OPINIÃO
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CULTURA POLÍTICA E QUESTÃO DE CARÁTER
Por que grande parte dos gestores maranhenses tem dificuldade de pagar o que deve?
SIM, QUESTÃO DE CARÁTER e cultura politica. Esse é o problema, grande e sério, de volumosa parcela dos gestores maranhenses, tanto na esfera pública como no setor privado.
Desde quando me tornei consultor --- transitando sempre nos setores públicos e privados --- lido com uma pergunta-problema: por quê grande parte dos gestores maranhenses não tem compromisso de pagar em dia o que deve? E alguns, até mesmo, deixam de honrar com seus compromissos, quando o assunto é dinheiro?
P U B L I C I D A D E
Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão
Lembro de um dia em que eu estava no aeroporto internacional do Rio de Janeiro, o Galeão, quando, de repente, um funcionário da empresa aérea em que eu ia pegar o voo começou a fazer chacotas comigo, por causa do sotaque "cantado" e "seco" de algumas regiões do nordeste. Eu, então, disse a ele que estava completamente equivocado. Expliquei-lhe que eu era de São Luís, não da Paraíba, e que, no Maranhão, principalmente em São Luís, não se usa o tipo de sotaque que ele estava imitando de maneira cômica.
Alguém soprou ao meu ouvido, dizendo que o que aquele funcionário estava fazendo era um preconceito conhecido como etnocentrismo, um ato de criticar, xingar, menosprezar ou considerar inferior a cultura do outro, fazendo gracejos de mau gosto e outros abusos. E isso dá processo judicial. Mas tudo não passou dali.
Tempos depois, eu estava assistindo a uma aula de marketing cultural, na Universidade Cândido Mendes (UCAM), do Rio de Janeiro, quando o professor da matéria passou a explicar sobre cultura de relacionamento patrão-empregado de cada estado brasileiro. Quando chegou a vez do Maranhão, ele fez saber que a mentalidade do empregador maranhense é da natureza de explorar o empregado e não gostar de pagar o que lhe é devido. Exige muito, paga mal, gosta do tal de "desconto", oferece pouco (não valoriza o trabalhador) e ainda atrasa o máximo que puder, deixando o seu empregado em total impossibilidade de honrar seus compromissos financeiros, além de não render nas atividades laborais por estar preocupado com dívidas e com a família que precisa se alimentar todos os dias, da mesma forma que a do patrão. Nada rende, disse o professor. E, desta vez, eu não tive argumento para defender o meu estado, como o fiz no aeroporto do Rio, porque o professor estava expondo a pura verdade.
Em suma, a mentalidade patronal do gestor maranhense é burra e injusta. É burra porque é injusta, e é injusta porque é burra. Pois não consegue ver que o trabalhador, com seu salário em dia, rende mais, e todo mundo fica satisfeito. E a organização cresce.
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Além do mais, com essa mentalidade --- mesquinha e miserável --- o mau gestor cai numa maldição espiritual, prescrita nas Sagradas Escrituras há milhares de anos, nos dois testamentos (Velho e Novo).
Em Levítico (19.13), está escrito: "não oprimirás o teu próximo, nem o roubarás; a paga do jornaleiro (termo primitivo da palavra jornalista) não ficará contigo até pela manhã". Portanto, apressa-te em pagá-lo. Em Deuteronômio (24.14-15), o Senhor Deus orienta severamente a não reter o salário do jornaleiro, seja ele de casa (amigo do patrão) ou estrangeiro "que está na tua terra e na tua cidade. No mesmo dia, cumpre em pagar o seu salário, antes do pôr-do-sol, porquanto é pobre, e disso depende a sua vida; para que não clame contra ti ao Senhor, e haja em ti pecado". E havendo pecado em ti, as consequências virão sobre ti e sobre a tua geração, filhos e netos. Deus detesta injustiça, e o injusto não ficará impune.
Deus, portanto, se preocupa com o salário do trabalhador. No Novo Testamento, Tiago (5.4) é bastante contudente: "Eis que o salário dos trabalhadores que ceifam os vossos campos e que por vós foi retido com fraude está clamando; e os clamores dos ceifeiros penetraram até aos ouvidos do Senhor dos Exércitos". Toda vez que a Bíblia se refere ao "Senhor dos Exércitos", está evocando ao Deus da justiça, que julga e vinga em favor daqueles que são injustiçados. Já vi muitos empregadores morrerem em situação de miséria por oprimirem a seus empregados, inclusive retendo seus salários.
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No Maranhão, as prefeituras alimentam uma cultura de não-pagamento dos salários dos contratados, que trabalham responsavelmente, executando seus serviços com dignidade e competência.
Com isso, tudo atrasa na vida do trabalhador e do município, inclusive no que tange ao desenvolvimento socioeconômico, como consequência natural das injustiças praticadas pelo mau gestor. Precisamos dos políticos, é bem verdade. Mas os políticos também precisam de nós.
Somos, enfim, seres políticos e não temos como fugir dessas relações e dessa realidade. Por isso, devemos cumprir com nossas responsabilidades. Mas os políticos precisam honrar seus compromissos para conosco, para que tenhamos condições de cumprir com todas as nossas obrigações.
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A política é um instrumento factual da evolução humana. E jamais podemos fugir dessa realidade. Nessa perspectiva, somos nós que construímos o caráter político. Todavia, o que se vê, às soltas, são políticos de mau caráter. E isso os torna gestores desorganizados, cujas consequências resultam no pichamento da sua imagem pública e a consequente derrota nas urnas, em futuras eleições.
Recentemente, estive em Santa Helena, na baixada maranhense, e constatei que o prefeito municipal está com mais de cinco meses de salários atrasados, inclusive na Assistência Social. A ponto de os funcionários estarem pedindo demissão porque não aguentam mais. Que lástima!
Essa ausência de lisura de caráter político nos jogou numa crise descomunal de representatividade. Os eleitores não confiam mais em seus políticos. Os políticos, por sua vez, perderam a credibilidade. E, assim, a coisa está tão séria que até mesmo os políticos, entre si, têm medo de confiar uns nos outros. Fato. E essa carruagem segue por uma trilha cultural de trapaças e ganâncias. Trapaças e ganâncias que se resumem em injustiças pouco explicáveis.
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Essa clave torna o mal gestor --- improbo e injusto --- cego e insensível em relação às dores e necessidades do seu próximo, no caso em tela, dos seus funcionários.
Vivemos, enfim, em um "mar" de controvérsias, em que somos jogados numa realidade impiedosa de relações, em que ninguém tá nem aí para as carências uns dos outros. A ética cristã e humanística nos ordena praticar uma coisa em função do bem e da justiça, mas geralmente optamos em seguir caminhos totalmente diferentes.
O senso de equidade nos faz dar passos sóbrios. A falta dele, porém, interfere na boa relação profissional e incorpora, aí, uma índole malfeitora. Faz corromper seu estado de sobriedade, fortalecendo, assim, seus mecanismos mais primitivos, tomando-se como exemplo a negação de direitos alheios, ataques e fraudes aos bens do outro, sendo um desses bens os honorários em relação ao seu trabalho com objetivo de ganhar honestamente o seu pão de cada-dia.
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Deus no comando !!!
ResponderExcluirForte abraço guerreiro!
É uma honra tê-lo em contato!!