R E P O R T A G E M
SPU/MA promove regularização fundiária
parada há 10 anos
Em reunião com governo do estado, prefeitura
de São Luís e Corregedoria da Justiça, Coronel
Monteiro discute parceria para solucionar situação de moradores sem título
de propriedade
Por Battista
Soarez
(De São Luís – MA)
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Cel. Monteiro, superintendente da SPU/MA, e Bruno Pereira, secretário de Urbanismo e Habitação
FOTOS: Battista Soarez |
O
superintendente do Patrimônio da União (SPU/MA), Coronel Monteiro, reuniu hoje,
quarta-feira, 28, com representantes do governo do Estado, da prefeitura de São
Luís e com o corregedor-geral da Justiça do Maranhão, desembargador Paulo
Sérgio Velten Pereira. Márcio Jerry, secretário de Estado das Cidades, e
Eduardo Braide, prefeito municipal, não se fizeram presentes, mas enviaram
equipes técnicas com as devidas competências para discutir o assunto. Também
esteve presente na reunião o Dr. Zenildo Bodnar, titular do 1º Registro de
Imóveis de São Luís.
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Cel. Monteiro e equipes do estado, município, Corregedoria de Justiça e cartório de 1º Registro |
A
pauta da reunião girou em torno da política de regularização fundiária na
capital maranhense, a qual, segundo o que foi debatido pelas autoridades
presentes, tem sido um problema antigo. “Essa é uma situação que vem se
arrastando há dez anos e que precisamos resolver com urgência para o bem da
comunidade assentada, e que ainda hoje sofre porque não tem nenhum documento”,
disse o Coronel Monteiro, acrescentando que ele está na direção da SPU/MA há
pouco mais de dois anos e que, no decorrer desse período, tem se empenhado para
resolver todas as demandas paradas que encontrou na pasta.
De
acordo com o que foi ventilado, as políticas de urbanismo e moradia no
município de São Luís estão sob responsabilidade da Secretaria Municipal de
Urbanismo e Habitação (SEMURH) e é a esta pasta que cabe a regularização
fundiária. Mas, para isso, é preciso que a União conceda o título de posse. O
Coronel Monteiro, superintendente da SPU/MA, pensando em resolver a situação da
comunidade ludovicense, pontuou o fato de que centenas de famílias moram, há
décadas, em bairros oriundos de ocupações populares e que até hoje são tratadas
como invasoras. Com um agravante: muitos moradores têm baixa qualidade de vida.
“Durante 38 anos, quase nada foi feito no sentido de resolver esse problema”,
disse o superintendente do Patrimônio da União.
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Coronel Monteiro e o desembargador Paulo Velten, corregedor-geral da Justiça do MA |
O
corregedor-geral da Justiça do Maranhão, desembargador Paulo Velten, disse, por
sua vez, que a reunião com o Coronel Monteiro foi muito positiva e entende que
o superintendente da SPU/MA tem conseguido dialogar com muita maestria sobre
uma questão de fato importante para a população de São Luís. “A Corregedoria
entra, aqui, como árbitro para auxiliar no desembaraço desse processo”, diz
ele, fazendo referência a antigos e populosos bairros da capital sem a posse
reconhecida por lei. Em razão disso, “a ideia da criação de um comitê para
trabalhar nessa questão é muito importante, porque nós vamos fazer do processo
de regularização fundiária urbana, por interesse social, uma prática
fundamental, que é levar esse benefício necessário para essas pessoas. São
aquelas pessoas que estão na ponta. Que, hoje, têm as suas moradias, mas a
maioria delas está sem o título. Por isso a luta pelo processo de regularização
fundiária”, ressalta o desembargador.
Ele
esclarece que essa titulação, além de trazer para essas pessoas “o domínio da
sua propriedade, trás, também, algo muito importante, que é o sentimento de
pertencimento, isto é, do sujeito se sentir dono da sua propriedade e poder
zelar por ela como é natural, decorrente do direito de propriedade”, observa. Paulo
Velten acentua, ainda, que esse é um trabalho social importantíssimo. “E é bom
que se diga que este trabalho social entra, aqui, na própria agenda dos
direitos humanos. Assegurar a propriedade para aquele que é ocupante, é sempre
uma medida muito positiva”, considera o desembargador.
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Representantes dos entes públicos selam acordo para regularização fundiária |
Segundo
Yata Anderson, coordenador de Regularização Fundiária da SECID (Secretaria de
Estado das Cidades do Maranhão), a regularização fundiária oferece segurança
aos beneficiários. “Nossa visão é que com essa parceria entre SPU, estado,
município e Corregedoria-Geral vai ser dada mais celeridade ao processo de
regularização fundiária, e quem ganha com tudo isso é a comunidade, que anseia
por essa solução há muito tempo”, enfatiza. Anderson considera que esse é um
momento importe porque vê interesse tanto por tarte da União, como por parte do
estado e do município em resolver a questão. “É interessante porque vejo que a
União, o estado e o município, juntos, estão se mobilizando para atender aos
interesses das pessoas e dar o direito de fato a quem tem direito”, conclui.
De
acordo com o secretário municipal de Urbanismo e Habitação de São Luís, Bruno Pereira Trindade Costa, a
prefeitura tem todo interesse em regularizar a situação das famílias
ludovicenses que ocupam suas residências mas que não podem fazer nada com o
imóvel. “Sem título, a propriedade não tem valor legal. Tudo o que a pessoa
pode fazer é cobrar apenas pela benfeitoria do local. Além disso, os moradores
não podem, por exemplo, fazer financiamentos caso queiram vender ou repassar o
seu imóvel, e nem podem participar de programas habitacionais. A falta de
título inviabiliza até mesmo reformas”, observa. Bruno enfatiza um detalhe
importante. “Caso o governo queira fazer uma obra no bairro onde as pessoas não
têm título, as casas são simplesmente desapropriadas e as pessoas são
indenizadas apenas pelas benfeitorias que elas fizeram. Nesse caso, o valor do
terreno não conta”, assevera.
O
Dr. Zenildo Bodnar, titular do 1º Registro de Imóveis de São Luís, explica que
um dos grandes entraves para a regularização fundiária, na perspectiva do 1º
Registro de Imóveis, era, sem dúvida, a falta de integração maior entre os
entes públicos. “A partir dessas tratativas que estão sendo inauguradas
atualmente, com a participação do desembargador Paulo Velten e, em especial, com
o Coronel Monteiro engajado nesse objetivo, nós temos, agora, grande expectativa
de que possamos avançar muito no tema da regularização. Porque a parte que
antecede a participação e atuação do cartório é a que mais demora, que exige um
trabalho mais minucioso. E quando nós temos essa integração entre os entes
públicos, esse trabalho é facilitado e, aí, já chega ao cartório algo muito
melhor elaborado e que facilita e agiliza a efetivação do direito à moradia e a
regularização fundiária plena”, esclarece.
O
Coronel Monteiro, superintendente da SPU/MA, disse que recebeu a demanda do Estado
para dar andamento no processo de regularização fundiária do Residencial
Camboa. “No nosso cronograma — explana ele — o Residencial Camboa estava previsto
para 2022. Nós temos como meta para este ano dois residenciais. O José Chagas,
que queremos entregar em agosto, e o Jackson Lago, que queremos entregar em
outubro. Mas veio esta solicitação do governo do Estado e nós, oportunamente,
entendemos que isso seria possível, desde que tivéssemos o devido apoio do
Estado e a participação efetiva do município, que tem de ser elemento
importante nesse processo”.
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Cel. Monteiro: "Temos de fazer as coisas rápido sem perder a qualidade" |
Monteiro explica que conseguiu trazer o
município para o trabalho e, com isso, vai atender a demanda do Estado. De
acordo com ele, a Corregedoria-geral de Justiça do Estado, representada pelo
desembargador Paulo Velten, é fundamental para que todos aqueles que estão
participando tenham a exata noção do seu espaço e da sua responsabilidade. “O
desembargador Paulo Velten é de uma felicidade sem tamanho, no momento em que
ele se coloca como o grande catalizador de todas essas necessidades que
precisavam ser ajustadas. Com muita paciência e com muito equilíbrio, ele soube
dar o tom adequado”, reconhece.
O
superintendente fala, finalmente, da importância do cartório de 1º Registro de
Imóveis no processo de regularização fundiária. “O titular do 1º Registro de
Imóveis, Dr. Zenildo Bodnar, é outra peça fundamental porque ele é quem vai dar
legitimidade a esses títulos, emitindo os documentos cartoriais corretos para
esse trabalho”, disse Coronel Monteiro, observando que quer fazer as coisas o
mais rápido possível, sem perder a necessária qualidade. “A reunião, portanto,
foi proveitosa e serviu para nós uniformizarmos a conduta que precisamos ter em
relação a essa demanda”, celebra ele. Na próxima quarta-feira, 5 de maio, haverá nova reunião dos entes públicos, na SPU, para assinatura do Termo de Cooperação Técnica.
Ele
diz que, na sua gestão, a SPU vai agilizar tudo o que é da sua competência para
melhorar a qualidade de vida das pessoas. “A cada dia, a gente vê a relevância
deste órgão para a sociedade, e não pode ser menor que a necessidade que a
população está cobrando. Então, temos nos desdobrado para apresentar a melhor
qualidade de trabalho que atenda aos anseios das pessoas. Afinal de contas, somos
servidores públicos. E o nosso papel é atender, com probidade, dignidade e
respeito, a esse contribuinte que nos paga”, finaliza.
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