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segunda-feira, 3 de setembro de 2018

ELEIÇÕES 2018


O CASO DA JUIZA E O GOVERNADOR

Por Battista Soarez
(Jornalista, escritor, sociólogo e especialista em marketing de mercado globalizado).

O que a juíza da 8ª Zona Eleitoral de Coroatá, Anelise Nogueira Reginato, fez, decretando a inelegibilidade do atual governador do Maranhão e candidato à reeleição pelo PCdoB, Flávio Dino, é uma coisa que jamais um magistrado deveria fazer. Talvez muito bem orientada pela oposição, Anelise assinou uma sentença que também decreta a inelegibilidade do ex-secretário de articulação política e candidato a deputado federal, Marcio Jerry. E ainda cassa o diploma do prefeito Luís Mendes e do seu vice-prefeito Domingos Alberto, da cidade de Coroatá.
A decisão é meio estranha porque, sendo de primeira instância, não impede a candidatura de Dino e Jerry nas eleições de 2018. Os dois podem recorrer. Flávio — que, se quisesse, poderia não dizer nada — resolveu usar o Twitter. O governador do Maranhão criticou a decisão no seguinte tom: “Amanhã irei pleitear normalmente meu registro ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral), que será deferido nos termos da lei. E semana que vem vamos começar mais uma bela campanha alegre, propositiva e vencedora”. A fala de Dino demonstra tranquilidade porque ele sabe que, como juiz, domina muito bem o conhecimento jurídico e, portanto, sabe direitinho como se defender diante de possíveis ataques, como esse aí de uma juíza de primeira instância que, no mínimo, deveria reunir mais elementos probalísticos para poder arquitetar sua peça.
O argumento de Anelise Nogueira Reginato foi de que houve abuso de poder econômico, político e administrativo por parte da campanha de Luís Mendes e Domingos Alberto, no ano de 2016. Segundo a juíza, o Programa “Mais Asfalto” foi utilizado para beneficiar a candidatura dos atuais Prefeito e vice-prefeito de Coroatá. E que há prova de que Flávio Dino fez uma afirmação condicionando o trabalho de asfaltamento na cidade à eleição de Luís Mendes.
Ela se baseou, e mal (com todo respeito à magistratura), no pronunciamento de Dino no qual ele teria dito: “Coroatá precisa — para ter as portas do Palácio dos Leões abertas a esse que está aqui do meu lado — é desse candidato; este amigo; é este companheiro”, entendendo que o governador estaria se referindo ao representado Luís Mendes Ferreira Filho.
Anelise Nogueira cita ainda uma manifestação do ex-secretário Marcio Jerry, em nome de Flávio Dino, na qual ele se refere ao fato de que eles empenhavam apoio aos então candidatos a Prefeito e Vice-Prefeito e que, em razão disso, o asfaltamento da cidade chegaria “com as eleições do (...) dia dois de outubro”. Não vejo nada de errado, a não ser perseguição e uma baita orquestra de inconformismo político. Dino é jovem, sábio e tem muita força de vontade no quesito “fazer” e “crescer”. É fato.
Quando a sentença se refere à degravação apresentada pela coligação, que estaria apontando que as obras só aconteceriam caso houvesse a aliança do prefeito com o governador do Estado, a juíza não explica muita coisa a não ser o fato de que, segundo ela, “consta expressamente dessa degravação que a aliança do Prefeito do Município com o Governador do Estado é que faria com que ‘as ações se intensifiquem, possa invadir mais áreas criando um novo movimento na vida do povo de Coroatá’. Logo, depreende-se claramente de toda a manifestação feita pelo representado Marcio Jerry que o asfaltamento do município de Coroatá somente teria continuidade se fosse eleito prefeito do município o representado Luís Mendes Ferreira Filho”. A redação ficou confusa e dificilmente na segunda instância tal processo terá êxito.
É estranho que essas denúncias, de cunho meramente político, só aconteçam às vésperas de eleições. Parece que a classe de acusadores, a serviço de uma política espúria e desonesta, debulham todo o seu ódio político somente quando chega o momento de se decidir, nas urnas, quem vai governar. A juíza também aplicou multa de R$ 329.390,00, numa evidente demonstração de que o que está em jogo é o dinheiro e o poder. Infelizmente. Ninguém está pensando no povo. Essas coisas acontecem apenas por questões partidárias e nada mais.
Em nota, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) fez uma leitura acertada da intenção da juíza Anelise. Ele informou que a ação movida visa desestabilizar o processo eleitoral e que a fragilidade da decisão judicial está exposta por basear-se em uma suposta prova de 2018, que comprovaria suposta irregularidade cometida dois anos antes. De fato. A nota diz ainda que certamente a sentença não tem nenhum valor jurídico e será anulada.
Eu tenho dito que o problema desses juízes é não gostar de estudar. Agem por emoção e por conveniências de interesses estranhos. Eles se formam, passam em concursos públicos e passam a atuar apenas com foco no dinheiro que ganham (inclusive pago, por outras vias, por quem detém o poder econômico) e deixam de interpretar a lei corretamente em favor da Justiça. Tudo o que eles fazem vai de encontro com a Justiça de fato. Até as leis já são elaboradas de uma maneira incoerente, seguindo uma lógica estranhamente contrária ao que indubitavelmente se entende por justiça. Por que não atuam com imparcialidade, como manda a lei e o princípio do direito. Ele precisa julgar e decidir a demanda judicial com a finalidade de revelar a parte que tem razão em conformidade com as leis e com os costumes, visando atender ao fim social da legislação e às exigências do bem comum. Por isso o juiz tem de ter tino, bom senso, capacidade de julgar com imparcialidade e justiça.
Para isto, diz o princípio jurídico, ele precisa gostar de ler, ser dedicado aos estudos, ter boa memória, capacidade de reflexão, poder de argumentação, associação de ideias e vocação humanitária. Além disso, é importante que tenha autoconfiança, autocontrole, capacidade de agir sob pressão, capacidade de síntese, equilíbrio emocional, sensibilidade, alguém que faz bom uso da razão. Mas, na prática, o que se vê são coisas bem diferentes, algumas chegam a ser esdrúxulas.
Contradizendo as acusações da juíza Anelise, um estudo nacional do portal G1, do Grupo Globo, mostra que o governador Flávio Dino foi o que mais cumpriu os compromissos de campanha em todo o Brasil. O levantamento diz que Dino cumpriu ou está cumprindo até agora 94,59% de todos os compromissos anunciados antes de assumir o cargo. Dos 37 compromissos avaliados pelo portal do Grupo Globo, 35 deles foram considerados cumpridos integralmente ou estão em cumprimento. Isso equivale a uma taxa de 94,59% de eficiência. A pesquisa ainda diz que o governador que fica mais perto de Flávio Dino no levantamento do G1 é o de Rondônia, com 87,88%. Em seguida, vêm o de Goiás (86,36%), o do Ceará (85%), o do Pará (83,3%) e o de São Paulo (79,41%). Entre as promessas cumpridas, estão as de criar escolas integrais, abrir novos hospitais, criar nova universidade, aumentar o número de policiais e adotar transparência na gestão.
Isso a magistrada não viu. Não viu porque a venda da “orientação” política não permite. É tanta imparcialidade dos operadores da justiça que a gente já não consegue mais nem raciocinar direito.
É importante informar que o ranking do G1 é divulgado anualmente desde 2015, sempre no início do ano. Desta vez, o G1 fez a divulgação na metade do ano como parte do material especial da cobertura eleitoral. No levantamento anterior, divulgado em janeiro, Flávio Dino já aparecia no topo da lista, acima de todos os outros governadores do país. Agora ele manteve a posição já conquistada.
Sempre digo aos meus alunos da universidade que há dois tipos de governo: governo de coerção social, e governo de coesão social. O governo de coerção social, segundo Émile Durkheim, representa a força que os fatos sociais exercem sobre os indivíduos levando-os a conformar-se com as regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua vontade e escolha. Como, por exemplo, adoção de idioma, tipo de formação familiar, código de leis, uso de talheres nas refeições, o salário que o Estado estabelece, a saúde que ele oferece, a educação que ele proporciona, etc. O governo de coerção social impõe sua ideologia por meio de forças coercitivas como o juridicismo e as ações militares.
Por outro lado, o governo de coesão social, segundo a sociologia, é aquele que dá sentido de pertença a um espaço comum ou o grau de consenso dos integrantes/membros de uma comunidade. Dependendo da interação social no seio do grupo social, haverá maior ou menor coesão. Trata-se de um governo de diálogo que reúne carisma e persuasão na sua relação com o povo. Assim, ele administra seu poder e ainda é admirado pela sociedade. O termo, em si, representa política de cooperação adotada pela União Europeia, que, por exemplo, reúne e analisa ações nas áreas social, econômica e territorial impostas sob regulamento comum.
Flávio Dino parece ser um governo de coesão social. Porque tende pregar uma sociedade igualitária (equitativa), harmoniosa e justa, defendendo um grau substancial de coesão social.  Uma vez que os integrantes fazem parte de um só e mesmo grupo com interesses e necessidades comuns, Dino disciplina sua equipe de governo a ter um comportamento administrativo coeso.
No entanto, se a sociedade apresentar uma grande desigualdade, não haverá coesão social e os cidadãos terão condutas contraditórias. Para ter êxito, Dino precisa colocar as instituições de massa — entre elas a educação e a comunicação — a serviço desse estilo carismático de governar. Quanto à juíza Anelise Reginato, ela precisa ler e entender de sistema de governabilidade e ideologia política, antes que passe esse tipo de vexame em sentenciar um governador que também foi um dos juízes mais preparados deste país. E que, diga-se de passagem, entende tudo sobre manobras juridicistas, principalmente aquelas que tentam desestabilizar um grupo em detrimento de outro.

terça-feira, 7 de agosto de 2018

COMADEMA 2018

Evento em São Luís inaugura nova convenção da AD no MA
Nasce a Convenção da Assembleia de Deus no Estado do Maranhão (COMADEMA), ligada à CADB
Por Battista Soarez
De São Luís -MA


Será inaugurada nos dias 9, 10, 11 e 12 de agosto a Convenção da Assembleia de Deus no Estado do Maranhão (COMADEMA), presidida pelo pastor André Santos Souza, 58 anos. O evento acontecerá no Seminário Teológico Cristão do Norte, localizado no bairro do Anil, no Pingão. Na ocasião estarão presentes autoridades eclesiásticas, políticas, civis e militares. A COMADEMA é ligada à CADB (Convenção da Assembleia de Deus no Brasil), comandada pelo pastor Samuel Câmara, presidente da igreja-mãe em Belém do Pará.
Pr. André Souza ladeado pelos pastores
Ivan Bastos (esq.) e S. Câmara (dir.)

Segundo o pastor Elias Pinheiro Santos, primeiro secretário executivo da organização e membro da comissão organizadora do evento, a inauguração da COMADEMA será um impacto histórico no estado. “É um evento que pretende trazer esperança para muita gente que, hoje, se encontra sem norte e sem apoio. Muitos obreiros, por alguma razão, se encontram sem apoio e sem segurança no seu ministério, precisando de companheirismo e ajuda. Estão cansados de caminhar sozinhos. A COMADEMA trás uma proposta de unidade, pacificidade e fortalecimento dos vínculos fraternais e espirituais”, diz o obreiro.

O pastor André Santos Souza, presidente da COMADEMA, explicou ao blog LVR que “a expectativa da organização para o estado trás à tona novas propostas e contribuições para a denominação”, se referindo a projetos missionários e evangelísticos envolvendo ações de impacto tanto sociais como espirituais. “Vamos investir em relacionamentos, que é um princípio fundamental do evangelho de Jesus”, ponderou ele.

Veja, abaixo, entrevista com o presidente da COMADEMA, pastor André Souza, concedida a este jornalista.
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ENTREVISTA: Pr. André Souza

Pr. André Souza, presidente da COMADEMA

Leitura da Vida RealO senhor está presidindo uma organização ligada à CADB, que é comandada por um pastor que lidera a igreja-mãe em Belém do Pará, por onde começou a mensagem pentecostal no Brasil pelos suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren. Qual a importância da COMADAMA para o Estado do Maranhão? O que ela trás de novo em termos de missão e espiritualidade cristã para o estado?
André Souza — A história da Assembleia de Deus no Brasil já tem 107 anos. Durante todo esse tempo, muitas coisas aconteceram que trouxeram desenvolvimento e graça divina, mas também aconteceram coisas que precisavam de uma releitura no sentido de que pudesse ser feita uma avaliação no contexto geral de toda a igreja, inclusive da cultura doutrinária e de relacionamento entre os crentes em relação ao caminho que ela tomou ao longo dos anos. O evangelho que defendemos é um evangelho de inclusão, de santidade e amor a Deus e ao próximo. Amor este que não pode ser só de palavras, mas de fato e de verdade. E neste sentido, a COMADEMA/CADB inscreve um projeto sério de evangelismo, comunhão, restauração e cidadania para o Maranhão e para o Brasil. Não há espiritualidade melhor do que amar o próximo, cuidar do próximo e restaurar o próximo de acordo com o que a Bíblia nos ensina. A novidade é viver e anunciar as boas novas do evangelho que se renovam a cada dia.

LVRNo Maranhão já tem a CEADEMA, ligada à CGADB, da qual muitos pastores, cerca de 20 mil, se desligaram para acompanharem o pastor Samuel Câmara na decisão de fundar a CADB. Agora são duas convenções no estado da mesma denominação. Como fica essa relação?
AS — A relação fica a mesma de sempre. De amizade e amor cristão. Somos duas convenções, porém um só corpo em Cristo, como está escrito em Efésios capítulo 4 e versículos de 3 a 6. Somos duas organizações formadas por pastores amigos, crentes irmãos uns dos outros. Entre nós não há divisão. O que há é companheirismo, fraternidade, mutualidade e respeito. Como diz o texto bíblico aí citado, procuramos guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Pois há um só corpo e um só Espírito, como fomos chamados em uma só esperança da nossa vocação. A Bíblia diz ainda que há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos, e vive em todos. Isto é o que está no meu coração. Eu creio nesta verdade. Se eu não cresse desta forma, como as Escrituras nos ensinam, não estaria à frente de uma igreja. Eu amo todos os meus irmãos. Na obra de Cristo, somos colaboradores uns dos outros.

LVRE como vai ser a Convenção, que começa agora na quinta-feira, dia 9?
AS — O evento acontecerá no Seminário Cristão do Norte, aqui em São Luís. Fica logo ali no bairro do Anil, próximo ao posto de gasolina do Pingão, a poucos metros do Retorno da Forquilha. O evento vai do dia 9 até ao dia 12, ou seja, quinta, sexta, sábado e domingo. Estarão presentes os pastores Samuel Câmara, presidente da CADB, Ivan Bastos, presidente da Convenção da Assembleia de Deus no Espírito Santo, Jônatas Câmara, presidente da Assembleia de Deus no Amazonas, e outros pastores. Esta será a primeira reunião convencional da COMADEMA (Convenção da Assembleia de Deus no Estado do Maranhão), na qual iremos discutir muitos assuntos que serão importantes para o desenvolvimento da organização no estado.

LVRComo anda a procura de novos pastores para filiação?
AS — Muitos pastores têm nos procurado. Estamos de braços abertos para receber aqueles que realmente querem compromisso sério com Jesus Cristo e a sua obra. Para com os que têm nos procurado, nós temos sentado, conversado e explicado como funciona a nossa convenção, nosso projeto para o estado e para o país. Tudo é um processo.

LVRE quais são os critérios para filiação?
AS — Os critérios são, em primeiro lugar, o pretendente demonstrar que realmente tem caráter e compromisso com Deus e sua palavra. Temos uma comissão de ingresso, capacitada para as avaliações, entrevistas e orientação ministerial. A pessoa tem que comprovar conhecimento bíblico e vocação para o ministério cristão. É importante ter um curso teológico. E ajuda muito mais ainda se a pessoa tiver um curso universitário. Mas, acima de tudo, a pessoa tem que ter uma espiritualidade equilibrada e vocacionada para servir a Deus. Tem que ter senso de amizade, respeito, companheirismo, mansidão, mutualidade e capacidade para aconselhar, orientar e ajudar pessoas. Ser pastor é amar as pessoas, orientá-las e conduzi-las a Deus.