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sábado, 20 de setembro de 2025

COLUNA LEITURA LIVRE | por Battista Soarez

COLUNA LEITURA LIVRE 

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Por Battista Soarez
(Jornalista, escritor, sociólogo, teólogo e professor universitário)

Alcântara: um gigante adormecido
O município não desenvolve por falta de gestão visionária e competente.


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O MUNICÍPIO DE ALCÂNTARA, região metropolitana de São Luís, é um gigante econômico que, infelizmente, patina no subdesenvolvimento por falta de uma gestão que tenha visão, inteligência política e coragem administrativa para elaborar projetos e investir em políticas que, de fato, ponham o município num ritmo de crescimento eficaz a partir de sua riqueza. Esperava-se que Nivaldo Araújo, por ser filho da terra, tivesse essa expertise. Todavia, sequer discute as questões pertinentes.

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Há algum tempo, eu venho desenvolvendo uma pesquisa de mestrado sobre desenvolvimento rural e sustentabilidade (não concluída devido ao meu estado de saúde). E a minha pesquisa se baseia exatamente no município de Alcântara, a partir do Projeto Nova Alcântara (PNA).

Na pesquisa eu abordo o desenvolvimento rural e trabalho a respeito da melhoria das condições do espaço rural através de práticas sustentáveis em Alcântara, com apoio à agricultura familiar, capacitação de produtores e acesso a mercados, em que se deve promover o crescimento econômico e social da comunidade alcantarense de forma integrada e participativa.

Para isso, envolvem-se profissionais como os extensionistas, que atuam como mediadores e educadores, facilitando o acesso a tecnologias, crédito e políticas públicas para impulsionar a inovação e superar os desafios do campo.

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Meu foco e abordagem se alinham numa visão territorial de valorização às comunidades produtivas, que são bem sortidas de terras produtíveis e água em abundância. Com relação a essa visão territorial, vale enfatizar que o desenvolvimento rural não se limita à agricultura, mas abrange um território com diversas atividades econômicas, sociais e culturais, valorizando e dinamizando a região como um todo. Alcântara tem grandes potencialidades.

Depois, a sustentabilidade ambiental é uma política pública. Inclui a adoção de práticas como não desmatar, reflorestar áreas degradadas, e destinar corretamente resíduos e defensivos agrícolas.

Na minha pesquisa, uma das coisas importantes que abordo é a participação social. Essa participação social deve buscar a integração e participação dos diversos atores sociais (agricultores, comunidades, movimentos sociais) para construir um desenvolvimento mais inclusivo e democrático.

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Ações e instrumentos são fundamentais para efetividade dessas políticas. Aqui, a Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) é um tema de grande expressividade, em que profissionais (como agrónomos, zootecnistas, etc.) podem atuar como educadores e agentes de mudança, apoiando os produtores na adoção de tecnologias, organização da produção e acesso a mercados.

Nesse contexto, tecnologia e inovação são matérias de grande significação, em que a implementação de inovações para melhorar a eficiência produtiva e a sustentabilidade, aliada a investimentos em pesquisa e desenvolvimento, descortina uma política capaz de transformar o município e, consequentemente, a vida das pessoas.

Aliada a isso, a capacitação deve estar assiduamente presente. Treinamento e capacitação de agricultores em técnicas agrícolas, gestão e empreendedorismo é o que faz grande diferença nessa matéria. Por conseguinte, o acesso a mercados é um mecanismo que impulsiona a política de distribuição do produto gerado. Facilitação do acesso a linhas de crédito e apoio à comercialização dos produtos, como através de programas de compra direta, fortalece a vida econômica do município como um todo.

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Enfim, políticas públicas estão faltando em Alcântara. Pois, de fato, a implementação de políticas que promovam a reforma agrária, incentivem a agricultura familiar e apoiem a agroecologia seria algo que colocaria o município num alto patamar econômico. Mas, até agora, nenhum gestor de visão política apareceu no cenário. O gigante Alcântara continua adormecido. Só aparecem políticos sem políticas.

Profissionais que sabem desenvolver seus papéis nessa área têm. Agentes de extensão rural existem. Esses agentes são capazes de desenvolver um trabalho de ensino e aprendizagem forte e significativo, agindo como mediadores entre o conhecimento científico e a realidade do produtor.

Enfim, existem pesquisadores que possam contribuir dando o pontapé inicial. Estes trabalham no desenvolvimento e na aplicação de novas tecnologias voltadas para o meio rural. O que faltam são gestores públicos, para elaborar e implementar políticas públicas integradas para o setor rural, promovendo o desenvolvimento territorial.

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Quando Anderson foi prefeito de Alcântara, eu era assistente social do município. Conversei com ele sobre essas questões, e disse o que deveria ser feito para que o município tivesse uma universidade rural e se tornasse um grande centro de produção e distribuição de produtos agrícolas para todo o país. Como sou técnico com formação superior, me coloquei à disposição para compor uma possível equipe para trabalhar no projeto. Na verdade, eu já tenho escrito o plano de desenvolvimento de Alcântara. Todavia, depois de eleito, Anderson sequer quis falar comigo sobre o assunto. Perdeu uma grande oportunidade de emplacar o nome dele como o melhor prefeito de Alcântara. Alcântara seria rica, caso ele tivesse me ouvido.

A mesma coisa fiz com Nivaldo Araújo. Mas a falta de sapiência desses caras é tão grande que Nivaldo até me ouviu. Teve a chance de ser reconduzido à prefeitura mas, até agora, nem falar sobre o assunto se vê. Inteligência política passa é longe desses gestores de Alcântara.

Os benefícios que uma universidade rural oferece a um município como Alcântara são muitos. Benefícios como formação gratuita, alta qualidade de ensino, oportunidades de pesquisa e extensão focadas no desenvolvimento rural, e acesso a moradia e alimentação, além de um ambiente tranquilo e contato com a natureza são reais. Uma universidade rural também fomenta o desenvolvimento da comunidade local e oferece qualificação técnica para trabalhadores e o acesso à cultura para a região.

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Para os alunos, gera indiscutivelmente formação de qualidade. Uma universidade rural, pública, oferece ensino gratuito e alta qualidade, com corpo docente qualificado e infraestrutura investida em pesquisa e tecnologia. Além disso, gera estímulo à permanência. Há suporte com auxílios moradia, alimentação e transporte para garantir a permanência estudantil, mesmo em áreas mais afastadas. Alcântara é um ambiente ideal para isso.

Por falar em ambiente, uma universidade rural oferece um ambiente natural. O contato com a natureza e espaços verdes contribui para a tranquilidade e bem-estar dos alunos. Foco em áreas rurais é uma coisa de muito significado e valor. Cursos voltados para a agricultura e afins, com alta classificação, oferecem uma formação especializada e diretamente aplicada ao contexto local. Fato.

Por outro lado, para a comunidade e a região tem uma importância incrivelmente significativa. Gera desenvolvimento local e valoriza a região. Uma universidade rural impulsiona a economia local, gera empregos e oferece assistência técnica para agricultores e moradores em geral.

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E mais: o acesso à educação é facilitado. Filhos de agricultores e comunidades locais ganham acesso a uma formação de nível superior. A universidade gera produção de conhecimento. A pesquisa desenvolvida nas universidades rurais gera novas técnicas e tecnologias que beneficiam o meio rural, promovendo o desenvolvimento e outras coisas mais.

Finalmente, gera extensão cultural. Atividades como minifazendas, feiras, shows e museus oferecem acesso à cultura, lazer e conhecimento para toda a comunidade. E Alcântara é um município perfeito para tudo isso. Mas falta político de valor para fazer e executar políticas dessa envergadura. A soberba é muito grande. E com ela imperam a mediocridade e a pobreza de gestão. Lamentável.

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