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segunda-feira, 14 de novembro de 2022

BIOGRAFIA: EUGÊNIA MENDES CÂMARA | Por Sônia Maria Câmara

Cem anos de vida e felicidade
Nascida em 1922, Dona Eugênia Câmara comemora centenário com saúde e lucidez

 

Por Sônia Maria Câmara

 

Dona Eugênia Câmara comemora 100 anos de idade | FOTOS: Arquivo pessoal.

EUGÊNIA MENDES CÂMARA, carinhosamente chamada Dadá, nasceu no dia 13 de novembro de 1922, no povoado Enseada dos Bezerros, São João Batista no Maranhão.

A segunda dos sete filhos de Raimunda Mendes, sendo eles Maria de Lourdes (Lulu), Eugênia (Dadá), Levi, Belísia (Belinha), Julião, Miriam e José Manoel.

Dadá passou parte da sua infância no povoado onde nasceu, com sua mãe Raimunda e sua avó Cândida que era o referencial familiar para os seus netos.

Sua origem humilde não foi obstáculo para tentativas de uma vida melhor. Queria estudar, mas não era possível porque não havia escolas naquele lugar e estudar era privilégio apenas dos homens, uma vez que as mulheres eram educadas para serem donas de casa. Seu papel deveria ser aprender cuidar dos filhos e do marido.


Aos sete anos veio para São Luís, onde morou com sua tia e madrinha Ângela Araújo, no bairro Sítio do Meio, sendo matriculada na Escola Modelo Benedito Leite, cursando até a 4ª série do antigo ensino primário. Mas adquiriu um vasto conhecimento de mundo. Sua universidade foi a própria vida.

Aos 21 anos conheceu o jovem João Câmara, no bairro Diamante, encontrando-o normalmente. No entanto, aquele jovem, vindo de São Vicente Férrer, município da Baixada maranhense, com o objetivo de prestar contas com o serviço militar, procurou se informar sobre o endereço daquela senhorita para enviar-lhe uma carta, pedindo-a em namoro, pois o seu futuro marido era um homem de tradicional família de São Vicente Férrer, a família Marques Câmara, vinda da Ilha da Madeira, de Portugal, a qual teve um ancestral que por determinação da coroa portuguesa fixou-se no município de Peri-Mirim, no Maranhão.

Após um ano de namoro, Dadá casa-se com João Câmara e desse casamento nasceram dez filhos: Carlos Alberto, Sônia, Edna, Dalva, João, Flor de Maria (In Memoriam), Apolinária, Jomar, Anilde e Váldima.

Supermãe, além de seus dez filhos, adotou outras crianças, educando-as sem fazer distinção entre elas e os seus filhos biológicos.

Sempre preocupada com a educação dos filhos, foi capaz de desempenhar com muita sabedoria os papéis de mãe, professora e, às vezes, psicóloga, tendo como base os princípios da ética e da honestidade, valores imprescindíveis para a boa formação do ser humano.

Em 1956 mudou-se, com toda a família, para um povoado em São Vicente Férrer, lugar onde seu esposo nasceu, permanecendo lá por quatro anos.


No início de 1960, a fim de que seus filhos pudessem estudar, resolveu fixar residência em São João Batista. Logo que chegou no município, a primeira providência a ser tomada foi sair em busca de escolas para matricular seus filhos. Mas conseguiu organizar, em sua própria casa, uma escolinha com duas salas de aula multisseriadas, contando com a ajuda de um representante político, partido PTB, o Sr. Procópio Meireles, que remunerava duas professoras alfabetizadoras: Violeta Meireles e Maria Souza Coelho. A escola foi denominada de Escola Trabalhista Brasileira.

Em São João Batista desenvolveu várias atividades tais como: professora alfabetizadora, costureira e parteira. Mas a sua maior dedicação, durante vinte anos (1960-1980), foi o trabalho de parteira. Este trabalho tornou-se tão intenso que era necessário sair de casa às altas horas da noite, transportada em canoas ou a cavalos, meios de transporte da época, para prestar atendimento a mulheres em povoados distantes.

Prestava, também, atendimento, em sua própria residência às gestantes que iam verificar a posição do bebê na barriga, bem como receber orientações acerca da gravidez e o parto.

A fim de uma melhor qualificação para o trabalho, Dadá fez um estágio na maternidade Benedito Leite, em São Luís, no final dos anos 1960.

Em São João Batista, conquistou a amizade da população e das autoridades locais, nutrindo, com todas as pessoas, um bom relacionamento.

Mulher religiosa que, movida pela fé, construiu, com a ajuda de três amigos, uma igreja católica (Igreja Nossa Senhora Aparecida), no bairro Paulo VI, existente ainda hoje.

Seu retorno a São Luís concretizou-se em 1980, residindo no Conjunto Vinhais até os dias atuais, sendo visitada diariamente por pessoas amigas e conterrâneos.

Aos 100 anos, ainda lúcida e com tanta experiência de vida, é capaz de orientar seus filhos, netos e bisnetos.

Faz tudo o que é possível para manter a família sempre unida, comemorando aniversários e outras datas festivas com almoços e jantares.

Com grande satisfação, sempre repete em suas conversas diárias: “tenho dez filhos, vinte netos e dezesseis bisnetos!”

Mulher extrovertida, de temperamento assumidamente forte, determinada, mas generosa. Sente-se feliz e abençoada por Deus por ter criado os seus dez filhos, orientando-os a fim de que alcançassem seus próprios voos, uma sensação de dever cumprido!

Sua imagem engrandece seus familiares, seu exemplo de vida dignifica seus filhos e suas futuras gerações!

 

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CEM ANOS DE VIDA CRONOLÓGICA
Fatos de uma joanina legítima.

Por Jomar Câmara

 


Um dia nasceu uma menina, um ser, uma esperança, uma vida.

O tempo passou, já não temos os brilhos e raios de sol do ontem, nesta estrada.

O corpo físico perdeu seu vigor, nasceu a fraqueza nos ossos;

Com fala singela, bem lenta vejo a ternura do passado.

 

Inquieto renovo meu olhar, mais uma vez com admiração;

chego no fim de um pensamento sem fim.

Como foi a primazia dessa jornada,

nosso Criador bem o sabe.

 

Cada dia é o liame entre a existência do passado e o quase vigor do agora.

Nada se pode fazer, assim é o folego da vida na terra.

Caminhei, pensei, orei, fiz uma prece, encontro o mundo a meu redor.

Quem pode trilhar essa estrada da vida?

A eternidade, bem quero, não depende de mim.

 

Nossa missão foi construir o alpendre;

De tudo que de sorte surgiu com ela;

Eugenia Mendes Câmara, uma joanina, vinda da Enseada do Bezerros;

Mãe de dez filhos, varoa ungida, que mulher!

Quase perfeita. Para os filhos uma Santa.

 

Tudo descrito, não temo narrar, ela é nossa Mãe, uma heroína.

É teu aniversário, completas cem anos, Dona Dadá.

Parabéns senhora, de todos e por todos, sem lamento.

Estamos certo de tudo, do amor do Eterno Pai em ti.

Lembramos da longeva vida. Só nos cabe agradecer e amar.

Tu és minha e nossa mãe, eternamente nossa Rainha.