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terça-feira, 16 de abril de 2024

EDUCAÇÃO | Incentivo ao hábito de ler

EDUCAÇÃO
Num país onde não se promove o hábito de ler, os prejuízos são imensuráveis
Mas nova lei cria Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares (SNBE) e é sancionada pelo presidente Lula. No Maranhão, o projeto Giroteca desperta a população estudantil para o mundo da leitura
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Por Battista Soarez
(De São Luís - MA)

A nova lei altera a lei de universalização debibliotecasescolares, criada em 2010 | Foto: Divulgação
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O HÁBITO DE LER é o principal termômetro para o desenvolvimento de qualquer nação. Nos países de primeiro mundo essa é a principal diferença em relação aos países menos desenvolvidos. Numa nação que lê o nível de qualidade de vida é superior em relação aos países onde a população lê pouco. No Brasil, de modo geral, o hábito de ler é baixo, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Todavia, o país ainda soma algum ponto positivo nesse particular. De acordo com a Universidade de Campinas (UNICAMP), o sudeste é a região com maior proporção de leitores, seguida pelas regiões centro-oeste, norte, nordeste e, por último, a região sul. Mas outros estudos — como, por exemplo, a revista Veja, o Portal Correio, a revista Bula e o Portal Negrê — indicam que a região nordeste é a que mais lê.

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Já a pesquisa Retratos da Leitura do Brasil, do Instituto Pró-Livro, considerada o maior estudo sobre comportamento de leitores do país, em parceria com o Itaú Cultural, resolveu percentuar as capitais que mais lêem e também coloca o Nordeste em primeiro lugar. Para a pesquisa, leitor é aquele que lê um livro todo ou pelo menos a metade de um livro a cada três meses. Foram entrevistados 8.076 participantes de 209 cidades. No ranking geral, apenas as capitais foram divulgadas, dentre elas as 25 com maior número de leitores. Então ficou assim constatado o seguinte resultado: João Pessoa (64%), Curitiba (63%), Manaus (62%), Belém (61%), São Paulo (60%), Terezina (59%), São Luís (59%), Aracajú (58%), Salvador (57%), Florionópolis (56%), Vitória (55%), Fortaleza (54%), Belo Horizonte (53%), Porto Alegre (52%), Recife (52%), Cuiabá (52%), Palmas (52%), Macapá (51%), Porto Velho (51%), Rio Branco (49%), Natal (48%), Rio de Janeiro (47%), Goiânia (42%), Maceió (37%) e Campo Grande (26%). Portanto, das capitais que mais leem, cinco são nordestinas.

Nova lei cria Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares

Nesta terça-feira, 9 de abril de 2024, o Diário Oficial da União (DOU) publicou a Lei nº 14.837, de de 8 de abril de 2024, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com veto parcial. A lei incentiva a criação e a melhoria de bibliotecas no país e cria o Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares. De acordo com a nova lei, a biblioteca escolar passa a ser considerada como equipamento cultural obrigatório e necessário ao desenvolvimento do processo educativo. Isso será possível na medida em que esses locais têm como objetivos a democratização do acesso à informação  e às novas tecnologias; e promover as competências que possam contribuir para a garantia dos direitos e aprendizagem dos alunos, especialmente no campo da leitura e da escrita.

Como política de alto nível cultural, as bibliotecas também deverão ser, de acordo com a lei, espaços de estudo, de encontro e de lazer para a comunidade, além de um ambiente de recursos educativos integrado ao processo de ensino-aprendizagem. Concernente a isso, cada projeto deverá ter liberdade para usar a criatividade que quiser na sua engenharia estrutural no sentido de atrair a clientela, proporcionando conforto, agradabilidade e, portanto, satisfação aos leitores.

As bibliotecas escolares têm levado milhares de alunos à prática da leitura | Foto: Divulgação 

A lei é bem abrangente e flexível. E uma das coisas bastante interessantes que ela prevê é a realização de convênios com entidades culturais privadas. Isso fará com que instituições educacionais promovam parcerias e abram espaços no seu ambiente escolar para qualquer projeto de incentivo à leitura como, por exemplo, rodas de conversa com escritores, poetas, professores, artistas, jornalistas e intelectuais de modo geral. Essas categorias influenciam jovens e adolescentes no mundo da leitura e é daí que se originam grandes homens e mulheres da sociedade do amanhã no mundo das artes, da literatura, da política, da ciência e da tecnologia.

O novo sistema em foco, criado pela lei, terá como funções o incentivo à implantação de bibliotecas escolares no sentido de que elas atuem como centros de ação cultural e educacional. Por outro lado, o Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares deverá viabilizar a atualização dos acervos e definir um mínimo de livros e materiais de ensino com base no número de alunos matriculados em cada unidade escolar e nas especificidades da realidade local.

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Profissionais serão treinados para atuarem no SNBE. A qualificação desses profissionais será desenvolvida pelo poder público dentro das políticas do próprio sistema, de maneira que as bibliotecas deverão funcionar adequadamente conforme cada realidade local.

Essa Lei 14.837/2024, de 8 de abril de 2024, tem origem no projeto de lei de número 5.656/2019 (que, antes, era o PL 9.484/2018 na Câmara dos Deputados), de autoria da deputada Laura Carneiro (PSD-RJ). Em setembro de 2023, o projeto foi aprovado com parecer favorável da relatora, senadora Zenaide Maia (PSD-RN). Por sua vez, a senadora fez alterações na proposta. Os recursos da União para apoiar estados e municípios seguirão o preceito constitucional de apoio por meio da sua função redistributiva e supletiva no sistema educacional.

O veto do presidente Lula

O presidente Lula sancionou a lei, vetando o trecho do projeto que estabelecia sanções aos sistemas de ensino que não cumprissem a meta de universalização das bibliotecas escolares. Essas sanções seriam definidas pelo órgão ou entidade do Poder Executivo federal responsável pela implantação do Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares.

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Agora, os vetos presidenciais passam pela análise de senadores e deputados, que podem votar para manter os trechos excluídos pelo governo ou por retomar o texto original aprovado no Congresso.

Passos antecedentes

A luta pelo incentivo à leitura deu seus primeiros passos em maio de 2010, quando foi aprovada a lei da universalização das bibliotecas escolares, Lei nº 12.244, de 24 de maio de 2010. Essa lei definiu o prazo de dez anos para que todas as instituições públicas e privadas de ensino contassem com biblioteca com acervo de, no mínimo, um título por aluno matriculado.

No ano de 2018, o projeto de lei 9.484, que depois se transformou no PL 5.656/2019, propôs alteração da lei e aplicação do prazo de 2028 para 2024, que foi o que ficou valendo. Também foi proposto um novo conceito para “biblioteca escolar”, tornando-a um equipamento cultural obrigatório e necessário ao desenvolvimento do processo educativo, que é exatamente a criação do SNBE e, ainda, tornando obrigatória a presença de um bibliotecário em cada unidade. Somente neste ano o PL foi aprovado e na terça-feira, dia 9, a lei foi sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Giroteca: projeto inteligente de incentivo à leitura

No Maranhão, o Projeto Giroteca, criado pela instituição Globaltec Educacional, tem levado um equipamento inteligente às escolas e incentivado milhares de alunos à prática da leitura. O projeto é uma espécie de biblioteca ambulante, com sistema ultramoderno de disponibilização de livros para as escolas públicas.

Giroteca: projeto inteligente de incentivo à leitura | Foto: Divulgação 

O projeto atende escolas nos municípios maranhenses e em outros estados, facilitando acesso à leitura nas escolas tanto nas áreas urbanas como nas áreas rurais. Com isso, milhares de alunos têm oportunidade de se tornarem leitores, sem se preocuparem com a distância entre a sua localidade e as livrarias que, normalmente, ficam nos grandes centros urbanos. As Girotecas reúnem acervos de livros de autores locais e nacionais, com tecnologia de acesso à leitura altamente avançada.

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segunda-feira, 15 de abril de 2024

Ricardo Gama participa de reunião com amigos e discute sobre a política de 2024

Foto: Divulgação 

O JOVEM RICARDO GAMA participou de uma reunião com o inspetor da Polícia Rodoviária Federal, Noberto, pré-candidato a vereador de São Luís, o empresário e fazendeiro do Maranhão, Beto Rocha, e o empresário diretor da Servi-Porto, Dr. Mauro. A empresa é proprietária do ferry boat que faz linha São Luís-Cujupe-São Luís.

Dr. Mauro também é diretor da rede de postos de combustível Posto Bacanga. Na reunião, Ricardo Gama falou sobre a sua desistência de sua candidatura a vereador para coordenar e articulação política do seu amigo e irmão e padrinho inspetor Norberto.

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Fonte: Texto enviado por Ricardo Gama 

domingo, 7 de abril de 2024

POLÍTICA | Mical Damasceno diz "NÃO" a homenagem ao MST

POLÍTICA
Mical Damasceno vota contra homenagem ao MST
Em discurso caloroso na ALEMA, a deputada do PSD diz que o movimento dos Sem Terra não é de trabalhadores, mas de invasores de terras e criminosos

Por Battista Soarez
(De São Luís - MA)

Deputada Mical Damasceno | Foto: Reprodução 
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EM SESSÃO NESTA QUINTA-FEIRA (4) na Assembleia Legislativa do Maranhão, a deputada estadual Mical Damasceno (PSD) disse um "NÃO" bem clarividente ao movimento dos Sem-Terra (MST).

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Trata-se de uma homenagem ao movimento dos Sem-Terra proposta pelo deputado Júlio Mendonça (PCdoB). Tendo sua proposta, a princípio, rejeitada,  Mendonça não desistiu e submeteu novamente o pedido de homenagem à ALEMA. De maneira persistente, o deputado conseguiu a aprovação para homenagear o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na manhã desta quinta-feira (4).

A duputada Mical, no entanto, se posicionou contrária ao ato e, no seu discurso, destacou "que o MST não é grupo de trabalhadores, e sim um movimento criminoso de invasores de terras, incluisive terras produtíveis".

Mical pontuou, de maneira bem clara, que o seu voto é independente e que jamais se manifestará a favor da criminalidade. E o MST é um movimento criminoso, não só nas palavras da deputada, mas também na visão de vários setores da opinião pública. "Esse movimento é formado por pessoas que promovem a desordem social e que, para piorar, tem apoio do governo Lula", disse um estudante universitário que preferiu não se identificar.

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A ALEMA também concedeu homenagens à Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Maranhão (Fetaema) e à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), com os requerimentos sendo propostos pelos deputados Roberto Costa e Antônio Pereira.


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terça-feira, 2 de abril de 2024

Coluna Leitura Livre | Por Battista Soarez

COLUNA LEITURA LIVRE
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Por Battista Soarez
(Jornalista e escritor)
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ARTE MODERNA 
A semana que não terminou
Como jovens intelectuais contribuíram com o desenvolvimento do Brasil a partir da Semana de Arte Moderna de 1922, lendo, escrevendo e participando

A Semana de Arte Moderna de 1922 faz 102 anos de história e continua impactando o Brasil em todas as áreas de desenvolvimento | Foto: Reprodução/Internet
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A SEMANA DE ARTE MODERNA, realizada em fevereiro de 1922, fez 102 anos em 2024 e até hoje não terminou de produzir seus efeitos. Nesta edição, o Leitura Livre preparou este artigo para mostrar como os movimentos do passado, de literatura e arte, encabeçados por jovens intelectuais e leitores assíduos, colocaram o Brasil no trilho do desenvolvimento que atingiu todos os setores da sociedade, desde a educação até os campos da ciência, da literatura, das artes, da tecnologia e assim por diante.

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Por conseguinte, a Semama de Arte Moderna de 1922 deu uma contribuição  senão a principal — tão grande para o desenvolvimento do Brasil que, finalmente, tudo o que temos de progresso do século XX para cá está relacionado àquele momento histórico.

Seus participantes  jovens leitores intelectuais que se dedicaram a fazer artes nos campos da literatura, da pintura, da ciência, da tecnologia etc.  saltaram para as páginas da história e foram imortalizados pelo reconhecimento da própria história. Consequentemente, o conhecimento deixou de ser apenas conhecimento e se tornou inteligência acadêmica. As pesquisas literárias se converteram ao universo científico. A poesia deixou de ser poesia e se tornou arte poética. O romance ultrapassou as fronteiras de narrativas do cotidiano de determinados personagens e saltou para o campo das contribuições educacionais e iniciação investigativa da sabedoria humana no contexto das sociedades complexas. Foi dali que saiu a ideia de criar a Universidade de São Paulo (USP), fundada em 1934, que tornou-se a maior da América Latina. E, enfim, a Semana de 22 nunca terminou em seus efeitos divergentes, simbólicos, contraditórios e conquistas que, embora possam parecer tímidas para muitos nos dias de hoje, formam uma base fundamental para todo o universo de novos vislumbres, entendimentos e descobertas no âmbito da nossa cultura, da ciência, da vida acadêmica e de cada avanço que impacta cada passo das atualidades no presente e no futuro.

Podemos afirmar que nenhum movimento artístico cultural no Brasil teve um efeito tão volumoso, tão importante, tão fenomenal e tão duradouro quanto a Semana de Arte Moderna de fevereiro de 1922. Os jovens intelectuais que promoveram a Semana de 22 enfrentaram ataques da dura crítica conservadora e conseguiram subverter os padrões artísticos e literários da ala tradicionalista, emplacando mudanças sociais tão significativas que o Brasil nunca mais foi o mesmo desde então.

Quando a semana completou 50 anos, em 1972, Carlos Drummond de Andrade descreveu as agitadas noites da Semana de 22 na capital paulista como "um grito no salão bem-comportado". A semana segue viva, passados mais 52 anos, produzindo seus efeitos. Estamos em 2024. São 102 anos de grito modernista que continua ecoando em salões e esquinas da sociedade brasileira, influenciando nossa cultura, nossas artes, nossa literatura, nosso pensamento e, enfim, nossa educação, nossas ciências e nossas tecnologias.

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Em 1983, quando li meu primeiro livro por conta própria  isto é, fora dos bancos da escola  me deparei com textos que falavam da Semana de Arte Moderna de 1922. Eu tinha apenas 15 anos de idade. Me empolguei com o que li sobre os jovens artistas, escritores e poetas que protagonizaram a Semana de 22. O maranhense Graça Aranha, morador de Alcântara, foi um dos principais organizadores da Semana. Então, me empolguei ainda mais. Logo me tornei leitor vorais, frequentador de livrarias e devorador de livros.

Em 1985, fui admitido na redação do Jornal de Hoje, do então senador da República João Castelo. Passei a trabalhar e conviver com grandes nomes do jornalismo maranhense. Conheci lendários escritores como Carlos Cunha e Bernardo Coelho de Almeida, autor do romance O Bequimão. Aliás, tive a honra de ser revisor, a pedido do próprio escritor, da sua última obra Éramos felizes e não sabíamos, seu livro de memórias publicado pela Editora do Senado Federal. Como lia muito, logo passei a escrever e publicar textos em quase todos os jornais de São Luís. Meu primeiro conto, publicado no JH, foi Um olhar obscuro, no qual eu descrevia personagens comuns e inusitados nas noites da capital maranhense. Todo mundo na redação leu meu texto e, a partir dali, passei a ser cobrado pelos colegas para escrever novos textos. Foi então que, com a continuidade, me tornei escritor e jornalista, inspirado nas histórias que eu lia e ouvia sobre os jovens escritores que revolucionaram o Brasil por meio das artes e da literatura. Posso dizer que, modéstia à parte, sou fruto daquele movimento literário.

Li que as primeiras notícias do que seria considerado "arte moderna" no Brasil estiveram ligadas à divulgação do Manifesto do Futurismo, que veio a público na primeira página do jornal francês Le Figaro, na edição de fevereiro de 1909, assinado pelo poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti.

A Semana de Arte Moderna de 1922 contou com brilhantes expoentes do modernismo brasileiro | Foto: Reprodução 

O manifesto era polêmico, revolucionário, paradoxal e, de certa maneira, exaltava a beleza da velocidade. Os jovens modernistas acreditavam, inclusive, que o progresso da sociedade tinha que ganhar velocidade na tendência de fazer as coisas acontecerem. O movimento das artes modernas se fazia agressivo e, então, as coisas percorriam apressadamente os corredores institucionais e, como disse, na época, Raul Bopp, no livro Movimento modernista no Brasil, "o Futurismo trouxe consigo realizações plásticas fascinantes, com a predominância de formas dinâmicas, de alto valor expressivo". Segundo ele, o ruído do modernismo, de caráter polêmico, acordou o interesse do público internacional para problemas de arte moderna.

Ecoando reclamos de uma sociedade ainda patriarcal, o manifesto pregava o desprezo pela mulher e combatia o moralismo e o feminismo. Felippo Marinetti, nos seus discursos literários, propunha uma fina sintonia entre a arte e o mundo urbano moderno, regido por eletricidade, máquinas e motores. Mas, para isso, era preciso negar as concepções artísticas do passado. Contra a literatura que exaltava a imobilidade meditativa, o entorpecimento e o sono, as palavras deviam viver em liberdade.

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Em 6 de abril de 1909, a primeira notícia sobre o Manifesto Futurista chega no Brasil e estampa a primeira página do jornal carioca Correio da Manhã, que produziu um artigo do jornalista e professor de Estudos Brasileiros de Letras da Universidade de Lisboa, Manoel de Sousa Pinto, seu correspondente em Portugal, com o título "O Futurismo", publicado originalmente em 17 de março de 1909 em Lisboa.

O professor Sousa Pinto ironizava as propostas de Marinetti e seus amigos, colocando-as ao lado de tantos outros "ismos". O comparativo ventilado por ele, com sarcasmo, era de que as obras de Marinetti eram fruto de iconoclastas da última hora, taxando-os de novos vândalos da literatura. Para ele, eram artistas insipientes, que queriam alarmar o bom burguês.

Sousa Pinto, no seu texto, dizia que "como se não bastassem o decadismo, o satanismo, o magnificentismo, o verismo, o nefebatismo e tantos outros letreiros que 'ismaram' as esquinas literárias, sem esquecer o tolismo e o brutismo, que são de todas as idades e lugares, mais um palavrão irrompe no campo intrincado da literatura, com toda a arrogância das novidades e toda a intrigadora petulância dos grandes mistérios só devassários a eleitos".

Para o professor, um novo grupo  que, segundo ele, queria entregar-se ao dispendioso e discutível prazer de alarmar o burguês  acabara de inscrever, na sua bandeira recém-arvorada, um lema novíssimo, que era o "futurismo". A briga foi grande, e deu visibilidade a uma sequência de debates e produções textuais extremadas.

Mas parece que as críticas do professor português não tiveram tanta repercussão prolongada. Cerca de, aproximadamente, dois mêses depois, em 5 de junho de 1909, o jornal A República, de Natal,  Rio Grande do Norte, publicou a tradução de alguns tópicos do manifesto futurista, assinada pelo jornalista e crítico literário potiguar Manoel Dantas. Dantas, à época, destacou o seguinte: "Damos aos nossos leitores, a título de curiosidade, o manifesto entusiástico e revolucionário com que esta nova escola literária fundada pela revista internacional Poesia, de Milão, se apresenta no mundo intelectual". Também esta publicação não teve repercussão, a não ser entre alguns jornalistas.

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Em 30 de dezembro de 1909, no Jornal de Notícias, de Salvador, Bahia, foi publicada a tradução integral do manifesto, assinada pelo escritor Almachio Diniz. Alguns anos depois, Diniz publicou um livro sobre Marinetti, no qual ele faz referência ao manifesto, dizendo que publicou alguns escritos sobre a nova escola em que condenou alguns excessos e aplaudiu as inovações sensatas. Desta vez teve repercussão nos meios intelectuais de Salvador, mas ainda não reuniu personagens para que fosse promovida a Semana.

Em 1911, o jovem intelectual Oswald de Andrade, aos 21 anos de idade, lança o jornal O Pirralho, um semanário de variedades cuja redação funcionava em um sobrado da rua Quinze de Novembro, na região do Triângulo, onde funcionava o escritório imobiliário de seu pai, o senhor José Oswald de Andrade. Oswald Junior ocupava o cargo de secretário.

O jornal saía aos sábados e era polivalente em suas matérias. Falava de política nacional, notícias esportivas, crônicas sociais e, é claro, de literatura. O periódico atraiu uma súcia de poetas, escritores e jornalistas improvisados. Nesse conjunto de jovens intelectuais, estava o brilhante caricaturista Lemmo Lemmi. Filho de pai e mãe italianos, Lemmi orgulhava-se de ter nascido no largo do Paissandu. Nos seus desenhos, ele assinava sob o pseudônimo de Voltolino. Também estava nesse grupo o jovem Alexandre Ribeiro Marcondes Machado, estudante da Escola Politécnica, que mais tarde daria vida ao fascinante personagem Juó Bananère.

Pronto. O time de O Pirralho passou a trabalhar uma variedade de temas com inovações estéticas e fortes traços de sátira. Por conseguinte, passa a encampar um pouco do espírito artístico inovador que se faria sentir no grupo modernista de São Paulo. E, assim, as contribuições intelectuais foram se avolumando na caminhada que, em 1922, se transformou na Semana de Arte Moderna. Foi nas páginas desse jornal que Oswald de Andrade publicou trechos da primeira versão de seu romance Memórias sentimentais de João Miramar.

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O Pirralho durou até fevereiro de 1918, e, enquanto existiu, nem sempre teve à sua frente o seu fundador. Em 1912, Oswald de Andrade, aos 22 anos, viajou para a Europa, onde passou sete meses e conheceu vários países. Ao voltar para o Brasil, assume de volta a direção de O Pirralho e avança com as publicações satíricas e modernistas.

Muitos episódios antecederam a Semana até que, finalmente, chega o ano de 1922. Entre os dias 13 e 17 de fevereiro, o Teatro Municipal de São Paulo recebe o evento e agita as ruas de São Paulo. Ali foram reunidos brilhantes expoentes. A praça Ramos de Azevedo, centro da capital paulista, marcou essa história. Mário de Andrade tinha publicado seu primeiro livro, intitulado Há uma gota de sangue em cada poema, em 1917, com apenas 24 anos. Sua obra foi considerada por muitos críticos de arte literária como um dos marcos inaugurais do modernismo brasileiro. Mário tinha apenas 28 anos de idade quando a Semana aconteceu. Todos os participantes eram jovens. Todo mundo jovem. Jovens, sim, mas leitores assíduos. E foi assim  lendo, escrevendo e participando  que aqueles jovens revolucionaram a história do Brasil.

Além de Mário de Andrade e Oswald de Andrade, nomes hoje conhecidos do grande público, como o compositor Heitor Villa-Lobos, o escultor Victor Brecheret e os artistas plásticos Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Vicente do Rego Monteiro, participaram da Semana. À época, os escritores mais comentados do Brasil eram o poeta Olavo Bilac e o versátil escritor maranhense Coelho Neto. Oswald de Andrade chegou a dizer que, afora esses nomes, não se tinha muito o que falar de literatura brasileira.

A Semana de 22, então, foi marcada por muitas controvérsias e vale dizer que ainda hoje é objeto de estudo para artistas e pesquisadores que, de diversas formas, refletem sobre os processos artísticos propostos pelos primeiros modernistas, também chamados de modernistas canônicos. De um lado, estão pesquisadores que refletem a Semana como um grande momento de ruptura para as artes no país. De outro, estudiosos que defendem que a Semana de Arte Moderna foi somente um evento entre os diversos espaços de discussão e criação sobre o modernismo espalhados pelos estados brasileiros.

Sendo assim, apesar de a Semana de 22 ser considerada um marco  se não transformador, mas simbólico — para as artes plásticas, músical, literária, teatro e arquitetura brasileira, as propostas começaram a ser gestadas, anos antes, por artistas e escritores de diversas partes do país. Daí a necessidade de compreender não somente a Semana e seu legado, mas também os passos anteriores à sua realização. Foi, de fato, um passo-a-passo que durou tempos e um circuíto sequencial de insatisfação em relação a velhos paradigmas que, enfim, emplacaram o desenvolvimento de que hoje desfrutamos, apesar da política que temos e dos governantes que nos tangem. Mas, a exemplo dos jovens intelectuais daquela época, se os de hoje se voltarem para o mundo da leitura, não seremos mais dominados pelos dominantes, mas, sim, participantes e certamente agentes de transformação social. Como disse o escritor Oscar Wilde: "A insatisfação é o primeiro passo para o progresso de um homem ou de uma nação".


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quinta-feira, 28 de março de 2024

COLUNA LEITURA LIVRE | Ano 2030: a corrida do globalismo e o despertar final | Por Battista Soarez

COLUNA LEITURA LIVRE
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Por Battista Soarez 
(Jornalista e escritor)
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Ano 2030: a corrida do globalismo e o despertar final
O que a visita de Macron ao Brasil tem a ver com o fim dos tempos?

Lula e Macron: o globalismo por trás das relações | Foto: Reprodução 
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NOS ÚLTIMOS 20 ANOS tenho me dedicado a estudar sobre a atualidade dos tempos em relação à cristandade no cenário global (geopolítica, geoeconomia e georeligião). E já posso começar dizendo que o que a Bíblia fala — de Mateus a Apocalipse — é um conteúdo muito contudente sobre a igreja, o mundo e a volta do Senhor Jesus Cristo.

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Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão

A contagem regressiva para os cumprimentos finais do Apocalipse começou em 1992, com a ascensão exponencial do fenômeno globalização. E não se falou mais noutra coisa. No dia 1° de janeiro de 1993, à meia noite, um supercomputador, de três andares, para controle da população mundial, foi inaugurado em Bruxelas, na Bélgica. E ele se chama "A Besta". Ele é capaz de processar, numa velocidade incalculável, todos os dados da população no planeta. A partir de então, alguns consultores internacionais na área de geopolítica e geoeconomia, percebendo a relação dos fatos mundiais com a apocalíptica moderna, se tornaram escritores investigativos na área, dentre os quais posso citar Nicholas Hagger e Jacques Attali. Eles fizeram preciosas publicações reveladoras que, a priori, são riquíssimas contribuições a essa exata apocalíptica pós-moderna.

Eles mostram que as viagens secretas do papa Francisco — várias conversas do religioso com líderes mundiais não puderam ter seus conteúdos revelados  têm um significado fundamental dentro da perspectiva globalista. Vejamos que Francisco conversou com Macron, Lula e Xi Jinping e, ainda, com líderes do mundo árabe. Na conversa que o papa teve com Xi Jinping, poucos pontos puderam ser revelados para a imprensa internacional. Dentre esses pontos foi divulgada a discussão sobre um estatuto global para implantação de "uma religião única universal". Esse estatuto deverá ser elaborado pela China e o Vaticano. Depois de implementada a Nova Ordem Mundial, quem não seguir a una religião do sistema será punido, inclusive com pena de morte. Enfim, política, economia e religião. Essas três temátimas devem ser trabalhadas dentro de uma perspectiva da cultura global.

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Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão

Em 2016, por sua vez, a China inaugurou o computador mais poderoso do mundo, capaz de calcular 93 quatrilhões de dados por segundo. O supercomputador mais que dobra a performance do segundo colocado, enquanto apresenta consumo de energia mais baixo.

Com isso, a China surpreendeu o mundo da computação ao apresentar esse novo Sunway TaihuLight, o supercomputador mais poderoso do mundo na atualidade. A máquina conta com um total de 10.649.600 (ou seja, mais de 10 milhões) de núcleos de processamento, capazes de levá-lo à performance de 93 quatrilhões de cálculos por segundo. Os números, por si só surpreendentes, ficam ainda mais importantes quando se descobre que o equipamento todo foi desenvolvido com tecnologia chinesa. Não há processadores, GPUs e módulos do gênero em seu interior fabricados por Intel, IBM, NVIDIA ou AMD. Ou seja, por sua vez, a China também está na briga para assumir a liderança global na Nova Ordem Mundial. Segundo Jacques Attali e outros geoconsultores, o Brasil está dentro do sistema, por ser um dos sete países mais estratégicos do mundo para ser a sede do governo da Nova Ordem. E este é um dos motivos da visita de Emmanuel Macron ao Brasil. 

Logo depois dos encontros do papa Francisco com líderes mundiais, Lula foi solto, inocentado e candidato a presidente do Brasil. Todo mundo, enfim, viu o que aconteceu para que o petista ganhasse as eleições de 2022 no Brasil. Eleito, Lula iniciou imediatamente uma sequência de viagens internacionais com apoio incondicional da ONU, dos Rothschilds, dos Rockefellers e, finalmente, da esquerda global. Eles são a sociedade secreta, no alto comando da maçonaria que, no Apocalipse, é um poderoso sistema chamado de a primeira besta (a política como método de governo humano). A segunda besta é um sistema religioso mundial, que abriga o falso profeta. Ambas as bestas (a política e a religiosa) recebem poder e comando do Dragão, Satanás.

Vale informar que a sociedade maçônica exerce poder e absoluta influência sobre a ciência, a tecnologia, a política e a economia mundiais e, ainda, sobre o sistema jurídico e legislativo em todo o planeta. Controla, ainda, a ONU e o Vaticano. O papa Francisco foi colocado no lugar de Bento XVI pela maçonaria para atender os objetivos da Agenda 2030 da ONU.

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Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão

Por isso, o poder político, o poder econômico e o poder intelectual estão concentrados em 1% da sociedade mundial (irmandade e/ou sociedade secreta). Constitui-se, portanto, o poder dominante sobre 99% da população global, que são os dominados. Esse 1% da população mundial é poderosamente maçônica e exerce o controle do mundo exatamente por meio do poder político, do poder econômico e do poder intelectual (juridicismo, comunicação e literatura). Os dominados (99% da população) são controlados por meio da divisão de classe e limitação financeira (salarial), acesso a educação e a saúde.

Nas suas viagens, a primeira coisa que o presidente Lula fez foi visitar a China e a França. Conversou com Xi Jinping e, logo em seguida, com Emmanuel Macron. Alguns conteúdos dessas conversas  a exemplo do que ocorreu com o papa Francisco  não puderam ser revelados. Trata-se de segredo de Estado.

Em 2020, a pandemia da Covid-19 surge na China. E a suspeita (ventilada por cientistas da área médica no mundo inteiro) é de que o vírus tenha sido produzido em laboratório para redução da população mundial, que já estava beirando a oito bilhões de habitantes e a finalidade do globalismo é reduzir o número de habitantes entre 35% a 50%. Em 2022, vazou um vídeo de uma reunião secreta de Bill Gates (que vendeu a matéria prima para produção da vacina contra Covid-19) com sua equipe de trabalho em que o bilionário dizia, jubilosamente, que 35% de redução da população mundial teriam sido atingidos. O vídeo logo saiu de circulação. Alguns países europeus, então, proíbem a vacina. No Brasil, apesar das evidências de mortandade causada pela vacina, Lula bate o pé e diz que todo brasileiro tem que se vacinar, e, enfim, começa criar mecanismos legais para obrigar a população a se vacinar.

Enquanto isso, no Afeganistão, o grupo radical Talibã assume de volta o poder no país, com 38 milhões de habitantes e um PIB de US$ 19,2 bilhões (R$ 97,84 bilhões), de acordo com dados do Banco Mundial. Em 2001, o Afeganistão tinha 21,6 milhões de habitantes e um PIB de US$ 4 bilhões (R$ 20,38 bilhões). Lula declara-se a favor do Talibã e, por três vezes, diz ser a favor da Nova Ordem Mundial. Lembremos de que, na esquerda global, o Talibã faz parte.

Agora, Macron visita o Brasil e conversa novamente com Lula. Sabe-se que o presidente francês almeja ser o líder da Nova Ordem Mundial, ao lado de Xi Jinping, que também tem as mesmas pretensões e ambos querem apoio da América do Sul. E o Brasil da era Lula é a porta de entrada para isso. Logo, as conversas de Macron e Lula não são só sobre acordos e parcerias bilaterais, mas sobre questões profundas da geopolítica na sociedade global. Questões essas que o mundo só vai conhecer entre metade de 2027 e 2030, segundo o que se pode avaliar hermeneuticamente da agenda da ONU.

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Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão

Essa realidade está batendo nas portas do fim dos tempos, um período futuro (muito próximo) descrito variadamente nas escatologias de várias religiões do mundo, tanto abraâmicas quanto não-abraâmicas. O ensinamento escatológico diz que os eventos do mundo alcançarão um ápice final. E esse tempo chegou.

A fé cristã (como outras religiões abraâmicas) mantém uma cosmologia linear, com os cenários do tempo do fim a conter temas de transformação e redenção.

Na escatologia cristã, o termo "fim dos tempos" faz referência da era cristã, obviamente, e inclui os eventos dos tempos modernos, a vinda do Senhor, a ressurreição dos justos e o mundo vindouro. Dentro dessa perspectiva teológica, o cristianismo retrata o tempo do fim como um período de tribulação que precede a segunda vinda de Cristo, que enfrentará e vencerá o anticristo  um sistema geopolítico representado pela Nova Ordem Mundial  com sua estrutura de poder e Cristo, então, proclamará o Reino de Deus.

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Desde o desenvolvimento do conceito de tempo profundo no século dezoito e do cálculo da idade estimada da Terra, discursos científicos têm surgido sobre o fim dos tempos, centrando-se no derradeiro destino do Universo. As teorias incluíram o Big Rip, o Big Crunch, o Big Bounce, e o Big Freeze (morte térmica).

No meio de tudo isso, existe uma verdade que impera no meio da igreja nos dias de hoje. Muitos crentes não estão aguardando a iminente volta de Jesus com a mesma esperança prescrita na Bíblia Sagrada.  Aliás, percebe-se que a maioria dos crentes da atualidade parece estar pedindo que Jesus retarde, o máximo possível, a sua volta. A verdade é que grande parte da igreja cristã não está preparada para a volta do Senhor. Alguns, até, não crêem no arrebatamento e, portanto, estão se preparando para a grande tribulação.

A igreja de hoje está distante do que era a igreja primitiva no que concerne à volta de Jesus. Há uma apatia, há um esgotamento espiritual e há um certo distanciamento da fé genuinamente cristã. 

Entretanto, da mesma forma que o Senhor Deus advertiu solenemente a Israel para que se voltasse para Ele a fim de evitar o catastrófico cativeiro, estamos sendo advertidos nestes últimos dias para não cairmos no eterno cativeiro espiritual. Os sinais indicam, finalmente, que estamos vivendo um despertamento final.

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quarta-feira, 27 de março de 2024

GEOPOLÍTICA | Visita de Macron ao Brasil envolve interesse pela Amazônia | Por Battista Soarez

G E O P O L Í T I C A

Visita de Macron ao Brasil envolve interesses pela Amazônia

Os assuntos da pauta debatidos entre Lula e o presidente francês incluem questões ambientais e acordos internacionais

Por Battista Soarez
(De Belém - PA)


Lula e Macron cumprem intensa agenda no Brasil e discutem assuntos bilaterais | Foto: Reprodução 

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O ENCONTRO ENTRE OS PRESIDENTES Lula, do Brasil, e Emmanuel Macron, da França, envolvem interesses internacionais sobre a Amazônia que podem colocar o Brasil em situações muito ruins.

Lula e Macron foram recebidos em Belém, nesta terça-feira (26), pelo governador do Pará, Helder Barbalho. Janja, primeira-dama do Brasil, sempre estava junto ao lado do marido. O esquema de segurança foi bem articulado, inclusive sobre as águas do rio Guamá, por onde os dois presidentes fizeram o trajeto em direção à Ilha do Combu, onde visitaram uma fábrica de cacau para produção de chocolate.

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É a primeira vez que Macron visita o Brasil, iniciando pela capital paraense. A agenda bilateral foi intensa, e os assuntos sempre voltados para a Amazônia, conforme o presidente francês sempre ventilou fortes interesses, desde o governo Bolsonaro.

Os dois chefes de Estado foram recepcionados também pela primeira-dama paraense, Daniela Barbalho, pelo Ministro de Estado do Turismo, Celso Sabino, e pelo Ministro de Estado das Cidades, Jader Filho.

A data de 26 de março de 2024 marca a primeira visita oficial ao Brasil do presidente francês. Na companhia de Lula e Helder, Macron iniciou, na capital paraense, uma extensa agenda bilateral no país ao longo dos próximos dias. A agenda em Belém teve como uma de suas motivações a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que será sediada na capital paraense em novembro de 2025. O governador Helder, na oportunidade, aproveitou para presentear Emmanuel Macron com uma camisa marajoara e camisas dos dois maiores clubes do Estado: Remo e Paysandu.

Os dois presidentes e o governador do Estado do Pará estiveram na Ilha do Combu, na margem sul do Rio Guamá, e acompanharam a produção artesanal e sustentável do cacau na localidade. Fizeram também uma visita à fábrica de chocolates “Filha do Combu”, gerenciada pela empreendedora Dona Nena, exemplo de bionegócio.

Atualmente, o estado do Pará é o único do Brasil a contar com um Plano de Bioeconomia. No trajeto até o Combu, o presidente Lula e o governador Helder Barbalho tiveram a primeira reunião bilateral com o presidente francês. Entre os integrantes da equipe de Macron estão o ministro de Europa e dos Negócios Estrangeiros, Stéphane Séjourné, a secretária de Desenvolvimento e Parceiras Internacionais do Ministério de Europa e dos Negócios Estrangeiros, Chrysoula Zacharopoulou, além do embaixador da República Francesa no Brasil, Emmanuel Lenain.

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Integram a comitiva do Executivo Federal os ministros Mauro Vieira, das Relações Exteriores; Marina Silva, do Meio Ambiente; e Sonia Guajajara, Ministra dos Povos Indígenas; além de Ricardo Neiva Tavares, Embaixador do Brasil na França e a primeira-dama do Brasil, Janja.

Um dos assuntos de grande relevância para Emmanuel Macron --- que, de forma muito clara, está na Agenda 2030 da ONU --- debatidos foi o tema desenvolvimento sustentável. Helder e Lula, juntos, mostraram ao presidente francês a complexidade da questão amazônica e as alternativas de desenvolvimento econômico sustentável, que encontram na bioeconomia o caminho chave para a transição para uma economia de baixo carbono.

No trajeto pela capital paraense, os presidentes e suas comitivas também tiveram um encontro com representantes indígenas. Na ocasião, o líder indígena da etnia Kayapó, Raoni Metuktire, recebeu das mãos de Macron a condecoração Legião de Honra --- maior honraria francesa --- como expoente mundial da causa indígena.  

Emmanuel Macron permanece no Brasil até a quinta-feira (28) e ainda deve visitar as cidades de Itaguaí (RJ), São Paulo e Brasília. De Belém, Lula e Macron seguiram  para o Rio de Janeiro, onde cumpriram compromissos de interesses entre os dois países.

"A agenda de Macron inclui, ainda, visita às cidades de Itaguaí (RJ), São Paulo e Brasília. "Uma visita de três dias para um chefe de Estado não é usual. Isso é um indicativo da importância da relação entre Brasil e França, do intercâmbio e do interesse profundo em diversas áreas", avaliou a embaixadora Maria Luísa Escorel, secretária de Europa e América do Norte do Ministério das Relações Exteriores, em conversa com jornalistas.

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A visita de Lula e Macron à floresta amazônica e conversa com indigenas indicam sinal de que os interesses não são de pouca significância. E a vinda do presidente francês ao Brasil tem a ver com a progressão das viagens de Lula pela Europa, logo que assumiu o governo em 2023, sob comando secreto da ONU. E a visita de Macron a quatro cidades brasileiras é estratégica. Basta avaliar a natureza dos temas tratados pelos chefes dois de Estado, que são nas áreas de meio ambiente, defesa, reforma dos organismos multilaterais, dentre outros assuntos.

O Palácio do Itamaraty revelou que o interesse de Lula é mostrar ao presidente Macron a complexidade da questão amazônica e as alternativas de desenvolvimento econômico sustentável que existem. Além disso, o presidente brasileiro quer mostrar ao líder francês o fato de a Amazônia não ser apenas uma grande área de floresta, mas um local que abriga imensa população, com cerca de 25 milhões de habitantes, e que depende da própria floresta para a sua sobrevivência.

Nesta quarta-feira (27), Lula e Macron partiram de helicóptero do Forte de Copacabana para o município de Itaguaí (RJ), onde inauguraram o terceiro submarino construído no Complexo Naval da Marinha, a partir de Programa de Submarinos, fruto de um acordo de cooperação entre os governos do Brasil e da França. O programa prevê, ao todo, a construção de cinco submarinos, sendo o último previsto para ser entregue em alguns anos, um equipamento de propulsão nuclear.

Além de discutir a continuidade da parceria, Lula e Macron trataram de um programa para produção de helicópteros militares e energia nuclear de uso civil. Ainda não se sabe o objetivo disso.

Do Rio de Janeiro, o presidente Lula retornou a Brasília, enquanto Macron viajou para São Paulo, onde cumpre outra etapa de sua visita ao Brasil. Na capital paulista, o presidente francês participou do Fórum Econômico Brasil-França, nesta quarta-feira (27), na sede da Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Cerca de 50 empresários franceses se fizeram presentes. Os dois países registraram fluxo comercial de US$ 8,4 bilhões em 2023, sendo US$ 2,9 bilhões de exportações e US$ 5,5 bilhões de importações.

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Na pauta de exportações brasileiras para a França predominam produtos como farelo de soja, óleos brutos e petróleo, bem como celulose e minério de ferro. Do lado francês, os principais produtos importados pelo Brasil são motores e máquinas, aeronaves e produtos da indústria de transformação.

Dados do Banco Central revelam que a França é o terceiro maior investidor no Brasil, com mais de US$ 38 bilhões. Além disso, há cerca de 860 empresas francesas atuando no Brasil, com geração de 500 mil empregos. O encontro empresarial contou com a presença do vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin.

Após o encontro empresarial, Macron deverá participar de um jantar com artistas e personalidades da cultura brasileira, incluindo o cantor e compositor Chico Buarque. Não está descartada a possibilidade de o presidente francês caminhar a pé pela Avenida Paulista e visitar o Museu de Arte de São Paulo (Masp). A agenda ainda prevê encontro com integrantes da comunidade francesa no Brasil e inauguração de uma unidade do laboratório Pasteur na Universidade de São Paulo (USP).

Macron passa a noite de hoje, quarta-feira (27), na capital paulista e amanhã, quinta-feira (28) embarca para a última etapa da viagem, que é a visita de Estado a Brasília, onde será recebido com honras de chefe de Estado e se reunirá com Lula no Palácio do Planalto. O encontro terá ênfase em temas bilaterais e globais, além de culturais, exatamente como prevê a Agenda 2030 da ONU, já que 2025 marca os 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países.

Temas como reforma das instituições multilaterais, incluindo assento permanente do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas, além das guerras na Ucrânia e em Gaza devem ser abordados por ambos. A situação política na Venezuela e a crise humanitária no Haiti são outros assuntos que fazem parte da pauta entre os dois chefes de Estado.

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Cerca de 30 atos poderão ser assinados por Lula e Macron, em diversas áreas. Após essa etapa da reunião, os dois presidentes farão uma declaração à imprensa. Em seguida, participam de almoço no Itamaraty. Emmanuel Macron ainda deverá ser recebido no Congresso Nacional pelos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

Questão Mercosul - União Europeia

Um tema bastante delicado, entre Brasil e França, que deverá ser evitado durante a visita de Macron em Brasília, é o das negociações em torno do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Isso porque o presidente francês declarou, no fim do ano passado, sua oposição ao fechamento do acordo.

"Esse não é o assunto desta visita. Houve uma pausa nas negociações por causa das eleições no Parlamento Europeu. O foco é a relação estratégica bilateral entre esses dois países. O foco são as convergências, não as divergências", observou a embaixadora Maria Luísa Escorel, do Itamaraty.

Enquanto isso, o Leitura Livre segue acompanhando os fatos relacionados a essas grandes questões de interesse global.


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