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terça-feira, 3 de maio de 2016

VIVER DÓI

VIVER DÓI
Por Battista Soarez
“Morrer não dói. O que dói é a vida, porque viver nos isola do resto da vida e nos deixa vulneráveis”, disse um sábio indiano a um certo homem judeu que acabara de perder um filho que tanto amava,  por conta de uma doença grave.
O indiano tentava convencer o judeu de que a morte de uma pessoa não é uma tragédia. Mas uma oportunidade única de ser promovido a uma vida superior e melhor. Segundo ele, a alma de uma pessoa que morre volta para a grande corrente da Vida superior, como uma gota d’água volta ao oceano, que é a sua origem.
Particularmente, fico perplexo ante às duas culturas de crenças diferentes. O indiano aprendeu a suportar a dor encarando-a como uma normalidade porque o seu maior foco é a Vida superior já que, para ele, morrer é uma oportunidade única na vida. “Alguns só têm a oportunidade de morrer depois de uma vida inteira de sofrimento. Outros têm a sorte de tê-la numa fase mais jovem da existência”, disse ele. O judeu, por sua vez, tem uma cultura mais existencialista e ama um filho de tal modo que perdê-lo lhe custa muita dor e intensa lamentação. Qual das duas crenças tem mais razão? A verdade é que se somos espiritualistas extremos, verticalizamos a fé e pouco da existência nos importa. Se somos existencialistas, focamos nossa fé nos valores da vida e sofremos dores quando passamos por perdas e decepções.
Algumas horas depois de ter saído do cartório onde me casei com a moça a quem amava na minha mocidade  uma jovem universitária do curso de Serviço Social, à época, por quem me apaixonei acreditando piamente ser a mulher com quem viveria o resto da minha vida — ouvi dela a seguinte frase: “Pois é. Me casei. Se eu não gostar da ideia, eu me separo”. Perguntei-lhe por que então se casou. Ela respondeu: “Porque para fazer sexo sem pecado, tem de casar”. Juro que quase voltei ao cartório para anular o casamento. Até hoje me arrependo de não tê-lo feito. Olhei para ela e disse-lhe: “Se você tivesse dito isso ontem, não teríamos nos casado”. Depois de sete anos, me vi envolvido numa série de dores emocionais, conflitos e situações desagradáveis ocasionadas pelo pedido de separação por parte dela. Então nos separamos e as consequências que vieram a partir dali impediram inúmeras conquistas e avanços na minha vida, interrompendo sonhos e realizações inclusive no ministério cristão e na minha carreira literária.
Isso ocorreu porque uma metade dela entrou no casamento e a outra metade ficou do lado de fora dele. E quando isso acontece, quando se entra numa relação conjugal com apenas uma metade, deixando a outra do lado de fora, você já tem aí quase cem por cento de garantia de que o matrimônio terminará em separação e divórcio. Dou uma olhada panorâmica à minha volta, e vejo centenas de jovens caindo na armadilha do mesmo erro: casam-se não porque querem uma vida de responsabilidade, harmonia e renúncia em favor do matrimônio. Mas porque querem fazer sexo e, depois, não ter de ficar com a consciência cheia de culpa. Casam-se apenas por causa da moral, da ética social e religiosas que a sociedade e a igreja lhes impõem. Depois pedem divórcio e terão que conviver com inúmeras dores causadas pela desconstrução do amor que um dia juraram perante o juiz e as testemunhas que seria por toda a vida, “até que a morte os” separassem. Quando se trata de cristãos, tem uma dor a mais: a dor da consciência religiosa por terem quebrado a doutrina que a maioria das igrejas prega, de que o divórcio é um pecado sem perdão. Ou, uma vez divorciados, terão de conviver com a dor de ficar sozinhos para o resto da vida. Porque, quem casar pela segunda vez, vai ter de conviver com a dor de estar em pecado de adultério para sempre. Como disse, certa vez, um homem decepcionado com tantas tentativas erradas: “Se eu nunca tivesse amado, não estaria chorando agora”. Para ele, o amor só lhe rendeu dores e sofrimento.
Olho para o que o Senhor Jesus disse em Lucas 14.26 e leio: “Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo”. Mesmo assim, apesar disto que Jesus afirmou, vejo os cristãos construindo um arranjo de idolatria em torno do casamento e da família. Quando eu trabalhava na Editora CPAD, no Rio de Janeiro, um funcionário do setor de contabilidade, que também era crente, me disse: “Deus acima de tudo, família em primeiro lugar e a obra de Deus em segundo plano”. Olhei-o com incredulidade e o corrigi: “Penso um pouco diferente, meu irmão. Permita-me lhe dizer... Deus acima de tudo. A busca pelo reino de Deus e pela sua justiça em primeiro lugar. E uma vez estando o nosso compromisso com o reino de Deus no seu devido plumo, aí sim todas as outras coisas estarão bem (Mateus 6.33): família, finanças e tudo mais. Isto é o que a Bíblia nos ensina. Não acha?”.
Quase dez anos depois recebi a fatídica informação de que aquele irmão sofreu uma turbulência no seu casamento e teve de separar. Se eu tivesse contato com ele outra vez teria lhe dado a razão do seu divórcio, dizendo-lhe: “Irmão, quando pomos a fé na família para depois servir a Deus, ela estará fadada ao fracasso. Quando, porém, firmamos a fé em Deus para suster a família, esta estará segura e apta a continuar. Casamento em primeiro lugar e o reino de Deus em segundo plano representa um perigo iminente de cairmos no abismo da separação e do divórcio. Quando praticamos o princípio bíblico e colocamos Deus em primeiro plano, acima do casamento, este estará solidificado”. Não é Deus que depende do casamento e da família, mas o casamente e a família é que dependem de Deus.
Mas eu tive maturidade suficiente para entender que aquele pensamento religioso não era do meu colega de trabalho e irmão na fé cristã. Isto é o que eu ouço de quase todos os líderes cristãos que, como minha ex-mulher fez com o nosso casamento, entraram para o reino de Deus apenas com uma de suas metades, contradizendo a palavra do Senhor que diz: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento” (Lucas 10.27).
Certa vez Jesus disse que no céu ninguém se casa, nem se dará em casamento. “Porém, são todos como os anjos nos céus” (Marcos 12.25). Porque o casamente, disse Jesus, é uma necessidade [um negócio jurídico] meramente terrena. Lá no céu ninguém vai precisar disso. Pelo viés da história ocidental, podemos avaliar que Jesus quis dizer que o casamento é apenas um negócio jurídico que envolve interesses patrimoniais e financeiros, firmado por um papel cartorial no direito romano, chamado “certidão de casamento”. É um “contrato social” que incendeia nos casais ameaças tipo: “faça-me feliz, satisfaça o meu ego, senão vamos ter muita dor de cabeça nos tribunais”. Mesmo assim, idolatramos o casamento e a família no plano “A”, empurrando o reino de Deus para o plano “B”.
A verdade é que temos um medo fustigante e intransigente de perder as paixões da nossa zona de conforto e, então, justificamos este medo criando pensamentos e argumentações carregados de religiosidade e desprovidos de vida em Deus. Receamos assumir o discipulado de Jesus deixando para trás a cruz das paixões da vida transitória. Então levamo-las conosco. Aí preferimos seguir o rumo das nossas paixões efêmeras, fazer as coisas erradas e depois perseguir a razão para justificar os erros cometidos. Nunca usamos a inteligência espiritual para fazer a escolha correta, mas usamos a inteligência comum, carregada de espertices, para elaborar desculpas brilhantes e assim aliviar a dor de ter errado.
Como disse nosso amigo indiano, morrer não dói. O que dói é enfrentar um casamento com uma mulher turbulenta com a mente carregada de fantasias da vida efêmera que, quando não realizadas, se transformam em perseguição, intrigas e infelicidade no lar. O que dói é ter que se divorciar dela e, depois, enfrentar as consequências dolorosas de uma infeliz separação conjugal. O que dói é viver ao lado de um marido beberrão, rabugento, estúpido, violento e depois, toda partida de golpes emocionais, ser obrigada a fazer sexo com ele na cama sem uma gota de prazer.
Morrer não dói. O que dói é viver num país de economia desajustada por causa da cultura da corrupção imperando drasticamente sobre a vida de milhões de pessoas inocentes e afetando desgraçadamente todas as políticas públicas da nação. O que dói é ter que sobreviver em meio às injustiças da justiça dos homens que furta o direito de quem tem para dar a quem é desonesto, malevolente e iníquo. Morrer não dói. O que dói é ser obrigado a encarar as injustiças sociais ocasionadas por maus gestores de uma sociedade que se acostumou a gestar infernos políticos sobre a vida de uma população carente de justiça humanitária.
Morrer não dói. O que dói é viver ao lado de filhos ingratos e desobedientes e ainda ter de pagar caro para tirá-los da cadeia. O que dói é ter de chorar nos seus funerais porque tiveram suas vidas ceifadas na prática do crime e da arrogância na liberalidade traiçoeira de uma vida tola e libertina.
Morrer não dói. O que dói é a consciência de ter votado em políticos avarentos, desonestos e inúteis e, depois, sofrer no mar de políticas burocráticas, privações econômico-sociais e dirigir em ruas esburacadas, quebradas, depois de pagar um IPVA caro e, ainda, tendo que pagar mais caro ainda para consertar o carro todo quebrado.

Viver dói... Dói porque as pessoas podem fazer tudo para viver em paz e harmonia, fazendo as coisas certas, mas optam por acionar os mecanismos da tormenta e viver desgraçadamente. Viver dói porque as pessoas preferem se perseguirem umas às outras e, assim, gerarem ódio e vingança que resultam em tragédias, angústia, sofrimento e morte. "Morrer não dói. O que dói é viver enfurnado nesta vida de dor existencial, isolado de outra vida mais harmoniosa e melhor", disse o velho indiano.

terça-feira, 26 de abril de 2016

O FENÔMENO DA IMPOSTURA

O fenômeno da impostura
Por Battista Soarez

Ultimamente minha vida, aos 48 anos de idade, anda passando por mudanças que, por vezes, me levam a ficar assustado perante o espelho da existência. Não que eu tenha medo de encarar a realidade das crises que este mundo tenebroso apresenta. Não que eu sinta qualquer sentimento de covardia perante as lutas que eu tenha de enfrentar em razão de dificuldades a serem superadas para que eu obtenha a justa garantia da conquista. O que me assusta é a incapacidade de compreensão das pessoas que me cercam no que concerne ao meu favor por elas. O que eu temo é o fato de que o que essas pessoas podem obter de mim, o meu melhor por elas, seja barrado por causa da má interpretação da vaidade tola de seus corações injustos. Escolhas efêmeras nos afastam do ideal no âmbito das relações e são empecilhos às nossas verdadeiras conquistas.
Na fase da juventude normalmente nós, humanos, buscamos coisas que exaltam a vaidade e alimentam um tipo de contentamento que ousa enfrentar os desafios da vida com um tino de superioridade que nos enche de egoísmo e autocontemplação. Quando jovens, não temos medo de nada. Queremos remodelar o mundo ao nosso próprio modo e bel prazer. Sensações de fugacidade não nos são mais motivo de alerta mas, sim, preenchimento do orgulho que nos impulsiona para uma caminhada cada vez mais transitória. Nessa fase da vida, o orgulho jovem não permite vermos nossos próprios limites. Não nos permite entender que a vida é cheia de labirintos que exigem de nós cuidados e atitudes que estejam sempre coerentes com o sentimento de conquista que de fato precisamos para vencer os percalços de um mundo cada vez mais em evolução.
Quando ficamos adultos, tudo o que queremos é o bem da família, dos amigos e das pessoas por quem nutrimos respeito e admiração. Pensamos numa vida financeira confortável que nos dê estabilidade e segurança para os nossos filhos e netos, e procuramos contribuir da melhor maneira possível com o futuro deles. Mas nem sempre recebemos festejos ou aplausos de gratidão. É nessa fase que entendemos ser importante respeitar a vida e os seus limites comuns e sociais. Normalmente nos tornamos conselheiros dos mais jovens exatamente naquelas coisas moral e eticamente incorretas que fazíamos quando tínhamos a mesma idade deles.
Na velhice, enfim, cheios de experiências acumuladas e buscando amenizar as intempéries da senilidade, pensamos numa vida espiritual mais efetiva e num preparo ético mais próximo de Deus para enfrentarmos a vida após a passagem para a eternidade. O dinheiro e a fama já não nos são tão prioridades como antes. Agora nos contentamos com o dinheiro da aposentadoria que nos dá o básico para uma sobrevivência cansada e cada vez mais definhante. É quando aprendemos a valorizar as coisas de maneira mais acentuada, até mesmo o fenômeno das tragédias pessoais que nos são inevitáveis durante o percurso da existência. Então, pedimos perdão às pessoas com quem tivemos diferenças, nos arrependemos de pecados comedidos quando gozávamos do vigor da juventude, pedimos socorro a Deus pelas fragilidades e egoísmos tolos que nos levaram a ferir a outrem e a cometer certos desatinos. E, enfim, nos acovardamos perante o fim da existência porque não sabemos, ao certo, o que nos aguarda do outro lado da vida, após a morte.
O escritor Oscar Wilde disse, certa vez, que: “Neste mundo só há duas tragédias. Uma é não se conseguir o que se quer. A outra é conseguir”. Isto quer dizer que por mais que a gente se esforce para obter o sucesso este não nos trará tanta satisfação o quanto imaginamos. Numa certa altura da vida é que vamos descobrir que o sucesso não era bem o que queríamos. Queríamos algo mais próximo da felicidade e cada vez mais longe das coisas fugazes. De fato, queríamos algo que nos desse mais segurança e comodidade.
Há alguns anos, em 1996, li o livro “Quando tudo não é o bastante”, do rabino Harold Kushner. Foi um presente que ganhei da minha namorada na época e um dos melhores livros que já li na minha vida. Nele Kushner afirma: “As pessoas que têm dinheiro e poder sabem de uma coisa que você e eu não sabemos. E, se nos dissessem, talvez não acreditássemos. O dinheiro e o poder não satisfazem aquela fome sem nome que temos na alma. Até mesmo os ricos e poderosos se descobrem desejando ardentemente alguma outra coisa”. De fato, Kushner tem razão. Lemos a respeito de problemas familiares de pessoas ricas e famosas. Vemos nas telas de cinema e televisão seus conflitos em forma de ficção. E a verdade é que nunca entendemos suas mensagens. Às vezes pensamos que, se tivéssemos a vida que esses personagens da mídia têm, seríamos felizes. Mas a verdade é que não importa o esforço que fazemos para sermos amados, populares e reconhecidos. Se o sentimento de nossa identidade depende da opinião dos outros, então estaremos sempre sujeitos a outras pessoas e dependentes delas. Se isso acontece, se somos sempre dependentes dos outros e nunca construímos a nossa própria independência, a qualquer momento teremos nosso tapete puxado por eles.
Buscar independência e autonomia pessoais é o mesmo que trabalhar criativamente a partir dos nossos sonhos. Mas é fato que devemos compreender que, muitas vezes, gente aparentemente bem sucedida obteve sucesso imerecido. Mais adiante pessoas assim, mesmo com sentimento de serem bem sucedidas, demonstram serem ocas. Jamais podem desfrutar suas realizações em quaisquer circunstâncias. Aí sempre precisam de uma autoafirmação após a outra. Vivem precisando de afirmações de outrem. Ocorre que nem sempre as afirmações alheias a nosso respeito são positivas a nosso favor. Nem sempre são construtivas. E quando somos atingidos com afirmações não construtivas, mas destrutivas, definhamos existencialmente, ao mesmo tempo em que os nossos sonhos se esvaem.
Esse fenômeno é conhecido como o “fenômeno da impostura”. É quando há um embustecimento de nossas latitudes quanto à liberdade de ação. Um tipo de fingimento lastimoso. De vaidade tola e presunção extrema. A maioria das pessoas ricas se lança nesse fenômeno quando se vestem de uma falsa superioridade. Sua intrujice sempre permite que elas se infiltrem entre os outros para deles tirarem proveito. Você já viu aquelas pessoas que quando você tem algo importante ou dinheiro elas facilmente se aproximam de você, mas quando você está desprovido de bens e dinheiro elas se afastam? Trata-se do fenômeno da impostura, o qual é carregado de hipocrisia e fingimento. Este fenômeno acontece na política, nas grandes empresas, em grupos sociais, em famílias ricas e nas instituições em geral, inclusive na religião.
Alguém já disse que isso ocorre quando estamos enfronhados numa fome de alma que não tem nome. Quando somos afetados por uma atitude estranha de fazer “os outros” de inferno. Mas o inferno não são os outros. O inferno é dedicar esforço para obter fama, dinheiro, poder e sucesso corroendo relacionamentos com os outros. Inferno é enxergar os outros apenas à medida do que eles podem fazer por nós.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Um conselho para Dilma
Battista Soarez


Na atual conjuntura em nível de governo federal, a decisão mais sensata que a presidente Dilma Rousseff deve tomar é a renúncia. Por dois motivos: primeiro porque a oposição, cercada de aliados gananciosos, não vai deixa-la governar em paz, como prometeu Aécio Neves (PSDB-MG) logo após as eleições de 2014. Segundo porque os que querem assumir o comando do país não vão conseguir governar bem a nação. Com eles, o país vai estar pior do que com Dilma. Sofrerão um desgaste estarrecedor na sua imagem. Por conseguinte, o povo vai ver a realidade da política brasileira e entender que, sem Dilma, a coisa vai ficando cada vez pior. Aí, o Lula virá com toda força em 2018 e ganhará as eleições. É só esperar pra ver.
Acompanhei pela imprensa que, neste domingo, manifestações pró e contra o impeachment da presidente Dilma estão sendo organizadas, quando o plenário da Câmara irá decidir sobre o processo. Em São Paulo, o ato a favor do afastamento será na Avenida Paulista. O movimento “Vem Pra Rua” marcou a concentração para as 14h na esquina com a Rua Pamplona, onde estará o carro de som com dois telões para a transmissão da votação no Congresso. O “Movimento Brasil Livre” também está chamando para o ato no Paulista, com caminhão e telões próprios.
Os atos pró-governo, organizados pelos grupos “Frente Brasil Popular” e “Povo sem Medo”, que inclui a Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Nacional de Estudantes (UNE) e União Brasileira de Mulheres (UBM), devem acontecer no Vale do Anhangabaú, a partir das 10h, de acordo com as informações da imprensa paulista.
Em Brasília, a oposição vai tentar barrar, na Justiça, a oferta de cargos que o governo federal vem fazendo na tentativa de bloquear o impeachment da presidente Dilma. A ação civil pública, com pedido de antecipação de tutela, será feita pelo Solidariedade na Justiça Federal dos 26 Estados e do Distrito Federal.
De acordo com informações, a peça usa como base notícias jornalísticas que abordam oferta de cargos a partidos do PP, PROS, PDT e PTN e a demissão de indicados por políticos contrários ao governo. “Sabe-se que há deputados publicamente favoráveis ao impeachment que indicaram nomes para essas vagas”, diz o texto da ação, que cita casos de exonerações de indicados, por exemplo, pelo ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). A peça lista 27 recentes nomeações políticas.
O Solidariedade solicita à Justiça a sustação dos efeitos das nomeações e a determinação para que o governo se omita de efetuar nomeações em caráter de substituição ao menos até ao final do processo de impeachment. Segundo o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o ex-presidente Lula está num hotel trocando cargos por votos. “Queremos uma liminar para acabar com essa brincadeira”, diz ele.

O que o deputado não explica é por que, mesmo antes do impeachment acontecer, os partidos da oposição já estão se reunindo para fatiar cargos no governo federal. No fim de tudo, nessa selva de cobras, ninguém sabe mais quem é quem. Se Dilma renunciar, Lula e ela terão fôlego nas eleições de 2018. Se ela insistir em permanecer no cargo, sofrerá desgaste fatal tanto na sua própria imagem quanto na imagem do ex-presidente petista.

domingo, 27 de março de 2016

POLICIAL QUE DENUNCIA AÉCIO APARECE MORTO

POLICIAL LUCAS ARCANJO É ENCONTRADO MORTO EM BH


Policial civil, célebre por propagar denúncias contra caciques tucanos em Minas Gerais, foi encontrado morto neste sábado (26) em sua casa em Belo Horizonte; informações iniciais dão conta de que ele foi visto com uma gravata amarrada no pescoço e na janela de seu quarto; a família do policial, no entanto, não acredita na hipótese de suicídio alegando que Arcanjo fazia uso de medicamentos para tratamento de depressão, drogas que o deixariam sem forças suficientes para se enforcar, ainda mais com uma gravata; Ancanjo foi vítima de quatro atentados em Minas.

O CRIME
O policial civil Lucas Gomes Arcanjo foi encontrado morto neste sábado (26) em sua casa em Belo Horizonte. Informações iniciais dão cnota de que Arcanjo foi visto com uma gravata amarrada no pescoço e na janela de seu quarto.
A família do policial, no entanto, não acredita na hipótese de suicídio. Ela alega que Lucas fazia uso de medicamentos para tratamento de depressão, e devido ao uso das drogas ele não teria forças suficientes para se enforcar, ainda mais com uma gravata.
Como Lucas era muito conhecido pelas denúncias contra caciques tucanos em Minas Gerais, entre eles o senador Aécio Veves, a possibilidade de retaliação é grande. O investigador já tinha sido vítima de quatro atentados em respostas às denuncias que fazia, uma delas o deixou com uma sequela na perna
Arcanjo andava com ajuda de uma bengala.

quinta-feira, 24 de março de 2016

A LISTA DE FURNAS

Novo laudo da PF indica que lista de Furnas é autêntica

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RUBENS VALENTE
da Folha de S.Paulo

A Polícia Federal confirmou ontem a autenticidade da chamada "lista de Furnas", documento de cinco páginas que registra supostas contribuições de campanha, num esquema de caixa dois, a 156 políticos durante a disputa eleitoral de 2002. No total, eles teriam recebido R$ 40 milhões.

Segundo a assessoria da direção geral da PF, em Brasília, perícia do INC (Instituto Nacional de Criminalística) concluiu que a lista não foi montada e que é autêntica a assinatura que aparece no documento, de Dimas Toledo, ex-diretor de engenharia de Furnas, empresa estatal de energia elétrica. A PF informou, contudo, que não tem como atestar a veracidade do conteúdo da lista. Os papéis citam empresas que teriam colaborado para um caixa dois administrado por Dimas Toledo.

Entre as campanhas eleitorais supostamente abastecidas pelo esquema estão as do então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, hoje candidato à Presidência pelo PSDB, do ex-prefeito de São Paulo José Serra (PSDB), atual pré-candidato ao governo paulista, e do atual governador mineiro, Aécio Neves (PSDB). As campanhas em 2002 teriam recebido, respectivamente, R$ 9,3 milhões, R$ 7 milhões e R$ 5,5 milhões. Tucanos negam.

Lobista

A perícia foi feita em papéis originais entregues à PF pelo lobista mineiro Nilton Monteiro, 49, que diz tê-los recebido das mãos de Dimas, no início de 2005, quando o então diretor de Furnas tentava convencer políticos de vários partidos a mantê-lo no cargo.

Acusado de calúnia por 11 deputados estaduais de Minas Gerais, Nilton Monteiro decidiu entregar em 5 de maio os originais aos delegados da PF de Brasília Luiz Flávio Zampronha, Pedro Alves Ribeiro e Praxíteles Praxedes, que conduzem as investigações.

Até então, a PF tinha em seu poder apenas uma cópia autenticada. A perícia na cópia, também feita pelo INC, apontou indícios de montagem e fraude.

Dimas Toledo, que exerceu a diretoria entre 1995 e 2005, até a denúncia de caixa dois feita àFolha pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), sempre negou ter assinado os papéis.

"Ele assinou [a lista] na minha frente. Ele me usou até um determinado momento, depois me abandonou", disse ontem Monteiro. O lobista afirma ter se aproximado de Dimas em 2004 por ser, à época, procurador da empreiteira JP Engenharia. A empresa estava interessada em assinar um contrato com Furnas em torno de um projeto de infra-estrutura que havia sido suspenso pela diretoria de engenharia.

Segundo o lobista, Dimas contou que havia uma ação nos bastidores para tirá-lo do cargo e, por isso, pediu-lhe ajuda para fazer um trabalho de lobby com políticos de vários partidos.

O lobista afirmou que, no início de 2005, Dimas fez quatro cópias da lista. Os supostos destinatários das cópias, sempre segundo Monteiro, seriam Aécio Neves, Roberto Jefferson, o presidente do PMDB, Michel Temer, e o então presidente do PSDB, Eduardo Azeredo.

Mas as cópias não chegaram a ser entregues, segundo Monteiro. Ele diz que o original ficou com uma pessoa ligada a um escritório de advocacia do Rio. "Ela ficou como guardiã dos documentos até agora."

FONTE: Jornal Folha de São Paulo

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a lista de Furnas
  • quarta-feira, 23 de março de 2016

    IMPEACHMENT DE DILMA

    Ódio e subversão
    Battista Soarez
    A política do ódio e da subversão faz uma interpretação estranha da simples conversa entre a presidente Dilma e o seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva. Objetivo? Criar tumulto e agitar o povo contra a presidente e o ex-presidente. Dilma diz a Lula apenas que ia mandar o “termo de posse” para ele se preparar, caso Moro tentasse prendê-lo. Só isso. Mas foi o suficiente para a GloboNews tentar botar fogo na fogueira que já tinha sido ateada pelo juiz Sergio Moro, como bem disse o jornalista Paulo Henrique Amorim. O jornalista foi, durante muitos anos, da Rede Globo e sabe perfeitamente como procede o mais poderoso [e perigoso] sistema de comunicação do Brasil.
    Claramente aliado à Globo, que o orienta naquilo que é de seu interesse, Moro revela-se não ser juiz no que preze ao cargo e, sim, um agente subversivo do ódio, que tem a petulância de grampear a Presidente da República, autoridade máxima do país. Se isso acontece num país sério, ele seria preso logo em seguida, com risco de perder a função de juiz. Jovem, vaidoso e motivado por interesses escusos, Moro divulga a escuta telefônica na mesma hora para a GloboNews. Tudo isso porque Dilma e Lula desmascararam sua trama rasteira.
    O jornalista Paulo Henrique Amorim disse a respeito do ocorrido do dia 16: “É a Justiça que aterroriza o Wagner Moura e a todos nós! Dilma liga para Lula, ou ele liga pra ela, e ela diz que vai mandar “o termo de posse” para ele. Só isso. Uma conversa de alguns segundos. Sergio Moro, um juiz totalmente desequilibrado, tomado de ódio político, divulga o áudio para a imprensa, como forma de vingança política, porque não conseguiu dar sequência ao sequestro golpista que tentou aplicar no ex-presidente Lula! Aonde estamos!”.
    Paulo Henrique avalia que um juiz grampear o ex-presidente já é absurdo. Grampear a presidente da república, é duplamente absurdo! E a imprensa brasileira, que despreza a democracia, acha isso normal! Pior que tudo, divulga isso como se a bomba não fosse a atitude do juiz Moro!
    Para cúmulo do ridículo, é uma conversinha boba, óbvia, com Dilma acertando um detalhe burocrático para a nomeação do ex-presidente. Mas um juiz subversivo e mal intencionado ou mal orientado age como um perturbado pela onda da vaidade e do poder. Parece que o interesse final é: Dilma caindo com o impeachment, o ministro Gilmar Mentes, do STF, assume como ministro da Justiça e Sérgio Moro é indicado para o Supremo Tribunal Federal para ocupar a vaga de Gilmar Mendes. A informação saiu dos bastidores do próprio STF, numa conversa de reuniões internas e vazou nas redes sociais.
    Logo se percebe as verdadeiras intenções do impeachment e o que realmente está por trás dele. Agora, Lula e Dilma terão que se defender, sabe lá Deus como, contra toda essa loucura golpista que já se caracterizou como um fascismo policial absurdo e que não respeita nenhum direito individual. Lula tem duas escolhas: lutar contra toda essa poderosa manobra sem caráter da oposição ou orientar Dilma a renunciar e deixar o governo nas mãos daqueles que estão enlouquecidos de desejo de assumir o governo para vender o país.
    A absurda manobra de poder envolve toda a força de um jogo sacana da ideologia neoliberal: o PSDB juntamente com partidos da oposição, poderosos empresários que acham que têm o direito de mandar na economia do país e investidores internacionais interessados em invadir o Brasil. Estes últimos anseiam por terminar de levar para fora todas as nossas riquezas naturais e bens preciosos que a “inteligência” brasileira não tem sido suficiente para conservar e gerar riqueza para sua própria sociedade. O PSDB tem ligações internacionais fortíssimas e só está interessado em duas coisas: suprir o setor privado de todas as suas exigências e outra vez atolar o país na miséria.
    O que muitos analistas políticos de mais de cem jornais espalhados pelo país estão avaliando é o fato de que caso o golpe de Sérgio Moro com a criminosa divulgação das gravações do dia 16 de março, em sincronia com manifestações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso numa “palestra” para uma “empresa de seguros” ligada ao Bradesco (um dos interessados e patrocinadores do impeachment de Dilma) fracasse, certamente ele terá muito que explicar à justiça. Segundo esses analistas, suas ações não são do tipo etéreas, não são meras hipóteses, mas atos que estão empurrando o país para uma possível catástrofe. E isso não há como esconder.
    Agora, já é sabido que a esposa do juiz Sérgio Moro advoga para o PSDB do Paraná e para multinacionais de petróleo. O fato já seria suficiente para inviabilizar a participação do juiz Moro no processo que apura a corrupção na Petrobrás (Operação Lava Jato). O Código de Processo Civil, em seu artigo 134, manda arguir o impedimento e a suspeição do juiz, quando assegura: “IV- Quando nele estiver como advogado da parte o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consanguíneo ou afim, em linha reta: ou na linha colateral até o segundo grau”.

    Mais claro que isso, impossível. Pergunta: quem são os principais interessados na Operação Lava Jato? Resposta: o PSDB e as multinacionais do petróleo, clientes da mulher de Moro! São eles os grandes beneficiados com essa Operação. Agora, pare e pense.

    sexta-feira, 4 de março de 2016

    AEDES AEGYPTI

    APENAS UM MOSQUITO
    Para causar pânico em tanta gente
    Battista Soarez

    Nasci e cresci ouvindo um ditado popular meio ingênuo que para nada mais serve senão para subestimar, erroneamente, a capacidade de quem é menor no tamanho mas, por vezes, monstruoso nos seus resultados e efeitos. “Ai do menor que o maior engolir”, dizia o ditado.
    Lembro-me de que meu pai, um homem analfabeto, rude, reagia a esse ditério da seguinte maneira:
    Capacidade não se mede pelo tamanho dizia ele.
    Certa vez ele foi mais além, diante de uma teimosia da minha mãe acerca do cuidado de tomar água filtrada. No interior, normalmente a água potável é retirada de poços artesanais. Cristalina e fria, as pessoas costumavam bebê-la sem que ela passasse pelo processo de filtração. Numa leva dessas, meu pai alertou a família de que não era seguro beber água que não fosse tratada por causa de germes e bactérias. Mamãe, então, usou o tal ditado de que “coitado do menor que o maior engolir”.
    Não é bem assim rebateu meu pai. O pior inimigo é aquele que a gente não vê.
    Nos últimos tempos, a mobilização no combate ao mosquito Aedes aegypti tem sido intensa. O inseto é sutil, camuflado e praticamente invisível. Nunca se sabe a hora em que ele chega e pica uma pessoa. Além disso, segundo especialistas, a picada dele não dói, não arte, não incomoda e não deixa nenhuma coceira. Apenas pica e vai embora, invisível no meio de um universo de obscuridades, interrogações e doenças.
    E assim acontece. Apenas um mosquito para incomodar tanto. Apenas um mosquito é capaz de aterrorizar o país inteiro. Apenas um mosquito, um minúsculo inseto, para matar tanta gente, causar doenças em bebês e provocar tantas desgraças. Meu pai tinha razão: “o pior inimigo é aquele que a gente não vê”.
    O tal mosquito é transmissor de dengue, Chikungunya e Zika vírus. O significado do Aedes aegypti é esquisito e assustador: “a praga que vem do Egito”. Este é o seu significado. Nos tempos bíblicos, lá no velho mundo, a praga do Egito era capaz de matar. Milhares de pessoas morriam. Todos temiam. Temiam porque, se vinha do Egito, a “coisa” era feia e pavorosa porque vinha acompanhada de morte. Deus nos livre e guarde.
    Agora, a informação que se tem é de que “a praga que vem do Egito” chegou às escolas do sistema estadual de ensino do Maranhão, onde o assunto tem sido tema de trabalho nas salas de aula da comunidade escolar. No Centro de Ensino Dorilene Silva Castro, no Coroadinho, em São Luís, os alunos se mobilizaram para pesquisar e entender a praga.
    O objetivo da ideia é conscientizar a população para a importância na prevenção e no combate ao mosquito, assim como elaborar projetos de caráter pedagógico e de sensibilização dos moradores. O tema é interessante: “O Dia ‘D’ de Zika Zero na escola”. O projeto “Zika Zero” tem acompanhamento de pais, professores e, ainda, de representantes do governo do Maranhão.
    Os estudantes procuram não economizar criatividade. Vestem-se de mosquito, de agentes de saúde e de donas de casa. Na encenação, apresentaram paródias e peças teatrais, cuja temática aborda o mosquito Aedes aegypti e as doenças que ele transmite.
    Eles abordaram a importância de abrir as portas das casas para receber os agentes de saúde e ficar atentos às orientações repassadas pelos profissionais, especialmente os cuidados para evitar que o quintal se transforme em criadouro do tal inseto.
    Na última quarta-feira, estudantes e professores fizeram um mutirão para limpar a área no entorno da escola e levar informação à vizinhança. As ações nas escolas contra o Aedes aegypti têm a coordenação da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), por meio da Secretaria Adjunta de Projetos Especiais.
    No município de Esperantinópolis, na regional de Pedreiras, estudantes dos Centros de Ensino João Almeida e Antônia Corrêa fizeram passeatas. O objetivo é conscientizar a população sobre a importância de eliminar os focos do maldito mosquito.
    Na região da Baixada Maranhense, no município de São João Batista, o medo do mosquito também motivou uma mobilização nas escolas. Marcaram o encontro para o dia 1º de março, no auditório da Colônia de Pescadores, onde discutiram várias possibilidades de combate à praga.
    No Maranhão, uma ‘armadilha’ foi criada para o mosquito Aedes aegypti. Usando materiais simples, o pesquisador e professor universitário Weverson Almagro testa um sistema batizado como ‘mosquitoeiro’ confeccionado simplesmente com garrafa plástica, fitas isolante e adesiva e um pedaço de tela. Almagro é professor do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), do campus Maracanã, em São Luís (MA). Ele acredita que o sistema possa levar a bons resultados na prevenção e no combate ao mosquito transmissor da dengue, da febre Chikungunya e do vírus Zika.

    Enfim, apenas um mosquito! Apenas um mosquito para adoecer o país inteiro. E a situação do Brasil é grave. É grave, inclusive, do ponto de vista do “zika vírus” político. O “zika vírus” político já afetou a economia do país, a educação, a saúde, o setor agrário e, enfim, toda a estrutura socioeconômica da nação. Agora, só resta discutir o que fazer e como fazer para impulsionar o Brasil a ser a potência econômica que ele nunca foi. Nunca foi porque o “zika vírus” da corrupção política nunca permitiu. E, pelo visto, está cada vez mais difícil.