Fim
do Bolsa Família
Uma
reengenharia no programa de transferência de renda
Por Battista Soarez
(Escritor, jornalista, sociólogo, assistente social
e professor universitário)
FOTO: Divulgação/Internet | O Bolsa Família substituído pelo Auxílio Brasil |
O BOLSA FAMÍLIA — considerado o maior programa
de transferência de renda do mundo e o mais barato para os cofres do governo,
segundo os economistas — se despede da conta bancária do brasileiro. O
benefício, criado pelo PT, será substituído por outro de maior valor, que terá
duração somente até depois das eleições de 2022. E isso já vem gerando
preocupação e insegurança na cabeça da população carente, principalmente dos
mais acomodados no mundo do trabalho.
Na última
sexta-feira, 29/10, foi feito o último repasse do programa que, até então, era de 189 reais por mês. As próximas transferências serão o dobro do
valor, 400 reais. Mas, apesar do valor dobrado, mais de 17 milhões de famílias
trocaram a cadeira do conformismo por um batente de incertezas.
Agora, mesmo com
400 reais no bolso todo mês, os pobres acomodados vão ter de se preocupar em
aproveitar esse período (de novembro de 2021 a dezembro de 2022) para pensar em
atividades produtivas para, a partir do fim do benefício, agora com o nome de
Auxílio Brasil, ganharem o pão de cada dia. O novo programa ainda precisa dizer
de onde virão os recursos necessários para sua efetivação. Além disso, é bom
não esquecer que, depois das eleições presidenciais de 2022, o teto será
temporariamente suspenso.
Para o
economista Rodrigo Zeidan, a avaliação do Bolsa Família é positiva. Segundo
ele, foi gasto apenas 0,5% do PIB nacional e tirou milhões de pessoas da extrema
pobreza (3,4 milhões) e da miséria (3,2 milhões), respectivamente. De certa
forma, mitigou a insegurança alimentar e a desigualdade, aumentou a
escolarização, reduziu a gravidez na adolescência, melhorou a saúde e criou empregos.
Devido ao curto
período do Auxílio Brasil, os jornais de esquerda estão dizendo que o novo
programa tem teor eleitoral. Pois termina em dezembro de 2022, ou seja, depois
das eleições presidenciais. E, com isso, insta-se a dúvida do que vai acontecer
depois com os brasileiros mais pobres.
Bolsonaro — que
quando era deputado federal sempre ignorou o Bolsa Família — na pandemia, no
entanto, implementou um programa de ajuda direta a quem perdeu sua renda, que
também beneficiou quem recebia o programa petista.
Mas o presidente
sabe que os beneficiários do BF desaprenderam a trabalhar. Hoje, quem passou
mais de 14 anos dependendo do auxílio para garantir o alimento do dia-a-dia,
não sabe fazer “quase nada”, diz Bolsonaro. São 17 milhões de brasileiros que
vivem na dependência de auxílio do governo para sobreviverem.
Parece que a intenção do governo federal, na gestão Bolsonaro, é de que a população tenha um espírito empreendedor e tenha motivação para gerar renda e emprego. Ele ainda demonstra entender que somente dessa forma o país poderá acender a chama da prosperidade e encontrar o caminho do desenvolvimento. Afinal de contas, a inércia existencial de alguns indivíduos gera um problema que leva a sociedade a mergulhar na escassez econômica e em demais mazelas sociais.
Então, seria o
momento de substituir o auxílio por uma política de programas de créditos
direcionados para o empreendedorismo, mediante acompanhamento técnico e
treinamento em relações de negócio e mercado para comercialização da produção
gerada a partir dos pequenos empreendedores. Tudo potencialmente organizado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Utilize sua conta no Google (orkut, gmail) para postar comentários, ou a opção anônimo.