APENAS UM MOSQUITO
Para causar pânico em tanta gente
Battista Soarez
Nasci e cresci ouvindo um ditado popular meio ingênuo que para nada mais serve senão para subestimar, erroneamente, a capacidade de quem é menor no tamanho mas, por vezes, monstruoso nos seus resultados e efeitos. “Ai do menor que o maior engolir”, dizia o ditado.
Nasci e cresci ouvindo um ditado popular meio ingênuo que para nada mais serve senão para subestimar, erroneamente, a capacidade de quem é menor no tamanho mas, por vezes, monstruoso nos seus resultados e efeitos. “Ai do menor que o maior engolir”, dizia o ditado.
Lembro-me de
que meu pai, um homem analfabeto, rude, reagia a esse ditério da seguinte
maneira:
— Capacidade não se mede pelo tamanho — dizia ele.
Certa vez
ele foi mais além, diante de uma teimosia da minha mãe acerca do cuidado de
tomar água filtrada. No interior, normalmente a água potável é retirada de
poços artesanais. Cristalina e fria, as pessoas costumavam bebê-la sem que ela
passasse pelo processo de filtração. Numa leva dessas, meu pai alertou a
família de que não era seguro beber água que não fosse tratada por causa de
germes e bactérias. Mamãe, então, usou o tal ditado de que “coitado do menor
que o maior engolir”.
— Não é bem assim — rebateu meu pai. — O pior inimigo é aquele que a gente não vê.
Nos últimos
tempos, a mobilização no combate ao mosquito Aedes aegypti tem sido intensa. O inseto é sutil, camuflado e
praticamente invisível. Nunca se sabe a hora em que ele chega e pica uma
pessoa. Além disso, segundo especialistas, a picada dele não dói, não arte, não
incomoda e não deixa nenhuma coceira. Apenas pica e vai embora, invisível no
meio de um universo de obscuridades, interrogações e doenças.
E assim
acontece. Apenas um mosquito para incomodar tanto. Apenas um mosquito é capaz
de aterrorizar o país inteiro. Apenas um mosquito, um minúsculo inseto, para
matar tanta gente, causar doenças em bebês e provocar tantas desgraças. Meu pai
tinha razão: “o pior inimigo é aquele que a gente não vê”.
O tal
mosquito é transmissor de dengue, Chikungunya e Zika vírus. O significado do Aedes
aegypti é esquisito e assustador: “a praga que vem do Egito”. Este é o seu
significado. Nos tempos bíblicos, lá no velho mundo, a praga do Egito era capaz
de matar. Milhares de pessoas morriam. Todos temiam. Temiam porque, se vinha do
Egito, a “coisa” era feia e pavorosa porque vinha acompanhada de morte. Deus
nos livre e guarde.
Agora, a
informação que se tem é de que “a praga que vem do Egito” chegou às escolas do
sistema estadual de ensino do Maranhão, onde o assunto tem sido tema de
trabalho nas salas de aula da comunidade escolar. No Centro de Ensino Dorilene
Silva Castro, no Coroadinho, em São Luís, os alunos se mobilizaram para
pesquisar e entender a praga.
O objetivo
da ideia é conscientizar a população para a importância na prevenção e no combate
ao mosquito, assim como elaborar projetos de caráter pedagógico e de
sensibilização dos moradores. O tema é interessante: “O Dia ‘D’ de Zika Zero na
escola”. O projeto “Zika Zero” tem acompanhamento de pais, professores e,
ainda, de representantes do governo do Maranhão.
Os
estudantes procuram não economizar criatividade. Vestem-se de mosquito, de agentes
de saúde e de donas de casa. Na encenação, apresentaram paródias e peças
teatrais, cuja temática aborda o mosquito Aedes
aegypti e as doenças que ele transmite.
Eles
abordaram a importância de abrir as portas das casas para receber os agentes de
saúde e ficar atentos às orientações repassadas pelos profissionais,
especialmente os cuidados para evitar que o quintal se transforme em criadouro
do tal inseto.
Na última
quarta-feira, estudantes e professores fizeram um mutirão para limpar a área no
entorno da escola e levar informação à vizinhança. As ações nas escolas contra
o Aedes aegypti têm a coordenação da
Secretaria de Estado da Educação (Seduc), por meio da Secretaria Adjunta de
Projetos Especiais.
No município
de Esperantinópolis, na regional de Pedreiras, estudantes dos Centros de Ensino João Almeida e Antônia Corrêa fizeram passeatas. O
objetivo é conscientizar a população sobre a importância de eliminar os focos
do maldito mosquito.
Na região da
Baixada Maranhense, no município de São João Batista, o medo do mosquito também
motivou uma mobilização nas escolas. Marcaram o encontro para o dia 1º de
março, no auditório da Colônia de Pescadores, onde discutiram várias
possibilidades de combate à praga.
No Maranhão,
uma ‘armadilha’ foi criada para o mosquito Aedes
aegypti. Usando materiais simples, o
pesquisador e professor universitário Weverson Almagro testa um sistema
batizado como ‘mosquitoeiro’ confeccionado simplesmente com garrafa plástica,
fitas isolante e adesiva e um pedaço de tela. Almagro é professor do Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia do Maranhão (IFMA), do campus Maracanã, em São Luís (MA). Ele
acredita que o sistema possa levar a bons resultados na prevenção e no combate
ao mosquito transmissor da dengue, da febre Chikungunya e do vírus Zika.
Enfim, apenas
um mosquito! Apenas um mosquito para adoecer o país inteiro. E a situação do
Brasil é grave. É grave, inclusive, do ponto de vista do “zika vírus” político.
O “zika vírus” político já afetou a economia do país, a educação, a saúde, o
setor agrário e, enfim, toda a estrutura socioeconômica da nação. Agora, só
resta discutir o que fazer e como fazer para impulsionar o Brasil a ser a
potência econômica que ele nunca foi. Nunca foi porque o “zika vírus” da
corrupção política nunca permitiu. E, pelo visto, está cada vez mais difícil.