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terça-feira, 16 de janeiro de 2024

Para pensar e crer ou crer e pensar | Por Battista Soarez

COLUNA LEITURA LIVRE


Por Battista Soaarez
(Jornalista e escritor)

Para pensar e crer ou crer e pensar
Como se processa a estrutura da fé cristã na formação de uma espiritualidade madura e equilibrada

Crer e pensar é como as plantas que precisam ser regadas para crescer e frutificar | Foto: Battista Soarez 

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AGORA EM 2O24 fez 25 anos que publiquei o meu primeiro livro em nível nacional Crente mas consciente: para viver o equilíbrio entre a plenitude da fé e a dignidade humana (Editora Hosana, São Paulo, SP, 2000). Muitas pessoas leram a obra e, depois, vieram até mim testemunhar sobre sua mudança de vida, construção da sua maturidade espiritual e desenvolvimento da sua fé em Jesus. Líderes disseram-me que, após lerem a obra, conseguiram ser mais maleáveis na condução pastoral do seu rebanho espiritual.

P U B L I C I D A D E
Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão 

A obra foi escrita pautada numa visão espiritual pensante, em que se leva em conta a visão de cultura e educação como objeto de conscientização cristã. O processo e os procedimentos que constituem o processo de desenvolvimento espiritual fomentam a fraternização que faz do corpo social em Cristo povo exclusivo de Deus, nação santa e raça eleita (veja 1 Pedro 2.9-10). Agora, por conseguinte, o Espírito Santo nos capacita para exercermos o santo ato de relacionamentos, a capacidade benevolente de convivência e comunicação. 

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A partir daí, em Cristo --- mediante a prática dos princípios da paz e da santificação --- as pessoas, inclusive as de relacionamento difícil, aprendem o maravilhoso caminho da cura e do ajustamento relacional. Neste processo, a participação em comum --- em termos de crenças, interesses, ideias e propósitos --- consolida a comunhão perfeita das nossas almas carentes do amor de Deus.

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Uma vez unificados em Jesus Cristo, todos os irmanados formam, conjuntamente, um "corpo-social" por parte daqueles que comungam os mesmos ideais, a mesma fé, a mesma verdade. Dividem, respeitosamente, as opiniões e vivem, harmoniosamente, em comunidade fraternal espiritual. Esta visão é uma visão de educação e cultura do reino de Deus e se constitui condição sine qua non para formação do Corpo-de-Cristo e sua funcionalidade social-comunitária na obra realizada pelo reino de Deus (a Igreja de Cristo) na terra.

Para explicar a visão de educação e cultura do ponto de vista do Evangelho  de Jesus, é preciso falar do processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano em geral, na busca por melhor integração individual, ética, cultural e social. Neste sentido, os conhecimentos e/ou as aptidões resultantes de um processo educacional relevante é resultado de uma tendência mais autodidata do que de uma educação formal.

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Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão 

Na verdade,  o crescimento intelectual da igreja é, também, resultante de um honesto esforço pessoal de cada fiel e da vontade, por parte dos crentes, de quem se dispõe a buscar o conhecimento e de quem procura conhecer o universo de coisas e das coisas constituídas no âmbito da existência como a natureza espiritual divina que nos direciona na caminhada com o Criador de todas as coisas.

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Na era medieval, a palavra sequaz definia, equivocadamente, um verdadeiro cristão, autêntico e revestido de uma sacralidade inquestionável. Só que era um cristão que, a meu ver, estava acima do equilíbrio, acima da santidade, acima, portanto, da normalidade espiritual. Os cardeais, por exemplo, eram autoridades religiosas máximas que se julgavam com poder e autoridade suficientes para determinar quem devia morrer e quem devia viver. Eram caçadores de hereges.

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Os elementos sequazes da autoridade religiosa revelavam uma ideia de exagero, de absolutismo abusivo, espiritualidade violenta e usurpação. Do século XVI por diante, no entanto, a igreja começou a perder espaço, moralidade e poder na sociedade porque, a priori, tornou-se abusiva e consequentemente inaceitável na sua forma de educar a sociedade.

Uma espiritualidade ignorante, portanto, passou a ser objeto de evangelização fora de sentido e sem empatia perante as culturas do mundo. As pessoas se afastavam da igreja, em vez de serem atraídas pela cultura educativa por ela trabalhada na sua atividade evangelizacional.

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Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão 

Nos dias atuais, finalmente, a questão é mais ou menos parecida, haja vista que a igreja --- por motivo de omissão, por parte de alguns, e convulsão espiritual, por parte de outros --- não tem conseguido conquistar a graça do povo como nos dias de Atos dos Apóstolos (Atos 2.42-47).

Uma ideia ou noção de discernimento intraespecífico, no universo de informação, das notícias e das mudanças repentinas no mundo das ciências modernas, nos orienta no caminho da prática da vida moderna por meio das experiências adquiridas no decorrer do processo de busca do próprio conhecimento por meio da educação. Este discernimento intraespecífico é auxiliado pelos mecanismos culturais, em que ocorrem alguns critérios na apreciação do ambiente cultural e contracultural dos nossos tempos. Pastores e líderes dos nossos dias não procuram alcançar este nível de maturidade espiritual e social para poder conseguir dialogar com o público sociedade no âmbito da comunidade-mundo. Por isso, perdem a grande oportunidade de evangelizar o mundo na sua diversidade cultural e contracultural ao mesmo tempo.

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Mas, para isto, é necessário que se tenha consciência de si mesmo. E eu digo que, no meu modo de ver, para sermos cristãos autênticos, em tempos ultramodernos como o nosso, é preciso ter consciência de si mesmo. Uma consciência mergulhada nas tradições e contradições da existência e em tudo aquilo que nos faz compreender as razões pelas quais buscamos a verdade para satisfazer a sede de nossas almas famintas por conhecimento. Famintas, inclusive, pelo conhecimento de Deus.

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