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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

COLUNA LEITURA LIVRE | por Battista Soarez

COLUNA LEITURA LIVRE

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Por Battista Soarez
(Jornalista, escritor, sociólogo, teólogo e professor universitário)

A cultura do socialismo e a briga pelo poder de controle do planeta

A política de esquerda é uma rede mundial de corrupção "democratizada".

O combate à corrupção tem sido uma constante de organizações mundiais | Foto: Divulgação
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DESDE QUE LULA FOI SOLTO e assumiu o comando do Brasil pela terceira vez, a marcha para o controle total da governança global tem sido galopante. Ele tem sido usado pelo sistema globalista para dialogar com os líderes sul-americanos sobre a organização e unificação do bloco econômico da América do Sul e, a partir daí, novos passos serão dados na concretização da governança do planeta. E um dos mecanismos da esquerda global tem sido a institucionalidade da corrupção. Em 2024, o Brasil registrou 34 pontos e a 107ª posição, entre 180 países, no Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional, o IPC. Trata-se da pior nota e da pior colocação do país na série histórica do índice, iniciada em 2012. O governo mundial, vale considerar, será um governo de corrupção institucionalizada, em que uma ditadura violenta será instalada sem nenhum sentimento de piedade. Lula já disse que é a favor dessa nova ordem. Por isso ele foi reconduzido ao posto de chefe de Estado da forma como foi. Porque, de fato, a nova ordem precisa desse tipo de gente.

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É fato que o resultado de 2024 significa uma queda de dois pontos e três posições em relação ao ano anterior. E de nove pontos e 38 posições em comparação com as melhores pontuações do país na série histórica — em 2012 e, novamente, em 2014. — O Brasil, governado pela corrupção e pela violência, é uma nação sofrida e sua gente tem sido usada como massa de manobra pelo sistema corrupto que determina o "tudo" na escala social. O atual governo brasileiro está caminhando nessa trilha e a sociedade parece estar desprovida de força democrática porque até a democracia foi roubada do povo.

Vejamos alguns pontos quanto a esta questão. Há dez anos, para início de conversa, o país estava empatado com Bulgária, Grécia, Itália, Romênia, Senegal e Essuatíni (antiga Suazilândia). Desse grupo, apenas este último e o Brasil estão com notas piores no índice desde então. Atualmente o Brasil está empatado com Argélia, Malauí, Nepal, Níger, Tailândia e Turquia.

O Leitura Livre apurou que, produzido pela Transparência Internacional desde 1995, com uma série histórica comparável desde 2012, ele avalia 180 países e territórios e atribui notas entre 0 e 100. Quanto maior a nota, maior é a percepção de integridade do país. É perceptível que o mundo caminha para uma nova ordem de governança global totalmente controlada pela corrupção e pela violência. Há anos tenho dito que a esquerda é uma rede mundial de corrupção e violência. E nisso estão balizadas, apocalipticamente, todas as suas ideologias como método de governo e democracia numa perspectiva unilateral por parte dos dos dominantes da sociedade.

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O IPC agrega dados oriundos de diferentes fontes que trazem a percepção de acadêmicos, juristas, empresários e outros especialistas acerca do nível de corrupção no setor público de cada país analisado. Para 2024, foram usadas oito fontes de informação para a composição da nota do Brasil.

Em 2024, o Brasil falhou, mais uma vez, em reverter a trajetória dos últimos anos de desmonte da luta contra a corrupção. Ao contrário, o que se viu foi o avanço do processo de captura do Estado pela corrupção. A principal evidência de que estamos entrando no estágio avançado desse processo vai se tornando clara: a presença cada vez maior e explícita do crime organizado nas instituições estatais, que anda de mãos dadas com a corrupção. Não surpreende, portanto, o resultado do Brasil no IPC 2024 ser o pior da sua série histórica. É fundamental que isso soe como um alarme, para que a sociedade e as instituições brasileiras ajam contra esse processo de captura do Estado que, a cada dia, se torna mais difícil de reverter.

Em 2024, os melhores colocados no Índice de Percepção da corrupção foram Dinamarca (90 pontos), Finlândia (88), Cingapura (84), Nova Zelândia (83) e, empatados com 81 pontos, Luxemburgo, Noruega e Suíça. Os piores colocados no índice de 2024 foram Sudão do Sul (com 8 pontos), Somália (9), Venezuela (10), Síria (12) e, empatados com 13 pontos, Guiné Equatorial, Eritréia, Líbia e Iêmen. Onde a esquerda domina, impera a corrupção.

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Na comparação regional, o Brasil ficou abaixo da média dos países das Américas (42 pontos) e da média global (43). Entre os países do G20, grupo que teve presidência brasileira em 2024, o Brasil ficou em 16º lugar, empatado com a Turquia e à frente apenas de México e Rússia. Com 34 pontos, o país encosta na média das notas dos países tidos como não democráticos baseados em avaliação da Economist Intelligence Unit (33 pontos).

Junto com o lançamento global do IPC 2024, a Transparência Internacional Brasil lança o relatório “Retrospectiva Brasil 2024”, em que analisa os principais avanços e retrocessos em transparência e no combate à corrupção em 2024. O relatório também apresenta recomendações aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, além do Ministério Público. 

Entre os destaques negativos do “Retrospectiva Brasil 2024” estão: o silêncio reiterado do presidente Lula sobre a pauta anticorrupção; a renegociação de acordos de leniência para beneficiar empresas envolvidas em macrocorrupção, em processos expostos a conflitos de interesses, sem transparência e sem participação das vítimas dos esquemas; permanência no cargo do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, indiciado pela PF por corrupção passiva, fraude em licitação e organização criminosa; retomada da influência no governo de empresários que confessaram esquemas de macrocorrupção e permanecem impunes, como os irmãos Batista da J&F; falta de transparência e condições de controle social no Novo PAC; percepção de crescente ingerência política na Petrobras; decisões do ministro Toffoli com impacto sistêmico e internacional de impunidade, e inércia do STF em colocar a julgamento recursos da PGR contra tais decisões; episódios reiterados de conflito de interesse de magistrados, principalmente em julgamentos envolvendo bancas de advogados de parentes e em eventos cada vez mais frequentes de lobby judicial; institucionalização da corrupção em larga escala com a persistência, agigantamento e descontrole das emendas orçamentárias, em franca insubordinação às decisões do STF; aprovação da PEC da Anistia.

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Já entre os pontos destacados como avanços em 2024 no campo anticorrupção estão: decisões do STF no sentido de dar maior transparência e rastreabilidade às emendas parlamentares; lançamento do Plano de Integridade e Combate à Corrupção 2025-2027 pela CGU; o Portal da Transparência passou a divulgar dados, ainda parciais, sobre benefícios e renúncias fiscais, um dos principais avanços para a transparência pública dos últimos anos; esforços de fiscalização resultaram na queda do desmatamento e na redução da exploração ilegal do ouro, assim como ações da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (ENCCLA) avançaram em instrumentos de combate à corrupção ambiental; investigações contra redes de corrupção de juízes avançam de forma inédita, embora ainda sob riscos de obstruções à apuração do envolvimento de membros de tribunais superiores.

Lamentavelmente, 2024 trouxe muito mais retrocessos que avanços. Vimos um país onde o presidente da República praticamente não pronunciou a palavra ‘corrupção’, o Judiciário escancarou a impunidade para corruptos poderosos e o Congresso persistiu com o assalto ao orçamento público. Esse quadro se torna ainda mais difícil de reverter graças à polarização política exacerbada, que funciona para desviar a atenção da sociedade da corrupção e da impunidade.

Corrupção contra o clima. O relatório “Retrospectiva Brasil 2024” também demonstra que o ano de 2024 foi marcado por casos de corrupção com impacto na agenda climática, um dos desafios mais urgentes do país e do mundo.

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A Operação Overclean, deflagrada em dezembro de 2024 e citada no relatório, evidenciou um gigantesco esquema de corrupção no DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), órgão do governo federal responsável por obras de infraestrutura de combate às secas no semiárido. O DNOCS, entregue pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ao Centrão e mantido com o mesmo grupo político pelo presidente Lula, tem sido alvo frequente das páginas policiais. Segundo a Overclean, a organização criminosa investigada teria movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão em um esquema envolvendo desvios de licitações de obras e de emendas parlamentares. Isso é de praxe há anos. Poucos deputados não negociam emendas parlamentares. Por isso ficam ricos rápidos.

O mercado de carbono, uma oportunidade de fontes de recursos para o Brasil, que ainda abriga importantes áreas cobertas de florestas, também não está livre de corrupção. É o que demonstra o caso da Operação Greenwashing, conduzida pela Polícia Federal em 2024, que buscou desarticular organização criminosa suspeita de vender cerca de R$ 180 milhões em créditos de carbono, gerados a partir da invasão de terras públicas.

Diversas investigações de corrupção envolveram também o Judiciário em casos, direta ou indiretamente, relacionados à disputa fundiária e grilagem de terras, como nas operações Ultima Ratio e Máximus, envolvendo juízes e desembargadores, respectivamente, dos Tribunais de Justiça do Mato Grosso do Sul e Tocantins, além dos desdobramentos da Operação Faroeste, junto ao Tribunal de Justiça da Bahia. A corrupção do Judiciário em casos de disputa de terras pode implicar no aumento de conflitos fundiários, impactos em comunidades locais e estímulo ao desmatamento, que é a principal fonte de emissões de gases de efeito estufa no Brasil.

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O tema da corrupção e da mudança climática foi o escolhido pelo Secretariado da Transparência Internacional, em Berlim, como destaque no lançamento do Índice de Percepção da Corrupção de 2024. O Secretariado destaca que países com níveis mais baixos de corrupção geralmente demonstram um maior preparo para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas. Isso porque a influência indevida de grupos políticos e econômicos nas decisões e órgãos públicos, o desvio de recursos públicos e práticas de fraude e corrupção associadas a crimes ambientais minam os esforços de adaptação e mitigação às mudanças climáticas.

A corrupção, nesse contexto, além de afetar a vida de milhões de pessoas ao exacerbar a crise climática, provoca violência direta contra defensores e defensoras ambientais. Dos registros de 1.013 defensores ambientais assassinados entre 2019 e 2023, 99% viviam em países com pontuações abaixo de 50 no IPC, segundo dados cruzados pela Transparência Internacional com informações da Global Witness. Mais de um em cada dez defensores e defensoras assassinadas no mundo, nesse período, viviam no Brasil, o segundo país mais violento contra esse grupo, ficando atrás somente da Colômbia.

O Brasil só enfrentará com eficiência as mudanças climáticas caso implemente medidas adequadas de prevenção e combate à corrupção. O país tem a oportunidade de demonstrar isso para o mundo, em especial no contexto em que receberá a COP do clima, neste ano, em Belém do Pará, caso reforce a transparência e a integridade dos órgãos e políticas relacionadas à agenda climática.

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domingo, 16 de fevereiro de 2025

COLUNA LEITURA LIVRE | por Battista Soarez

COLUNA LEITURA LIVRE

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Por Battista Soarez 
(Jornalista, escritor, psicanalista, teólogo e professor universitário)


Os próximos passos da história e suas complexidades

A humanidade está a caminho de um obscurantismo de sociodemocracia e absolutismo governamental

O BRICs quer assumir controle na complexidade global | Foto: Divulgação 

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DOS DIAS 22 A 24 DE OUTUBRO DE 2024, líderes do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) reuniram em Kazan, Federação da Rússia, para a XVI Conferência do BRICS, realizada sob o tema “Fortalecendo o Multilateralismo para o desenvolvimento e a segurança globais justos”.

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O grupo discutiu sobre a importância de aprimorar ainda mais o que eles chamam de solidariedade e a cooperação do BRICS com base em interesses mútuos e prioridades-chave e, desta maneira, fortalecer as parcerias estratégicas entre países. Falam, inclusive, de respeito e compreensão mútuos, igualdade soberana, solidariedade, democracia (no conceito da esquerda globalista), abertura, inclusão, colaboração e consenso.

A cúpula trabalha, nesse trajeto, três pilares de cooperação, sendo eles os seguintes: política e segurança, econômica e financeira, cultural e interpessoal. Além disso, falam de promoção da paz mundial, de uma ordem internacional, de um sistema multilateral revigorado e reformado do desenvolvimento sustentável e do crescimento inclusivo.

Está trabalhando, portanto, o fortalecimento do multilateralismo para uma ordem mundial mais justa e democrática (na linguagem da esquerda globalista). Neste ponto, a ordem internacional vislumbra novos centros de poder, de tomada de decisões políticas e de crescomento econômico que podem pavimentar o caminho para uma ordem mundial multipolar mais equitativa, justa, democrática e equilibrada. Esta é, em síntese, a narrativa do bloco.

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Por conseguinte, a multipolaridade pode ampliar, segundo a Cúpula do BRICS, as oportunidades para que haja liberalidade, quanto ao potencial construtivo, e os governos mundiais desfrutem de uma globalização e de uma cooperação econômicas universalmente benéficas, inclusivas e equitativas. Tendo em mente a necessidade de adaptar a atual arquitetura das relações internacionais para melhor refletir as realidades contemporâneas, a Cúpula reafirma o compromisso com o multilateralismo e com a defesa do direito internacional, incluindo os Propósitos e Princípios consagrados na Carta das Nações Unidas (ONU) como sua pedra angular indispensável.

E o papel central da ONU no sistema internacional, no qual os Estados soberanos cooperam para manter a paz e a segurança internacionais, é promover o desenvolvimento sustentável, assegurar a promoção e a proteção da democracia, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos, bem como a cooperação baseada na solidariedade, no respeito mútuo, na justiça e na igualdade.

Para a Cúpula do BRICS, há uma necessidade urgente de alcançar uma representação geográfica equitativa e inclusiva na composição da equipe do secretariado das Nações Unidas e de outras organizações internacionais oportunamente. Nesse caso, a governança global procura se intensificar por meio da promoção de um sistema internacional e multilateral mais ágil, mais eficaz, mais eficiente, responsivo, representativo, legítimo, democrático e responsável.

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O BRICS requer que seja assegurada uma participação maior e mais significativa dos EMDCs (Economias Emergentes e Em Desenvolvimento) e dos países menos desenvolvidos especialmente na África, na América Latina e no Caribe nos processos e nas estruturas globais de tomada de decisões, tornando-se mais sintonizados com as realidades contemporâneas. A Cúpula defende, também, o aumento do papel e da participação das mulheres, especialmente dos EMDCs, em diferentes níveis de responsabilidades nas organizações internacionais.

Como um passo positivo nessa direção, a Cúpula reconhece o Chamado à Ação do G-20 sobre a Reforma da Governança Global lançado pelo Brasil durante sua presidência do G-20. Além disso, os líderes do BRICs também levam em conta a importância dos diálogos e parcerias que fortalecem a cooperação com o continente africano, como a Cúpula do Fórum de Cooperação China-África, a Cúpula do Fórum Índia-África, a Cúpula Rússia-África e a Conferência Ministerial.

Na esteira da Declaração de Johanesbusgo II de 2023, o BRICs manifesta apoio a uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança. Foi o que propôs o presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva no seu discurso na Conferência da ONU em 2023. Lula concorda com o objetivo de tornar o Conselho mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e de aumentar a representação dos países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho para que ele possa responder adequadamente aos desafios globais predominantes e apoiar as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina. Isso inclui, também, os países do BRICS, a desempenhar um papel maior nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança. Logo, a Cúpula do BRICs reconhece as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Conselho de Ezulwini e na Declaração de Sirte.

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Para os líderes do BRICs, inclusive para Lula, é fundamental o apoio ao sistema comercial baseado em regras, aberto, transparente, justo, previsível, inclusivo, equitativo, não discriminatório, consensual e multilateral, com a Organização Mundial do Comércio (OMC) em seu núcleo, com tratamento especial e diferenciado para os países em desenvolvimento, incluindo os países menos desenvolvidos. A Cúpula diz rejeitar as medidas unilaterais de restrição ao comércio que sejam inconsistentes com as regras da OMC. Ela aconselha os resultados da 13ª Conferência Ministerial em Abu Dhabi (EAU) e reitera o compromisso de trabalhar para a implementação das decisões e declarações das Conferências Ministeriais da OMC.

É observado, entretanto, que ainda é preciso um maior esforço em muitas questões pendentes. A Cúpula reforça a importância de reformar a OMC e fortalecer a dimensão do desenvolvimento em seu trabalho. Nesse caso, a Cúpula se compromete ao encorajamento, de forma construtiva, dentro da OMC, para atingir a meta de entregar um sistema de solução de controvérsias da OMC vinculante de duas instâncias, completo e em bom funcionamento, acessível a todos, e, ainda, a seleção de novos membros do Órgão de Apelação sem mais demora.

Isso já vem acontecendo. Os globalistas têm pressa em aprimorar o diálogo deles sobre o sistema de comércio multilateral e questões relacionadas à OMC. Nessa trilha, o BRICs prima pelo estabelecimento da Estrutura Consultiva Informal sobre questões da OMC. A Cúpula reitera a decisão, no âmbito da Estratégia para a Parceria Econômica do BRICs 2025, de tomar medidas para apoiar a reforma necessária da OMC para aumentar a resiliência, a autoridade e a eficácia da OMC e promover o desenvolvimento e a inclusão.

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Com o retorno de Donald Trump à presidência dos EUA, alguns embates podem se instalar. Na última terça-feira (13/02), o governo brasileiro divulgou um documento no qual reitera que, durante a presidencia do BRICs, defenderá a discussão sobre o uso de moedas locais em transações comerciais entre os países do bloco. Este é um tema que vem sendo defendido pelo presidente Lula e por outros líderes do bloco. E, por conseguinte, já provocou reações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Fato. Trump ameaçou sobretaxar os produtos de países do BRICs, caso deixem de usar o dólar nas transações comerciais com integrantes do bloco.

Desde o acordo de Bretton Woods (1944), o dólar é a moeda padrão em negociações internacionais. Líderes do BRICs, entretanto, têm argumentado que tal fato, na prática, mantém os países reféns da política monetária dos EUA.

O Leitura Livre está preparando uma matéria opinativa sobre tal questão, com uma hermenêutica jornalística que indica — na escala da geografia econômica global — qual é o real sentido geopolítico desse conflito na briga pelo controle sobre a economia mundial e o que pretende a nova ordem mundial, envolvendo política internacional, religiosidade secreta e o controle total do mundo por parte do sistema globalista.

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domingo, 9 de fevereiro de 2025

COLUNA LEITURA LIVRE | por Battista Soarez

COLUNA LEITURA LIVRE

Por Battista Soarez 
(Jornalista, escritor, psicanalista, teólogo e professor universitário


E S T A D O

O Maranhão fechou em alta em 2024 e promete avançar em 2025 
O estado cresce em vários aspectos, principalmente no setor do turismo em que os registros de crescimento vêm mostrando resultados animadores.

O turismo se destaca na economia do Maranhão | Foto: Divulgação 

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O MARANHÃO ESTÁ EM ALTA em vários aspectos. No turismo, por exemplo, foi registrado, em 2024, um aumento no fluxo aéreo e na ocupação hoteleira. O estado tem sido destaque como destino turístico, com os Lençóis Maranhenses sendo um dos principais atrativos.

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Desenvolvimento do turismo. Em 2024, o Maranhão registrou um aumento de 9% no fluxo aéreo e um recorde de desembarques em julho. O setor de turismo no estado, portanto, está aquecido, com alta ocupação hoteleira. Os Centros de Atendimento ao Turista (CATs) atenderam mais de 21 mil visitantes entre janeiro e outubro de 2024. Para 2025, o ritmo promete continuar porque tanto o governo do estado como o do município de São Luís, a capital maranhense, estão investindo em infraestrutura turística.

Principais atrativos turísticos. Os Lençóis Maranhenses são o destino mais procurado do Brasil por turistas de alta renda. São Luís é um destino que encanta os visitantes com o seu charme colonial. Todavia, se o poder público investisse mais nos pontos turísticos, inclusive no centro histórico da capital, o turista certamente estaria mais motivado em visitar a cidade de São Luís. Outra questão é com relação ao preço. O Maranhão exagera nos valores cobrados aos visitantes. E isso afasta o turista. Mesmo assim, o estado vem apresentando aspectos positivos.

Ações para fortalecer o turismo. A Secretaria de Estado do Turismo (Setur-MA) está realizando ações estratégicas para fortalecer o turismo durante o ano inteiro.

Nesse sentido, a Setur-MA está organizando city tours para proporcionar experiências inesquecíveis aos visitantes. A Secretaria encerrou as atividades de 2024 com recorde no número de desembarques no Aeroporto Internacional Marechal Hugo da Cunha Machado, em São Luís. Em julho, o terminal registrou 84.242 desembarques, o maior número do ano, representando um aumento de 9% em relação ao melhor mês de 2023, junho, que teve 77.330 passageiros, segundo o Monitoramento de Fluxo Aéreo, conduzido pelo Observatório do Turismo do Maranhão (Obstur-MA).

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A secretária de Estado do Turismo, Socorro Araújo, comemorou os indicadores. “Eu analiso como muito positivo este fluxo aéreo, tanto no desembarque quanto na rede hoteleira porque isso reflete o resultado de um trabalho conjunto da Secretaria de Turismo e de todo o Governo do Estado. O governador Carlos Brandão tem investido em infraestrutura e promoção turística, mostrando como o Maranhão está preparado para atrair visitantes. Além disso, a visibilidade dos Lençóis Maranhenses como Patrimônio Mundial fortaleceu ainda mais o turismo no estado, o que nos traz a perspectiva desses números continuarem subindo”, lecionou a secretária.

O coordenador do Obstur-MA, Igor Almeida, disse que a equipe conseguiu atingir as metas previstas e que as estratégias para a obtenção dos dados foram essenciais para atender ao planejamento de ações da pasta. Mais do que monitoramentos, o Obstur-MA é responsável por executar inúmeras pesquisas.

“Em 2024 realizamos a pesquisa de demanda no período do Carnaval e demos continuidade à do São João, com resultados que apontaram impressões muito positivas dos turistas. Para 2025, queremos ampliar as fontes de dados e expandir as pesquisas para outros polos turísticos”, afirmou ele.

O Obstur-MA tem como objetivo compreender o fluxo e a demanda nas regiões turísticas do Maranhão, ou seja, entender quem visita o estado, o tempo de permanência destes turistas, os destinos que pretendem visitar, etc.

O Observatório também lançou, em 2024, dois boletins trimestrais e se prepara para publicar o terceiro, com previsão para ser divulgado em 2025 no site: [url=http://observatorio.turismo.ma.gov.br]http://observatorio.turismo.ma.gov.br[/url].
As pesquisas buscam traçar o perfil dos visitantes, quantificar o tempo de permanência e destinos mais procurados, contribuindo para a tomada de decisões na política pública de turismo.

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O coordenador ainda ressaltou que o trabalho desenvolvido pelo setor é integrado a outras áreas da Setur-MA, como o Cadastur. Nessa parceria, foram realizadas visitas a hotéis, pousadas e agências de turismo para coleta de dados que mostram como está a taxa de ocupação hoteleira. Além disso, o levantamento busca entender a atuação de mercado das agências de turismo.

Ocupação hoteleira. No setor hoteleiro, o Polo Lençóis e Delta registrou a maior quantidade de hóspedes em julho de 2024, com uma taxa de ocupação de 87,1%, consolidando-se como a região com o principal atrativo turístico do estado. Para equilibrar alta e baixa temporadas, a secretária Socorro Araújo enfatizou que o Governo do Maranhão, através da Setur-MA, dará continuidade às ações estratégicas que estão fortalecendo o turismo o ano inteiro.

“O fluxo não aumentou só nos eventos e só nas datas principais que nós temos, como no Réveillon, Carnaval e São João, mas durante o ano inteiro. Quando o Parque dos Lençóis Maranhenses se tornou patrimônio mundial, automaticamente ele se tornou um grande produto que se vende sozinho, pela beleza e por todas as experiências que podem ser vivenciadas pelos nossos visitantes”, explicou Socorro Araújo.

A economia do Maranhão cresceu 3,3% no terceiro trimestre de 2024, e a perspectiva é de que vai continuar subindo em 2025. A equipe do Obstur-MA conseguiu atingir as metas previstas e as estratégias para a obtenção dos dados foram essenciais para atender ao planejamento de ações da pasta. Mais do que monitoramentos, o Obstur-MA é responsável por executar inúmeras pesquisas.

“Em 2024, voltamos a realizar a pesquisa de demanda no período do Carnaval e demos continuidade à do São João, com resultados que apontaram impressões muito positivas dos turistas. Para 2025, queremos ampliar as fontes de dados e expandir as pesquisas para outros polos turísticos”, afirmou Igor Almeida, coordenador do Obstur-MA.

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O Obstur-MA tem como objetivo compreender o fluxo e a demanda nas regiões turísticas do Maranhão, ou seja, entender quem visita o estado, o tempo de permanência dos turistas, os destinos que pretendem visitar, etc.

As pesquisas buscam traçar o perfil dos visitantes, quantificar o tempo de permanência e destinos mais procurados, contribuindo para a tomada de decisões na política pública de turismo. O trabalho desenvolvido pelo setor é integrado a outras áreas da Setur-MA, como o Cadastur. Na parceria, foram realizadas visitas a hotéis, pousadas e agências de turismo para coleta de dados que mostram como está a taxa de ocupação hoteleira. Além disso, o levantamento busca entender a atuação de mercado das agências de turismo.

O fluxo não aumentou só nos eventos e só nas datas principais, como no Réveillon, Carnaval e São João, mas durante o ano inteiro. Quando o Parque dos Lençóis Maranhenses se tornou patrimônio mundial, automaticamente ele se tornou um grande produto que se vende sozinho, pela beleza e por todas as experiências que podem ser vivenciadas pelos visitantes.

Crescimento econômico. A economia do Maranhão cresceu 3,3% no terceiro trimestre de 2024, de acordo com o Boletim de Conjuntura Econômica do Estado. O setor industrial foi o destaque, com um aumento de 8,5%, e o setor de serviços, com um aumento de 1,4%. Em maio de 2024, a produção industrial do Maranhão registrou um aumento de 6,8% em relação ao mesmo período de 2023. Em 2022, a economia do Maranhão cresceu 3,4%, superando o PIB nacional. A economia do Maranhão é baseada no setor de serviços, na indústria e no extrativismo.

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Setor de serviçosAdministração, educação e saúde públicas. Comércio, manutenção e reparação de veículos. Atividades imobiliárias. Transporte, armazenamento e correios. Atividades profissionais, científicas e técnicas.

Setor industrial. Transformação de alumínio e alumina, Produção de alimentos, Indústria madeireira.

Setor extrativista do Babaçu. O babaçu no Maranhão sempre cresce pelo fato do aumento das palmeiras que, atualmente, estão perto de 15 milhões espalhadas pelo estado. Trata-se de uma cultura rica e muito lucrativa.

Informações técnicas vêm revelando avanço do Produto Interno Bruto (PIB) do Maranhão em todas as áreas avaliadas desde 2023, com um crescimento anual de 6,4%, o maior de todo o Nordeste. O desenvolvimento foi apontado em 16,6% no setor agropecuário, 2,3% na indústria e 6% no setor de serviços. Em 2025, o ritmo de crescimento econômico do estado só vai ser revelado no mês de março, mas, se permanecer como foi em 2024, os resultados serão positivos na mesma proporção.

Em comparação com os demais estados nordestinos, na área de serviços o Maranhão é o líder regional, figurando em primeiro lugar. No setor agropecuário, o estado tem sido o terceiro maior crescimento, ficando atrás apenas do Rio Grande do Norte e do Piauí. Em relação à indústria, o Maranhão também tem ficado em terceiro lugar.

O governador Carlos Brandão tem comemorado o crescimento significativo do Produto Interno Bruto (PIB) do Maranhão e sempre destaca que o progresso ocorre graças à união de vários esforços voltados para impulsionar o desenvolvimento econômico no estado.

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Para Brandão, esses resultados só refletem o empenho de todos os setores da sociedade maranhense, assim como o esforço do governo, com apoio da Assembleia Legislativa, na gestão da deputada estadual Iracema Vale (PSB), na implementação de políticas públicas que garantem o desenvolvimento do estado.  Isto evidencia que o governo está no caminho certo. Brandão promete continuar avançando “para fazer do Maranhão um estado ainda mais forte”, promete o governador.

A Secretaria de Estado de Indústria e Comércio (Seinc) vem demonstrando que o cenário de prosperidade ocorre por meio de políticas públicas estaduais que têm buscado fazer do Maranhão um espaço de oportunidades e com segurança jurídica para investimentos de empresas de diferentes portes, localidades e nacionalidades. A avaliação é que, com o PIB em alta, o Maranhão também avança em possibilidades de crédito e atração de novos investimentos, refletindo em um maior poder de consumo pelos maranhenses.

Isso é fruto de um trabalho intensivo e criterioso, em que a economia tem crescido, graças à facilidade da atração de investimentos e, também, à geração de emprego e renda. A população, com o poder de consumo maior, reflete na economia do estado como um todo. Esse é o resultado das políticas estaduais que criam um ambiente propício aos investimentos locais, nacionais e internacionais.

Por parte do Conselho Regional de Economia do Maranhão (Corecon-MA), o estado tem um grande potencial de mercado para gerar ainda mais riquezas e a avaliação é de que o cenário e a performance positiva do Maranhão no PIB é fruto de investimentos da iniciativa privada e do setor público. O governo comemora, sobretudo, os avanços da indústria.

O Maranhão, portanto, tem avançado e crescido em todas as áreas. No Nordeste ele teve o maior crescimento em relação aos outros estados, segundo relatório do Banco do Brasil. Destaca-se essa fatia que é a indústria, em que o Maranhão está posicionado com o terceiro maior crescimento. É a indústria que possui o maior valor agregado. São os melhores empregos e as melhores rendas. Portanto, quanto maior o crescimento da indústria em relação ao PIB, muito melhor será para o estado.

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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

COLUNA LEITURA LIVRE | por Battista Soarez

COLUNA LEITURA LIVRE

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Por Battista Soarez 
(Jornalista, escritor, psicanalista, teólogo e professor universitário)


O cristianismo nunca conheceu Jesus, o Cristo
Por isso pregamos um evangelho dotado de religiões e tradição, totalmente diferente do que Cristo ensinou.

O cristianismo, como mera religião, nunca conseguiu interpretar o que realmente Jesus ensinou.

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DESDE QUANDO ME CONVERTI, há 42 anos, nunca vi um pastor, um padre ou qualquer líder cristão pregando o que Jesus realmente ensinou. A igreja, que nos dias apostólicos era conhecida apenas como “o caminho” (Atos 9.2; 19.9; 24.22; João 14.6), com o passar dos tempos e ao longo da história, afundou-se em doutrinas religiosas e denominacionais, ignorando totalmente o Sermão da Montanha como o verdadeiro manual de conduta espiritual e prática no serviço cristão. Aliás, no Sermão da Montanha, Jesus ensinou princípios e não doutrinas. Ele sabia que doutrina, dada a sua particularidade, denominacionalidade, falibilidade e temporalidade, iria criar muitas barreiras culturais e outras questões de natureza tradicionalista. As denominações criam suas próprias doutrinas, e ficam longe dos princípios da justiça de Deus.

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Na sequência da história, a gente pode imaginar que uma certa solução para o problema da dicotomia “ser-fazer”, “teoria-prática”, poderia ser encontrada na maneira como o antigo povo hebreu pensava. Isto porque costumamos ler Jesus, Paulo e, enfim, o Novo Testamento, sob uma ótica grega. Como os estoicos, só olhamos para os bons costumes e, nisso, criamos nossas doutrinas, brigamos por elas e, por vezes, somos capazes até de morrer por elas. Como se elas se tornassem um “deus” para nós. E aí, por esse prisma, nos tornamos dualistas e separamos as coisas que, no pensamento judaico, são inseparáveis. Então, confundimos pensamentos meramente humanos com palavra de Deus. Palavras de homens são "coisa" religiosa e terrena. Enquanto que a Palavra de Deus é a Verdade infalível e eterna.

Do meu ponto de vista, é acidental a ligação entre a igreja estabelecida por princípios e a igreja regida por doutrinas. A igreja estabelecida por princípios inclui e/ou é includente (João 17.21-23). Ao passo que a igreja regida por doutrinas é excludente e, portanto, é uma igreja dividida.

Jesus, no entanto, nunca pregou exclusão. Jesus nunca pregou divisão. Pelo contrário, Ele orou a Deus Pai por uma unidade perfeita dos seus seguidores, tanto os da sua época quanto os que viriam a ser alcançados depois (João 17.21-23). Esta é uma ligação que existe na vida estabelecida por Jesus e que, por certo, define uma certa quantidade de nosso conhecimento sobre a natureza da fé em Deus que dá a possibilidade de escolher, no vasto mar de fenômenos, os mais essenciais. "Pai, que todos sejam um, como eu e tu somos um", disse Jesus. Com isto, o Senhor está dizendo que a igreja dEle é uma só, um só povo, corpo socioespiritual. Sem religião. Sem cultura religiosa. E sem tradição religiosa. Porque tradição religiosa invalida a palavra de Deus, conforme Jesus disse em Mateus 23.

Não menos real é a ligação entre a coluna do serviço cristão — realizado pela fé em Cristo e pelo chamado nEle — e a coluna da sociedade. Porque o serviço cristão, isto é, as formas de sua organização ao final das contas, determina também as formas das estruturas sociais em que a cristandade está inserida.

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Poderíamos tornar as colunas em uma ligação diferente? Não. Não se pode porque, por ligações diferentes, seriam feitas não entre o que é fundamental, mas com fatores secundários que não simplificariam, mas complicariam o nosso entendimento da realidade. Na verdade, o cristianismo, como religião, nada mais é senão um fato social complicado. Quanto mais os complexos ampliam os horizontes da fé revelando o real, as suas ligações básicas, mais os complexos, criando ligações artificiais, dificultam o entendimento da realidade para a sociedade.

Eis aí por que é importante que na pregação do evangelho de Jesus não deve existir um complexo geral, mas é importante que exista um complexo definido, ou seja, que possa realçar, da melhor forma possível, a ligação entre os fenômenos. Disso também decorre o papel dos complexos nas diferentes etapas do desenvolvimento da igreja na qualidade de corpo de Cristo. A igreja, ao longo da história cristã, quebrou o princípio da unidade e comunhão e perdeu, no contexto social, o princípio do poder e da autoridade na sua caminhada social e no seu fazer perante o mundo que Deus amou.

Quando eu digo que o cristianismo nunca conheceu Jesus, o Cristo, é porque, no seu percurso na história, ele deu à sociedade uma aproximação básica em relação ao fenômeno. E aí ficou esclarecido, para ele, o mais essencial na ligação dos grupos principais de fenômenos. Eu coloco fenômeno, aqui, como tudo o que está sujeito à natureza dos nossos sentidos ou que nos impressiona de um modo qualquer, física, espiritual e moralmente. Nos tempos modernos, a tarefa do cristianismo é dar à sociedade a possibilidade de orientação na realidade viva. Mas aqui a aproximação já deve ser mais profunda. Ela deve repousar no estudo do próprio fenômeno, nas suas leis internas e na sua lógica de desenvolvimento interna.

Somente com base no estudo aprofundado das classes específicas de fenômenos, da análise aprofundada de suas possibilidades futuras, pode-se dar conta plenamente da síntese do fenômeno. O cristianismo nunca conheceu Jesus, o Cristo. Cristo ensinou princípios. O cristianismo prega religiões e suas doutrinas religiosas e denominacionais. E qual a diferença? Princípios são infalíveis, universais e eternos. Doutrinas são falíveis, particulares (denominacionais), temporais e mutáveis. Podem ser alteradas. As religiões e/ou denominações religiosas são fundamentadas em doutrinas e tradições. Jesus é o Caminho, o Verbo (Logos) que se fez carne (sem religião, sem doutrina, sem tradição), e habitou entre nós, morreu e ressuscitou para salvação de todo aquele que nEle crer.

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Em Mateus 7.13-14, Jesus fala da porta estreita e da porta larga e espaçosa. Muitos entram pela porta larga, e poucos entram pela porta estreita. O cristianismo é uma porta larga e espaçosa. Ele é o largo caminho das religiões, e são muitos os que entram por ele. Jesus, entretanto, é a porta estreita e são poucos os que acertam entrar por ela. O cristianismo é o universo das religiões. Jesus é o caminho estreito, o Verbo divino, e poucos querem encontrá-lo de verdade.

Isto significa que o verdadeiro evangelho não dá margem para diversidade de sentidos. O caminho para a vida eterna é único e estreito porque segue numa única direção, totalmente diferente das religiões dos homens, que pregam múltiplos caminhos, com a desculpa pecaminosa de que todos eles levam a Deus. O que é um grande engodo.

Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (João 14.6). Quando Ele diz “eu sou ‘o’ caminho”, significa que a porta para a salvação é uma só. E por que o cristianismo tem uma quantidade enorme de denominações? Justamente porque o cristianismo é mera religião, a porta larga e espaçosa com muitos caminhos, muitas denominações que geram uma complexidade absurda (muita confusão) na mente das pessoas. Enquanto isso, a vida eterna só tem uma porta: Jesus Cristo. Os muitos caminhos (religiões) levam à perdição. O único caminho (Jesus Cristo) leva à vida eterna.

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Sempre que viajo para pregar em alguma cidade fora do meu domicílio, as pessoas me olham de uma maneira diferente. E algumas acham minhas ideias impactantes e, geralmente, perguntam “por que”. Minha resposta, na maioria das vezes, é no sentido de que não fui chamado para servir particularidades denominacionais mas, sim, para falar à sociedade como cidadão do mundo que Deus amou. E o "amou de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça mas tenha a vida eterna” (João 3.16).

Há grande diferença de fenômenos: em exercer o serviço cristão como pastor de igreja, e praticar o evangelho do reino como cidadão do mundo que Deus amou. Eu falo de Jesus à sociedade como cidadão do mundo. Cidadão do mundo que Deus amou e ama. Deus deu o seu Filho ao mundo. E, agora, envia a igreja ao mundo para pregar o evangelho do reino como cidadã do mundo. O evangelho do Reino não é religião. O evangelho do Reino é falar do Verbo que se fez carne (João 1.1-14).

Aprofundando um pouco mais esta questão, digo que entre as habilidades que devem ser dadas aos filhos do Reino, a habilidade principal é o ativismo social revestido de espiritualidade, isto é, poder e autoridade pela capacitação dos agentes do Reino por meio do Espírito Santo. Não falo do ativismo solitário, mas do ativismo coletivo. Falo da igreja como corpo social, que tem o dever de ser agente de transformação na comunidade externa. A comunidade-mundo, isto é, o mundo que Deus amou.

Não vejo a igreja caminhando nesta direção. Pastores e líderes — inclusive aqueles que lideram grandes igrejas, grandes estruturas denominacionais — não entendem que a psicologia do serviço cristão vai ao encontro do pequeno e solitário missionário, enviado ao campo para passar fome. É “cada um por si” e nada mais. “Isso não é comigo”, pensam eles. Se o princípio de unidade e comunhão não tivesse sido quebrado, a igreja teria um poder social grandemente transformador. Quando o princípio de unidade e comunhão é quebrado, o princípio da paz, da harmonia e todos os outros pregados por Jesus no Sermão da Montanha (Mateus 5, 6 e 7) também são quebrados.

Se quisermos que a igreja siga pelo caminho da cooperação, então nós — junto com as medidas que contribuem para o florescimento material, social e espiritual da cooperação de todos os tipos  devemos usar amplamente todas as oportunidades disponíveis para a superação teológica da psicologia do pequeno missionário, carente e solitário. Se as denominações, de alguma forma, se unissem em prol dos fenômenos sociais, a realidade missionária seria um ponto forte na comunicação com o mundo. Os estudos teológicos devem ser alimentados, da primeira à última linha, pelo espírito coletivo do magistério da igreja.

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É necessário educar,  sistematicamente, os cristãos através dos livros. Maturar neles o hábito de ler e estudar para que possam se aprofundar nas questões de discipulado e conhecimento, do ponto de vista dos interesses globais e crescimento espiritual. Passar por cada uma das questões mais simples e mais complexas de tal forma que o cristão se habitue a olhar para si mesmo como parte do todo. Isto nós sempre fizemos muito mal. Precisamos aprender para crescer na fé e no conhecimento.

Ainda não se escreveu, do ponto de vista do cristianismo, sobre o fato de que a auto-organização dos cristãos dever ser de tal forma que os crentes aprendam a resolver as questões práticas da evangelização abordando-as do ponto de vista dos interesses de todo o grupo, de toda a comunidade social, de toda a igreja local. A auto-organização deve, assim, fornecer as habilidades para resolver juntos, pelo esforço de todos, os problemas colocados pela vida. Nada ainda foi dito sobre a importância da auto-organização ser estruturada de forma que todos os crentes, sem exceção, estejam envolvidos nela. Que cada um conduza um determinado trabalho social na igreja pelo qual seria responsável perante o coletivo.

Um erro grave nas denominações é o fato de os crentes ficarem limitados a ficar apenas na igreja, orando no espírito do coletivo, até que a auto-organização comunitária seja saturada com o espírito do coletivo, embora ambas as tarefas sejam extremamente importantes. “Para que todos sejam um”, orou Jesus ao Pai, falando sobre a unidade dos cristãos. Mas o que Ele temia aconteceu. Hoje, o cristianismo, sem conhecer Jesus, está totalmente denominacionalizado, quebrado e seus pedaços estão espalhados pelo mundo nas esquinas das cidades, vilas e povoados sem organização, e os crentes estão completamente entorpecidos por engôdos e doutrinas religiosas.

Mesmo assim, devemos ensinar os cristãos a abordar todos os fenômenos da vida social em Cristo Jesus, o Senhor, do ponto de vista do ativista social coletivo, em que se deve praticar um evangelismo envolvente e efetivamente solidário. Neste sentido, devemos, primeiramente, despertar nos cristãos em geral o interesse profundo pelos fenômenos da vida social para que eles, como igreja corpo de Cristo, possam alcançar o mundo que Deus amou (João 3.16) pregando e ensinando o Evangelho do Reino com poder e autoridade, conhecimento e sabedoria (Mateus 28.18-20; Marcos 16.15-18) na condição de cidadãos do mundo, enviados por Jesus. Essa é a tarefa principal da igreja.

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Portanto, precisamos abrir os olhos dos crentes para aquilo que está ao seu redor. E não apenas abrir os olhos dos crentes. O método de alcance do mundo é amar o mundo (as pessoas) como Deus o amou. Esse método deve ser de tal maneira que transmita uma energia emotiva, por meio da completa intimidade com o Espírito Santo de Deus. Para isso, é importante que os cristãos comecem a notar a lama e as poças que existem no meio da sociedade-mundo (cosmos), mas que eles fiquem movimentados com o fato de que o mundo sem Deus precisa de Deus.

Uma igreja é viva (cristandade ativa) quando ela é capaz de educar os crentes de tal maneira que eles se importem com tudo o que é criatura, com todo tipo de gente, com tudo o que é povo. A igreja-religião (cristianismo, instituição e tradição: caminho largo e espaçoso) não se importa com nada. Para a igreja verdadeira (viva em Jesus, caminho estreito onde não cabe religiões) todo o projeto de alcançar o mundo (cosmos, pessoas) é de sua responsabilidade. Leia, aprenda com as Escrituras e pregue sobre isto, para o crescimento do Reino de Deus, em Cristo Jesus, o Senhor. 

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