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quinta-feira, 20 de abril de 2023

O ENCONTRO LULA E XI JINPING | Por BATTISTA SOAREZ | Coluna Leitura Livre | Jornal Itaqui-Bacanga

O encontro Lula e Xi Jinping

Por Battista Soarez

(Jornalista, escritor, sociólogo, psicanalista, consultor e professor universitário).



O ENCONTRO ENTRE OS PRESIDENTES Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Xi Jinping, da China, tem significados não apenas sobre questões comerciais. É isto e muito mais. Na verdade, os acordos assinados têm significados muito mais profundos do que as pessoas de senso comum imaginam. O sentido de tudo é amplamente geopolítico.

Há alguns pontos que precisam ser vistos com profundo entendimento sociológico internacional. Acordos comerciais, negociação de paz entre Rússia e Ucrânia, e câmbio foram alguns dos assuntos tratados e que têm importância significativa do ponto de vista geopolítico e, segundo o próprio Lula, são fundamentais para uma nova ordem mundial. Isto já vem sendo falado há algum tempo, mas esta é uma questão ainda pouco esclarecida na cabeça do cidadão comum no mundo inteiro.

— Esses acordos são fundamentais para as relações entre China e Brasil, e muito importantes para uma nova ordem mundial — disse Lula, em entrevista coletiva à imprensa internacional e divulgada pelo Jornal Hoje, da Rede Globo.

O presidente da China, Xi Jinping, recebeu o presidente Lula no Grande Palácio do Povo e, pelo nível da expectativa da imprensa internacional, já se pode avaliar que esse evento tem um significado exponencial para o mundo. Um fato geopolítico dessa envergadura mostra os caminhos que as nações estão seguindo num afunilamento revelador com muitas vertentes.

No encontro deste dia 14 de abril, Lula e Xi Jinping assinaram uma série de acordos comerciais e de parceria que vão além de um negócio da China, em que está definida a viagem do presidente brasileiro a Pequim e a Xangai no âmbito das políticas mundiais e seu conjunto de diretrizes potenciais para a nova ordem mundial, por sua vez configurada institucionalmente na Agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas). As pessoas devem estar atentas a fatos relacionados a isto, e ver para onde o mundo está caminhando.

Por enquanto, nada está sendo ventilado. Mas, nos bastidores da geopolítica, comenta-se que Xi Jinping está disputando, do outro lado da linha, com o presidente francês Emmanuel Macron, o lugar de presidente das nações — por enquanto divididas em blocos econômicos — na implementação do projeto NOM. Mas a tendência caminha no sentido de que tudo seja unificado política e economicamente.

Para isso, a mudança da ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff — presidente do banco BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) — para a China é de fundamental importância dentro dos planos da Nova Ordem Mundial. Com a intenção de colocar o Brasil entre os países emergentes, Lula fez questão de tratar de situações globais com o líder Chinês.

Por trás de tudo, como venho informando nos meus escritos sobre atualidades, está uma corporação secreta, formada por empresas multimilionárias, comandando tudo com uma filosofia estranha, algo totalmente diferente daquilo que a sociedade mundial conhece. E, quanto a isso, os líderes mundiais têm pressa.

O pior de tudo é que há uma religiosidade oculta e obscura conduzindo todos os processos dos eventos mundiais. O cidadão comum pensa que não. Mas é fato. Há um poder invisível acionado e dirigido por mentes totalmente contaminadas com crenças luciferianas e que disputam forças universais com o cristianismo. Política, poder de influência e dinheiro são as únicas chaves de tudo isso. Quem tem ouvido, ouça o que os fatos estão dizendo ao mundo.

O que alguns especialistas discutem, no âmbito de muitas políticas mundiais, é o fato de que Lula entrou numa área meio conturbada nas relações entre China e Estados Unidos. Há riscos pelo caminho, segundo eles. Em fevereiro, assim que assumiu o comando do governo federal, Lula esteve em Washington, onde se encontrou com o presidente norte-americano Joe Biden. Naquela ocasião, Lula e Biden divulgaram mensagem informando que, juntos, Brasil e EUA poderiam superar muitos desafios, principalmente os que ameaçam a democracia. Lembrando que a “democracia” no discurso da esquerda tem um sentido bem diferente do sentido da democracia do ponto de vista do povo, do qual emana todo poder.

Os acordos fechados entre Brasil e China, que resultaram em assinaturas de cerca de 15 termos comerciais e de parceria, incluem acordos de cooperação espacial, em pesquisa e inovação, economia digital e combate à fome, intercâmbio de conteúdos de comunicação entre os dois países e facilitação de comércio. Um dos acordos trata do desenvolvimento do CBERS-6, o sexto de uma linha de satélites construídos bilateralmente. Isso prevê um diferencial, segundo o governo brasileiro, de uma tecnologia que permite monitorar biomas no planeta como, por exemplo, a Floresta Amazônica, mesmo com a existência de nuvens. Do ponto de vista da nova ordem mundial, isso tem outros significados que a escatologia explica com absoluta maestria.

Por falta de espaço neste artigo, trataremos do mesmo assunto em edições posteriores.

terça-feira, 18 de abril de 2023

Sem provas, maranhense é presa por atos do dia 8 de janeiro

REPORTAGEM

Sem provas, maranhense é presa por atos do dia 8 de janeiro

Por estar no local colhendo informações para escrever seu primeiro livro, Eliene Amorim de Jesus é acusada de atos terroristas e outros crimes


Por Battista Soarez

(De São Luís – MA)


Nesta foto, Eliene aparece anotando fatos importantes para escrever seu livro. | FOTO: Divulgação.


TRÊS MESES DEPOIS dos atos do dia 8 de janeiro de 2023, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, manda prender manifestantes patriotas no Maranhão. Até uma escritora evangélica foi presa. Buscando colher informações para escrever seu primeiro livro de impacto, Eliene Amorim de Jesus, 28 anos, foi surpreendida por policiais federais e presa no dia 17 de março de 2023. Ela é acusada de atos terroristas, associação criminosa, golpe de Estado, crime de dano e abolição violenta do estado democrático de direito.

O Leitura Livre apurou, no entanto, que Eliene foi a Brasília não para praticar atos terroristas ou golpistas e nem para protestar contra qualquer dos poderes constituídos, mas para conversar com os manifestantes, sentir de perto o clima da luta pela democracia no Brasil, identificar os infiltrados e, enfim, conhecer a força do povo em movimento pela conquista da liberdade do seu direito de escolha.


Eliane foi a Brasília para colher dados e escrever livro de impacto. | FOTO: Divulgação.

Manicure e estudante do curso de psicologia, ela tem o sonho de se tornar reconhecida como escritora e aproveitou a oportunidade para escrever uma obra que chamasse a atenção do público.

— Ela viu aquele momento político como ideal para fundamentar sua obra — disse uma fonte próxima de Eliene que preferiu não se identificar.

De acordo com Haylla Cristina Sipaúba, amiga pessoal de Eliene, a estudante universitária é evangélica da Assembleia de Deus e missionária voluntária na área do bairro do Turú, em São Luís.

— Ela está sendo acusada injustamente de atos terroristas e outros crimes que não têm nada a ver com a pessoa que ela é. Seu perfil é totalmente diferente. Apenas se caracterizou de patriota para colher informações — destacou Haylla.

Segundo Haylla Cristina, a manicure comentou que um homem do Piauí printou uma postagem do seu Instagram pedindo ajuda via PIX e, então, a denúncia que culminou com a sua prisão partiu daí. Ao chegar em São Luís, Eliene confidenciou com Haylla o fato de que alguém a denunciou de maneira injusta. Alguém, intencionalmente, a monitorou e repassou as informações para a polícia federal. 

— Ela estava ali apenas para colher informações e escrever o momento histórico da manifestação política em nosso país — disse Haylla.

Haylla Cristina explica, ainda, que tudo começou na manifestação da praça Duque de Caxias, no bairro do João Paulo, em São Luís do Maranhão. E, em janeiro, Eliene decidiu ir a Brasília com ajuda de amigos do QG do João Paulo, já que ela é pobre e não tinha condições de bancar suas próprias despesas.

— Mas, infelizmente, foi confundida, denunciada e presa injustamente. Mas ela não é terrorista. Ela é apenas uma jovem que ama escrever e tem o sonho de ser escritora. Foi a Brasília com a colaboração de amigos. É uma pessoa sem condições financeiras — reafirma Haylla.

Eliene está presa em Pedrinhas, na Unidade Prisional Feminina (UPFEM). Haylla conta que a amiga chorou muito e que ficou dois dias sem tomar banho e sem trocar até mesmo sua peça íntima, recebendo um tratamento inadequado e injusto. Depois de alguns dias, Eliene recebeu uma bíblia de um policial e passou a pregar e orar pelos colegas de cela.

Segundo um advogado que conversou com o Leitura Livre sobre o caso, foi feito o pedido de relaxamento de Eliene, mas negado pelo ministro Alexandre de Moraes. Ele também explica que a manicure estava acompanhando as manifestações apenas com o objetivo de escrever seu livro.

— Também a acusaram de ter estado na varanda do Congresso Nacional — disse o jurista — mas ela estava lá apenas para carregar a bateria do celular e, fugindo do barulho do movimento, responder a algumas mensagens.

A mesma versão é sustentada por Haylla. Ele também enfatizou sobre o fato de que Eliene é uma pessoa de baixo poder aquisitivo e sobrevive do pouco que ganha como manicure do Salão Ciany Rocha, localizado no bairro do Aririzal, em São Luís, onde foi presa. O Leitura Livre buscou informação sobre a situação financeira de Eliene e confirmou as versões de Haylla e outras fontes.

— Trata-se de uma pessoa hipor-suficiente financeiramente. E não participou de nenhum ato terrorista — afirma o jurista.

Eliene é missionária numa igreja evangélica, mas não recebe nenhuma remuneração por isso.

segunda-feira, 10 de abril de 2023

POLÍTICA, EDUCAÇÃO E MEDIOCRIDADE | Por Battista Soarez | Coluna Leitura Livre | Jornal Itaqui-Bacanga |

Política, educação e mediocridade

Por BATTISTA SOAREZ

(Jornalista, escritor, sociólogo, psicanalista, consultor e professor universitário).



RECENTEMENTE estive na casa do Dr. Jomar Câmara, subprocurador-geral do Estado do Maranhão. Pelo nível da nossa amizade, temos a liberdade de conversar sobre vários assuntos como, por exemplo, cultura, ciência jurídica, literatura, advocacia, política, religião, teologia, psicanálise e outros assuntos. Então, oportunamente, conversamos sobre política, educação e mediocridade.

— Dr. Battista — disse ele, gentilmente — o cenário atual da política brasileira e mundial preconiza algumas situações que nos levam a pensar em consequências que podem colocar o país em uma trilha de mudanças degradativas difíceis de serem reparadas. O que o senhor acha? Eu acredito que, a partir de agora, a sociedade brasileira entrará num processo de crises fora de controle. O senhor concorda?

— A questão, Dr. Jomar, é que as sociedades usualmente mudam menos do que a maior parte dos indivíduos em períodos de uma a duas décadas. A maioria das sociedades, de modo geral, apresenta, além de outros fatores, períodos de vida muito mais longos, embora ocasionalmente um grande evento (como uma guerra ou um boom econômico excepcional) possa abalar as condições e perspectivas de uma nação rapidamente. Desta forma, forças mais amplas e poderosas, além do controle de qualquer país ou de seu líder, podem alterar o curso dos acontecimentos.

— De fato — interveio Dr. Jomar. — Alguma força nova muda a maneira como as pessoas abordam a vida familiar, como, por exemplo, o surgimento de novas tecnologias que transformam fatores fundamentais em todas as economias ou, então, a queda de um império global. Esses eventos ocorrem e sempre estão ocorrendo no decorrer da história. Estamos vivendo, Dr. Battista, em um período em que três acontecimentos de grandes proporções estão se desdobrando ao mesmo tempo. O primeiro é uma extraordinária mudança demográfica global. O segundo, em nível de globalização, é o rápido avanço de redes mundiais de enorme complexidade de dinheiro, recursos, produção e necessidades do consumidor. O terceiro grande evento histórico é, ainda, o que se relaciona à queda da União Soviética que agora, com a guerra da Ucrânia, trás para o debate global um certo império europeu e sua ideologia politico-socialista de cunho dominante. É um efeito duradouro.

Dr. Jomar e eu avaliamos o fato de que, no último século, toda sociedade avançada e a maior parte dos países em desenvolvimento passaram por um forte crescimento na taxa de natalidade (baby boom), seguido por uma retração na taxa de nascimento (baby bust). No século XIII, a mortandade reduziu um quarto da população europeia. No século XX, as guerras mundiais dizimaram a população jovem masculina de alguns países. E agora, no século XXI, pandemias e vacinas mataram e continuam matando milhares de pessoas (de todas as idades) em todos os países do mundo.

Mas há uma questão que precisa ser avaliada. O que está acontecendo hoje na maior parte do planeta, com relação ao envelhecimento da população, num comparativo com pessoas na idade de trabalho, não tem precedentes históricos.

— Isso terá grande efeito — disse eu, esfregando as duas mãos na cabeça — tanto sobre quão rapidamente os diferentes países crescem quanto sobre a capacidade básica de os governos atenderem às necessidades de dezenas de milhões de pessoas que serão idosas. Isso levou os líderes mundiais, a partir da China, a pensarem na redução da população global.

Essa é a política atual. E esse é o caminho que a humanidade está seguindo. A ideia de vírus, pandemias, vacinas e guerras nasceu exatamente daí.

E mais: há um período inóspito, em que o comércio e as comunicações mundiais se expandiram rapidamente. Nasce, aí, uma guerra contra as mazelas sociais geradas em razão da explosão demográfica. E a fase atual é mais profunda. As novas tecnologias da informação estão afetando as sociedades com mais rapidez.

Dr. Jomar Câmara, com uma brilhante maneira de pensar, fez-me entender que, com relação à política do comércio mundial, o que abre cada país membro da OMC (Organização Mundial do Comércio) ao investimento estrangeiro e à competição externa e interna são as regras gerais que os regem. De fato, se a maioria das pessoas na Europa, no Japão ou nos EUA prospera — ou simplesmente se arranja — isso vai depender de como, e se, seus governos e sociedades encontram um caminho para prosperar sob essas regras e para competir com as combinações sem precedentes de tecnologias avançadas com o imenso número de trabalhadores especializados e de baixo custo na China e na Índia.

— Penso — disse eu ao Dr. Jomar — que as ideologias e os superpoderes globais ruíram muitas vezes em momentos anteriores, mas, desde há tempos, nenhum evento desse tipo deixou uma superpotência militar e econômica em tal situação. Os períodos de mudança mundial são gerados por uma absurda globalização econômica.

Mudanças sísmicas na geopolítica, do tipo que vemos hoje, evidenciam rápida transformação dos maiores países do mundo do socialismo para uma forma turbinada de capitalismo e a mudança do centro da política global das nações do Atlântico para a costa do Pacífico. No lugar da Guerra Fria — e de tudo o que ela exigiu da maioria dos países — a geopolítica dos próximos anos será conduzida por uma combinação de todos esses acontecimentos extraordinários. E o Brasil acaba de embarcar nessa jornada sem rumo e sem porto seguro.

Esses eventos, suas combinações e interações terão efeito profundo no curso de cada sociedade importante e na vida diária de sua população. E nenhuma nação ou pessoa pode optar por evitar suas consequências. Não irão determinar o futuro preciso de ninguém. Guerras e novas alianças, booms e recessões, progresso social e terríveis conflitos domésticos se sucederão nos próximos anos, e cada um surgirá de inúmeras decisões e eventos que ninguém pode conhecer hoje. Mas o que quer que o futuro próximo reserve exatamente para todos nós, ele se desdobrará em um mundo em que essas três grandes forças darão sustentáculo a seu início e a seus resultados. Os efeitos poderosos dessas forças advêm de sua profundidade e de sua amplitude.

Toda essa construção política está ligada ao contexto da educação que concebemos atualmente. Dr. Jomar e eu observamos que, por várias razões, a educação de hoje, no Brasil, é medíocre. Medíocre porque não é nem boa e nem ruim. Mas o que está por trás dela é intencional. Vinda do setor público, a educação brasileira parece ter por objetivo, intencionalmente, produzir pessoas medíocres. É ela, infelizmente, que constrói todas as políticas. Nosso sistema já é medíocre. Por isso a sociedade se conforma com uma cultura educacional medíocre, formando alunos medíocres e jogando no mercado profissionais medíocres. São muitos os detalhes socioculturais que contribuem para essa mediocridade.

A mediocridade já começa pelo plano do sistema educacional. Níveis de prova, seleção de conteúdos, capacitação de professores, relações no ambiente escolar, excessos de trabalhos simplistas e outras deformidades cooperam com a mediocridade da nossa educação. Para piorar, nossos alunos são portadores de uma cultura mental medíocre.

No ensino superior, o professor tem que se esforçar para inculcar na cabeça dos alunos o conhecimento-aprendizagem como se estivesse lidando com criança do ensino fundamental. Não é raro a gente ver em salas de universitários um bando de marmanjos e marmanjas batendo “palminhas”, cantando “musiquinhas” e, juntamente com o professor, fazendo “brincadeirinhas” de crianças como se fossem bebês do jardim de infância. Depois se juntam para falar mal do professor que passa a vida toda em livrarias comprando livros caros, estudando, pesquisando, elaborando, comparando, revisando e contextualizando conhecimentos para dar boas aulas para alunos de mentes medíocres que não têm nenhum compromisso com a vida acadêmica, profissional e nem consigo mesmo.

São mentes preguiçosas que querem diploma mas não querem estudar para dominar o conhecimento que, na hora de buscar um emprego, o mercado vai exigir. Esses alunos medíocres de hoje serão os profissionais medíocres de amanhã que certamente passarão vergonha em razão de uma cultura universitária tosca e deformada.

— Dr. Battista — concluiu o Dr. Jomar Câmara — essa nova geração de alunos e profissionais não sabe ler, não sabe escrever e não sabe pensar. Porque quem não lê, não sabe escrever. E quem não lê e nem sabe escrever, também não sabe pensar.

Isso significa que vivemos em um mundo de mediocridade porque somos formados por uma educação medíocre, em uma cultura de alunos com um nível de mentalidade medíocre. Pior de tudo é que as universidades distribuem formulariozinhos para alunos medíocres avaliarem professores. Desde quando aluno entende de método pedagógico para avaliar professor? Principalmente alunos medíocres que não gostam de ler, não sabem escrever e de absurda pequenez intelectual?

Mas é exatamente dessa educação medíocre que saem os nossos governantes, nossos legisladores, nossos operadores do direito e, portanto, toda essa gente que ascende ao poder e domina politicamente sobre nós. Tudo medíocre: educação medíocre, alunos medíocres, profissionais medíocres, políticos medíocres, judiciário medíocre. Enfim, governantes medíocres. Somos governados por medíocres. Que lástima!

terça-feira, 4 de abril de 2023

O BLÁ-BLÁ-BLÁ "PELO" POVO | Por BATTISTA SOAREZ | Coluna Leitura Livre | Jornal Itaqui-Bacanga

O blá-blá-blá “pelo” povo

Por BATTISTA SOAREZ

(Jornalista, escritor, sociólogo, consultor e professor universitário)



A VALSA DE JUSTOS, injustos e injustiçados no cenário da política maranhense é uma anedota que posta no campo do jogo de interesses um balaio de particularidades jocosas que incendeiam a fogueira de curiosidades picantes. De um lado, o jogo do “tudo ou tudo” da esquerda pela retomada do poder no Brasil colocou de volta no ringue político o corajoso Luiz Inácio Lula da Silva, sem máscara e sem pudor. De outro, o então presidente Jair Bolsonaro foi traído pelas suas próprias escolhas, muito mal sucedidas, por sinal.

Lula leu, releu e treinou, inclusive na prisão, todo tipo de intento e maracutaia que o levasse de volta ao cargo de presidente. Conseguiu. E, desta vez, o sentimento de vingança jorrou como cachoeira não só contra adversários políticos mas, também, contra a parte da população que votou do lado contrário. Por sua vez, Bolsonaro, que tinha imagem de valente e ditador, demonstrou fragilidade e uma ingênua experiência na condição de homem público. Foi vencido por aqueles que estudam e acreditam que quem manda na política é o estranho poder da corrupção, só que com um discurso mascarado de democracia.

No mundo da política corruptamente democrática ou democraticamente corrupta, o certo é vendido como errado e o errado é vendido como certo. Os homens de bom caráter são injustiçados, e os de mau caráter são ovacionados e aclamados como heróis.

Nesse jogo de transacionalidade hiperdemocrática às avessas, o povo é traído pela própria ignorância, pela preguiça e pelo conformismo a uma vida de escassez que o limita em todos os sentidos. O poder político — os governantes — põe freio no desenvolvimento humano da coletividade, limitando o poder econômico e/ou o poder de compra do cidadão comum, estabelecendo-lhe salário mínimo, programas políticos de mais emprego e reduzido acesso à educação. Assim, o povo se preocupa apenas com o básico para a sua sobrevivência e com a hipnose da religião, deixando a capacidade de participação social para trás.

Para piorar, os aparelhos ideológicos do Estado — dentre eles a Igreja — levam a sociedade, como um todo, a bater continência para o sistema e a dizer “sim, senhor” para o poder que a oprime. O povo, nesse jogo, não consegue discernir entre o "bem" e o "mal", entre “democracia” e “democracia”, entre “direita” e “esquerda”, o que, de fato, significa escolher a coisa certa e se livrar de engodos.

É uma verdadeira valsa de santos e demônios, em que os eventos históricos mais importantes determinam qual a melhor narrativa para persuadir o povo e sobre ele exercer o poder de domínio. Quanto mais enganoso e utópico o “bla-blá-blá”, melhor será a sagacidade que atrai o povo para a ciranda de uma democracia impiedosamente traiçoeira. O povo, por ignorância, não consegue ler e ver esse lado oculto da política, que o tange a toque de governança, cabresto, subjugo e reprimes.

Mas ainda há aqueles que são justos, têm boa vontade política e olham pelo bem da coletividade. No Maranhão, por exemplo, o governador Carlos Brandão vem demonstrando uma diferença descomunal na arte de governabilidade. As obras que o governador vem executando, em todo o estado, têm demonstrado que quando um governante tem vontade política ele é capaz de fazer grandes coisas e agradar a sociedade que, satisfeita, pode reconduzi-lo ao cargo e o manter no poder de mando social por meio do qual ele poderá promover o bem comum em favor da coletividade e do progresso social. Brandão tem visitado os municípios maranhenses e suas obras vêm dialogando com as necessidades da população e satisfazendo aos anseios das comunidades carentes.

Por outro lado, há algumas peças, na conjuntura política do Maranhão, que são fundamentais na formação da engrenagem perfeita no quesito “políticas públicas de desenvolvimento”. Josimar de Maranhãozinho (PL-MA) — um jovem político muito talentoso, mas perseguido pela inveja daqueles que não conseguem alcançar o mesmo nível de competência que ele tem — é um nome ideal para trabalhar nessas estruturas de desenvolvimento.

Se Josimar compusesse o governo Brandão, formaria um grupo político com força social para mudar a situação do estado, colocando-o nos primeiros lugares do ranque nacional. Josimar sabe trabalhar e tem tirocínio no que diz respeito ao poder de articulação. Tem inteligência empresarial e tino de governabilidade. As cidades onde o deputado tem reduto político são bem administradas e o povo vota no político por prazer, porque vê as coisas funcionando.

Brandão poderia preencher algumas lacunas do seu governo trazendo Josimar para compor a estrutura da administração pública na sua gestão. A única coisa que, talvez, atrapalha isso é a disputa de interesses. Mas política é assim mesmo: tem um lado inteligente e outro não-inteligente. Por isso, o povo sofre, o dinheiro desce pelo ralo e o estado não cresce.

quinta-feira, 30 de março de 2023

ESQUERDISMO E CORRUPÇÃO GLOBAL | Por Battista Soarez | Coluna Leitura Livre | Jornal Itaqui-Bacanga

 Esquerdismo e corrupção global

Battista Soarez

(Jornalista, escritor, sociólogo, psicanalista, consultor e professor universitário).


QUEM LER O LIVRO O velho jogo do imperialismo, organizado pelo escritor Steven Hiatt, presidente da Editcetera — uma cooperativa de profissionais do campo editorial — vai entender por que políticos de esquerda estão sendo eleitos em todo o mundo a qualquer custo. O livro diz que “a globalização política é uma maneira mais elegante de dizer imperialismo”. Hiatt faz um questionamento curioso que desperta um olhar investigativo para o campo da realidade global, em que a palavra “política” tem conotação intensamente corruptível.

“Será que o mundo do pós-guerra — a nova ordem que emergiu desde a queda do muro de Berlin, em 1989 — havia dado uma guinada de 180º, tornando-se uma nova era do imperialismo?” Ao citar Hannah Arendt, Steven Hiatt assevera que “o acúmulo de propriedades necessariamente tem como base um acúmulo infinito de poder”.

Olhando os fatos pelas lentes da geopolítica (onde campeia o cenário dos dominantes da corrupção global), a França promoveu e perdeu guerras controversas na Indochina e na Argélia para preservar seu rosto de gloire imperial. Apesar disso, no mundo inteiro a maré da história estava claramente a favor da soberania das colônias. O dilema das elites ocidentais, inclusive no Brasil, era como administrar esse processo.

Agora, todos estamos na pior. A eleição de Lula da Silva para presidente, em 2022, é um segredo assustador em relação ao plano global maligno dos dominantes. Foi um passo-a-passo sombrio com uma matemática sociológica envolvendo política, religião, poder e um plano secreto de corrupção para dominar o mundo. Até o papa Francisco é uma peça-chave muito importante nessa engrenagem apocalíptica. Com as campanhas nacionalistas, as elites da corrupção dariam margem à tomada do poder por partidos comunistas.

É o que está acontecendo agora, inclusive no Brasil. Há uma realidade secreta orquestrando a tomada do poder global por via de uma rede mundial de corrupção. A esquerda, segundo especialistas em organizações e políticas internacionais, é uma rede mundial de corrupção, pensada e orientada por corporações e sociedades secretas protagonistas de ideias luciferianas, como a maçonaria e os iluminati.

Os que servem aos interesses do império global desempenham diferentes papéis, segundo Steven Hiatt. Jonh Perkins, que já pertenceu a essa rede de corrupção a qual ele chama de organização de assassinos econômicos, diz que “cada uma das pessoas de minha equipe também ostentava um título — analista financeiro, sociólogo, economista [...] — ainda que nenhum desses títulos indicasse que cada um deles era, à sua própria maneira, um assassino econômico”.

Como tudo isso funciona? Segundo Hiatt, um banco de Londres — controlado pelos Rothschilds — abre uma subsidiária num paraíso fiscal, com funcionários e funcionárias portadores de respeitáveis diplomas universitários e vestidos com as mesmas roupas de grife que você veria na cidade ou em Wall Street. Porém, seu trabalho diário consiste em ocultar desfalques e apropriações fraudulentas de fundos, lavando os lucros do tráfico de drogas e afundando corporações multinacionais a sonegar impostos. “Eles são assassinos econômicos”, diz Hiatt.

Uma equipe de técnicos do FMI (Fundo Monetário Internacional) vai a uma capital africana com carta branca para prorrogar o pagamento de empréstimos vitais, com a condição de que o país reduza o orçamento para a educação e abra sua economia para a desova de uma avalanche de produtos de exportadores norte-americanos e europeus. E eles também são assassinos econômicos. Tudo está interligado.

Steven Hiatt diz, ainda, que um consultor se estabelece na Zona Verde de Bagdá, onde, protegido pelo exército dos Estados Unidos, redige novas leis para regulamentar a exploração das reservas de petróleo do Iraque. Ele é um assassino econômico. E esta é a rede mundial de corrupção, financiadora da esquerda no mundo inteiro. Foi exatamente essa organização que financiou a eleição de Lula em 2022 para presidente do Brasil.

Hiatt explica, finalmente, que os métodos da esquerda, isto é, da rede mundial de corrupção, vão desde os locais — em que fazem e aplicam leis que favorecem a corrupção, a violência e a criminalidade — até os que violam constituições inteiras, tendo no meio uma série de áreas cinzentas.

Os beneficiários são aqueles cujo poder é tanto que raramente são chamados a prestar contas, uma elite centrada em capitais do Primeiro Mundo que, juntamente com seus clientes do Terceiro Mundo, toma as providências para deixar o mundo do jeito que eles querem. E em seu mundo só os dólares, e não as pessoas — muito menos os bilhões de pessoas comuns da terra — são cidadãos. Isso significa que metade da população do planeta subsiste com menos de 2 dólares por dia.

Para entender isso de uma vez por todas, basta dizer que os países do Terceiro Mundo estão presos numa rede de controle — financeiro, político e militar — da qual é extremamente difícil escapar, num sistema que se tornou cada vez mais extensivo, complexo e invasor. É uma rede mundial de corrupção operando no controle do mundo.

Funciona assim: o capital flui para os países subdesenvolvidos por meio de empréstimos e outros financiamentos, mas — como disse John Perkins — há um preço. E o preço é o estrangulamento por dívidas que dão aos governos, instituições e corporações do Primeiro Mundo controle absoluto sobre as economias do Terceiro Mundo. Todo esse controle é feito por meio do FMI e do Banco Mundial, em que a corrupção e a exploração encontram-se no centro dessas relações de poder geopolítico e analisa o sortimento de opções de fiscalização do cumprimento usado quando os dominados — oprimidos pelos dominantes — decidem que já basta. Mas nada é fácil. O futuro da humanidade está nas mãos do poder dominante da corrupção global.


sábado, 25 de março de 2023

BESTIALIDADE SEM LIMITE | Por Battista Soarez | Coluna Leitura Livre | Jornal Itaqui-Bacanga

 Bestialidade sem limite


BATTISTA SOAREZ

(Jornalista, escritor, sociólogo, psicanalista, consultor e professor universitário).



TEM COISA QUE nem a razão explica. Outras são tão ridículas, tão bestiais e tão insanas que extrapolam todos os limites do animalismo humano. É o caso do promotor de justiça Darlan Dalton Marques, da cidade de Taubaté, São Paulo.

No dia 17 de março de 2023, Darlan assinou uma recomendação endereçada à prefeitura municipal de Taubaté que, por sua vez, através da Secretaria da Educação, expediu uma circular orientando aos professores que expressões de cunho religioso estão proibidas dentro das escolas.

A arbitrariedade saiu em nome do Ministério Público — que emitiu o alerta — mas, na verdade, quem assinou a decisão foi o promotor Darlan Dalton Marques. De acordo com o tal documento, puramente unilateral (porque representa apenas a vontade de uma só pessoa), os professores da rede municipal de Taubaté não podem mais usar frases como “Deus te abençoe” em relação aos alunos. Nem a oração universal do “Pai-Nosso” pode ser mais executada em sala de aula. Nem mesmo músicas infantis, com conotações religiosas, podem ser mais entoadas.

De acordo com várias fontes, amplamente divulgadas nos meios de comunicação, todos os professores da rede municipal tiveram que assinar um termo de ciência. E, assim, se comprometeram a atender a recomendação. Dessa forma, o profissional que descumprir a tal decisão poderá receber advertência.

Em face disso, o animalismo de Darlan Dalton Marques — que se vale do posto de promotor público para praticar perseguição religiosa e arbitrariedade contra princípios universais da civilização humana — é tão descomunal que praticamente não há adjetivo na lexicografia da língua portuguesa que possa classificá-lo ou defini-lo no âmbito da natureza de sua insensatez e arrogância. Em sua completude ilógica e antirracional, revela-se, aí, um analfabeto jurídico, religioso, intelectual e filosófico.

Analfabeto jurídico porque ele ignora, dentre outros pressupostos legais, o Artigo 5º da Constituição Federal, no seu inciso VIII, que assegura que “ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou convicção filosófica ou política”. Portanto, diz a CF, o Estado deve prestar proteção e garantia ao livre exercício de todas as religiões. E, para piorar, Darlan baseou-se apenas em “uma” única denúncia anônima (sabe-se lá de quem), sem qualquer averiguação dos fatos.

É um analfabeto religioso porque parece não respeitar as tradições da civilização universal, revelando sua estupidez e seu orgulho, inchando o peito para afrontar a fé do próximo e desrespeitar princípios espirituais que são milenar e universalmente proclamados. Assim, ele ousa atropelar a ética social e corromper o bom senso na prática dos princípios jurídicos, dos direitos e da justiça nas relações humanas, revelando, com isso, sua imbecilidade em termo de fraternidade social.

É um analfabeto intelectual porque simplesmente demonstrou não “saber ser” gente numa sociedade que evolui na perspectiva de um aprendizado relacional que o mundo exige cada vez mais, em matéria de respeito, fraternidade, consideração, sensatez, conquistabilidade, empatia social e inteligência profissional.

Darlan é, ainda, um analfabeto filosófico, sem racionalidade, porque desconhece os princípios da existência que, desde sempre — e a partir da antiguidade — servem de base para todas as áreas do conhecimento humano, dando a elas inspiração, racionalidade e materialidade.

Os antigos estudiosos gregos — pais das grandes evoluções da cultura universal entre as civilizações e das literaturas sapienciais — classificaram o ser humano de acordo com uma tricotomia existencial que define a espiritualidade numa tríplice relação de corpo (soma), alma (psiquê) e espírito (pneuma).

Isso, nos dias de hoje, é comprovado pela neurociência que, ao estudar o mapa do cérebro humano, mostra que as estruturas neuropsicobiológicas contêm os componentes neurais numa rede complexa de comunicação entre memória biológica, memória emocional, memória psicológica, memória cognitiva e memória espiritual. Tudo isso se inter-relaciona por meio do sistema nervoso central (SNC) e do sistema nervoso autônomo (SNA), segundo explica a ciência. E mais: cientistas do mundo inteiro estão impactados com uma grande descoberta: o DNA humano tem o código genético 10-5-6-5. Até aí, tudo bem. Ocorre que esse número é o nome de Deus no hebraico primitivo, que era número e não códigos gráficos.

Quando foram criados os códigos gráficos, enfim, o alfabeto hebraico foi estabelecido sem vogais. Contendo apenas letras consoantes. Assim, o nome de Deus, em hebraico, passou a ser Y-H-W-H, sendo que Y=10 – H=5 – W=6 – H=5. Logo, o nome “DEUS” está escrito no DNA de cada um de nós, seres humanos. Nas línguas ocidentais, por causa das vogais, foi adaptado para YAWÉ, JAVÉ, JEOVÁ ou simplesmente DEUS.

A ciência provou, finalmente, que somos seres espirituais por natureza e, portanto, não temos como negar a Deus. Não é um garoto desinformado, ignorante e insensato que vai impedir, unilateralmente, pessoas de se relacionar com o Criador de todas as coisas, principalmente num país onde 97% da população são cristãos. E, ainda assim, parte dos 3% da população que não é cristã crê na existência de um ser superior. Inclusive alguns ateus.

Como diria Jorge Miranda: “Sem plena liberdade religiosa, não há plena liberdade política”. Além disso, a religião ou a espiritualidade nos inspira a pensar e, assim, promove a nossa existencialidade.

Darlan Dalton, então, que parece demonstrar odiar a Deus por não estudar a cultura universal, não deveria estar sentado numa cadeira de promotor público, num país de gente que acredita em Deus e ama o seu Criador. Não deveria comer os frutos do mar, pois estes foram criados por Deus. Não deveria ir ao mercado comprar nenhum tipo de carne animal, porque os animais foram criação divina para sustento da criatura humana. Não deveria consumir frutos, verduras e legumes, porque são produtos da natureza criada por Deus.

Ele deveria ser expulso do planeta terra e criar um mundo só para ele. Ou, então, deveria ir morar no lugar onde habita aquele no qual ele acredita. Não deveria utilizar de um mundo que ele já achou criado por Deus, a quem ele nega e ainda proíbe as pessoas de falar em seu nome.

Deus abençoe a todos os seus filhos e os mantenha longe de um indivíduo incrédulo, totalmente desprotegido da espiritualidade divina como o é esse tal.

quinta-feira, 16 de março de 2023

UM POUCO DE MAQUIAVEL PARA ENTENDER O MARANHÃO | Por Battista Soarez | Coluna Leitura Livre | Jornal Itaqui-Bacanga

 

Um pouco de Maquiavel para entender o Maranhão

Battista Soarez (Jornalista, escritor, sociólogo, psicanalista, consultor e professor universitário).

DE SARNEY A FLÁVIO DINO, o Maranhão trilhou por caminhos áridos de uma cultura política determinada por inteligências maquiavelianas e pontuadas em componentes de tradições institucionais que, com o passar do tempo, se caracterizaram como cultura política nos ares de uma democracia estranha e traiçoeira.

A partir disso, o discurso político-eleitoreiro no estado passou a estabelecer uma pauta persuasiva de extremo efeito psicológico na cabeça do eleitor que, por sua vez, fica hipnotizado com promessas utópicas “picantes” (maliciosas) e intencionais que nunca são cumpridas. Somando-se a isso, a prática de liberar alguns trocados para compra de votos consuma uma cultura de vício político epidêmica que afeta a sociedade de maneira negativa e destrutivamente.

Virou mesmo cultura política. Uma cultura que alimenta a corrupção da mesma forma que o uso de drogas alimenta a cultura da violência e da criminalidade em todas as camadas sociais.

A história do Maranhão, nos períodos de Sarney a Flávio Dino, bem como as suas instituições, afetam diretamente a cultura política no estado. Aliás, o Maranhão, nesse espaço histórico, vem passando por momentos autoritários silenciosos, disfarçados de democracia, em que se torna difícil de construir uma cultura política democrática de verdade.

Nesse jogo de pseudodemocracia, a primeira coisa que os homens públicos aprendem é a cultura da traição política. Logo tendem a usar os amigos para chegarem ao topo e, assim, costumam a tomar o poder sem escrúpulo. Sarney e Dino leram e releram o grande ideólogo e intelectual da política Nicolau Maquiavel e, com isso, aprenderam a manipular pessoas para fins políticos pessoais. Aprenderam, então, a promover discursos cheios de crenças e ideologias disseminadas por representantes e partidos políticos que influenciam largamente a cultura política no Maranhão. Dino aprendeu com Sarney a utilizar a intelectualidade maquiaveliana para tomar o poder e se estabelecer no poder, sem importar como ou a linha partidária.

Nessa perspectiva, o contexto regional e os grupos que se encontram no poder — ou na oposição em determinado momento — podem motivar uma cultura mais democrática ou mais autoritária. Dino, por exemplo, tornou-se um político autoritário. Mas o seu autoritarismo não faz alarde. Trabalha em silêncio. Como fez Sarney, durante mais de cinco décadas, instruído pelo pensamento literário de Maquiavel.

Maquiavel descreveu como o governante deve agir e quais virtudes deve ter a fim de se manter no poder e aumentar suas conquistas. Com isso influenciou o pensamento político moderno. Autor da famosa obra “O príncipe”, Maquiavel ensina como instabilizar a política e a sociedade. Uma vez a sociedade estando instabilizada e conturbada, o político, então, investe nas disputas políticas em busca, sem escrúpulo, da tomada do poder para controle e manutenção dos domínios territoriais das cidades e do estado. Isto lembra alguma coisa? Como Dino estudou profundamente Maquiavel, fica difícil combatê-lo. A menos que o seu opositor também estude Maquiavel, haja vista que veneno só pode ser combatido com o próprio veneno.

A obra de Maquiavel, enfim, é uma espécie de manual político para governantes que almejam não apenas a se manter no poder, mas ampliar suas conquistas. Questionando o poder teocêntrico — protagonizado pela igreja da época, em nome de Deus — Maquiavel pontuava que a forma como a virtú (capacidade do príncipe para ser flexível às circunstâncias, mudando com elas para agarrar e dominar a fortuna) seria colocada em prática em nome do bom governante, que deve passar a largo dos valores cristãos, da moral social vigente, dada a incompatibilidade entre esses valores e a política. Para ele, não cabe na imagem do bom governante a ideia da virtude cristã que, por sua vez, prega uma bondade angelical alçada pela libertação das tentações terrenas, sempre à espera de recompensas no céu.

De modo contrário, o poder, a honra e a glória — típicas tentações mundanas — são bens perseguidos e valorizados. O homem de virtú pode consegui-los e por eles lutar. Para Maquiavel, há vícios que são virtudes, em que o governante que deseja se manter no poder não deve temer, nem esconder seus defeitos, se isso for necessário para salvar o Estado.

Logo, segundo ele, um governante não deve se importar por ser considerado cruel se isso for preciso para manter os seus aliados unidos e com fé. Maquiavel traz uma outra visão de exercício do poder outrora sacralizado por valores defendidos pela igreja. Dino e Sarney, então, aprenderam com Maquiavel a legitimar o poder, principalmente em se tratando de características do solo arenoso que é a política. Assim, não importam os meios. O importante são os fins. O importante é, sem escrúpulo, tomar o poder e nele se manter. E isso explica o Maranhão de hoje.