Cenário econômico para 2022
O que esperar? Crescimento ou retrocesso?
Por Battista
Soarez
(Escritor, jornalista, sociólogo e professor
universitário)
FOTO: Divulgação/Internet |
AS PREVISÕES ECONÔMICAS para o ano de
2022 parecem ser, ainda, uma incógnita. Para os economistas, o cenário político para o
ano que vem ainda está em cima do muro daquilo que poderá acontecer. Há quem
arrisque dizer que algo já está desenhado. Mas pode ser que, na melhor das
hipóteses, o ano das eleições presidenciais seja marcado por uma recuperação
econômica que perderá o ritmo da dança ao longo do tempo. Isso vai depender de
como o mercado internacional vai se comportar.
Especialistas na área econômica acreditam que essa
desaceleração poderá ocorrer, principalmente, na esteira da inflação. Face a
isso, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), por meio de uma
avaliação sobre orçamentos familiares, considerou 377 produtos e serviços e
constatou que 60% dos itens têm atuado todos os meses. Este indicador tende a
impactar o orçamento dos brasileiros, uma vez que esse mesmo orçamento já se
encontra mais apertado em função da pandemia.
Em caso de inflação, serão afetados tanto o valor de bens
como, também, de serviços. Isso ocorrerá em razão de uma demanda que gera alta
nos preços. A opinião dos especialistas é de que, em 2022, haverá uma inflação
que ainda vai pressionar o orçamento das famílias e um crescimento dos juros
para justamente tentar contê-la.
Além da inflação desenfreada, há a taxa de juros em
elevação, um possível populismo fiscal e as eleições do próximo ano. Como 2022
é um ano eleitoral, é fundamental que estejamos todos atentos às promessas de
cunho político-econômico de candidatos espertalhões e oportunistas. Segundo a
visão de mercado dos economistas, o ano de 2021 ainda apresenta sinais de
precaução, mas a economia em 2022 já aponta para oportunidades de recuperação.
O governo, mirando por uma ótica de otimização, divulgou recentemente
estudo que traz esperança de bom carregamento estatístico, crescimento do
investimento privado e consolidação fiscal que embasam projeções do Produto Interno
Bruto (PIB) para 2022. Nesse tom, a Secretaria de Política Econômica do
Ministério da Economia (SPE/ME) divulgou estudo sobre as perspectivas de
crescimento para o próximo ano, apresentando argumentos que fundamentam as
projeções feitas pelo órgão para o crescimento do PIB no ano que vem.
O estudo destaca que, para projetar o crescimento em 2022, é
necessário avaliar qual é o carregamento estatístico que o PIB projetado deste
ano proporcionará. Também é necessário apresentar os cenários prováveis de
variação trimestral média, para compor o crescimento acumulado em quatro
trimestres no próximo ano.
Portanto, caso a projeção da SPE para 2021 se confirme, o aumento
de 5,3% projetado para este ano proporcionará um carrego aproximado de 1,2%
para 2022. E aí, levando em conta um crescimento trimestral médio de 0,5%, o
PIB aumentará 2,4%. A explicativa é de que, além do bom carregamento estatístico,
o crescimento do investimento privado (maior eficiência alocativa dos fatores de
produção, consolidação fiscal, reformas pró-mercado e a retomada do setor de
serviços), com a vacinação em massa, também fundamenta a projeção para a
retomada econômica do país no ano de 2022. Esse é um fator positivo.
De acordo com o governo, para as estimativas do crescimento
do PIB abaixo de 1% em 2022, considerando o estudo da SPE, “a variação média na
margem dos trimestres do próximo ano deve ser de -0,1%”, isto é, espera-se uma
queda significativa do PIB em algum trimestre ou uma nova recessão no ano que
vem. Desta forma, a SPE considera que esses fatos são “difíceis de justificar
com base no cenário fiscal atual e na ausência de uma crise híbrida ou de uma
piora na pandemia”.
O certo é que, na avaliação do governo federal, os riscos
existem, mas — na ausência de piora desses fatores e dando continuidade no
processo de consolidação fiscal e reformas pró-mercado, com os indicadores
atuais e o conjunto de informações disponíveis — é possível concluir com um
crescimento do PIB acima de 2% em 2022. Face a isso, a Selic (a taxa básica de
juros da economia) deve terminar o próximo ano em 11,5%, numa estimativa
anterior de 9%. Houve importantes sinais de mudanças na política fiscal,
principalmente no nível legal do teto de gastos que, não obstante, tem sido o
principal parâmetro fiscal nos últimos anos.
Isso chamou a atenção para o elevado grau de incerteza sobre
os rumos da política econômica brasileira. Ontem, segunda-feira, 8/11, eu
estava conversando com um amigo empresário sobre o fato de que a PEC dos
Precatórios — aprovada em primeiro turno no plenário da Câmara dos Deputados
nesta semana — surpreendeu claramente os mercados, tanto em relação ao montante
de despesas adicionais propostas, como também em termos do “veículo legal”
utilizado para afrouxar a restrição orçamentária em 2022.
Para o economista Affonso Celso Pastore, ex-presidente do
Banco Central, esse crescimento de 1,5% é nanico e “medíocre”, diante do volume
de problemas que o brasileiro está enfrentando no atual momento. E, para
piorar, segundo ele, será acompanhado por alta taxa de desemprego. Para
Pastore, a razão de tudo isso é a ausência de reformas que, se feitas,
diminuiriam a percepção de risco sobre o país e ausência, também, de política
monetária restritiva para conter a inflação. Inflação, aliás, sempre foi o pesadelo dos brasileiros nos governos neoliberais.
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