Translate

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

COLUNA LEITURA LIVRE | por Battista Soarez

COLUNA LEITURA LIVRE 

________________________
Por Battista Soarez
(Jornalista, escritor, sociólogo, teólogo e professor universitário)

O Brasil sem rédeas
A que ponto chegou o país tipiniquim em decadência e onde impera a derrota da democracia

Imagem meramente ilustrativa | Foto: Divulgação 

________________________
"NOS DOIS PRIMEIROS MANDATOS de Lula, as relações entre Brasil e Venezuela seguiram um padrão pendular, alternando momentos de aproximação e distanciamento, devido, em grande parte, à busca de protagonismo regional por parte de Hugo Chávez", disse o Dr. Guilherme Frizzera em artigo publicado sobre relações internacionais do Brasil.

PUBLICIDADE

Na matéria ele expõe que Lula sempre sustentou uma visão estratégica para a política externa brasileira (PEB), que apostava na inclusão da Venezuela em fóruns internacionais como uma forma de integração regional, preferindo evitar o isolamento ou a aplicação de sanções. Frizzera diz que esse modelo buscava manter a Venezuela sob certo controle, com regras que promoviam a transparência e o diálogo regional. Infelizmente, a mentalidade de parte do povo brasileiro é ingênua e faz o país andar de marcha ré.

Entre 2003 e 2010, o Brasil trabalhou ativamente para que a Venezuela se mantivesse presente em blocos como o Mercosul e a Unasul (em que se pode pensar, aqui, numa geopolítica em andamento para acordos futuristas), acreditando que a interação com as demais democracias da região poderia incentivar o país a seguir práticas compatíveis com o restante do continente.

Frizzera diz que o Itamaraty via as organizações regionais como veículos capazes de embutir uma pressão normativa e constranger governos a respeitarem as normas estabelecidas. Essa estratégia refletia a confiança de que o multilateralismo poderia não só aproximar a Venezuela, mas também moderar as posturas do governo Chávez.

PUBLICIDADE

No entanto, essa abordagem foi alterada com Dilma Rousseff. Em seu governo, as exigências de compromisso democrático foram flexibilizadas quando, em meio à suspensão do Paraguai do Mercosul, a Venezuela de Nicolás Maduro foi admitida no bloco sem que lhe fossem impostas as mesmas condições exigidas dos demais membros.

Ao lado da Argentina, Dilma impulsionou essa entrada em um contexto de fragilidade institucional e, assim, rompeu com a tradição da PEB de subordinar a adesão a compromissos claros de governança democrática. Essa atitude marcou uma inflexão importante na política externa que haviam sido a marca dos dois primeiros mandatos de Lula.

Agora, no terceiro mandato de Lula, o governo brasileiro sinalizou um retorno parcial a essa visão de integração normativa ao reconsiderar a inserção da Venezuela em blocos multilaterais e fóruns internacionais. Exemplo disso foi o veto do Brasil à inclusão da Venezuela nos BRICS, uma decisão que sugere uma avaliação mais cautelosa da Venezuela como parceira confiável no cumprimento de compromissos. Esse movimento indica uma percepção de que o governo venezuelano atual não está disposto a seguir as regras necessárias para atuar em sintonia com os interesses regionais e globais do Brasil.

PUBLICIDADE

Indo mais a fundo na questão, vale dizer que essa mudança de postura reflete a necessidade de revisitar a eficácia das organizações multilaterais em promover normas de governança e cooperação, sobretudo em relação a governos que resistem à observância dessas práticas. A política externa brasileira, ao vetar a entrada da Venezuela nos BRICS e demonstrar reservas sobre o comportamento do governo Maduro, mostra um reconhecimento de que o cenário atual exige uma resposta mais firme.

O atual posicionamento do governo brasileiro reforça a importância de revitalizar as organizações regionais da América Latina para responder a problemas internos do continente.

Na visão de Frizzera, o Brasil, ao reavaliar suas posições, demonstra que o futuro da integração regional e da governança multilateral passa por uma adaptação desses mecanismos à realidade de um cenário político internacional em constante transformação. Vale lembrar que, no jogo da integração, um continente que não cuida de si mesmo acaba sempre jogando na defesa.

As eleições de 2026 estão vindo aí e, para efeito de governança, a batalha entre direita e esquerda pode jogar o Brasil numa fossa cada vez mais profunda em termos de economia e políticas sociais. A ditadura que estamos vivenciando faz o país caminhar numa prevalência cujo sentido aponta para uma desgovernança que resulta em muitos malefícios sociais. E o povo, sem noção de política, lamentavelmente continua acreditando que, sobrevivendo de migalhas sociais, estará seguro economicamente. Que lástima!

________________________

PUBLICIDADE 



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Utilize sua conta no Google (orkut, gmail) para postar comentários, ou a opção anônimo.