P O L Í T I C A
Jogo de interesses políticos atinge deputados do PL no Maranhão
Pastor Gil e Josimar de Maranhãozinho são alvo de denúncias cujo objetivo é expulsá-los do partido que agrega o ex-presidente Bolsonaro
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Por Battista Soarez
(Em trânsito)
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NÃO É DE AGORA que os deputados federais Pastor Gil (PL-MA) e Josimar de Maranhãozinho (PL-MA) vêm sendo alvos de denúncias que tentam pichar a imagem dos parlamentares perante a opinião pública. Josimar, que elegeu 40 prefeitos no estado do Maranhão, nas eleições de 2024, há tempos vem sofrendo ataques por parte de grupos políticos inconformados com o crescimento do parlamentar.
De carona, o Pastor Gil vem sendo perseguido desde que, a convite de Josimar, passou a integrar o grupo do PL que, depois de muitos acertos, absorveu Bolsonaro para que ele pudesse concorrer à reeleição em 2022. Gil vestiu, de fato, a “camisa” do bolsonarismo no Maranhão e conseguiu juntar milhares de apoiadores em prol da reeleição do então presidente que, agora, solta uma fala totalmente venenosa contra o parlamentar, chamando-o de bandido e marginal e pedindo sua expulsão do partido (PL), mesmo sem averiguar a complexidade dos fatos que envolvem determinados políticos no Maranhão.
Nesta quarta-feira (23/10), o Leitura Livre conversou, por telefone, com o deputado Pastor Gil e, na entrevista, o parlamentar esclareceu toda a cronologia dos fatos em relação a essa matéria que envolve seu nome. Por volta de 2020/21, uma celeuma envolvendo o então prefeito de São José de Ribamar, Eudes Sampaio, Josimar de Maranhãozinho e o Pastor Gil levou Eudes a formular denúncia contra os deputados.
A acusação era de que o deputado Pastor Gil teria destinado uma emenda parlamentar para a Saúde do município de São José de Ribamar e, depois, teria pressionado o prefeito a devolver parte do recurso, o que é negado pelo deputado.
— Eu nem conhecia o prefeito Eudes Sampaio — disse o Pastor Gil. — Quando eu destinei aquele recurso, eu marquei uma reunião com a prefeitura para pedir apoio da prefeitura em relação ao projeto de construção do Centenário da Assembleia de Deus em São Luís, que está localizado na Estrada de Ribamar, na parte que pertence ao município. Fiz isso porque eu havia prometido ao pastor Coutinho que ajudaria nesse projeto institucional de alguma forma, por se tratar de uma Organização da Sociedade Civil — completa o deputado.
Gil explica que, portanto, as acusações são completamente falsas e que, enfim, ele está tranquilo com relação a isso.
O Leitura Livre, que segue a linha do jornalismo investigativo, apurou que o objetivo da denúncia contra os deputados é de natureza meramente política, não tendo, portanto, contextura de veracidade. Nossa reportagem apurou, ainda, que vários políticos no Maranhão têm interesse contumaz de tomar o PL da liderança de Maranhãozinho no sentido de orquestração de negócios políticos envolvendo determinados jogos manobristas e altos interesses financeiros. Em torno disso, os grupos criam uma narrativa de pichação da imagem do político que desejam derrubar e pagam a imprensa para levar isso a público. Tal construção de discurso midiático contra uma figura pública é praticamente irreversível. É o que está acontecendo em relação aos dois deputados do PL no estado do Maranhão.
A pressão que o ex-prefeito de Ribamar, Eudes Sampaio, diz ter recebido, segundo fontes que não querem se identificar, têm a ver com Josival Cavalcante da Silva, popularmente conhecido como “Pacovan”. Pacovan foi assassinado a tiros no dia 14 de junho de 2024, dentro de um posto de combustível de sua propriedade em Zé Doca, no Maranhão.
Empresário, Pacovan foi conhecido em 2021 por vários crimes, dentre eles os de organização criminosa, lavagem de dinheiro, desvios de dinheiro público, crimes contra a ordem tributária, dentre outros. Pacovan praticava, também, crime de agiotagem, em que emprestava dinheiro para políticos e outras categorias de pessoas.
Na época do problema entre Eudes Sampaio e os deputados citados, Pacovan chegou a ligar para o deputado Pastor Gil, mesmo sem conhecê-lo, para que o parlamentar intermediasse uma reunião com o então prefeito Eudes, uma vez que Eudes não estava atendendo às suas ligações. Pacovan teria dito que Eudes devia uma quantia em dinheiro para ele e que, agora, não estava mais querendo atendê-lo. O Pastor Gil, por sua vez, se recusou, explicando a Pacovan que não lhe conhecia, e nem conhecia também o prefeito e que, por isso, não tinha como atender ao seu pedido.
Como Pacovan tinha envolvimento com pistolagem, provavelmente partiu dele mesmo a pressão e as ameaças contra Eudes Sampaio. E sobre isso o deputado não sabe explicar porque não tinha nenhum conhecimento com o agiota. O então prefeito, talvez com receio de ter sua imagem associada com agiotas, acusou os dois deputados.
— Eu não tenho nada a ver com isso — afirma Pastor Gil.
Fala de Bolsonaro
Com a visita de Bolsonaro à cidade de Imperatriz, no Maranhão, políticos interessados em tomar o PL para si, conversaram com o ex-presidente, mostrando-lhe matérias de blogs denunciando que deputados bolsonaristas estavam envolvidos em corrupção. Bolsonaro sequer procurou conversar com os acusados para constatar se as denúncias teriam ou não procedência. Gravou um vídeo e o soltou nas redes sociais chamando os deputados de marginais e pedindo a expulsão dos parlamentares do PL.
— Eu não devo nada a ninguém — disse o ex-presidente.
A coluna Estado Maior, do imirante.com, tratou o fato como “conflitos de interesses dentro do PL, entre o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, e o ex-presidente Jair Bolsonaro”. A matéria afirma que esse conflito acabou “sobrando” para os deputados maranhenses Josimar de Maranhãozinho e Pastor Gil, maior aliado de Bolsonaro no Maranhão nas eleições de 2022.
Ao Leitura Livre, o Pastor Gil disse estar muito ferido com as declarações de Bolsonaro. Entende que a fala do ex-presidente foi infeliz e injusta. Bolsonaro devia, pelo menos, ter conversado com os acusados, principalmente com o Pastor Gil por ser este o maior defensor do bolsonarismo no estado.
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