mais fora da verdadeira espiritualidade.

No entanto, é dever nosso se informar, refletir, debater e se posicionar publicamente, como fiel, sobre as grandes questões da atualidade como, por exemplo, a eutanásia, as drogas, a justiça social, a questão climática, a migração, a acolhida da vida, a questão da criança e do adolescente, da mulher, do idoso, de emprego e renda. Cristandade é fazer estas e outras coisas cheio da presença do Senhor para que os beneficiários sejam alcançados, impactados, convencidos e convertidos.

Frequentemente, limitamo-nos a repetir coisas pensadas e ditas por outros que não são cristãos, renunciando a um pensamento original e correto, livre de vozes estranhas. Nunca foi tão necessária, como nos dias de hoje, a necessidade de um “pensar cristão autêntico”. Em João 17, Jesus orou pedindo ao Pai a unidade perfeita entre os seus seguidores. Em Efésios 4, Paulo instrui os cristãos numa espiritualidade unânime e vocacionada numa só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que está em todos e se move em todos.

Evangelismo é um magistério social da igreja que não pode ser relaxado, mas, sim, dialogal, instrucional e comunitário. É urgente. Precisamos manter a obra de Deus, fazendo com que ela esteja sempre viva, perene e producente a partir da nossa fé e da frequentação viva do Evangelho do reino. É preciso, também, que tudo isso decorra de um pensamento que inspire à ação, que agregue muitos outros, que mude a atual ordem e desordem das coisas, antes que a igreja caia dentro de um "museu" existencial, como aconteceu na Europa. Pastores e líderes que não leem, que não se informam e não se formam estão sujeitos ao silêncio e à inércia em todos os sentidos.

Quando desaparece a cristandade da sociedade e do Estado, deixam de existir, consequentemente, os valores e princípios que mantêm viva a igreja. Não esqueçamos de que a principal coisa, embora insuficiente, é a formação pessoal e o compromisso cotidiano da igreja para com a sociedade que Jesus mandou fazer dela discípulos, isto é, pessoas totalmente instruídas na fé.

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