A
ENCRUZILHADA DE ROSEANA SARNEY
Nonato
Reis
Jornalista
Até 5 de agosto,
data limite de realização das convenções partidárias para definição das chapas
que concorrerão às eleições majoritárias e proporcionais de outubro, a
ex-governadora Roseana Sarney viverá um dilema dos bons: disputar o governo do
Maranhão num embate temerário com Flávio Dino ou concorrer a uma eleição
tranquila para o Senado Federal, que a trará de volta para o centro do debate
político.
Aparentemente
simples, a decisão não é fácil. Envolve toda uma engenharia política
arquitetada para dar vida ao combalido grupo Sarney. Roseana na cabeça da chapa
de governador estabelece um vértice para o amontoado de siglas em que se
abrigam remanescentes do antigo conglomerado. Hoje o único ponto em comum dessa
extensão insular é a oposição ao governo Flávio Dino, que pode mudar de lado a
qualquer hora, seduzida pelos atrativos do poder.
Com Roseana na
disputa, haverá uma comunhão de energias. Sem ela, o tecido já amolecido da
oposição transforma-se em geleia. De Roseana os aliados esperam desprendimento
e uma certa dose de sacrifício, coisa que ela não teve em 2014, quando,
contrariada no seu projeto de fazer Luís Fernando o seu sucessor, deixou de
concorrer ao Senado, jogando o grupo Sarney na mais completa orfandade.
Ocorre que enfrentar
Flávio Dino é um desafio exponencial - mais pelo aspecto estrutural do que
propriamente por desempenho político. Dino faz uma gestão apenas regular, em
que pese os alardes da propaganda oficial. A segurança pública permanece ruim;
a saúde, idem. Existem avanços pontuais na educação e na infraestrutura. Porém,
ele conta com o apoio indispensável da máquina pública, que nunca perdeu uma
eleição de governador no Maranhão.
Se a eleição fosse
hoje, teria certamente mais de 50% dos votos válidos, condição que o tornaria
governador já no primeiro turno. Roseana não alcançaria 30%, e os demais
candidatos somados chegariam no máximo a 15%, isto na hipótese de Roberto Rocha
e Maura Jorge participarem do pleito. Para garantir um segundo turno, seriam
necessários alguns ajustes no âmbito da oposição a Flávio Dino.
Por exemplo, que
Eduardo Braide entrasse na disputa, numa chapa fortalecida com o apoio de
Roberto Rocha. Que Maura Jorge se unisse a Roseana, formando, quem sabe, uma
dobradinha, ou pelo menos que a primeira estivesse no grupo da outra.
Dependendo do tecido partidário e político que possa costurar, Eduardo Braide
pode se tornar o grande nome de 2018, contribuindo decisivamente para levar a
eleição para o segundo turno.
Braide representa uma ideia de discurso renovado, embora a sua matriz seja conservadora. Teve desempenho surpreendente em 2016, enfrentando sozinho duas máquinas poderosas. São Luís não é apenas o maior colégio eleitoral do Estado, mas também um centro irradiador, capaz de garantir capilaridade para as demais regiões. Potencialmente, Braide é sem dúvida uma ameaça ao projeto comunista.
Braide representa uma ideia de discurso renovado, embora a sua matriz seja conservadora. Teve desempenho surpreendente em 2016, enfrentando sozinho duas máquinas poderosas. São Luís não é apenas o maior colégio eleitoral do Estado, mas também um centro irradiador, capaz de garantir capilaridade para as demais regiões. Potencialmente, Braide é sem dúvida uma ameaça ao projeto comunista.
Em política, no
entanto, nada é definitivo. Como no jogo de xadrez, uma hipótese que se
configura em dado momento pode desaparecer em outro, dependendo da movimentação
das peças no tabuleiro.
Se me fosse dado
aconselhar Roseana Sarney, faria-o levando em conta planos distintos. No âmbito
do interesse da oposição, diria que ela deveria sair candidata ao governo.
Porém, considerando o projeto político da ex-governadora, o melhor era concorrer
ao Senado, assegurar oito anos de mandato e dali retomar os voos majoritários.
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