COLUNA LEITURA LIVRE
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Por Battista Soarez
(Jornalista, escritor, psicanalista, teólogo e professor universitário)
Os próximos passos da história e suas complexidades
A humanidade está a caminho de um obscurantismo de sociodemocracia e absolutismo governamental
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O BRICs quer assumir controle na complexidade global | Foto: Divulgação |
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DOS DIAS 22 A 24 DE OUTUBRO DE 2024, líderes do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) reuniram em Kazan, Federação da Rússia, para a XVI Conferência do BRICS, realizada sob o tema “Fortalecendo o Multilateralismo para o desenvolvimento e a segurança globais justos”.
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A cúpula trabalha, nesse trajeto, três pilares de cooperação, sendo eles os seguintes: política e segurança, econômica e financeira, cultural e interpessoal. Além disso, falam de promoção da paz mundial, de uma ordem internacional, de um sistema multilateral revigorado e reformado do desenvolvimento sustentável e do crescimento inclusivo.
Está trabalhando, portanto, o fortalecimento do multilateralismo para uma ordem mundial mais justa e democrática (na linguagem da esquerda globalista). Neste ponto, a ordem internacional vislumbra novos centros de poder, de tomada de decisões políticas e de crescomento econômico que podem pavimentar o caminho para uma ordem mundial multipolar mais equitativa, justa, democrática e equilibrada. Esta é, em síntese, a narrativa do bloco.
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E o papel central da ONU no sistema internacional, no qual os Estados soberanos cooperam para manter a paz e a segurança internacionais, é promover o desenvolvimento sustentável, assegurar a promoção e a proteção da democracia, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos, bem como a cooperação baseada na solidariedade, no respeito mútuo, na justiça e na igualdade.
Para a Cúpula do BRICS, há uma necessidade urgente de alcançar uma representação geográfica equitativa e inclusiva na composição da equipe do secretariado das Nações Unidas e de outras organizações internacionais oportunamente. Nesse caso, a governança global procura se intensificar por meio da promoção de um sistema internacional e multilateral mais ágil, mais eficaz, mais eficiente, responsivo, representativo, legítimo, democrático e responsável.
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O BRICS requer que seja assegurada uma participação maior e mais significativa dos EMDCs (Economias Emergentes e Em Desenvolvimento) e dos países menos desenvolvidos — especialmente na África, na América Latina e no Caribe — nos processos e nas estruturas globais de tomada de decisões, tornando-se mais sintonizados com as realidades contemporâneas. A Cúpula defende, também, o aumento do papel e da participação das mulheres, especialmente dos EMDCs, em diferentes níveis de responsabilidades nas organizações internacionais.
Como um passo positivo nessa direção, a Cúpula reconhece o Chamado à Ação do G-20 sobre a Reforma da Governança Global lançado pelo Brasil durante sua presidência do G-20. Além disso, os líderes do BRICs também levam em conta a importância dos diálogos e parcerias que fortalecem a cooperação com o continente africano, como a Cúpula do Fórum de Cooperação China-África, a Cúpula do Fórum Índia-África, a Cúpula Rússia-África e a Conferência Ministerial.
Na esteira da Declaração de Johanesbusgo II de 2023, o BRICs manifesta apoio a uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança. Foi o que propôs o presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva no seu discurso na Conferência da ONU em 2023. Lula concorda com o objetivo de tornar o Conselho mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e de aumentar a representação dos países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho para que ele possa responder adequadamente aos desafios globais predominantes e apoiar as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina. Isso inclui, também, os países do BRICS, a desempenhar um papel maior nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança. Logo, a Cúpula do BRICs reconhece as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Conselho de Ezulwini e na Declaração de Sirte.
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É observado, entretanto, que ainda é preciso um maior esforço em muitas questões pendentes. A Cúpula reforça a importância de reformar a OMC e fortalecer a dimensão do desenvolvimento em seu trabalho. Nesse caso, a Cúpula se compromete ao encorajamento, de forma construtiva, dentro da OMC, para atingir a meta de entregar um sistema de solução de controvérsias da OMC vinculante de duas instâncias, completo e em bom funcionamento, acessível a todos, e, ainda, a seleção de novos membros do Órgão de Apelação sem mais demora.
Isso já vem acontecendo. Os globalistas têm pressa em aprimorar o diálogo deles sobre o sistema de comércio multilateral e questões relacionadas à OMC. Nessa trilha, o BRICs prima pelo estabelecimento da Estrutura Consultiva Informal sobre questões da OMC. A Cúpula reitera a decisão, no âmbito da Estratégia para a Parceria Econômica do BRICs 2025, de tomar medidas para apoiar a reforma necessária da OMC para aumentar a resiliência, a autoridade e a eficácia da OMC e promover o desenvolvimento e a inclusão.
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Desde o acordo de Bretton Woods (1944), o dólar é a moeda padrão em negociações internacionais. Líderes do BRICs, entretanto, têm argumentado que tal fato, na prática, mantém os países reféns da política monetária dos EUA.
O Leitura Livre está preparando uma matéria opinativa sobre tal questão, com uma hermenêutica jornalística que indica — na escala da geografia econômica global — qual é o real sentido geopolítico desse conflito na briga pelo controle sobre a economia mundial e o que pretende a nova ordem mundial, envolvendo política internacional, religiosidade secreta e o controle total do mundo por parte do sistema globalista.
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