COLUNA LEITURA LIVRE
O que acontece após a morte com os que duvidam e desdenham da espiritualidade humana e da existência de Deus
Homens ricos e poderosos costumam desdenhar de Deus. Qual o destino das suas almas após a morte? | Foto: Divulgação |
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QUANDO VEJO HOMENS sorrindo entre os dentes como o ministro do STF, Alexandre de Moraes, ao ouvirem falar de Deus, a primeira coisa que vem à minha cabeça é um dizer de Georg Wilhelm Friedrich Hegel, na sua obra Fenomenologia do Espírito, que destaca o fato de que “o Espírito rompeu com o mundo que até agora habitou e imaginou. Ele verdadeiramente nunca está em repouso, mas sempre empenhado em avançar”.
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Para Hegel, assim como para muitos pensadores que creem na espiritualidade, a frivolidade e o tédio que perturbam a ordem estabelecida, o pressentimento vago de algo desconhecido, estes são os arautos da mudança que se aproxima. Teve um momento na minha vida em que tentei apreender uma visão grandiosa do cosmo humano. Isso ocorreu durante a construção da minha intelectualidade, quando ainda muito jovem, lá pelos meus 15 e 16 anos de idade, e daí por diante até certo ponto.
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Lia muito. Pensava com razoável critério e escrevia textos caprichados, inclusive nas cartinhas para as namoradas da juventude. Procurava inserir essa visão intelectual nas minhas palestras nas igrejas por onde passava e sempre que tinha oportunidades de falar no púlpito. Até mesmo com as namoradas eu exercitava os meus discursos que futuramente passariam a compor as páginas literárias em jornais, revistas e livros. E assim, rapidamente, fui me tornando um pensador da espiritualidade e passei a construir ideias e opiniões muito autênticas. E foi assim que acabei me tornando um existencialista cristão, tornando-me um crente maduro. Não me deixo, portanto, ser levado pelo emocionalismo espiritual e nem me permito cair no abismo do ceticismo do pensamento secular.
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Quem lê meus livros percebe, com clareza, que a literatura que escrevo é uma sociologia filosófica e teológica que dá nítida importância à noção de responsabilidade pessoal e espiritual, sempre refletindo sobre o significado da escolha e das decisões pessoais, francamente individualista — se não também extrínseca — e enfática com relação à importância das paixões na existência humana. Isto inclui não só emoções admiráveis e compaixão, mas, também, disposições de ânimo e emoções sombrias como desespero, resignação, raiva e angústia.
Geralmente, tenho muito cuidado em minimizar a importância do indivíduo e enfatizar, em seu lugar, o primado social e sua compreensão abrangente do mundo espiritual. Homens céticos ou ateus são o contraste da existência espiritual e promovem a angústia na tomada do controle sobre nossas vidas. Quando reflito sobre “destino” e “fado” vejo a futilidade da tomada de decisão individual em face das forças assoberbantes dos homens que detêm o poder da governança.
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Poder e dinheiro afastam os homens da presença de Deus e apontam para as “vantagens” ludibriosas das paixões mundanas. Puro engodo. O poder constrói uma dialética suprapessoal e rouba a consciência espiritual das criaturas humanas. O poder e o dinheiro levam as pessoas a pensarem que não existe Deus ou que, se Ele existe, no mínimo deverá estar subordinado a elas. Que lástima! É exatamente esse engodo de crença que as levará para o lugar de tormento eterno. Infelizmente, só depois da morte é que homens como Alexandre de Moraes (se não se arrepender de suas injustiças), Flávio Dino (se não se arrepender das maldades do seu coração), Lula (se não reconhecer a Jesus como Senhor), Battista Soarez (se não permanecer em Cristo) e, enfim, todos aqueles que duvidam e desdenham do Criador iremos perceber que o inferno existe e que rejeitar a Deus e brincar com Ele é uma atitude ou decisão que custará o valor das nossas almas para toda a eternidade.
O contraste e a confrontação entre o idealismo dos céticos — dentre eles religiosos falsários, políticos, juristas, intelectuais, empresários, milionários e outras categorias de poder temporal — e a convicção de fé dos cristãos corretos permanecem emblemáticos no que concerne aos problemas filosóficos dominantes do nosso tempo. Os céticos também têm alma. Por isso, a despeito de todas as questões do pós-modernismo, do entusiasmo e do furor pela economia global, e de exortações sobre “a nova ordem mundial”, o que continua intratável é a nossa necessidade pessoal e coletiva de entender, com clareza, nosso lugar no mundo.
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As criaturas humanas são cegas e ingratas. E, diante delas, podemos lançar as seguintes perguntas: como devemos viver e como deveríamos enfrentar dificuldades e tragédias esmagadoras na vida?; como deveríamos pensar sobre a morte e lidar com ela? Estas não são indagações ocidentais em contraposição a indagações orientais ou do Terceiro Mundo. Estas, de fato, são questões universais que se apresentam às pessoas mais sofisticadas e afortunadas do mundo e, em geral, aos membros do STF, aos políticos, aos governantes do mundo, aos camponeses da China, aos intocáveis na Índia e, consequentemente, aos habitantes das menores aldeias da África, da bacia amazônica e das ilhas dos Mares do Sul. Vejamos: o tráfico quase instantâneo da informação global traz as opções e tragédias da vida humana à nossa própria soleira.
Os céticos também têm alma. Por isso pensam. Por isso têm sentimentos. Por isso sentem dores e tristezas. Por isso choram. Por isso amam. Por isso, inconscientemente, têm necessidade de refletir e falar sobre Deus, religião e espiritualidade. Afinal de contas, a alma é o centro da inteligência, das emoções, dos desejos e das vontades. Ela é o elo de comunicação entre o pneuma e o somático, isto é, entre o espírito e o corpo. Portanto, é ela que peca, é ela que se arrepende, é ela que, após a morte, leva o ser humano ao juízo eterno. Não queira morrer, enfim, mergulhado nas águas procelosas do ceticismo, sem Deus, sem perdão e sem salvação. E ponto final.
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