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terça-feira, 6 de abril de 2010

HOMOSSEXUALIDADE: DESAFIO PARA A IGREJA 2



Pois é. Ninguém deve duvidar da vida. E nem tentar ignorar os princípios (ou segredos) que a ela convêm. A homossexualidade é fato e, de igual modo, é fato a ignorância de todos.

Eu sou heterossexual e plenamente definido quanto a isto. Mas não molesto os que seguem outra tendência. Afinal de contas, entendo que os homossexuais também são pessoas igualzinho a qualquer outra. Sentem fome e sede igual a todo mundo. Têm sentimento e sensibilidade também. E isto é o que importa para que eu os amem e os inclua no meu programa de cuidado humanitário.


Ao longo da história, no que se lê, os homossexuais passaram por situações extremamente diversificadas. Em certos momentos da antiguidade chegaram a ser valorizados de formas muito díspares. Entre os gregos, por exemplo, a homossexualidade era tida com grande apreço. Era, inclusive, aceita como superior à relação inter-sexual, e era muito disseminada naquela cultura.

Entre muitos povos antigos, os homossexuais, por serem diferentes, eram considerados bruxos, xamãs ou videntes do clã ou da tribo. Em outras culturas, eram considerados sacerdotes do templo ou, em certa instância, tinham a seu cargo o cuidado do harém do rei ou das sacerdotisas. Nos dias de Jesus, bem como em outras épocas que antecederam a era cristã, eram denominados de “eunucos”.

Mesmo Jesus Cristo, quando questionado, se limitou a tratar deste assunto com cautela, apenas dizendo:

“Porque há eunuco que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos por causa do Reino dos céus. Quem pode receber isso, que o receba” (Mateus 19:12 RC).

Vale lembrar que Jesus, em sua eterna sabedoria, não se aprofundou, em nenhum momento, sobre a questão da homossexualidade, embora na sua época fosse evidente o problema em questão. A propósito: por que Cristo não tratou este problema com clareza? Mas apenas ordenou a seus discípulos dizendo “ide a todo mundo e pregai o evangelho do reino a toda criatura...”?

Talvez a melhor resposta esteja no fato de que o “evangelho do reino” veio exatamente para “toda criatura”. Será que o homossexual não é criatura? Para muitos “evangélicos” homofóbicos não. O homossexual não é criatura. Mas, para o Senhor Jesus, o homossexual tanto é criatura como também pode ser excelente cidadão do reino de Deus.

Aliás, Jesus sempre se preocupava, em suas falas, a mencionar o “evangelho do Reino”. Por que? Porque o evangelho do Reino é diferente do evangelho dos homens. Senão vejamos: para o evangelho do Reino, todo mundo é criatura, e todos são alcançados pela graça, simplesmente pela graça, ninguém merece nada; para o evangelho dos homens, porém, apenas alguns na prática (embora teoricamente seja o contrário) são criaturas e somente alguns alcançam a misericórdia, se assim merecerem. 

Na Idade Medieval, os homens do poder (inclusive do poder clerical) se baseavam na história de Sodoma e Gomorra para considerarem os homossexuais abomináveis. E assim a sua prática era punida com morte cruel. Muitos eram queimados, depois de torturados e maltratados da forma mais hedionda. (Aguarde a parte 3).

segunda-feira, 5 de abril de 2010

HOMOSSEXUALIDADE: DESAFIO PARA A IGREJA 1


 
 É de doer. O que hoje vemos na mídia diz algo sobre o qual precisamos refletir: algumas pessoas nascem homossexuais e são xingadas, discriminadas, molestadas e odiadas. A igreja, que deveria ter uma solução salvacional, se coloca como a mais irrefletida inimiga dessa classe de pecadores. 

O que dizer, afinal? Qual o procedimento correto para se discutir o orgulho gay, de um lado, e a visão homofóbica dos grupos que não são homossexuais, de outro lado? E sobre a visão religiosa da igreja? O que se pode afirmar?

Para entrar nesta questão sem ferir nem a gregos e nem a troianos, vamos lembrar da mitologia grega. Muitos povos antigos falavam da primitiva androginia ou bissexualidade do ser humano primitivo. (Hoje não se fala mais em androginia como condição de bissexualidade humana; há outras razões discutíveis). Para aqueles povos, o deus supremo era andrógino e, portanto, tinha capacidade de se autogerar.

Nesse sentido, eles também admitiam a idéia de que – à semelhança do deus supremo, em uma infinidade de tradições – o primeiro antepassado humano, o homem primordial ou mítico, era andrógino. E isto passou a fazer parte da sua cultura e modo de pensar. Muitos comentários rabínicos, nas escrituras antigas, entendiam e ainda hoje entendem que Adão foi originalmente andrógino (pois, na verdade, a expressão hebraica para Homem se refere ao homem original, ser completo, reunindo em si os dois sexos), até que finalmente Deus separou a parte feminina e surgiu, então, a mulher Eva. Aliás, as palavras “Adão” e “Eva” aparecem somente depois de Deus ter feito a separação.

Isto significa que tudo do que Deus precisava para formar a mulher já estava no homem que, durante um bom tempo, caminhava sozinho pelo jardim do Éden. Platão e outros filósofos gregos tinham pensamentos semelhantes, bem como os australianos, os chineses, os indianos e outros.

Nessa constituição andrógina é que se concebia o ser humano original como esférico. A esfera, por sua vez, simbolizava a perfeição da totalidade. Em outras culturas, tratava-se de um grande ovo que depois originava o casal. Veja, ainda hoje, o famoso símbolo do Yang-Yin, uma esfera dividida harmonicamente por uma curva interna.

Outra situação simbólica desse conceito de androginismo são os rituais de muitos povos que em certas festas ordenam que os homens usem trajes femininos e as mulheres usem trajes masculinos, significando, assim, um retorno ao estado original perfeito do homem.

Por outro lado, a biologia dá a sua contribuição nesse sentido ensinando que o feto, em suas primeiras semanas, é de alguma forma andrógino, e pouco a pouco vai se definindo por um sexo ou outro.

A palavra androginia vem do grego “aner”, “andrós” – que significa “varão” – e “guiné”, “guinaica” – que quer dizer “varoa, mulher”. E assim se inicia a idéia da homossexualidade e, com ela, os problemas como o preconceito, a discriminação e o milenar sofrimento das pessoas que nascem com essa situação.


Antes de tudo, precisamos entender que:


Bissexualidade é o fato de o indivíduo sentir atração tanto por homens quanto por mulheres. É comum, na prática terapêutica, se ver casos de pessoas que são casadas, têm filhos, mas têm relações afetivas por pessoas do mesmo sexo. As pessoas bissexuais sofrem com essa situação, tanto emocionalmente (drama interior), quanto no contexto familiar.

Homossexualidade é a atração pela pessoa do mesmo sexo. Ela se identifica claramente com a prática do sexo inversa ao que é natural entre homem e mulher.

EVOLUÇÃO E HORMÔNIOS

O conhecido cientista italiano Umberto Veronesi está causando grande polêmica no país depois de ter apresentado uma teoria dizendo que a espécie humana está caminhando para o bissexualismo.

Durante uma conferência, em agosto do ano passado, na região da Toscana, Umberto Veronesi, que é médico e ex-ministro da Saúde, afirmou que a espécie humana deve caminhar para o bissexualismo "como resultado da evolução natural das espécies".

Em entrevista a jornais italianos, Veronesi reafirmou sua teoria, apontando o fator hormonal como indicador da evolução rumo ao bissexualismo.

"Desde o pós-guerra a vitalidade dos espermatozóides diminuiu 50% porque as mudanças das condições de vida estão fazendo com que a hipófise (glândula responsável pela produção dos hormônios) produza cada vez menos hormônios andrógenos (masculinos)", afirma o oncologista, pioneiro no tratamento de câncer de mama na Itália.

"O homem não precisa mais de uma intensa agressividade física para sobreviver", diz ele.

Com as mulheres, que têm papel cada vez mais ativo na sociedade, acontece o mesmo.

Segundo o médico, as mulheres vêm produzindo cada vez menos hormônios femininos ao longo dos anos.

"É o preço que se paga pela evolução natural da espécie, que é positivo porque nasce da busca pela igualdade entre os sexos", afirmou o cientista ao jornal Corriere della Sera.

A menor produção de hormônios acabaria atrofiando os órgãos reprodutivos e criando uma espécie de "preguiça reprodutiva", na avaliação de Veronesi. Para ele, o sexo deixou de ser a única forma para procriar desde que novas técnicas foram criadas, como fecundação artificial e a clonagem.

segunda-feira, 29 de março de 2010

CHAMPOLLION E OS HIERÓGLIFOS: O PAI DA ARQUEOLOGIA

A capacidade de leitura dos hieróglifos perdeu-se por mais de um milênio e foi Jean-François Champollion, nascido em 23 de dezembro de 1790, em Figeac, uma pequena aldeia do sul da França, quem conseguiu decifrá-los de novo e integralmente, o que lhe valeu o epíteto de Pai da Arqueologia. A chave principal da decifração foi a famosa Pedra de Roseta, descoberta em 1799 e que continha um decreto da época do faraó Ptolomeu V Epifânio (205 a 180 a.C.) grafado em hieróglifos, em demótico e em grego. Foi comparando esses escritos, usando seus excelentes conhecimentos da língua copta e estudando outras inscrições hieroglíficas, que ele conseguiu o feito notável de nos abrir o conhecimento dos meandros da civilização egípcia antiga e deu início à egiptologia científica. Provavelmente estimulado pela convivência com a biblioteca de seu pai, que era livreiro, Champollion demonstrou ser uma criança precoce. Com cinco anos de idade aprendeu a ler sozinho. Tinha apenas 10 anos quando seu irmão mais velho, um arqueólogo, lhe mostrou uma reprodução daquela pedra e, diga-se de passagem, apesar de ter trabalhado com seu texto durante 14 anos, ele nunca conseguiu ver a pedra em si. Foi provavelmente por influência do irmão que o garoto desenvolveu a paixão por línguas em geral e pelo Egito em particular. Ao examinar o texto, curioso, o menino encasquetou que um dia decifraria aquela estranha escrita: os hieróglifos. Esse desejo infantil tornou-se obsessão e ele se preparou para o feito: dedicou-se com afinco ao estudo das línguas antigas e orientais. Com 11 anos ganhou uma bolsa de estudos e ingressou no liceu de Grenoble, recém fundado. Aí o jovem estudante maravilha os mestres traduzindo e explicando com perfeição os versos, ainda que sutis, de Virgílio e de Horácio. Não se dá bem com a matemática, e futuramente seu pai irá ajudá-lo nos cálculos da cronologia dos reinos dos faraós, mas, em compensação, revela um talento fora do comum para o entendimento de línguas. Aprendeu, às vezes sozinho, árabe, hebreu, aramaico, siríaco, persa, etíope, caldeu, chinês, sânscrito, zende e copta. Com apenas 16 anos de idade apresentou à Academia de Grenoble um trabalho no qual defendeu que o copta talvez fosse uma &quotdeturpação" da língua falada no antigo Egito. Em 1808 descobriu que 15 sinais da escrita demótica correspondiam a letras do alfabeto da língua copta e isso o convenceu de que o copta era a última etapa da língua faraônica. Dedicou-se, então, a ela com tal empenho que, em 2 de abril de 1809, encontrando-se em Paris para aperfeiçoar seus estudos de línguas, escreveu ao seu irmão: Sinto-me tão perfeitamente copta que, para me distrair, verso para esta língua tudo que me passa pela cabeça; falo copta sozinho já que ninguém poderia me entender.
A língua copta é uma mistura de dialetos, cheia de termos gregos e palavras orientais e escrita com o alfabeto grego e mais seis caracteres demóticos que indicam sons que o grego não possui. Era falada pelos cristãos na Grécia nos primeiros séculos da nossa era e nela foram conservadas várias traduções de textos sagrados. O copta tem estreita relação com a língua egípcia antiga e apresenta a vantagem de grafar as vogais, o que tornou possível a Champollion descobrir a pronúncia exata, ou pelo menos aproximada, de muitos nomes e vocábulos egípcios.
Com 18 anos de idade foi escolhido para ensinar história e política no Colégio Real de Grenoble, posição que manteve até 1816; em 1818 foi indicado para a cátedra de história e geografia do mesmo colégio, tendo lecionado tais matérias até 1821. Em 1812 casou-se com Rosine Blanc, de quem teve uma filha, Zoraide, em 1824. Durante esse tempo começou a escrever sua Introdução ao Egito sob os Faraós (1811), bem como a obra Egito dos Faraós, ou Pesquisas sobre a Geografia, Religião, Língua e História dos Egípcios antes da Invasão de Cambises (2 volumes - 1814).
Ao analisar a pedra de Roseta, ele foi o primeiro a definir com exatidão que seu texto intermediário estava grafado em demótico. Outro estudioso, o abade Barthélemy, já pressentira que os cartuchos encerravam nomes de reis, mas a ordem dos sinais permanecia incerta. Na estela de Roseta havia vários cartuchos e pelo texto grego se sabia que o faraó citado era Ptolomeu V. Um cientista inglês, Thomas Young (1773-1879), havia descoberto o significado correto de alguns sinais e atribuíra valores de sons, e não de idéias, a diversos símbolos. Champollion não se convencera muito disso. A pesquisa empacara aí. A grande tarefa para ele, naquele momento, era descobrir se os hieróglifos eram apenas símbolos ideográficos ou se podiam realmente funcionar como letras.
Em 1815 novas pistas surgiram. A primeira foi um pequeno obelisco descoberto em Philae. Também continha um texto grafado em hieróglifos, demótico e grego, no qual aparecia o nome de outro faraó, Ptolomeu Evergetes II, e o de sua esposa Cleópatra III. Sendo nomes estrangeiros, raciocinou Champollion, não poderiam ser grafados com ideogramas, mas deveriam estar escritos da maneira como eram pronunciados. Comparando os cartuchos de Ptolomeu e Cleópatra, notou que possuíam em comum os sinais que representavam as letras P, T, O e L. A conclusão lógica foi a de que alguns hieróglifos tinham mesmo o valor de letras. Embora a descoberta da grafia de nomes de reis tenha sido fundamental para decifrar os hieróglifos, isso não levaria ao entendimento da língua egípcia sem a ajuda do copta. O conhecimento profundo que Champollion tinha dessa língua permitiu-lhe descobrir, ao estudar a pedra de Roseta, os valores fonéticos de certos sinais hieroglíficos em particular, enquanto que seu entendimento do texto grego ajudou-o a identificar os caracteres ideográficos.
A outra pista foram dois cartuchos que pareciam significar os nomes de Tutmés (Tutmósis) eCARTA A 
DACIER Ramsés. Neles o segundo elemento era idêntico e poderia corresponder ao som més. Eram os primeiros nomes totalmente egípcios que ele traduzia e isso convenceu-o de que suas descobertas eram válidas para os vários períodos da história egípcia e não apenas para a época greco-romana. Champollion concluiu, então, que ao lado dos sinais que correspondiam a um som simples, havia também sinais que agrupavam duas consoantes e sinais que representavam idéias. Ao chegar a tal conclusão ele se emocionou a tal ponto que desmaiou e permaneceu inconsciente por 60 horas. Quando voltou a si redigiu uma carta ao secretário perpétuo da Académie des Inscriptions et Belles-Lettres, a célebre Lettre à Monsieur Dacier relative à l'alphabet des hiéroglyphes phonétiques. Nesse documento, do qual vemos a foto de uma das páginas ao lado, lido em sessão daquela academia em 27 de setembro de 1822, ele anuncia a descoberta do alfabeto fonético com o qual os egípcios grafavam os nomes dos reis gregos e dos imperadores romanos. Além de Ptolomeu e Cleópatra, ele foi capaz de reproduzir a grafia em hieróglifos e a tradução de 79 nomes de soberanos egípcios, desde Alexandre, o Grande, (332 a 323 a.C.) até Antonino, o Pio (138 a 161 d.C.), dos quais ele reconheceu e tabulou todas as letras, uma a uma. Estava posto abaixo o conceito vigente até então de que a escrita hieroglífica era apenas ideográfica, ou seja, que cada sinal representava uma idéia.
Estava dado o primeiro passo, mas esse era apenas o começo; tornava-se necessário estabelecer um vocabulário e uma gramática e, depois disso e acima de tudo, entender o que se estava lendo e descobrir os fatos narrados por uma língua morta há pelo menos 18 séculos. Champollion sai à cata de textos que não possuia. Obtém cópias de escritos de paredes do túmulo de Seti I e, embora republicano, consegue a simpatia dos reis Luis XVIII e Carlos X. Graças a isso, entre 1824 e 1826, lhe foi possível visitar várias coleções de museus fora da França, tendo sido enviado em missão financiada pelo rei para os museus de Turim, Liorne, Roma, Napoles e Florença, na Itália, onde, em magníficas coleções lá existentes, aprofunda suas pesquisas. Então escreve: Minha ciência hieroglífica acha-se suficientemente avançada para entrever o imenso espaço que ainda lhe falta percorrer antes de poder caminhar sem obstáculos no grande labirinto da escrita sagrada. Vejo o caminho a seguir mas ignoro se o zelo de um só homem e toda a sua existência podem ser suficientes para tão vasto empreendimento. Nessa época consegue que seja adquirida pelo governo francês grande parte de uma importante coleção egípcia, a coleção Salt, para o futuro museu Carlos X. Quando os objetos chegam a Paris é incumbido de catalogá-los, classificá-los e apresentá-los ao público, inaugurando o museu em dezembro de 1827 e publicado a obra Notice descriptive des monuments égyptiens du musée Charles X.
Até então Champollion não conhecia o Egito. Finalmente surge-lhe a oportunidade ao integrar uma expedição franco-toscana, constituída por 14 estudiosos. Entre eles encontra-se o futuro fundador da egiptologia na Itália, Ippolito Rosellini (1800-1843), um italiano de Pisa que havia sido aluno dileto de Champollion quando de sua viagem àquele país. A expedição, que chega à terra dos faraós em 18 de agosto de 1828, tem por finalidade fazer o primeiro apanhado sistemático da geografia e da história do Egito, de acordo com o que revelavam os monumentos e suas inscrições. Tais monumentos dialogam com Champollion e cada um deles lhe conta seu nome, idade e finalidade. Frenético, ele percorre o vale do Nilo e pesquisa tudo o que pode até dezembro de 1829; copia textos e verifica que seu método de decifração é exato. A população simples o considera um verdadeiro mágico, a única pessoa no mundo capaz de ler aquela estranha escrita. Numa pilastra do templo de Karnak ele grava o próprio nome num grito de júbilo. Podemos imaginar a emoção sentida por ele ao lermos suas cartas e seu diário. Numa delas afirma: Orgulho-me agora ao ter o direito de lhes comunicar que, tendo seguido o curso do Nilo desde a foz até a segunda catarata, nada existe que deva ser modificado em nossa Carta sobre o alfabeto dos hieróglifos. Nosso alfabeto é bom: pode ser aplicado com igual sucesso, primeiro aos monumentos do tempo dos romanos e dos lágidas e depois às inscrições de todos os templos, palácios e túmulos das épocas faraônicas! E também afirma: leio com maior fluência ainda do que me atrevia a imaginar. Enquanto o francês anota detalhadamente o que vê, o italiano desenha, também detalhadamente. Tal foi o esmero aplicado que esse trabalho conjunto ainda é considerado como um dos melhores feitos até hoje: ele preservou, sem dúvida, incontáveis informações que, caso contrário, teriam sido perdidas.
Percebendo que 14 templos antigos haviam desaparecido por incúria das autoridades, Champollion tentou convencer o sheik Meemet Ali da necessidade de impedir o processo de destruição. Escreveu-lhe enfatizando: Já soou a hora de por termo a essas bárbaras devastações. Para tão louvável objetivo, Sua Alteza poderia ordenar que não se retire, sob pretexto algum, nenhuma pedra ou tijolo dos monumentos antigos ainda existentes.
A viagem ao Egito fora extenuante. Durante muito tempo Champollion ficara dentro de túmulos de atmosfera rarefeita e escassa iluminação, copiando textos em posições incômodas. O reumatismo o atacou. Ao voltar à França, em pleno inverno, Champollion foi obrigado a ficar um mês de quarentena em um navio sem aquecimento. Sua saúde, já precária, se ressentiu do sacrifício. Em 1830 é eleito membro da Académie des Inscriptions et Belles-Lettres e em 12 de março de 1831 é criada especialmente para ele uma cadeira de gramática egípcia no Collège de France. O decreto real que institui a cátedra diz: M. Champollion exporá os princípios da gramática copta-egípcia e explicará todo o sistema dos escritos sagrados, dando a conhecer todas as formas gramaticais utilizadas nos textos hieroglíficos e hieráticos. Iniciou as aulas em 10 de maio daquele ano. Entretanto, proferiu poucas aulas. No final de 1831 foi atacado de apoplexia e paralisia parcial. A caneta caia-lhe das mãos, mas ele mesmo assim conseguiu terminar o manuscrito do seu dicionário e de sua gramática egípcia. Entretanto, enquanto ainda preparava para publicação os resultados da expedição ao Egito, veio a falecer, de enfarte, aos 41 anos de idade, doente e esgotado por excesso de trabalho, em 4 de março de 1832.
Entre suas obras destacam-se: Panthéon égyptien (1823-1831), publicado em partes, sendo que a obra integral deveria formar dois volumes, mas não foi completada; Prècis du système hyéroglyfique des anciens Egyptiens (1824), obra na qual ele dá a interpretação não apenas de uma longa lista de nomes reais, como também de palavras e frases e até mesmo de sentenças completas; Deux lettres a M. Ie duc de Blacas d'Aulps, relatives au musée royal égyptien de Turin (1824-1826); Catalogue des monuments égyptiens du musée du Vatican (1826). Postumamente foram publicados: Monuments de l' Egypte et de la Nubie d'apres les dessins exécutés sur les lieux (1835-1845); Grammaire égyptienne (1836-1841); Dictionnaire égyptien en écriture hieroglyphique (1841-1844); Monuments de l' Egypte et de la Nubie, notices descriptives (1844-1874) e suas cartas, reunidas em livro em 1833.
Em 1986 sua cidade natal lhe rendeu homenagem criando um museu de egiptologia na casa onde ele nasceu. O museu apresenta coleções diferenciadas: de um lado, documentos evocando a vida e a obra do pesquisador; de outro, antiguidades egípcias referentes a dois dos assuntos que fascinavam particularmente a Champollion, ou seja, a história da escrita e os deuses e os ritos funerários do Egito antigo.

quinta-feira, 25 de março de 2010

CHUVA AINDA É POUCA EM LAGOS DA BAIXADA MARANHENSE

A chuva no interior maranhense está escassa. Os lagos da região da Baixada ainda estão secos. Ontem choveu em São Francisco dos Campos (divisa entre os municípios de Serrano e Santa Helena), Pinheiro e Turilândia, onde os lagos são espaçosos e conseqüentemente o volume de água é maior.
 
Nessas regiões, geralmente, há rios e igarapés que cortam os lagos e ajudam no aumento das águas no período da chuva. Os lagos localizados nas imediações de Santa Helena e Turilândia, por exemplo, são banhados pelos rios Paruá e Turi. Já o de São Francisco dos Campos – rico pela sua biodiversidade: inúmeras espécies de pássaros, peixes, árvores etc – é abastecido pelo rio Turi-Açú através do igarapé denominado "Ferreira", o qual corta os campos de Chapadinha e desagua num dos maiores lagos da América Latina.
 
Nos dias 22, 23 e 24 (segunda, terça e quarta) choveu forte na região, mas não o suficiente para aumentar o nível da água nos lagos que continuam secos. Os peixes ficam presos em poções e igarapés espalhados em meio aos campos, o que facilita a pesca predatória nos municípios. Seu Domingos Viana, de Turilândia, disse que depende da pesca para sobreviver. "Mesmo na ápoca da desova, somos obrigados a pescar. Todos aqui fazem isso. Os ficais do IBAMA trabalham o dia, mas a gente pesca à noite, quando não há fiscalização", disse ele.
 
PESCAS PREDATÓRIAS
 
O governo federal criou, em 2003, a Secretaria Especial da Aquicultura e Pesca (SEAP) pela medida provisória 103, que depois se transformou na Lei Nº 10.683. A transformação em o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) se deu somente em 2009, através da Lei Federal nº 11.958, de 26 de junho de 2009. O MPA assessora direta e imediatamente o Presidente da República na formulação de políticas e diretrizes para o desenvolvimento e o fomento da produção pesqueira e aquícola.
 
Na época do defeso dos peixes, por força dessa lei, os pescadores legalmente inscritos recebem um salário mínimo para não exercerem as suas atividades nessa época do ano. Esse programa foi uma forma encontrada pelos órgãos governamentais para preservarem diversas espécies que estavam em processo de extinção devido à pesca predatória durante a desova. Mesmo recebendo o dinheiro, os pescadores de Santa Helena, Pinheiro, Turilândia e de outras cidades maranhenses, praticam a pesca criminosa.

Durante a piracema, como é conhecido esse período, os peixes sobem os rios à procura de águas rasas para desovarem buscando a sua reprodução. Nisso se tornam presas fáceis para os pescadores. Agora que as águas não cresceram, os peixes encontram abrigo nos igarapés localizados em meio aos campos. Grande quantidade é pega. Peixes pequenos são lançados fora, e os grandes são comercializados normalmente nos mercados e em feiras clandestinas.

Um grupo de pescadores, de Turilândia e Santa Helena, que pescava no Rio Paruá, desconversou ao perceber que a nossa presença se tratava de uma reportagem. “É, siô, a gente tem que comer, né? Não vamos morrer de fome”, justificou um dos integrantes do grupo, sem querer se identificar. E ficou bravo quando tentamos tirar uma foto.

O período de defeso dos peixes, que acontece nessa época, é exatamente do robalo que vai de 15 de maio até 31 de julho. Em São Francisco dos Campos, a 30km de Santa Helena, onde não há fiscalização, a pesca predatória é responsável por grande número de peixes mortos. Os pescadores matam os grandes e tiram volumosa quantidade de ovas quer para consumo, quer para serem lançadas fora, a urubus e cães. “Antigamente, tinha muito peixe por aqui. Agora não se vê mais tanto assim” – disse dona Remédios, que caminhava pelas beiras do rio Turi-Açú catando algumas piabas.

Outro problema encontrado, é algo vergonhoso. Ninguém quis falar sobre o assunto. Pessoas que nunca foram pescadoras se inscrevem na Associação de Pescadores ou no Sindicato de Pesca e recebem dinheiro do governo (que seria somente para os pescadores de fato), dividindo-o com o presidente da entidade. Uma jovem de Santa Helena, mãe de três filhos, disse que recebeu  2.400 reais, ficando, no entanto, apenas com 500 reais, sendo obrigada a dar a outra parte para o presidente do sindicato. “Eu fui procurada, e aceitei”, disse ela.

BATTISTA SOAREZ
Em trânsito pela região da baixada maranhense

sábado, 6 de março de 2010

CHUVA FORTE E VENDAVAIS NO BRASIL

Previsão do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) alerta para a ocorrência de chuvas fortes e rajadas de vento de até 80 km/h na região Sul do país, entre este sábado e a terça-feira (9). De acordo com o instituto, um sistema de baixa pressão é responsável pela previsão de temporais.

O alerta é válido para o nordeste do Rio Grande do Sul, além de parte de Santa Catarina e o leste do Paraná.

Já na região Sudeste, entre sábado e a terça, rajadas de vento forte devem atingir principalmente os litorais do Espírito Santo, São Paulo e do Rio, e atingir intensidade de 40 a 70 km/h --podendo chegar a 100 km/h no litoral fluminense.

Além das rajadas de vento forte, o fenômeno provoca temporais nos Estados do Sul e Sudeste. Neste sábado, em sete horas, choveu na cidade de São Paulo o equivalente a 27 mm (cada milímetro equivale a um litro de água por metro quadrado), o que representa 15,3% do esperado para o mês de março, segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da prefeitura.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

POR UMA PEDAGOGIA EXISTENCIAL


Battista Soarez

Meu novo livro, Por Uma Pedagogia Existencial, está sendo lançado e chegará às lojas de todo o Brasil no final de janeiro e início de fevereiro de 2010. O livro trata de uma nova proposta pedagógica perante o sistema educacional brasileiro. Na verdade, escrevi inicialmente apenas um artigo. Mas, com o desenvolvimento do tema, resolvi publicar em forma de livro. Recebo críticas e sugestões que possam contribuir com essa temática. Envie para battistasoarez@gmail.com.