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quarta-feira, 1 de março de 2023

A DANÇA DAS INCERTEZAS | Por Battista Soarez | Coluna Leitura Livre | Jornal Itaqui-Bacanga

 

A dança das incertezas

Battista Soarez (Jornalista, escritor, sociólogo, psicanalista, consultor e professor universitário).

DE UM LADO, a polêmica das vacinas contra Covid-19 divide a sociedade em grupos antagonistas, e sobre este assunto tratarei na edição da próxima semana. De outro, o impasse entre alas econômica e política leva o novo governo a avaliar reoneração da gasolina e do álcool. E marcou a desoneração para terça-feira, 28 de fevereiro. Logo, com a reoneração parcial, o litro da gasolina deixa de subir R$ 0,69, passando o aumento a ser de apenas R$ 0,49. O álcool, por sua vez, sobe apenas R$ 0,06 e não R$ 0,24, como previsto. É somente uma reoneração parcial e, então, uma solução de meio termo.

Portanto, a desoneração do PIS e da Confins, que incidem sobre a gasolina e o álcool, é reavaliada. A medida provisória, editada pelo governo federal no início do ano, estipulou que a desoneração duraria até o dia 28, terça-feira. Por isso, o Brasil tem dois ritmos no descompasso da dança político-econômica do momento.

O primeiro é que a ala política defende que a medida seja prorrogada, por razões diversas. Já o segundo evidencia que a ala econômica entende que, diante do impacto a ser gerado nas contas públicas, a cobrança dos impostos deve voltar integralmente.

E haja debate. Na sexta-feira, 24, a alternativa da reoneração foi discutida numa reunião entre a Casa Civil, a Petrobrás, o Ministério da Fazenda e o Ministério de Minas e Energia.

Nessa dança, no quesito sobre a gasolina, a possibilidade que está na mesa — e que será levada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva — acena com a previsibilidade de que a gasolina C, aquela que vai para o consumidor, seja reonerada em 71% do PIS e da Confins. Isto significa que, em vez de voltar a cobrar a totalidade do imposto, o que seria R$ 0,69 por litro de combustível, o governo se contenta com R$ 0,49 por litro do produto.

Já em matéria do álcool, a reoneração seria menor, com a margem de 25% somente. Isto é, dos R$ 0,24 por litro — que seria a totalidade do tributo federal — o governo voltaria a cobrar somente R$ 0,06 por litro. O objetivo é manter a competitividade do etanol no mercado.

Mas isso acendeu o sinal vermelho na Bolsa de Valores. A desoneração dos combustíveis provoca queda significativa, prevista por especialistas. Estava dependendo apenas da aprovação de Lula. Vamos ver em que vai dar.

A definição, então, ficou por conta de uma reunião (marcada para segunda-feira, 27) entre o presidente Lula e os ministros Rui Costa, da Casa Civil, Fernando Haddad, da Fazenda, e o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates. A aprovação de Lula desencadeará uma nova medida provisória com as mudanças na cobrança dos impostos com assinatura do governo.

Nesse caso, para amenizar o efeito da reoneração parcial, o governo espera que a Petrobrás reduza o preço da gasolina nas refinarias nos próximos dias. Isto porque o valor cobrado hoje sobre a gasolina está 6% acima do valor internacional, conforme informação da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (ABICOM). Na avaliação do governo, oportunamente, haveria espaço para a redução respeitando a política de paridade de importação, a chamada PPI.

Ocorre que, nos embates, a discussão sobre a reoneração está dividindo o Ministério da Fazenda e a ala política do governo, uma vez que o ministro Fernando Haddad vinha defendendo que o subsídio não fosse renovado. Isso renderia aos cofres públicos uma recomposição de receita de cerca de 29 bilhões de reais neste ano de 2023. O próprio Lula manifestou preocupação do impacto que essa dança pode gerar para o bolso do consumidor e para a inflação.

Na sexta-feira, 24, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do Partido dos Trabalhadores, disse em rede social que voltar a taxar combustíveis agora é “descumprir compromisso de campanha”. Além disso, a petista explica que não é contra taxar combustíveis. Só que, segundo ela, fazer isso agora “é penalizar o consumidor e gerar mais inflação”.

Diante disso tudo, o presidente Lula precisa ter muita maturidade na definição de suas políticas e decisões. Qualquer inexatidão na estratégia de governabilidade colocará o país em desvantagem e a população, que é quem paga a conta de erros e acertos cometidos pelo governo, estará em crise sofrendo a dor das consequências.

TEMPO DE PROSPERIDADE | Coluna Leitura Livre | Jornal Itaqui-Bacanga

Tempo de prosperidade

BATTISTA SOAREZ (Jornalista, escritor, consultor e professor universitário)

NOS ÚLTIMOS SEIS ANOS, tenho percorrido a Baixada Maranhense com grande admiração. Lagos, lagoas, rios, igarapés e riachos encantam qualquer pessoa que passa pela região. A partir de Alcântara — município com cerca de 26 mil habitantes e onde fica a base de lançamento de foguetes espaciais — as terras são produtíveis e, portanto, apropriadas para produção de várias culturas como, por exemplo, arroz, feijão, melancia, batata, fava, quiabo, maxixe, mamão, laranja e muitas outras. Além disso, bovinos, caprinos, ovinos e suínos também são culturas pontuadas na economia maranhense.

Somando-se a isso, o turismo e a pesca são atividades que se destacam no Maranhão, colocando o estado numa posição de desenvolvimento tão importante que desmente a estatística que o classifica como o mais pobre da federação. São 217 municípios. Todos com terras produtíveis. Sua população, já chegando a oito milhões de habitantes, só precisa de apoio financeiro para impulsionar a produção e fazê-la crescer em larga escala.

As linhas férreas e rodovias, construídas a partir dos anos 1960 e 1970, deram ao Maranhão uma infraestrutura totalmente favorável a uma nova configuração econômica. O estado foi ligado a todas as regiões do Brasil, o que proporcionou o escoamento da produção e o consecutivo crescimento da economia.

O investimento na agropecuária, no extrativismo vegetal e mineral e, ainda, em outras áreas colocam o estado num ritmo de crescimento vantajoso. Se há má gestão política, isso já configura uma outra questão totalmente à parte do potencial que o estado tem no setor produtivo. Agora mesmo estive nos municípios de Alcântara, Santa Helena e Turilândia. Conversando com moradores, ouço deles relatos animadores. Pequenos produtores — que não têm preguiça de trabalha — contam que investimentos simples e uma disposição assídua para por a mão na massa lhe garantem uma vida confortável e saudável financeiramente.

Algum tempo atrás, alguns problemas como, por exemplo, ambientais faziam com que a contribuição do estado no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil pontuasse apenas 1,3%. Baixíssima, segundo especialistas. E, de fato, o era. E não era para ser assim. Com isso, a participação dos principais setores da economia estadual registrava 63,5% no setor de serviços, 18,6% no setor agropecuário, 17,9% na indústria. A indústria no Maranhão, aliás, baseia-se nos setores metalúrgico, da madeira, no extrativismo, na alimentício e químico. Essa realidade vem mudando muito pouco nos últimos anos. Mas o Maranhão tem uma riqueza natural incomensurável.

Na agricultura, destacam-se culturas como a mandioca, o milho, a cana-de-açúcar, a soja, frutas e legumes. O Maranhão, portanto, tem um potencial produtivo muito rico. Ainda podem ser pontuados o turismo, já que o Maranhão tem belas praias e lenções em vários pontos do litoral. Além disso, o turismo cultural e religioso é um atrativo que chama a atenção do mundo.

O complexo portuário — integrado pelos terminais do Itaqui, da Ponta da Madeira e da Alumar — comanda mais de 50% da movimentação de cargas portuárias do Norte e do Nordeste. Os principais produtos exportados são alumínio, ferro, soja e manganês. Do total de 2,8 bilhões de dólares, 29% é de ferro fundido, 23% é de alumínio e suas ligas, 23% é de minério de ferro, 15% vem da soja, 6% vem da alumina calcinada e 4% vêm de outros. Já a importação, com 4,1 bilhões de dólares, 71% vêm do óleo diesel, 11% vêm do querosene de aviação, 6% vêm de adubo e fertilizantes, 3% vêm das indústrias químicas, 2% vêm das locomotivas e suas partes e 7% vêm de outros.

Em 2019, o PIB maranhense atingiu 97,340 bilhões de reais, sendo o 4º maior do Nordeste e o 17º maior do Brasil. De lá para cá, a economia vem atingindo uma realidade animadora. O setor de serviços, agora, já registrou 74% de representatividade, sendo que as atividades mais relevantes são administração pública (39,6%) e comércio (16,7). O setor da agropecuária apresenta o menor peso no valor adicionado (VA) total, que foi de 8,7% em 2019, antes da pandemia por Covid-19. Neste setor, destacam-se as atividades de lavoura temporária como soja, feijão, arroz, milho e algodão, cujo peso tem sido de 58,4%.

A pecuária tem registrado 28,3% e pesca e aquicultura têm pontuado 9,2%. A indústria, por sua vez, vem pontuando uma representação em torno de 17,3%, os serviços industriais de utilidade pública (conhecidos pela sigla SIUP) aparece com 31,2% e, enfim, a indústria da construção vem registrando 26,4%.

É importante considerar que as dez cidades com maior PIB no Maranhão concentraram mais da metade das riquezas do estado, com um percentual de 58,1% em 2018, revelando acentuadamente concentração de renda e desigualdade regional e de indicadores sociais. Os municípios maranhenses com maior PIB per capita são Tasso Fragoso, Santo Antônio dos Lopes, Balsas, Godofredo Viana (região de ouro explorada por uma empresa canadense) e Davinópolis.

O município de Alcântara, que faz parte da Região Metropolitana de São Luís, tem um grande potencial produtivo, mas que, por falta de iniciativa e gestão, se mantém inerte. Eu visitei vários povoados e conversei com moradores da área rural sobre o tema. Eles mostraram-me grande elevação de terras, uma incrível organização comunitária, mas reclamam que está faltando apoio público, mão de obra técnica, visão política e gestão. Alcântara tem potencial para ser um dos maiores municípios de produção e distribuição de produtos agrícolas para o mercado nacional e internacional. Está faltando apenas, como dizem os moradores, visão política e gestão publica.

BATTISTA SOAREZ

Jornalista, escritor, consultor e professor universitário.

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

BIOGRAFIA: EUGÊNIA MENDES CÂMARA | Por Sônia Maria Câmara

Cem anos de vida e felicidade
Nascida em 1922, Dona Eugênia Câmara comemora centenário com saúde e lucidez

 

Por Sônia Maria Câmara

 

Dona Eugênia Câmara comemora 100 anos de idade | FOTOS: Arquivo pessoal.

EUGÊNIA MENDES CÂMARA, carinhosamente chamada Dadá, nasceu no dia 13 de novembro de 1922, no povoado Enseada dos Bezerros, São João Batista no Maranhão.

A segunda dos sete filhos de Raimunda Mendes, sendo eles Maria de Lourdes (Lulu), Eugênia (Dadá), Levi, Belísia (Belinha), Julião, Miriam e José Manoel.

Dadá passou parte da sua infância no povoado onde nasceu, com sua mãe Raimunda e sua avó Cândida que era o referencial familiar para os seus netos.

Sua origem humilde não foi obstáculo para tentativas de uma vida melhor. Queria estudar, mas não era possível porque não havia escolas naquele lugar e estudar era privilégio apenas dos homens, uma vez que as mulheres eram educadas para serem donas de casa. Seu papel deveria ser aprender cuidar dos filhos e do marido.


Aos sete anos veio para São Luís, onde morou com sua tia e madrinha Ângela Araújo, no bairro Sítio do Meio, sendo matriculada na Escola Modelo Benedito Leite, cursando até a 4ª série do antigo ensino primário. Mas adquiriu um vasto conhecimento de mundo. Sua universidade foi a própria vida.

Aos 21 anos conheceu o jovem João Câmara, no bairro Diamante, encontrando-o normalmente. No entanto, aquele jovem, vindo de São Vicente Férrer, município da Baixada maranhense, com o objetivo de prestar contas com o serviço militar, procurou se informar sobre o endereço daquela senhorita para enviar-lhe uma carta, pedindo-a em namoro, pois o seu futuro marido era um homem de tradicional família de São Vicente Férrer, a família Marques Câmara, vinda da Ilha da Madeira, de Portugal, a qual teve um ancestral que por determinação da coroa portuguesa fixou-se no município de Peri-Mirim, no Maranhão.

Após um ano de namoro, Dadá casa-se com João Câmara e desse casamento nasceram dez filhos: Carlos Alberto, Sônia, Edna, Dalva, João, Flor de Maria (In Memoriam), Apolinária, Jomar, Anilde e Váldima.

Supermãe, além de seus dez filhos, adotou outras crianças, educando-as sem fazer distinção entre elas e os seus filhos biológicos.

Sempre preocupada com a educação dos filhos, foi capaz de desempenhar com muita sabedoria os papéis de mãe, professora e, às vezes, psicóloga, tendo como base os princípios da ética e da honestidade, valores imprescindíveis para a boa formação do ser humano.

Em 1956 mudou-se, com toda a família, para um povoado em São Vicente Férrer, lugar onde seu esposo nasceu, permanecendo lá por quatro anos.


No início de 1960, a fim de que seus filhos pudessem estudar, resolveu fixar residência em São João Batista. Logo que chegou no município, a primeira providência a ser tomada foi sair em busca de escolas para matricular seus filhos. Mas conseguiu organizar, em sua própria casa, uma escolinha com duas salas de aula multisseriadas, contando com a ajuda de um representante político, partido PTB, o Sr. Procópio Meireles, que remunerava duas professoras alfabetizadoras: Violeta Meireles e Maria Souza Coelho. A escola foi denominada de Escola Trabalhista Brasileira.

Em São João Batista desenvolveu várias atividades tais como: professora alfabetizadora, costureira e parteira. Mas a sua maior dedicação, durante vinte anos (1960-1980), foi o trabalho de parteira. Este trabalho tornou-se tão intenso que era necessário sair de casa às altas horas da noite, transportada em canoas ou a cavalos, meios de transporte da época, para prestar atendimento a mulheres em povoados distantes.

Prestava, também, atendimento, em sua própria residência às gestantes que iam verificar a posição do bebê na barriga, bem como receber orientações acerca da gravidez e o parto.

A fim de uma melhor qualificação para o trabalho, Dadá fez um estágio na maternidade Benedito Leite, em São Luís, no final dos anos 1960.

Em São João Batista, conquistou a amizade da população e das autoridades locais, nutrindo, com todas as pessoas, um bom relacionamento.

Mulher religiosa que, movida pela fé, construiu, com a ajuda de três amigos, uma igreja católica (Igreja Nossa Senhora Aparecida), no bairro Paulo VI, existente ainda hoje.

Seu retorno a São Luís concretizou-se em 1980, residindo no Conjunto Vinhais até os dias atuais, sendo visitada diariamente por pessoas amigas e conterrâneos.

Aos 100 anos, ainda lúcida e com tanta experiência de vida, é capaz de orientar seus filhos, netos e bisnetos.

Faz tudo o que é possível para manter a família sempre unida, comemorando aniversários e outras datas festivas com almoços e jantares.

Com grande satisfação, sempre repete em suas conversas diárias: “tenho dez filhos, vinte netos e dezesseis bisnetos!”

Mulher extrovertida, de temperamento assumidamente forte, determinada, mas generosa. Sente-se feliz e abençoada por Deus por ter criado os seus dez filhos, orientando-os a fim de que alcançassem seus próprios voos, uma sensação de dever cumprido!

Sua imagem engrandece seus familiares, seu exemplo de vida dignifica seus filhos e suas futuras gerações!

 

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CEM ANOS DE VIDA CRONOLÓGICA
Fatos de uma joanina legítima.

Por Jomar Câmara

 


Um dia nasceu uma menina, um ser, uma esperança, uma vida.

O tempo passou, já não temos os brilhos e raios de sol do ontem, nesta estrada.

O corpo físico perdeu seu vigor, nasceu a fraqueza nos ossos;

Com fala singela, bem lenta vejo a ternura do passado.

 

Inquieto renovo meu olhar, mais uma vez com admiração;

chego no fim de um pensamento sem fim.

Como foi a primazia dessa jornada,

nosso Criador bem o sabe.

 

Cada dia é o liame entre a existência do passado e o quase vigor do agora.

Nada se pode fazer, assim é o folego da vida na terra.

Caminhei, pensei, orei, fiz uma prece, encontro o mundo a meu redor.

Quem pode trilhar essa estrada da vida?

A eternidade, bem quero, não depende de mim.

 

Nossa missão foi construir o alpendre;

De tudo que de sorte surgiu com ela;

Eugenia Mendes Câmara, uma joanina, vinda da Enseada do Bezerros;

Mãe de dez filhos, varoa ungida, que mulher!

Quase perfeita. Para os filhos uma Santa.

 

Tudo descrito, não temo narrar, ela é nossa Mãe, uma heroína.

É teu aniversário, completas cem anos, Dona Dadá.

Parabéns senhora, de todos e por todos, sem lamento.

Estamos certo de tudo, do amor do Eterno Pai em ti.

Lembramos da longeva vida. Só nos cabe agradecer e amar.

Tu és minha e nossa mãe, eternamente nossa Rainha.

 

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Artigo: HOMOFOBIA X CRISTOFOBIA | — Pr. Battista Soarez

Homofobia versus cristofobia

Moralidade civilizatória ou promíscuo-perversão da sociedade?


Por Pr. Battista Soarez
(Escritor, jornalista, psicanalista e professor)


FOTO: Divulgação/Internet | Imagem meramente ilustrativa

A luta da sociedade cristã é pela referência à condição de cidadão de bem como parte integrante do Estado. A igreja cristã, baseada em princípios universais e infalíveis (eternos) da justiça de Deus (leia o evangelho de Mateus, capítulos 5, 6 e 7), prima por obrigações cívicas e deveres igualmente cívicos.

Aliás, o que a igreja genuinamente cristã quer é que os valores e princípios sociais se desenvolvam a partir da honra à pátria. Que a sociedade, como um todo, demonstre honra pela pátria e sentimento cívico e patriótico na coletividade.

Mas o que estamos vendo e enfrentando atualmente é um poder obscuro e transloucado lutando pela avacalhação geral da sociedade. Têm surgido grupos sociais de mentes pervertidas tentando implantar uma sociedade igualmente pervertida. Na cabeça promíscua desses grupos, não bastam os pervertidos. É preciso perverter, também, os não pervertidos e obrigar perverter os que não querem ser pervertidos.

Infelizmente, isso é o que vem acontecendo no embate homofobia x cristofobia no Brasil. Grupos de pessoas que parecem odiar a Deus e seus princípios de justiça. Uma gama de gente compactuada com o demônio (inimigo de Deus e das nossas almas) está buscando combater os princípios reguladores da sociedade (fundamentados em justiça e equidade) em detrimento de uma sociedade totalmente promíscua e pervertida.

Nossa constituição federal prega liberdade de expressão. Mas a esquerda brasileira quer criar leis que impeçam as pessoas de falar. Li, em algum lugar, um ditado que diz que “o meu direito de esticar o braço termina na ponta do nariz da pessoa ao lado”. Ou seja, ao apontar o dedo para alguém, devo lembrar de que o outro também tem direitos. Logo, policiar minha conduta na relação com o meu próximo significa respeito, obrigação e cidadania (haja vista o conceito de cidadão ser amplo).

Essa história de orientação sexual deve ser refletida pelos ativistas da perversão e da promiscuidade antes que saiam por aí atropelando a ética, os bons princípios e a moralidade das pessoas normais, pessoas do bem. Quer ser promíscuo, pervertido e insano, seja. Fique à vontade. Mas lembre-se de que eu tenho o direito de ser normal e de expressar a minha fé em Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou por todos. Inclusive por quem quer ser delinquente sexual.

Ser homossexual é uma coisa. Ser pervertido, promíscuo, espalhafatoso, rabugento e neurótico sexual é outra coisa e não tem nada a ver com homossexualidade. Tenho excelentes amigos homossexuais e extremamente respeitadores.

Como psicoterapeuta e pesquisador autônomo (leia meus livros “E assim o amor acontece” e “Ser cristão em tempo de crise”), estudei a fundo a homossexualidade, inclusive do ponto de vista da ciência genética e da neurociência para ajudar amigos e pessoas da igreja. Sei da complexidade cromossômica que envolve essa matéria. Mas, a bem da verdade, o que estão fazendo com essa tal de “ideologia de gênero” é simplesmente violência social. E isso ultrapassa todos os limites da anormalidade.

Freud dizia que “negar a própria sexualidade é negar a própria existência”. Mas isso não quer dizer que eu deva sair por aí violentando a sociedade com o meu pensamento sexual. E as instituições governamentais, por sua vez, não devem formalizar leis que venham incitar a violência entre grupos sociais em nome de uma ideologia sem comprovação científica. Aliás, é uma ideologia agressiva e hostil. Insana, até.

Entendo que cada um tem o direito de fazer o que bem entender da sua vida sexual. Mas que isso fique apenas na individualidade de cada indivíduo. Ninguém precisa expor ou publicizar sua sexualidade e protagonizar o ridículo.

A “parada gay”, por exemplo, da forma como é feita, é um total desrespeito à sociedade. É um verdadeiro estupro à boa ética, aos bons princípios, à consciência e à normalidade social. Ninguém ver por aí “parada heterossexual”. Por que que o heterossexual celebra sua sexualidade entre quatro-paredes e o homossexual tem que ir às ruas protagonizando o ridículo, perturbando a ordem pública?

Sexualidade é uma questão biológica, constituição cromossômica e administração hormonal. A pergunta é: será que todos os homossexuais e simpatizantes se sentem representados quando veem um cristo beijando outro homem na cruz ou um crucifixo ser introduzido no ânus de outro? Não há homossexuais que se consideram cristãos? O que há de normal ou engraçado nos espalhafatos gays? Por que os travestis são espalhafatosos e os transexuais não? Aliás, os transexuais sentem-se mulher. É uma questão interna, psicobiológica. São respeitadores e não expressam trejeitos debochados e transloucados.

É de fundamental importância que nos respeitemos uns aos outros, principalmente no que concerne a direitos e verdades individuais. Cada indivíduo tem o direito de fazer da sua vida o que bem entender, desde que observe e respeite a boa ética, as boas maneiras e os direitos que assistem à coletividade. Aquilo que agride aos outros deixa de ser direito e passa a ser desrespeito e violência. Portanto, o homossexual tem o direito de viver de acordo com a sua opção sexual; o hetero tem o direito de viver a sua sexualidade; o cristão tem o direito de expressar a sua fé em Deus; e, assim, sucessivamente.

Deus criou o ser humano, assim como criou todas as coisas. Infelizmente, o ser humano, criatura de Deus, tornou-se rebelde. E muitos, desgraçadamente, servem a satanás, isto é, com a sua maneira de pensar, com o seu comportamento delinquente e com a sua ingratidão.

Você já se perguntou o que seria do mundo sem Deus? Sem igreja? Sem um pingo de moralidade? E mais: você já se perguntou o que será da sua alma após a morte? Segundo as Escrituras Sagradas, só há dois destinos eternos: o céu (paraíso de gozo no porvir) e o inferno (lago de fogo e enxofre, onde haverá choro e ranger de dentes), conforme o Evangelho segundo Mateus (13.42).

Estão atacando a boa ética social e sagrada, a família, a igreja e os princípios cristãos em nome de uma tal ideologia de gênero. Você crendo ou não, Deus existe e a justiça dele vai cobrar de você na eternidade. Se você morrer em desobediência e rebeldia, saiba de uma coisa: depois da morte, não haverá mais arrependimento. Não haverá mais jeito para a tua alma. Portanto, a salvação é uma escolha que deve ser feita em vida.

Quanto aos cristãos, uma palavra: não é todo homossexual que é cristofóbico. Têm homossexuais corretos, que expressam sua fé em Jesus Cristo e, em meio a tudo isso, são respeitadores e cumprem seus deveres e obrigações corretamente. E mais: eles sofrem com a situação. Portanto, estudem a ciência, a genética, os cromossomos, a administração hormonal de cada tipologia biológica e torne-se um instrumento de Deus na vida das pessoas, independentemente da natureza do problema que elas têm. Afinal de contas, você foi chamado por Deus para ser agente de bênção e solução. E não para ser chicote, nem palmatória do mundo.

Quanto às autoridades que querem meter goela abaixo da sociedade comportamentos devassos e desajustados de pervertidos sociais, apliquem isso na sua casa, para você mesmo. Mas não agrida a coletividade em nome da tal ideologia de gênero, que não tem nenhum fundamento científico e nem lógica alguma. Isso não tem nenhuma graça. Nenhuma eficácia benéfica. Só resulta em desconfortos sociais e violência.

Por outro lado, o evangelho de Jesus é para todos, desde que todos aceitem chegar ao pleno conhecimento da verdade. Afinal, Jesus Cristo é o único caminho que conduz o homem para a vida eterna. Por isso o evangelho deve continuar sendo pregado para que todos possam conhecer a verdade divina.

Pregar o evangelho da verdade não quer dizer que o cristão seja homofóbico. Mas significa que Deus é poderoso e misericordioso para perdoar e salvar qualquer pecador, fazendo-lhe justiça eterna.

Ofender uns aos outros em razão de ideologias, pensamentos e filosofias não é o caminho para se endireitar as coisas e construir a paz social. Isso só vem causar dor a muita gente e estrago nas relações sociais. Portanto, respeito, respeito, respeito. Tolerância, tolerância, tolerância. Estas palavras não têm preço. Só promovem o bem e a harmonia social.

Quem ofende e odeia em nome de Cristo é tão patológico quanto quem ofende e odeia em nome das suas opções sexuais. E vice-versa. Jesus dá vida a quem não tem vida. Jesus salva a quem está perdido. Jesus ama mesmo aquele que pratica o ódio. Se você acha que deve combater a homofobia, faça-o. Mas não use isso como desculpa para ser cristofóbico e cair no ridículo, sair por aí como um desvairado sem limites de ânimo. Enfim, não seja um delinquente social, desvairado ou pervertido. Seja plenamente normal. Exija seus direitos, mas sem violência. Exija, por exemplo, leis que obriguem as autoridades governamentais a construírem banheiros públicos para a comunidade LGBT. E não saia por aí causando desconforto e correndo riscos.

 


domingo, 7 de agosto de 2022

Artigo: ESTEVAM ÂNGELO DE SOUZA | Pr. Battista Soarez

Estevam Ângelo de Souza
O que aprendi com a vida de um servo


Pr. Battista Soarez
(escritor, teólogo e jornalista)


Pr. Estevam Ângelo de Souza | FOTOS: Divulgação/Interner/Battista Soarez

ONTEM, dia 2 de agosto de 2022, participei do culto em ações de graças pelo centenário de nascimento do pastor Estevam Ângelo de Souza. Na oportunidade, fui agraciado como ocupante da Cadeira Nº 21, da Academia Ateniense de Letras Ciências e Artes, cujo patrono é o pastor Estevam Ângelo de Souza. A indicação foi do presidente da academia Dr. João Bentivi. Sinto-me ricamente honrado. Durante todo o culto passou um filme na minha cabeça. Não parava de olhar para a família daquele que foi meu pastor de 1983 — ano em que me converti ao Senhor Jesus Cristo — até o dia 14 de fevereiro de 1996, ano em que o servo do Senhor partiu para a glória entrando no descanso eterno. Aliás, até a expressão “servo do Senhor” nos foi ensinada pelo pastor Estevam, e nesta expressão está impressa a imagem do único homem que conheci no qual eu, de fato, vi humildade.

Culto no Templo Central da AD em São Luís em homenagem ao Pr. Estevam

A família do pastor Estevam é a minha família. Porque por esta família eu sempre fui acolhido e bem tratado. Todas as vezes que visito a irmã Giseuda, a viúva, o dia se torna pequeno para tanta conversa. Os relatos acerca de sua experiência ao lado de um dos maiores líderes cristãos de todos os tempos são verdadeiros conselhos ao nosso crescimento espiritual. O pastor e jornalista Benjamin Lima de Souza, filho do pastor Estevam, sempre fala comigo ao telefone. E, então, relembramos os anos de aprendizado e crescimento espiritual durante o pastorado do seu pai e pastor exemplar. Éramos todos jovens. Jovens, mas sempre atuantes na oração e na evangelização.

Pr. Estevam Ângelo de Souza e esposa Giseuda Lima de Souza

No culto de ontem, Benjamin destacou alguns pontos importantes sobre a vida do seu pai, externando algo bastante pertinente e necessário que fosse falado:

— Não adianta querer apagar a memória do meu pai. Não se pode apagar a memória de um homem que foi chamado por Deus para fazer a sua obra e que deixou o seu legado.

De fato. Não tem como apagar o brilho que ele deixou com seu exemplo e sua dedicação ao evangelho de Jesus. Todas as autoridades no Maranhão e no Brasil o respeitavam. Lembro de quando fui morar no Rio de Janeiro, levei uma carta de recomendação assinada pelo pastor Estevam. Chegando lá, fui congregar na Assembleia de Deus em Cordovil onde apresentei a referida carta numa noite de domingo. O pastor da igreja apresentou muita gente, vinda de vários estados do Brasil, deixando a minha carta por último. Igreja lotada. E ele, então, destacou:

— Agora, irmãos — disse o pastor segurando a carta aberta ao lado do microfone — temos uma carta aqui assinada pelo pastor Estevam Ângelo de Souza, do Maranhão, a maior referência eclesiástica do Brasil, recomendando o irmão João Batista Pestana Soares. Onde está o irmão João Batista? Fique em pé e levante a mão para que a igreja o conheça.

Eu estava na galeria e, claro, fiquei de pé e levantei a mão.

— Peço que toda a igreja fique de pé, por favor — continuou o pastor. — O irmão ao lado dê um abraço no irmão João Batista em nome de toda a igreja aqui em Cordovil.

Recebi, então, o abraço do irmão e o pastor continuou:

— A igreja quer receber o irmão João Batista Pestana Soares como usam fazer os santos em nome de Jesus?

Todos, de mãos levantadas, disseram “amém”.

— Irmãos — concluiu o pastor — um crente recomendado pelo pastor Estevam a gente pode receber sem receio. São pessoas que nunca dão trabalho.

Exemplos como este justificam perfeitamente as palavras do pastor Benjamin. “Não se pode apagar a memória de um homem a quem Deus chamou para a sua obra e que deixou o seu legado”.

Lembro-me de quando cheguei em São Luís, em 1983, e fui ao culto de mocidade no Templo Central. Era uma noite de quarta-feira. E a primeira pessoa que veio falar comigo foi Ezequias, filho do pastor Estevam. Com ele vieram, também, os jovens Elizeu, Eudes Alencar e outros jovens da época, muito atuantes na obra de Deus. Naquele dia começou a minha trajetória na Assembleia de Deus em São Luís. Então, passei a ouvir e a absorver um aprendizado que, honestamente, nunca consegui em qualquer outro lugar.

As vezes em que sentei com o pastor Estevam, ouvi dele grandes lições, grandes conselhos e palavras de aprendizado que nunca esquecerei. Ele foi o meu primeiro crítico literário. Pois foi ele o primeiro intelectual que leu um texto escrito por mim e fez as devidas observações. Isso foi em 1987. Eu entreguei nas mãos dele os manuscritos do meu primeiro livro. Ele os leu e, num certo dia, me chamou à sua sala no Templo Central, e entregou-me de volta os originais, com uma carta anexada que dizia o seguinte:

— Prezado irmão João Batista Pestana. Li e apreciei com carinho os originais da sua obra literária. Sem sombras de dúvida, creio que está provada a sua vocação para o ofício de escritor. Contudo, tenho algumas observações a fazer. Seu texto é de natureza histórica e não inspirativa. Isso requer alguns cuidados. Sugiro que o irmão deva continuar estudando, pesquisando e se aperfeiçoando em redação. Não se esqueça de fazer as devidas citações da fonte pesquisada (bibliografia) para não incorrer em plágio. Pois isto costuma criar problema muito sério. Fui informado de que Olavo Bilac passava seis meses burilando um soneto. Isso significa que quando escrevemos e publicamos estamos sujeitos às observações críticas dos sábios. E, por vezes, são críticas impiedosas. Oro para que o irmão tenha pleno êxito na sua vocação.... Do seu pastor e servo Estevam Ângelo de Souza.

Recebi a pasta com os originais de volta e fui para casa triste, lendo e relendo aquela carta, imaginando que tinha sido reprovado quanto ao ofício de escritor. Chegando em casa, engavetei os originais e não peguei mais naquele texto, desistindo da ideia de publicar aquele livro.

Dias depois, cruzei com o pastor Estevam no final de um culto. Ele segurou no meu ombro e disse-me, olhando no meu rosto e expressando meio riso:

— Cadê o livro? Já corrigiu?

— Ah, pastor! — disse eu, meio acabrunhado. — Eu desisti depois da sua carta. Acho que o meu talento para escrever não passa de reportagens e artigos para jornais.

Foi quando ele fixou bem firme nos meus olhos e asseverou:

— Não, meu irmão! Não faça isso. Não desista nunca. O que escrevi para o irmão foi apenas para ajudá-lo. O que eu disse para o irmão foi o mesmo que falei para o pastor Raimundo de Oliveira, uma certa vez em que ele me entregou uns originais exatamente como o senhor fez. Ele entendeu e não desistiu. Continuou escrevendo e hoje é um grande escritor da CPAD.

Fui para casa reanimado. Voltei a escrever e, tempos depois, pastor Estevam estava redigindo uma carta a próprio punho me recomendando para fazer parte da equipe de jornalismo da CPAD, no Rio de Janeiro, onde exerci a função de revisor de livros e, depois, jornalista-correspondente da editora no norte e nordeste do Brasil. A partir daí, passei a escrever livros e, hoje, minha obra literária está presente nas vitrines de todo o país e também no exterior. Os conselhos do pastor Estevam eram palavras proféticas e de bênçãos para nós.


Quando da minha viagem ao Rio de Janeiro para trabalhar na CPAD, ele deu-me alguns conselhos. Dentre os quais, ele me disse:

— Não diga a ninguém que você está trabalhando na CPAD. Deixe que, com o tempo, as pessoas aos poucos vão sabendo que você está lá. Mas, aí, você já criou raízes. Nunca se deve falar a outrem nossos planos e conquistas. Sabe por que, irmão João Batista? Inveja é o único feitiço que pega em crente.

Outra vez, numa palestra para jovens, na qual eu estava presente, ele lecionou:

— Não confunda poder de Deus com barulho. Pois lata vazia faz mais zoada do que uma cheia.

Das lições que aprendi com o meu pastor Estevam Ângelo de Souza, posso destacar o fato de que a igreja de Cristo poderia ter aprendido mais dele, aproveitado mais seus ensinos. Pastor Estevam me ensinou que a igreja de Jesus não é o único instrumento por meio do qual Deus age no mundo. A igreja é apenas uma parte do mundo, aquela que reconhece o Senhorio de Jesus Cristo, Filho unigênito do Deus Altíssimo.

Hoje compreendo perfeitamente que a igreja é a casa de Deus. Mas ela é a casa de Deus somente enquanto existe para os outros (o próximo), em busca de viver para os outros, isto é, para ajudar as pessoas a se encontrar consigo mesmas, a se encontrar com Deus e a se deixar encontrar por Ele. Pastor Estevam vivia todos os dias em causa dos outros e nunca usava o pronome pessoal “eu”, mas sempre o pronominal “nós”, totalmente desprovido de egoísmo e/ou de absolutismo individualista e ensobesmático. Se, hoje, alguns dos seus discípulos são voltados para dentro de si mesmos não aprenderam com Estevam Ângelo, nem absorveram nada deste homem de Deus.

Com o pastor Estevam eu aprendi aquilo que Dietrich Bonhoeffer sempre dizia nas suas exposições sermonárias: é necessário que a igreja possa dizer às pessoas de todos os tempos e de todas as profissões o que significa “viver com Cristo e estar disponível para outros”.

Baseado nisso, hoje me pego a pensar: será que ainda em nossos dias é a hierarquia eclesiástica que nos garante a perenidade da igreja de Jesus? Ou a perenidade é garantida por sua origem divina?

Acho que a resposta para isto poderá ser extraída dos ensinamentos que o pastor Estevam Ângelo de Souza nos dava — para os jovens da época — nas tardes do último domingo de cada mês: sem excluir esta ou aquela afirmação, hoje somos mais inclinados a afirmar que a vitalidade e a perenidade da igreja são provenientes do Espírito Santo, que vive e vivifica os que crêem, esperam e amam. É o Espírito quem suscita, vivifica e revitaliza as comunidades, as quais sustentam a presença da Igreja do Senhor no mundo, de modo sempre novo, como se fosse uma nova realidade.

Nosso pastor Estevam Ângelo de Souza deixou claro que esta verdade cristã, bíblica e neotestamentária nos fala mais alto do que a organização e a estrutura da igreja, embora ele tenha construído 1051 igrejas no Maranhão. Aliás, este foi um dos assuntos que ele falou comigo no último encontro que tivemos antes de eu ir para o Rio de Janeiro. Posso dizer que com o pastor Estevam Ângelo aprendi, ainda, que a igreja de hoje necessita atrair a atenção do mundo inteiro porque ela está nele como “sinal”. É ao mundo moderno — ao mundo da comunicação sem fronteiras e sem limites — que ela, a igreja de Jesus, necessita se dirigir, expressando-se na linguagem de hoje para o hoje, com os meios de hoje.

Com base nisto, posso acrescentar que a igreja usa, emprega, serve-se dos meios de comunicação, mas deverá ainda aprofundar a espiritualidade da comunicação na cultura hodierna. A igreja corpo-de-Cristo, sem espiritualidade, é apenas corpo-social e mera instituição.

Sempre que viajo pelo interior do Maranhão e tenho a oportunidade de pregar numa igreja Assembleia de Deus, ou de conversar com algum pastor que conviveu ou foi instruído pelo pastor Estevam Ângelo de Souza, ouço que o pastor Estevam era um homem durão e legalista. O que certamente não procede. Pastor Estevam era conservador das doutrinas bíblicas, as quais ele chamava de “sã doutrina”. Mas ele não era legalista. Ser conservador é uma coisa. Ser legalista é outra coisa bem diferente.

Legalismo, do ponto de vista religioso, é fanatismo, é fixação de ideias imperialistas. Portanto, todo legalista é fanático. E todo fanático tem um zelo religioso obsessivo, exagerado, doentio que pode levar a extremismos de intolerância. Ao passo que ser conservador é ter convicção dos princípios bíblicos e deveres cristãos espirituais. E ter convicção dos princípios bíblicos e deveres espirituais é viver a vida abundante em Cristo Jesus, o Senhor. E é exatamente isto que define a pessoa do pastor Estevam na sua relação com Deus e sua vida ministerial.

Portanto, com base no que o pastor Estevam nos ensinou, hoje entendemos que, como líder cristão, sua maior preocupação era fazer com que todos fossem discípulos do Senhor Jesus, dedicados à unidade do Corpo de Cristo e ao serviço de comunicar as boas novas do Evangelho. Sua vontade era que a igreja Assembleia de Deus no Maranhão testemunhasse a martyria, que abrisse suas portas para que seus filhos e suas filhas entrassem em casa e nela trabalhassem a diakonia e, fazendo-se irmãos e irmãs uns dos outros, vivessem harmoniosamente a koinonia (a comunhão e a partilha). E, enfim, com seu jeito simples, conservador e íntegro, o pastor Estevam Ângelo de Souza nos ensinou que o elemento decisivo da Igreja de Jesus Cristo é o Espírito Santo que nela habita e age mediante a entrega total e generosa de todas as pessoas crentes que lhes são dóceis.

Desta maneira, o pastor Estevam foi quem mais nos ensinou acerca do Espírito Santo, sua presença e seu agir no mundo.